Paternidade escrita por Auto Proclamada Rainha do Sul, KodS


Capítulo 4
Capitulo 3




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O clima pesado caiu sobre a sala. Lin havia sido criada completamente longe de seu pai, nem ao menos conhecia o rosto dele, enquanto o pai de Su havia estado sempre lá, sempre por perto.

— Ele sabia? — a mais jovem perguntou, reclinando sobre a poltrona que havia sentado. Estava tão ou até mais chocada do Lin, a pele castanha ficando pálida e os dedos apertando os braços da cadeira em busca de apoio — O Sokka sabia que era o meu pai?

A pergunta saiu entrecortada como se ela buscasse por ar antes de continuar.

— Não — Toph respondeu, havia decido os pés da mesa de centro e brincava com os dedos, preocupada, mais com a reação de Lin do que com a de Su — Eu contei há poucos anos. Quando você mandava cartas com as fotos das crianças.

Foi naquele momento que Lin saiu da sala. Su se virou no ímpeto de ir falar com ela, mas Toph tomou a frente. Tinha coisas que só uma mãe podia resolver e ela já havia passado muito tempo evitando isso.

— Então eu tava certa sobre o pai da Su? — perguntou Lin, apoiada com os braços na janela.

— Não foi minha escolha você ser criada longe do Kantoo — disse Toph parada ao lado da porta, controlando cada reação de Lin — Mas você era como uma filha para ele também — ela respondeu se aproximando da filha — E você sabe disso, afinal foi ele quem te ensinou a dobrar o metal.

Lin sorriu, sentindo a mão da mãe em seu braço. Ela cobriu com a sua de forma carinhosa antes de responder.

— Ele nunca soube.

— É claro que sabia — respondeu a anciã sem se virar para a filha — Se gabou disso a vida inteira.

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126 Ag

Naquela época, costumavam tirar férias na Ilha Amber todos juntos pelos velhos tempo. Era a forma de estarem juntos depois que todos seguiram seus caminhos e já não se viam mais com tanta frequência.

Ursa e Ikem moravam lá há 2 anos agora. Havia sido uma escolha da antiga Senhora do Fogo em pessoa. Aquela casa lhe trazia boas lembranças de quando seus filhos eram crianças, até mesmo Kiyi havia aproveitado o seu tempo naquelas areias.

A visita do filho e seus amigos sempre trazia um tipo de alegria diferente para o lugar e mesmo com o cabelo completamente branco, Ursa tinha o costume de levar as crianças no teatro. Era um descanso bem-vindo para os pais que se sentavam na sala para terem suas conversas de adulto.

Estavam todos esparramados ao seu modo quando o assunto surgiu na roda. Eram sete pessoas ao total naquele momento.

— E quando nós vamos saber sobre o pai? — perguntou Kiyi de forma inocente, já estava com seus 31 anos, mas mantivera a doçura e o carinho da sua infância, mesmo crescendo no palácio.

Zuko havia lhe conseguido um lugar no governo da Nação do Fogo e ela fazia um bom trabalho apesar do seu jeito ou talvez essa fosse a sua arma secreta no fim das contas.

Foi quando Toph colocou os dois pés no chão e fez o esforço para se levantar, a barriga estava muito maior do que na gravidez anterior e também a deixava muito mais cansada, sentiu as mãos de Katara em suas costas, mais para lhe dar apoio do que para ajudar a levantar, mas agradeceu mesmo assim.

— Ninguém que eu me lembre o nome — respondeu, esticando os braços para se espreguiçar — E se vocês não se importam, eu vou dormir. Essa criança me cansa demais — comentou acariciando a barriga de forma amorosa.

— A Lin não deu esse trabalho? — perguntou Mai — Eu não faria isso de novo, que dirá 3 vezes.

— Acredite, eu parei já — respondeu Katara, depois da provocação.

A risada se espalhou pela sala.

— Acreditem que isso não tava nos meus planos. Boa noite!

Não estava nem no fim do corredor quando sentiu os passos atrás de si, primeiro rápidos, mas que foram desacelerando quando a viu ali.

— O que você quer, Sokka? — ela perguntou, parada ao lado de uma janela que dava para a areia da praia, iluminada pela lua cheia.

