Paternidade escrita por Auto Proclamada Rainha do Sul, KodS


Capítulo 12
Interlúdio


Notas iniciais do capítulo

Significado de Interlúdio
[Música] Trecho musical entre dois atos, duas cenas, numa peça dramática.

Como não trabalhamos com música, vou só postar esse capítulo novo para marcar o fim do primeiro arco e o início do segundo.
É isso ai, estamos chegando no final o/



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176 A.g

Lin gemeu, cobrindo os olhos de jade e virando o rosto para a janela. Lá fora a lua já ia alta e parecia iluminar todo o jardim com seu brilho de prata, ofuscando algumas estrelas mais perto no manto negro da noite.

— Bem, o resto não vou contar perto do bebê.

— Eu me lembro daquela maldita manhã — respondeu, o rosto ainda meio retorcido quando sentiu uma pequena pedra, um cascalho na verdade, acertar-lhe no braço.

— Não pragueje perto do bebê — isso era uma regra completamente nova para ela, quando Toph havia se preocupado em praguejar na frente de qualquer um? — E não reclame, não é como se você tivesse visto muita coisa — a mulher mais velha deu uma risada seca antes de completar — Agradeça por não viver no pântano, aquelas vinhas não tem exatamente uma senha de segurança para pobres senhoras que não precisam saber todos os detalhes das vidas das filhas.

Ela não precisava enxergar para saber que as duas haviam corado, o rosto castanho de Su recebendo um fraco rosado em suas bochechas com a perspectiva de que sua mãe podia saber tudo que acontecia em Zaufo o tempo todo, mas Lin era quem tinha a reação mais violenta e não apenas por sua pele muito mais pálida.

A chefe de policia até mesmo engasgou, sentindo o peito ser tomado pelo vermelho muito vivo da vergonha, mas levou quase 5 minutos inteiros antes que a caçula percebesse o que acontecia.

— Lin, você está bem? — perguntou, tocando os ombros da irmã que tossia como se houvesse se afogado com a própria vergonha.

— Acredite, eu também não queria saber da sua vida latente — Toph disse, se levantando e se aproximando das filhas com o bisneto nos braços.

Su virou os olhos de uma para a outra, sabendo que a mãe não podia ver a repreensão e a curiosidade marcadas naqueles olhos verdes claros, mesmo assim, era como se pudesse senti-los quando lhe entregou o bebezinho, que logo agarrou os ombros da avó.

— Vamos antes que sua irmã comece a fazer perguntas.

— Você ainda não acabou a história, mãe — ela disse fazendo uma pausa, antes de se voltar para a irmã mais uma vez — E agora quero saber o que Lin faz em cidade república quando não está na delegacia.

— Amanhã eu termino, sou velha e tenho sono — respondeu, enganchando o braço no da filha mais velha — Vamos Lin, me leve até a parte baixa da cidade enquanto sua irmã leva o bebê de volta para Kuvira.

~~~~

 

As duas caminharam por poucos minutos antes que Toph soltasse o braço da filha e se afastasse dizendo que ela já podia ir se deitar. Lin a encarou um pouco incrédula quando percebeu que não estavam nem perto das pétalas do primeiro casulo.

— Não precisa agradecer — respondeu Toph, acenando com as costas da mão enquanto se afastava.

— Pelo que exatamente? — perguntou, seguindo a senhora com passos ligeiros. Claramente Toph estava dobrando a terra para ir mais rápido.

— Por te livrar das perguntas de Su — disse, ainda andando muito a frente dela — De nada, minha querida.

— Foi você quem puxou o assunto em primeiro lugar — resmungou Lin, ciente de que estavam paradas no meio do casulo principal, onde qualquer um poderia ouvi-las.

Toph apenas riu, aumentando a distancia entre elas, deixando que Lin ficasse sozinha sob o dossel negro e coberto de estrelas, as ordens era que ficasse aberto até que Toph decidisse ir embora. A mãe não sabia como era aquilo, já haviam dito que era lindo várias vezes, mas mesmo assim parou e olhou para cima. Direto na direção da Lua, como se a sentisse ali.

— Sabe? — ela disse, quando sentiu que a filha havia chegado perto dela — Uma vez eu namorei um cara que tinha uma série interessante de relacionamentos — Lin estranhou o sentimentalismo da mãe, não era comum que Toph falasse de seus amores assim — E eu havia sido um desastre antes, acho que ele era a única pessoa que me metia medo — ela respondeu dando de ombros — Mas também, como eu podia competir com a lua? Dizem que é a coisa mais linda que se pode ver na terra.

Foi então que Lin entendeu, elas não haviam saído do assunto “pai da Su” ainda, Toph apenas estava engatilhada nas memórias sentimentais.

— O que eu quero dizer é… — ela fez uma pausa — Você ainda é jovem Lin e tem que parar de se agarrar no passado porque está com medo de se apaixonar de novo — ela fez uma pausa, a mão apoiada no ombro da filha. — Procurar alguém que cuide de você.

Estavam exposta ao escuro e frio vento da noite que vinha do pântano, assoviando por entre as pétalas de metal e então Lin envolveu a mãe em um abraço apertado, não um daqueles estranhos abraços laterais meio distantes emocionalmente, mas sim um abraço de verdade, com a cabeça de fios brancos apoiada em seu ombro e as mãos enrugadas lhe apertando as costas em retribuição.

— Obrigada, mãe — respondeu Lin, afundando o rosto no coque cheio.

— De nada — ela respondeu, agradecendo que um dia a rainha doçura havia lhe dado aquela mesma dica, só agora ela percebia o quanto sentia falta de Katara, mas não ia para o Polo Sul, estava velha demais para ficar totalmente cega de novo. — Agora vá dormir, boa noite.

E pela primeira vez em mais de 35 anos, Toph lhe beijara a cabeça antes de sumir na noite, logo ela havia voltado a se sentir como um criança sendo colocada na cama. Era a melhor sensação que tinha da mãe em mais de 35 anos.

