Obra Prima: Presságio da Morte escrita por Lorde Vallex


Capítulo 1
O Pentagrama


Notas iniciais do capítulo

Hello! Estou aqui com uma nova história. Diferente das outras, esta daqui será mais curta. Duvido que passe de 10 capítulos.
Boa leitura ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/792917/chapter/1

O garoto andava pelo beco escuro. Estava de noite, e não havia ninguém para ouvir seus gritos. Mas o garotinho já estava acostumado com aquilo, afinal, não conhecera outra forma de viver se não sozinho. Ou, se conheceu, não se lembrava disso. Se houvesse lembranças de amor em sua mente, deviam ser apenas lembranças de uma vida passada, lembranças de uma vida que não era mais sua.
Seus passos eram lentos e irregulares. Irregulares como aqueles cortes em seu corpo. Irregulares como os cortes que ele fizera no corpo dos outros. Irregulares, e mesmo assim, uma obra prima. Pelo menos, era o que aquele homem dizia.
O garotinho via a luz no fim do beco. Era apenas a iluminação proporcionada por um poste, mas por algum motivo o sentido fora muito mais simbólico para o pequeno. Para ele, aquela luz significava esperança. A esperança de que sua estrada finalmente seguiria algum rumo. Bom ou ruim? Vida ou morte? Felicidade ou amargura? Que importava? Desde que sua vida chegasse a algum lugar, fosse a morte, fosse um recomeço, o garotinho estaria feliz. Afinal, estes conceitos foram criados à partir da filosofia humana, e o garoto não acreditava na importância de coisas tão contrárias à Natureza quanto os conceitos de certo e errado.
Caminhou até finalmente sair do beco. Agora estava em uma estrada asfaltada, porém nenhum carro passava por ali. O garoto não teve tempo de olhar para os lados na intenção de ver se havia vivalma, pois suas forças esgotaram-se. O garoto deu de cara no chão.

— Ma… mãe… — murmurou ele, antes de perder completamente a consciência.

*

Diana Stanner havia acabado de sair do mercado naquela noite. Era uma noite especialmente fria, por isso a mulher de cabelos loiros estava com uma blusa bem quente. Quando falava, via o vapor saindo de sua boca.
A mulher deixou o mercado para trás. Havia comprado as poucas coisas que faltavam em casa — apenas uma pasta de dente, uma escova nova e um repelente para os pernilongos —, e agora retornava para sua residência. Sinceramente? Gostava de sair de casa durante a noite. Por algum motivo, as pessoas não saíam muito de noite, principalmente naquela parte da cidade, o que fazia com que as ruas e calçadas estivessem pouco movimentadas.
Diana continuou andando por quase dez minutos quando viu algo que a surpreendeu. De dentro de um beco escuro, esticando a mão em direção ao poste de luz, emergiu um garoto que devia ter uns dez anos. Possuía cabelos castanhos, sujos, longos e bagunçados, e vestia-se com trapos manchados de sangue. Estava magro, tanto que Diana poderia apostar que se tirasse sua camisa poderia enxergar suas costelas.
O garotinho caiu no chão, e Diana apenas ouviu um murmúrio:

— Ma… mãe…

Diana correu até ele. Notou que ainda estava respirando e suspirou aliviada, isso até ver o ferimento que saía do garoto. Sangue escorria de lá. Era médica, e sabia que, se deixasse-o ali, sozinho, ele iria morrer. A mulher refletiu rapidamente. “O hospital fica longe, e vai demorar até mandarem alguém. Estamos a apenas uma quadra de casa… Sim, devo ter as ferramentas necessárias lá.”
Diana pegou o garotinho, optando por colocar as coisas que comprara em sua bolsa para facilitar a movimentação. Ergueu-o e olhou determinada para frente.
Apenas uma quadra. Ainda podia salvá-lo.

