Paternidade escrita por Auto Proclamada Rainha do Sul, KodS


Capítulo 20
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Eu tive um pequeno problema com a minha internet e quase não consigo postar o capítulo antes do trabalho, então prometo que respondo comentário quando chegar de noite ♥



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Era incrível a rapidez com que as noticias ruins encontravam Zaofu.

Su estava se preparando para a chegada da família. Destacando as partes mais bonitas, trabalhando para que tudo estivesse no agrado da mãe e do tio, ensinando os meninos a se portarem e preparando Baathar para que não tivesse um colapso.

E foi quando chegou a mensagem da morte do Avatar Aang.

Ela não tinha certeza do que fazer depois disso. Se estivesse em casa teria que estar ao lado da família em uma cerimonia tradicional do Ar, mas ela não fazia ideia de como eram essas coisas.

Toph e Sokka pareciam estar sempre fugindo de qualquer cerimonia tradicional que Aang inventasse e, muito a contra gosto, foram na passagem de Tenzin.

O mesmo dia em que Su descobrira porque a mãe e o tio fugiam delas com tanta determinação, por sinal.

Ela aproveitou que havia sido a primeira a acordar e decidiu prestar as homenagens do jeito que podia. Então se afastou dos olhos do seu clã e se fechou em uma pequena tenda, onde acendeu um incenso.

Perdeu a noção do tempo que passou ali, preservando as memórias de Aang como se induzida pelo cheiro forte do incenso e chorando silenciosamente, se perguntando como estavam aquelas pessoas. A mãe certamente estava devastada, Aang e Sokka eram seus melhores amigos desde a infância. Tia Katara choraria por um ano, com certeza. Tenzin esqueceria o mundo e a própria vida meditando, enquanto Sokka e Zuko assumiram as implicações diplomáticas dos nômades do ar.

Em um momento de egoísmo, Suyin percebeu que talvez não fosse ver a mãe por muitos anos ainda e temeu que o próximo funeral que passaria sozinha fosse o dela. Ao menos entendia um pouco mais sobre funerais do Reino da Terra, já que ajudara com o dos avós.

— Querida!

Quando a voz de seu marido soou do lado de fora toda a fumaça do incesso já havia se dispersado da tenda e ela se viu completamente sozinha no vazio e na escuridão.

Ela deixou que as pedras caíssem ao seu redor devagar, permitindo que o marido se ajoelhasse ao seu lado e a abraçasse. Ele lhe beijou o topo da cabeça escura, mas não falou nada.

Não haviam palavras a serem ditas naquele momento, mas logo em seguida ela já voltava a ser a mãe e chefe exemplar que sempre fora, como se nada tivesse acontecido.

~~~~

Lin chegou tarde no enterro de Aang e tentou ficar o mais afastada possível. Lá na frente podia ver um grupo de pessoas mais conhecidas. Tenzin se destacava alto como um poste em meio a multidão, com a careca tatuada e ao seu lado estava a noiva, Pema, do outro seu irmão mais velho, Bumi, parecia baixo e pesado demais, mesmo que estivesse apenas em forma por conta do serviço nas Forças Unidas.

 

 

Era difícil enxergar Katara e Kya atrás da parede que os dois formavam, mas Lin sabia que mãe e filha estavam abraçadas bem em frente, o outro braço de Katara estava envolta do próprio irmão. Os rabo de lobo de Sokka parecia brilhar ao sol, se destacando contra a pele marrom e a chefe não precisava ver para saber que a própria mãe estava abraçada a ele.

Não muito longe estava o senhor do fogo e sua família. Já haviam prestado as condolências à viúva e aos filhos antes de dar espaço para o ciclo mais intimo da família. Mas mesmo de longe, Lin podia ver que Zuko tinha os olhos vermelhos de lágrimas.

Pela primeira vez ela se sentia uma intrusa na própria família. Pensou que ela deveria estar ali, ao lado da mãe se não tivesse se afastado após tudo.

Falara com Aang poucas vezes nos últimos anos. O avatar havia sido sempre presente em sua vida e evitá-lo era a forma mais fácil de evitar todo o drama que envolvera sua vida anterior.

Só conseguia pensar que ele, Izumi e os netos tinham tanto direito de estar com o grupo, tanto quanto ela e sua mãe. Mas tio Zuko sempre havia sido mais reservado de qualquer forma.

Estava presa em suas divagações quando percebeu que um grupo da Lótus Branca começava a se aproximar da família. O próprio Senhor do Fogo havia dado um passo para frente, a filha apoiada em seu braço logo atrás, mas fora a chefe de policia quem decidiu intervir, colocando a mão em um ombro ossudo próximo.

— O senhor veio prestar condolências a viúva? — perguntou enquanto o homem ficava vermelho de vergonha e olhava para os seus colegas ao redor.

— Sim — respondeu gaguejando — E também conversar sobre o próximo Avatar.

No meio da multidão, os olhos espertos de Kya foram guiados para onde a discussão acontecia e então encontraram os de Lin que apenas assentiu de leve.

— O senhor vê aquela mulher ali? — Lin apontou para Kya discretamente, sabendo que a prima ainda a encarava — Ela é a filha do meio do Avatar Aang, ela esteve na minha casa chorando por mais da metade da noite. — O homem a encarou, com os olhos arregalados, provavelmente temendo que a policia de Cidade República fosse fazer algo contra ele — Espero que o senhor entenda que Aang não era apenas o avatar para aquelas pessoas, — ela fez uma pausa, engolindo em seco enquanto pensava nas palavras certas para dizer a seguir — Nem para mim. Ele era nossa família, um novo avatar não vai substituir nossa dor e é bastante incomodo que faça isso agora.

— Sim, chefe Bei Fong — respondeu o homem, erguendo um dedo — Mas a senhora precisa entender que mestre Katara e... — ela sabia o que ele iria dizer, mas ele se calou sob o olhar de aço da policial.

— Eu tenho certeza que o senhor pode esperar o luto da família antes de perturba-los com isso.

— Acredito que não será problema esperarmos uma semana. — disse um dos mais jovens do alto escalão com seus quase 70 anos.

O homem assentiu incerto. Assustado demais para negar qualquer coisa que Lin dissesse e ela agradeceu por isso quando viu o grupo desaparecer na multidão.

— Lin! — ela ouviu a voz suave de Kya reverberando no silêncio enquanto ainda estava com o olhar nos Lótus.

A dobradora de água tinha uma mão castanha esticada para ela, chamando-a para o grupo principal. Ela hesitou por um longo momento, mas acabou cobrindo a mão delicada com a sua e se deixou ser puxada para mais perto.

Manteve seu braço engatado no de Kya e recebeu um afago afetuoso nas costas de Sokka e Bumi, além um aperto carinhoso de Katara em sua mão. Pensou se deveria tentar afagar a mãe, mas agradeceu que haviam pessoas demais entre elas, diferente de Tenzin, que parecia tenso a suas costas.

Mas não fora difícil ignora-lo, estava em família depois de muitos anos.

