Paternidade escrita por Auto Proclamada Rainha do Sul, KodS


Capítulo 27
Epílogo




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~~ 191 Ag ~~

A família Beifong crescia rápido, ela pensou enquanto admirava a família ao sol do lado de fora. Ela já não saia mais com tanta frequência no último ano.

Havia feito a vontade de Lin e Suyin depois de 3 anos. Nunca teve problemas em estar sozinha, mas quando Zuko morreu no começo de 180, Su e Lin começaram a cerca-la, mas foi só quando Katara se foi há quase um ano que as duas praticamente a arrastaram para Zaofu.

Ela agradecera em silêncio. Suas tonteiras estavam piorando e não tinha certeza se uma cega tonta vagando por um pântano era uma situação segura. Ainda mais quando essa cega tonta era a maior dobradora de terra viva.

Suspirou quando sentiu as passadas pesadas de Opal e sorriu. Ela e o marido haviam lhe contado há alguns dias, mas ela já sabia antes. Podia sentir os batimentos cardíacos da criança antes mesmo que os dois soubessem.

Ainda lembrava da voz fina de Opal e suas mãos no cabelo da avó quando lhe disseram que a chamariam de "Toph" se fosse uma menina.

Seria uma menina e seria uma dobradora de terra, ela sabia disso com a mesma certeza que sabia do primogênito de Kuvira que, alias, já tinha 15 anos e era um dobrador natural, quase uma toupeira-texugo e estava sempre sob seus pés quando podia. Também havia acertado sobre os gêmeos que tiveram quase 5 anos depois: uma menina dobradora e um não dobrador, e o próximo também seria um não dobrador.

Ela também havia acertado das outras vezes. Os dois primeiros meninos de Opal e Bolin, a menina de Huan.

Céus, ela já tinha quase 10 bisnetos. Pensou quando a realidade enfim a atingiu.

— Toph? — ela reconheceu os passos de Kya, pareciam estar ficando mais leves com os anos, logo ela estaria flutuando ao invés de andar. Estranho que fosse a única na família que não dobrava o ar — Como você está.

Passava mais tempo na cidade de metal depois da morte da mãe. Na verdade, toda a família de Aang parecia ter se tornado uma presença tão constante em Zaofu quanto ela e as filhas haviam sido no templo durante a infância.

A família de Tenzin também parecia crescer rápido. Aos trinta e três anos, Jinora já estava casada e, apesar de seu passo não ser tão pesado como o da neta, logo estaria parecido. Era o seu primeiro filho.

Queria encontrar Aang mais uma vez para contar sobre essa pequena observação, tinha algumas piadas muito boas sobre isso, mas se contentava em contar para Korra. Não era a mesma coisa, mas ás vezes fingia que sim.

— Cansada — respondeu, sentindo as mãos da mulher em seus ombros — Mas você já sabe disso.

— Pronta para conhecer seu novo bisneto? — ela perguntou, era uma conversa de amenidades.

Quando Zuko morreu, Kya se sentou ao lado da mãe e tomou chá com as 2 e quando Katara se foi, ela e Toph se sentaram lado a lado para bebericar a bebida quente e mais amarga do que nunca.

Quase podia ve-la junto de Su e Lin, sentadas na sala como Sokka, Katara, Zuko e ela mesma haviam feito com Aang. Se reencontrando toda a vez que havia uma baixa em seu grupo.

Isso era algo que tinha que se lembrar de falar para Sokka. Haviam conseguido - bem, mais o avatar do que ela - juntar as meninas e, mais do que isso, haviam juntado a família de Aang.

Teria sido bom para Sokka ver os netos de Hakoda sentados lado a lado novamente, dessa vez plenamente conscientes de sua família. Katara havia visto uma vez e quase inundara a cidade de lágrimas.

Ela riu, lembrando que levara tempo demais para responder.

— Eu não sei se vou viver tempo o suficiente.

Por sorte a sobrinha já havia cuidado de idosos por tempo o suficiente para entender isso.

— É claro que vai, faltam só alguns meses — ela respondeu, terminando a bateria de exames diários — Você aguenta até lá. Precisa da minha ajuda para alguma coisa?

— Só chame as desnaturadas das minhas filhas para a noite, obrigada — disse apertando a mão de Kya que, em um impulso, beijou a mão da mulher em resposta.

~~~~

Estava deitada ali, os pés apoiados na rocha áspera que haviam dobrado para deixa-la mais confortável. As mãos dadas para uma filha de cada lado como se nunca tivessem se desentendido.

Tinha feito o que precisava, corrigido as coisas. Su tinha seu clã de metal em franca expansão e Lin já não estaria sozinha quando ela fosse, tinha uma vida fora das paredes de metal de sua delegacia, tinha os sobrinhos, os sobrinhos netos, a irmã e até um amor novo depois de quase 40 anos.

Uma vez ela ouvira que o passado era tudo aquilo que se podia olhar sem arrependimentos e sem dores e não se arrependia de mais nada.

Sentia frio, não tinha pontadas no coração, mas ainda sentia como se estivesse deitada naquela maca fria ao lado de Sokka, aquela maldita noite no Polo Sul que fora a grande virada em sua vida.

Apertou as mãos de Su e Lin e as levou até os lábios rachados, beijou cada uma, as meninas não reagiram, ela sabia que Su chorava em silêncio e Lin estava dura como uma rocha, mais do que o normal.

Então a sala sumiu de seus pés aos poucos, como se estivesse sendo erguida. Ainda sentia a rocha áspera nas plantas do pé, mas isso também se foi em alguns minutos.

 

 


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Notas finais do capítulo

1 - A Toph morreu com 103 anos e, na minha concepção, foi algo meio "Tá, cansei, tchau!"

2 - A culpa desse final é da Lua, porque concebi ele depois de assistir Over the Moon na Netflix (depois de secar o chão que inundei com minhas lágrimas, claro!)



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