*

Abriu os olhos com dificuldade. Seus olhos eram belíssimos, dotados de uma raríssima tonalidade violeta, pouco encontrada no resto das pessoas. O garoto de dez anos levantou-se lentamente, sentindo uma pontada na barriga. Olhou para baixo, e viu um curativo — este que era a única coisa que possuía.
Olhou ao redor com seus raros olhos, procurando sua camisa, ou pelo menos aquilo que ele considerava uma camisa. No processo, acabou por perceber que não sabia onde estava. Tratava-se de um quarto iluminado por uma lâmpada branca. Além da cama de casal onde estava deitado naquele momento, havia uma escrivaninha do lado oposto do quarto, bem como um guarda-roupa e um espelho retangular logo ao lado deste.
Sem dúvidas, não era nenhum lugar que o garoto conhecia. Com esta constatação, decidiu que talvez não fosse um exemplo de segurança ficar ali. Não gostava de lugares que não fossem comprovadamente seguros. Queria viver.
A porta que havia à sua esquerda se abriu, e dela surgiu uma mulher loira com uma expressão irritada no rosto, mas, assim que o viu, a mulher abriu um sorriso.

— Então você acordou. Fico feliz que esteja bem — comentou ela, gentilmente. — Ainda dói?

— Só quando me movo — respondeu o garoto, com os olhos levemente opacos. Diana estranhou aquele olhar.

O garoto ouviu uma movimentação apressada e logo outras duas pessoas surgiram à porta. A primeira era um homem de cabelos negros e barba bem feita, e a outra uma garota loira de olhos azulados como os da mulher mais velha.

— Então você acordou — disse o homem, sorrindo. A menina nada disse, apenas ficou olhando.

— Você me entende e sabe falar — murmurou Diana. — Isso é bom. Pode me dizer seu nome?

— Meu… nome?

O garoto de dez anos ficou olhando para o nada por alguns segundos.

— Henry. Me chamam de Henry. — Henry olhou para Diana. — Onde estou? Quem são vocês?

— Você está na minha casa — informou a loira. — Meu nome é Diana Stanner, sou médica. Este é meu marido, Tyller, e esta é minha filha Jane. Eu achei você naquele beco, machucado, e te trouxe para cá.

— Você é médica? — indagou Henry, com um novo brilho nos olhos e uma expressão muito menos estranha. — Mas… Machucado? Não lembro de nada disso…

— Entendo — concordou Diana, calmamente. Não queria pressionar o garoto tão cedo.

— Onde estão seus pais, Henry? — perguntou Tyller.

— Meus… pais?

Novamente, o garotinho ficou pensativo. O olhar opaco novamente voltou a seus olhos.

— Estão mortos. Mas faz anos. Já chorei o suficiente por eles.

Definitivamente, aquele garoto era estranho. Diana parou de pensar nisso quando a barriga do garoto emitiu um barulho bem audível. Seus olhos voltaram ao normal e ele inclinou a cabeça.

— Você está com fome? — perguntou Diana, sorrindo.

O garoto corou. Agora parecia uma criança normal. Diana olhou para o marido.

— Pode trazer um pouco de comida para ele?

— Nem precisa pedir.

Tyller saiu do quarto. Jane continuou olhando com curiosidade para o garoto. Novamente, Henry percebera que não vestia uma camisa. Assim como Diana havia imaginado, ele era seco. A médica entregou para ele uma camisa preta, e quando o garoto vestiu-se, percebera que era mais larga do que ele.

— É do Tyller — informou Diana. — Um pouco grande, mas é melhor que os trapos que você estava usando.

O homem voltou com um prato de sopa. Já havia uma colher dentro do prato, este que fora colocado na cama com Henry. A fumaça liberada pela sopa pareceu hipnotizar o garoto por um momento.

— Está quente — avisou Tyller. — Assopre antes de comer.

Os olhos de Henry brilharam e ele atacou a sopa. Comia tão rápido que Diana questionava-se se ele estava sentindo o gosto. Era claro que ele estava faminto. Quando terminou de comer, olhou corado para os três ao seu lado.

— Quer mais? — perguntou Tyller, rindo levemente. Henry desviou o olhar, constrangido, e esta foi a resposta que Tyller precisava. Ele pegou o prato e saiu do quarto novamente.

Henry, usando a camisa do homem mais velho, olhou para as duas ao seu lado. Diana parecia ainda levemente preocupada, mas permanecia com um sorriso gentil no rosto. Jane inclinou levemente o corpo na direção de Henry e encarou-o.