~~~~

 

 

Depois do velório, o grupo inteiro voou para a Ilha do Templo do Ar e se sentaram na sala de estar bebericando xícaras de chá, haviam feito isso na morte de Iroh e não esperavam ter que repetir tão cedo. 

As crianças se sentaram ao redor, os filhos de Katara a cercando com rostos tristonhos enquanto Izumi mantinha uma mão no ombro do pai, em parte consolador e em parte como se isso pudesse mantê-lo mais tempo ao lado dela.

Apenas Lin não estava em lugar nenhum, foi Sokka quem apoiou a mão no joelho da namorada para consola-la por isso. Sabia que ela se sentia mal por não ter a filha ali, mas não iria falar nada. Não era o momento.

Ninguém mais falou nada.

Ninguém falou muito de qualquer forma.

— Mãe, a senhora não quer ir se deitar? — perguntou Tenzin, colocando a mão nos ombros cansados.

Katara estava muito mais magra do que nunca. Os cabelos brancos e longos apenas meio presos no topo da cabeça enquanto os cachos caiam ao redor do rosto, estavam bem menos armados do que haviam sido uma vez, tinha perdido muito cabelo entre as gravidezes e a idade não ajudava e agora podia acrescentar uma corcunda leve em suas costas.

Estava exausta e mantinha o tronco encurvado, como se isso pudesse fazer seu coração parar de doer, mas não queria se deitar.

— Eu estou bem, querido — respondeu a mulher, tocando a mão do filho que cada dia se parecia mais com o pai — Pode ir se quiser.

— Eu também já vou, mãe — disse Bumi, se levantando do lado da mulher e a abraçando com força. Seus 40 anos haviam lhe trazido a primeira mecha cinzenta que ocupava um lugar de destaque entre os fios escuros, mas ainda era um homem bonito.

Como seus irmãos, ele tinha o rosto vermelho e úmido pelas lágrimas. Era o único dia em que os três pareceram concordar em algo e nem tentaram implicar um com o outro, ou, melhor, Bumi e Kya pareceram concordar em não implicar com Tenzin.

— Cuide-se meu menino — resmungou a mulher, apertando a mão de seu filho mais velho entre as suas.

Houve um longo momento de silêncio na sala. Kya ainda se sentava no braço do sofá ao lado da mãe, com uma mão entre as dela e as pernas cruzadas.

A única filha menina, a única que havia se proposto a ficar ao lado dela após todo aquele dia. 

— Você deveria ir também, Iz — comentou o Senhor do Fogo, tocando a mão da filha — Estou entre amigos e Iroh precisa de você, mais do que eu. — Zuko beijou os dedos da mulher.

— Vou deixar guardas, pai — respondeu, beijando a testa enrugada do homem antes de deixar a sala, se despedindo dos tios postiços e Kya.

A futura Senhora do Fogo mal havia deixado a sala quando Katara se voltou para a filha.

— Kya, querida — disse a mãe, dando tapinhas nas mãos da mais jovem — Você parece cansada. Vá dormir!

A dobradora de água não era tão inocente quanto sua família. Sabia porque todos estavam se livrando dos mais jovens, mas não queria deixar a mãe sozinha ali.

Olhou para os outros presentes e compreendeu que ela não estaria sozinha. Era um momento que o antigo grupo precisava passar junto, sem os filhos por perto. Era a dor deles.

E então se levantou, beijou os parentes e saiu do quarto, deixando a família sozinha.

Esperaram que a porta se fechasse e os passos da curandeira estivessem longes no corredor antes que Toph se sentasse ao lado da velha amiga. Sokka se sentou no lugar onde antes estava Kya e Zuko foi para as costas de Katara, onde antes estivera Tenzin e Pema.

Os três abraçaram a recente viúva, segurando também as mãos da mulher com força, enquanto ela chorava sonoramente. Haviam passado por aquilo tantas vezes durante a guerra, anos que pareciam tão distantes agora.


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