Teve um silêncio longo, no qual o homem se aproximou. Parou para dar uma boa olhada na lua, não tinha tido sorte mesmo, mas talvez as coisas tivessem mudado no fim das contas.

— Posso? — perguntou, já colocando as mãos sobre a barriga saliente — Tem certeza que não sabe quem é o pai?

Por um instante ela quase perdeu a compostura, mas havia aquela batida de coração inconstante da dúvida e isso era o que precisava para saber que ele não tinha a menor noção.

— Tenho — ela respondeu, tirando as mãos de cima do bebê.

— Mas poderia ser…? — perguntou, segurando as mãos nas suas — Não é?

— Não! Digo… — por um momento ela pensou em dizer a verdade, ele nunca descobriria se mentisse, mas era a chance de serem uma família, certo? — Sua irmã foi bem clara quanto o tempo e não pode. — ele pareceu desapontado quando ela se afastou — Eu vou dormir. Boa noite.

Então virou de costas e foi para o próprio quarto antes que ele pudesse estender aquela conversa.

———-

Era fim da tarde e Sokka estava ensinando as crianças a atirar o bumerangue. Primeiro porque, mesmo que seu sobrinho Bumi fosse o único não dominador ali, habilidades como aquela sempre poderiam ser úteis para quando não pudessem usar. E em segundo, mas mais importante, haviam decidido turnos de cuidado com as crianças com base na antiga e muito adulta tradição de tirar a sorte no palitinho.

Era claro que Toph havia trapaceado todos eles para ficar com o horário de acordar, quando eles ainda não tinha energia o suficiente para fazer um grande estrago, mas mesmo que não tivesse feito isso, teria o desconto de estar carregando uma criança.

— Muito bem, todo mundo, mas agora todo mundo sem usar a dominação — disse, coçando a cabeça de Bumi, o único que conseguira fazer o bumerangue ir e voltar, enquanto os irmãos e as outras duas meninas começaram uma competição para saber quem tinha mais criatividade para fazê-lo voltar.

Tenzin havia usado uma corrente de ar para fazer o bumerangue voltar. Kya nem se dera ao trabalho de atirara e usou a água para leva-lo e traze-lo. Izumi parecera gostar da ideia e envolveu o pedaço de metal em uma bola de fogo que ela podia controlar, mas isso não dera certo, e por fim, Lin havia criado um verdadeiro labirinto para que o o bumerangue perseguisse, erguendo rochas para que a arma ricocheteasse até ela.

Ela foi a primeira a ir na segunda rodada. Ela atirou o bumerangue, mas ele nunca voltou, a frustração tomou conta dela e então saiu correndo e se fechou em uma pequena barraca de pedra.

— O que aconteceu com a Lin? — ele perguntou para as crianças que ainda estavam por ali.

— Ela ta chateada porque não consegue dobrar o metal — respondeu Tenzin, se concentrando ao máximo antes de atirar a arma.

— E a Toph não falou com ela? — era uma pergunta desnecessária, ele já havia passado tempo o suficiente na academia Beifong para conhecer a técnica. As crianças apenas deram de ombro, antes de voltarem a tentar vencer o desafio — Ta, eu vou fala com ela.

Ele bateu na pequena porta de pedra se lembrando da última vez que havia feito isso, ainda era o meio da guerra, antes do eclipse solar e, parado ali, só podia torcer para que Lin fosse mais fácil do que a mãe.

— Lin, porque você não tenta mais uma vez — ele não estava falando sobre o bumerangue.

— Eu não consigo — ela respondeu, sem baixar as paredes de sua proteção.

— Porque você não vem aqui fora e tenta de outro jeito? — ele perguntou e então ela colocou a cabeça para fora, os cabelos negros cascateando em pequenas ondas ao redor do rosto delicado. — Sempre tem outro jeito — “independente do que sua mãe diga” ele pensou e a pequena pareceu entender esse pensamento quando rastejou pelo chão e foi de encontro ao homem.

Logo estavam novamente de volta a praia, com o bumerangue de metal em suas mãos e o tio Sokka com uma mão em seus ombros.