— Seus olhos são muito bonitos — comentou a menina.

Henry sorriu.

— Obrigado. Os seus também.

Após Tyller voltar, ir e voltar novamente, após Henry terminar a terceira tigela de sopa, Diana olhou para o garoto com seriedade.

— Você tem algum parente próximo para quem possamos ligar?

Henry hesitou. Por fim, balançou a cabeça negativamente.

— Eu não me lembro muito bem deles. Mas eu não acho que alguém neste mundo ainda se importe comigo. Exceto você, senhora Diana.

— E-eu?

— Você cuidou de mim, não é? Ninguém no mundo se preocupa comigo, nem faria por mim o que a senhora fez. Eu… eu já nem sei mais se vivo ou só existo.

Era estranho ver uma criança de dez anos falando isso, mas Diana não se importou. Olhou com seriedade para Tyller. O homem entendia o que dizia aquele olhar: “precisamos conversar.”

— Já está tarde, e será melhor para sua recuperação que você descanse — recomendou Diana. — Pode fazer isso?

— Se a senhora quiser.

— Eu ficaria aliviada sabendo que você está dormindo tranquilo.

Henry sorriu.

— Então farei isso.

Tyller e Diana saíram do quarto. Jane, a contragosto, também saiu, e o jovem Henry pôs-se a dormir. Não sabia, mas a partir daquela noite os pesadelos iriam cessar. A partir daquela noite, ele teria anos de paz.

*

Henry caminhava calmamente pelo corredor. No caminho, alguns estudantes olhavam para ele, o que era extremamente comum. Geralmente, seus olhos chamavam a atenção. Henry ignorou todos os olhares e foi para o pátio do colégio. Passou por um professor e desejou-lhe uma boa tarde, mas aparentemente o homem estava apressado demais para responder ou sequer ouvir. Dando de ombros, Henry seguiu seu caminho. Desceu as escadas e saiu da escola.
Avistou quem queria avistar. Uma bela garota loira de olhos azulados, que ria alegremente de alguma piada provavelmente destinada a pessoas com problemas mentais. Estava conversando com outras três pessoas, duas garotas e um garoto. Quando o viu, ela acenou exageradamente.

— Henry!

— Jane — respondeu ele, sem aparentar muita felicidade. A garota fez bico.

— Você está de mau humor?

— Não. Apenas entediado.

— Você ficou depois do sinal tocar por quê? — perguntou o garoto de cabelos negros para Henry.

— Sabe, Bill, eu nem sei se queria te falar, mas eu já falei: estava entediado. — Enquanto dizia isso, Henry sentou-se junto do grupo de estudantes. Todos deviam ter entre quinze e dezessete anos. — Eu já tenho certeza de minha nota, então tento puxar papo com os professores para ver se acontece algo interessante.

— Esqueci que o senhor perfertinho dos olhos abençoados sempre gabarita irritantemente — zombou uma das garotas, de cabelos castanhos e curtos.

— Quer meus olhos? Posso dá-los a você.

— Prefiro que me dê outra coisa.

Henry corou levemente e pareceu visivelmente interessado em um pássaro aleatório pousado no telhado da escola. Jane bufou e revirou os olhos.

— Para de dar em cima do meu irmão. É nojento.

— Não critique antes de experimentar. Alguém bonito assim não se encontra facilmente.

— Sabe, Rachel, eu deveria parar de me surpreender com seus comentários de duplo sentido — resmungou a outra garota, de cabelos misturando azul e verde (obviamente, não eram naturais).

— Filippa, você não pode dizer muita coisa.

— Ei, Jane — chamou Bill, sorrindo para a loira. — O que acha de assistirmos um filme lá em casa hoje à noite?

Rachel riu maliciosamente. Jane corou e deu um tímido sorriso, enquanto Henry encarou o amigo com o canto dos olhos, sentindo um impulso estranho.
Filippa pigarreou.

— Chega com estas conversas sem sentido sobre qual de vocês quer pegar quem, porque a Jane nunca leva nada pra frente e o meu querido Henry parece uma criancinha do primário nesse aspecto, então não faz sentido falar sobre isso. Viram o jornal? Parece que as coisas estão esquentando. Acharam um corpo.