~~~~

Lin caminhou a passos largos até o seu quarto na ala de hóspedes da casa de Su. Estava bastante lotado aquele lugar nos últimos dias, pessoas que vieram para a grande festa de sua irmã que ainda acontecia em algum lugar da enorme cidade de metal, mas ela sabia que a primeira pessoa que passara por sua cabeça não estava entre os festeiros. Ao menos não dessa vez.

Seu olhar correu para o fim do corredor, a última porta tão fechada como todas as outras ali. Já tinha as mãos firmemente sobre a maçaneta de sua própria porta quando sua mente lhe mandou seguir para lá, era apenas mais alguns passos e poderia tocar o metal frio.

Ela bateu, primeiro devagar e baixo, mas ninguém respondeu. Tentou mais uma vez, um pouco mais forte e alto agora. O soco espalhando ondas pela superfície gelada.

— Entra, está aberta — respondeu a voz atravessando as placas.

Lin pressionou as maçanetas da porta dupla para baixo e então empurrou, abrindo para o quarto espaçoso que continha uma cama grande, duas cômodas de cabeceira com abajures e uma poltrona ao lado da janela, por onde a luz da lua iluminava a figura que ela queria ver.

— Como foi a conversa com sua mãe? — perguntou, sem tirar os olhos do livro, um par de óculos apoiado na ponta do nariz.

— Desde quando você usa óculos? — perguntou.

— É só para ler — respondeu, pegando o objeto pelo haste de metal e o deixou de lado — E não, eu não sou tão cega quanto Izumi, ou… — Lin segurou uma risada enquanto sua companhia se levantava para ficar ao se lado na janela. — Foi tão ruim para você fugir do assunto?

— Não, na verdade foi muito bom.

Ela observou enquanto a luz da lua invadia o quarto, iluminando a figura com sua luz prateada. Era algo que prendera a sua atenção muito mais do que ela gostaria de admitir.

— Então, vocês sabem quem é o pai de Su — Lin apenas assentiu, reparando a curva da coluna quando sua companhia se apoiava no parapeito para olhar a janela, onde as pétalas começavam a se fechar, indicando que a Bei Fong original havia deixado Zaofu — E vai me deixar na curiosidade?

— A história ainda não acabou — respondeu, apoiando os cotovelos sobre o parapeito, o corpo voltado para o quarto. — Ela disse que não podia contar o resto com o bebê.

O rosto a sua frente se contorceu em uma feição enojada, antes de se voltar para um riso que lhe chacoalhou o corpo inteiro, fazendo a cabeça tombar para trás.

— Isso vai ser traumatizante para vocês — disse, apoiando uma das mãos no ombro de Lin — Boa sorte.

Ela riu em resposta também — Eu e mamãe conversamos sobre outras coisas também — não houve uma resposta imediata, mas ela esticou a mão, hesitante, tocando o colarinho do roupão.

"Mamãe", a palavra ecoou em sua mente assim que saiu pela boca. Como as coisas haviam mudado em tão pouco tempo no fim das contas. A última vez que havia chamado Toph de mamãe fora quando mal conseguia levar um pedaço de metal de um lado ao outro daquele quarto.

Tentou não pensar nisso, não era a hora, não quando estavam tão perto, perto até demais quando uma mão correu pela cicatriz que lhe cortava o rosto, aquilo lhe trazia péssimas lembranças por muito tempo, mas agora já não sentia todo esse peso.

— Ela me disse que deveria arriscar mais.

— Eu concordo.

O sorriso que lhe iluminou o rosto com aquela frase parecia um convite para Lin, o tipo de convite que ela não podia negar ali, com as palavras da mãe rolando por sua cabeça e a lua inundando tudo com sua luz e então ela deu um passo a frente.

Selando o espaço entre os corpos, correndo as mãos pelos ombros até estar segurando o rosto a sua frente. Mas então ela mesma sentiu um par de mãos sobre seu peito, a pressionando levemente para longe antes de enlaçar a cintura dela.

— Me desculpa — ela pediu antes de tentar se afastar e perceber que ainda estava presa.

— Você sabe que isso é errado, não é Chefe? — perguntou, a voz levemente rouca arranhando a garganta, enquanto as mãos encontravam a base de sua nuca.

— Me disseram para arriscar, então é melhor arriscar tudo — respondeu, sentindo a língua da outra pessoa passear por seus lábios entre abertos, antes de puxa-la para ainda mais perto, afundando os dedos nos cabelos grisalhos, aprofundando o beijo.


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Notas finais do capítulo

~~ Notas Finais ~~

Eu juro que não ia dar um par para a Lin.

Eu acho que ela funciona perfeitamente bem sozinha, mas ai entrei no pinterest e... bem, a Toph também funciona bem sozinha e isso não me impediu de fazer essa fic. Algum palpite de quem é a pessoa misteriosa?



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