She's a nightmare escrita por Annabel Evers


Capítulo 2
Indignação


Notas iniciais do capítulo

Olaaaa, pessoas!
Espero que eu tenha conseguido contextualizar o suficiente para fazê-los lembrar dos acontecimentos do melhor livro, vulgo Prisioneiro de Azkaban rs
Boa leitura :)



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Sendo sincera consigo mesma, ela não deveria ter ficado tão surpresa assim. Ela sabia que tanto Harry quanto Rony ficariam irados por ela ser responsável pela Firebolt ter sido confiscada. 

Uma pena que nenhum deles viu a preocupação por trás do gesto. 

Mas tudo bem. Ela tinha seu dormitório só para si (Lilá e Parvati podiam ser bem cansativas de se lidar, com todas aquelas risadinhas tarde da noite e o comportamento desdenhoso com ela), então bastava evitar o Salão Comunal. Quando enjoava do quarto, podia ir para a biblioteca (não é como se aqueles dois passassem por lá). 

E o silêncio! Hermione tinha o dobro de atividades dos seus colegas terceiranistas, fazendo todas as matérias. Afinal, como ela poderia escolher quais seriam importantes para seu currículo escolar? Ela não vinha de uma família bruxa tradicional, com um legado em uma área, ou mesmo de uma família mais comum, mas crescendo no universo bruxo e tendo experiências. Ela não poderia escolher, por exemplo, entre Aritmancia e Trato de Criaturas Mágicas. E na sua indecisão, se matricular em todas pareceu a solução. 

Bem, talvez nem tanto Adivinhação, que vinha se mostrando uma verdadeira piada. 

A Hermione que entrou em Hogwarts aproveitaria aquelas férias de natal para adiantar seus trabalhos. Bem, a Hermione que entrou em Hogwarts não tinha amigos, não verdadeiros. Ela não sabia o quão importantes eles podiam ser — você faria qualquer coisa ao seu alcance por eles: desobedecer às regras da escola, perder pontos para sua Casa, arriscar seu próprio pescoço em uma missão, até mesmo ser ignorada por tentar proteger um dos seus amigos tolos. 

Hermione olhou desanimada para as tabelas de Aritmancia. Ela não queria estudar. Ano passado, tinha ficado na escola para o natal com Harry e Rony (uma missão para descobrir quem era o herdeiro de Sonserina), desobedecendo ao regulamento e correndo riscos… mas estava com eles. Quem diria, um ano depois, que estaria sendo ignorada?

Bem, ela tinha muito o que fazer. Sem cabeça para os estudos naquele momento, dedicou-se em pesquisar sobre casos de julgamentos de hipogrifos; Hagrid e Bicuço mereciam seu empenho. Chegou a visitar o amigo uma vez antes do fim do feriado, mas não entrou em detalhes sobre o porquê de estar ali sozinha. Provavelmente ele entendeu que algo havia acontecido pela sua fisionomia abatida, mas não fez perguntas. 

Hermione era grata. Ela escrevera para os pais e respondeu a coruja de Gina, mas não contou a ninguém sobre a discussão com seus amigos. Eles eram garotos, estavam com raiva por causa de quadribol, mas não ia durar por muito tempo, certo? Amizades que começam quando alguém salva sua vida não acabam por qualquer coisa. 

*

Bem, sua teoria estava sendo testada. As aulas retornaram (o que Hermione, definitivamente, adorou), mas não sua amizade com Harry e Rony. Ela não queria admitir, mas doía quando eles passavam por ela e nem a olhavam. Parece até que tinham voltado para o primeiro ano, quando ela era a garota irritante que tentava se aproximar deles. 

Por isso, ela passou a evitar locais em que eles andassem. 

Mas era impossível fazer isso nas aulas. Geralmente eles sentavam-se próximos, mas agora ela fazia questão de procurar o lugar mais distante. Inclusive, era melhor ficar sozinha em uma carteira; muito mais fácil de entrar e sair das aulas usando o vira-tempo quando não precisava explicar como chegara ali. 

Ela estava dividida entre a saudade dos amigos, mas rapidamente o sentimento era abafado por sua chateação. Em uma outra noite, quando estava estudando no Salão Comunal, tivera o impulso de procurá-los e contar a sua possível descoberta sobre o Prof.º Lupin. 

Ela lembrou dessa noite quando, arrumando sua pilha de livros na mochila, escutou uma parte da conversa entre os garotos, falando do professor. Bem, ela tinha uma resposta (e era bem óbvia depois da redação passada pelo Profº. Snape), mas eles não queriam mais sua companhia, certo? Então que vivessem sem sua sagacidade. 

O ser humano nunca é tão maduro quanto ele se imagina, principalmente quando é adolescente, pensou a garota quando não se segurou e soltou um muxoxo impaciente. Não queria falar nada, mas…

— E por que é que você esta fazendo muxoxo para a gente? – perguntou Rony, irritado.

—  Por nada — respondeu Hermione em tom de superioridade, passando a mochila pelo ombro. Não pretendia falar assim, mas era mais forte que ela. 

— Nada, não — disse Rony. — Eu estava imaginando qual seria o problema de Lupin, e você...

— Bem, será que não está óbvio? — no fundo, ela queria que Rony pegasse a isca, mesmo se protegendo atrás do tom de superioridade. 

— Se você não quer dizer, não diga — retrucou Rony com rispidez.

— Ótimo — disse Hermione, a resposta saindo extremamente arrogante. 

E que bom, pois ela agora sabia dizer como estava se sentido realmente. Estava indignada com aqueles dois. 

*

Harry e Rony sumiram um poucos dos seus pensamentos. Ela não queria admitir, mas talvez houvesse uma mínima possibilidade de não dar conta de todas as disciplinas de uma vez. O seu medo de fracassar era tão grande que abafava os outros sentimentos (e, quando não, bastava passar direto por eles - os garotos).