— Sinta o bumerangue, Lin — ele disse, enquanto ela fazia uma careta ao perceber como aquilo se parecia com a dominação de metal, claro que conseguia sentir cada fragmento de terra no metal, mas não tinha força suficiente para dobra-los a sua vontade — Agora atire e deixe seus sentimentos guiarem.

Não fazia sentido nada do que ele estava falando, nem para ele e nem para a pequena Lin e isso só contribuia para deixa-la cada vez mais frustrada. Frustrada por não conseguir dobrar o metal e por não conseguir fazer uma simples arma arcaica como aquela fazer o que devia. Aquele pequeno bumerangue era o símbolo completo da seu sentimento mais forte e naquele momento aconteceu, um formigamento na ponta dos dedos e de repente ela estava terrivelmente consciente da terra no metal e em completa sincronia com ela, quando deu por si, estava segurando o metal frio nas mãos e recebendo um tapinha amistoso nas costas.

— Eu sabia que você conseguiria.

E ela conseguira, era uma dobradora de metal.

——————-

— Então você aprendeu a usar um bumerangue? — Toph perguntou, alisando os cabelos negros de Lin deitada em seu colo.

— É… — os dedos da pequena desenhavam na barriga saliente da mãe.

— Que resposta é essa Lin? — perguntou, fazendo cosquinha na filha — Não precisa nem ser eu para saber que você está mentindo.

— Ta — ela disse, jogando a cabeça para trás, enquanto tentava parar as mãos da mãe — Eu usei a dobra de metal para fazer o bumerangue voltar. Ele queria me ajudar e eu não quis decepcionar ele. — Por um momento ela se sentiu mal por isso, afinal ela ensinar centenas de dobradores de terra nos últimos anos, mas não conseguia ensinar a própria filha. - Você não vai contar para ele, né? — perguntou, se enrolando no braço e apoiando a cabeça, pronta para dormir.

— Eu não vou contar — ela disse, aninhando-a ainda mais perto de seu corpo.

Lin levou quase cinco minutos para dormir e então ela levantou para beber alguma coisa na cozinha e acabou encontrando a pessoa que menos queria.

— Sua trapacerinha contou? — sabia que ele estava ali, apoiado na bancada da cozinha antes mesmo de entrar.

— O que exatamente era para ela me contar? — ela perguntou se virando para o lugar de onde vinha a voz, os dois sabiam que ela estava fingindo.

— Eu só perdoou ela porque ela aprendeu a dominar metal — Toph riu ao ponto de jogar a cabeça para trás antes de responder, se aproximando dele.

— Parece que você é realmente um professor de dobra de metal melhor do que eu — ela disse, apontando o dedo no peito dele. — Você ensinou aqueles três perdedores e a minha própria filha.

— Você sabe que eu estou ao seu dispor — ele respondeu, segurando as mãos dela e a puxando para um abraço — Você tá orgulhosa dela?

— Muito orgulhosa — respondeu, se permitindo derreter naquele abraço por um instante — Obrigada! Por tudo.

Ela sentiu os dedos dele em seus cabelos, torcendo as mechas com a mesma delicadeza daquela noite.

— Você agradecendo?

— Culpe o bebê.

Agora ela já sentia a respiração dele em seu rosto, mas o alerta vermelho acendeu em sua cabeça antes que alguma coisa pudesse acontecer.

— É melhor voltar para junto da Lin antes que ela acorde. — se soltou do aperto, sentindo as mãos dele passar por seus braços e suas mãos, segurando os dedos para estender o momento.

— Boa noite então.

— Boa noite.

 


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Notas finais do capítulo


Quase que esse capitulo não sai porque me envolvi em outro projeto (uma fanfic que adapta Hadestown para o mundo de Avatar, porque sou viciada em musicais), mas enfim: notas importantes porque tem algumas referencias as HQs

1 - Kiyi é a meia-irmã caçula do Zuko e da Azula, ela aparece na HQ “A Busca”

2 - Na HQ “A Promessa” o Sokka acaba ficando com a Toph na academia de dominação do metal e ajuda ela com os alunos novos, é um momento fofo que se vocês não leram tem que ir lá ler.

Acho que isso é tudo, não tenho certeza.

Bjos.



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