Foi com uma satisfação que ouviu de Gina a última do time da Grifinória: a professora Minerva tinha repreendido veemente Wood por colocar o desejo da vitória acima da saúde de seu apanhador.  Há. E ela era a errada na história!

Mesmo com a ocasional companhia de Gina e as visitas a Hagrid, Hermione passou o último mês basicamente mais cercada por livros do que por pessoas. E estava quase tudo bem, pois ela precisava dar mais do que estava dando; desistir de quaisquer aulas estava fora de cogitação. 

Mas era engraçado como as coisas funcionavam. Quando ela está tentando absurdamente mergulhar nos estudos e retribuir a frieza que lhe deram, Harry aparece na porcaria do Salão Comunal com aquela vassoura. Bem, pensou a garota, aí está, inteira e antes do grande jogo. Custava terem procurado compreendê-la?

A impressão de Mione era que toda a Grifinória parou para admirar a Firebolt. Provavelmente, era a única não interessada em tentar tocar na vassoura. Focou na sua tradução de Runas, evitando olhar para eles. Ficou impossível, no entanto, quando eles pararam na sua mesa. 

Ora, que engraçado. Harry estava sorrindo, segurando a vassoura, e Rony parecia menos agressivo. 

— Me devolveram a vassoura – disse Harry, sorrindo para ela. Não que fosse admitir, mas Mione se sentiu aquecida. 

— Está vendo, Mione? Não havia nada errado com ela – disse Rony.

— Bem... mas podia ter havido! — e esse era o ponto; ela não agiu com intenção de prejudicar Harry. — Quero dizer, pelo menos agora você sabe que ela é segura!

— É, suponho que sim – disse Harry. – É melhor eu ir guardá-la lá em cima...

— Eu levo! – disse Rony ansioso. – Tenho que dar o tônico a Perebas.

E depois acusam garotas de serem dramáticas. Eles bem que poderiam ter colocado a cabeça para funcionar e chegarem à conclusão racional sem a chatearem. E então, com poucas palavras, o clima entre eles mudou. Enquanto Rony ia guardar a vassoura, Harry pediu para sentar-se ao seu lado; sua resposta foi meio incerta, mas ela logo tirou os pergaminhos da cadeira para ele sentar-se. 

Como se não estivesse há um mês sem se falar, Harry começou a fazer perguntas sobre seus trabalhos. Ela não queria ser tão esquiva, mas estava realmente ocupada com aquela tradução e também um tanto sem jeito. Mas Harry continuou e, sem ao menos perceber,  Mione largou a postura hesitante. 

Ela estava animando-se, falando sobre sua matéria favorita, quando Rony soltou um grito no dormitório, tão alto que chegou até sua mesa. Harry e Hermione se entreolharam, reconhecendo a voz do ruivo. Mas eles não precisariam aguardar muito para descobrirem o que aconteceu, pois Rony apareceu logo e, para seu horror, vinha gritando em direção à sua mesa. 

— Rony, que...? — ela se esquivou do lençol que o garoto quase jogou na cara dela. 

— PEREBAS! OLHE! PEREBAS!

O que diabos o lençol tinha haver com o rato e, consequentemente, com ela, a garota não sabia responder. De fato, Hermione estava perplexa com a reação exaltada do ruivo e talvez tenha sido isso que a distraiu. 

Porque, olhando com atenção, havia uma mancha vermelha no tecido. 

Rony continuou a gritar, a sala agora completamente silenciosa. Se ele estava direcionando toda sua raiva para ela daquela forma, é porque… mas Bichento… não…

Rony jogou um tufo de de pêlos amarelo-avermelhados, bufando e muito nervoso. Como se alguns pelos fossem prova..!

— Rony! Não foi o Bichento!

— HERMIONE! — o tom dele foi mais alto que o seu; a Grifinória inteira parecia observá-los agora. — OLHA O LENÇOL E OS PELOS DAQUELE…

— RON! — ela também exaltou-se, a raiva tomando conta dela. — Perebas pode estar, sei lá, debaixo de uma cama…

— E AS PROVAS?

Harry também se levantou, talvez prevenindo-se de um possível confronto além do verbal. Ele olhava de um para outro, provavelmente sem saber o que fazer. 

— Você está irracional! Bichento foi comigo para o dormitório de vocês — alguém simulou um ofegar chocado, que ela ignorou. — e é um gato!, deixa pelos por aí. Pode ser ainda do natal…

— É, Hermione, só um gato… que você não cuidou!

— Hein? — a garota estava furiosa, a voz subindo ao tom dele. 

— Você nunca levou à sério todas as vezes que aquele gato maldito tentou comer o Perebas e agora ele tá morto!

Hermione começou a recolher o material, tremendo de raiva. Quando ela pensou que ficaria tudo bem de novo…. a quem ela queria enganar? Rony vinha tratando mal seu gato desde o momento que ela comprara, implicando com ele desde que o viram, na Animais Fantásticos. Rony não era exatamente delicado ou sensível, mas nunca era cruel. Infelizmente, aquela não era a primeira vez que o amigo exagerava quando a questão era seu gato.

Era isso, não era? Talvez há coisas que acabam com uma amizade iniciada por salvar uns aos outros de um troll montanhês adulto. Ela tentou não olhar para Harry, pois não queria ver se o garoto concordava com Rony, e atravessou correndo a sala, apenas desejando refugiar-se atrás do cortinado de sua cama. 

Não chorou naquela primeira noite — estava exausta demais para isso.


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Notas finais do capítulo

Tadinha, né?
Gente, novamente retirei diálogos e cenas do livro, como eu avisei que já seria comum :)
Um beijo para você que chegou até aqui haha



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