— Um corpo? — repetiu Rachel, surpresa. — Eu não vi. Era alguém conhecido?

— Com toda a certeza ele devia ser conhecido de alguém. Somos mais de sete bilhões de pessoas no mundo — comentou Filippa, sarcástica. — Mas eu mesma não o conhecia. E, sinceramente, seria difícil reconhecer mesmo que fosse alguma celebridade.

— Por quê? — interessou-se Jane.

— O corpo — respondeu Bill, calmamente — foi encontrado esquartejado de modo que ficou quase irreconhecível. Ao seu lado, um pentagrama macabro desenhado com sangue.

— Que bizarro — murmurou Jane.

Rachel arrepiou-se e estremeceu. Estava visivelmente assustada. Filippa não demonstrava, mas também não se sentia muito bem com aquilo. Henry permanecia calado.

— A polícia já fez algum progresso? — perguntou Jane.

— A notícia veio aparentemente antes mesmo da polícia poder investigar o caso direito — disse Bill. — Alguns repórteres estavam claramente ansiosos, talvez porque deve fazer quase uma década que uma morte tão violenta não acontece aqui em Lake Path. Mas acredito que em breve aqueles detetives encontrem algo.

— Sim — concordou Jane inocentemente. — Talvez aqueles detetives encontrem algo.

Henry olhou para a irmã com a sobrancelha arqueada.

— Nem me venha com sua mania de detetive. Ainda mais quando têm cadáveres envolvidos, ouviu?

Jane resmungou algo, mas Henry não pôde ouvir. Bill riu discretamente.

— Não seja chato, Henry. Estamos procurando algo interessante para fazer já faz alguns meses. Que mal faria caçar um assassino brutal?

— Seria meu sonho — retrucou Henry, divertido. — Morrer esquartejado.

— Meus pais chegaram — notou Rachel, despedindo-se de todos. Como provocação, beijou demoradamente a bochecha de Henry, e Jane fulminou-a com o olhar. Rachel sorriu zombeteira e correu na direção do carro de seus pais.

— Ela anda muito metida pro meu gosto — resmungou Jane, emburrada.

— Está com ciúmes? — perguntou Filippa, cínica. — Que fofo.

— Não estou com ciúmes!

— Claro — concordou Filippa, sem acreditar. — Ei, Henry, amanhã pode passar na minha casa para me dar uma ajuda? E não se iluda. Só quero que segure a lanterna para que eu possa estudar.

— Não gosto dessa ideia — reclamou Jane, como se isso encerrasse o assunto.

Tanto Henry quanto Bill e Filippa deram risada. O garoto de olhos violeta abraçou a irmã.

— Veja só. Por que está com ciúmes?

— N-não estou com ciúmes. Só não acredito que elas querem te estragar desse jeito, na minha frente ainda por cima!

— Me estragar? — riu Henry.

— Sim. Querem te deixar diferente!

— Sabe que não temos mais dez anos, não é?

“É exatamente isso que me irrita”, pensou Jane.
Viu o carro de seus pais. A loira aproveitou a abençoada oportunidade, agarrou Henry pelo braço e saiu correndo.

— Amanhã às sete! — gritou Filippa.

— Você não vai lá — ameaçou Jane, quando entraram no carro. — Não vai na casa dela.

— Na casa de quem? — perguntou Diana, sorrindo.

— Da Filippa! — exclamou Jane, indignada. — Tanto ela quanto a Rachel! Elas estão querendo estragar o Henry! E, pior, ele está deixando!

— Estragar?

— Ela só quer minha ajuda com um trabalho — resmungou Henry, corando.

— Ah — entendeu Tyller, que dirigia. — Então é disso que se trata. E já estava na hora, Henry. Você nunca nos disse que estava interessado em alguém.

— Vocês todos estão fazendo tempestade em copo d'água — afirmou Henry, desconfortável. — Não é nada demais.

Diana deu risada.

— A juventude é tão bela. Me lembra de quando eu era uma adolescente irritante.

— Naquela época do feudalismo, né? — zombou Tyller, recebendo um tapa na nuca enquanto gargalhava. Henry acompanhou a risada, mas Jane ainda estava irritada. Como podiam ignorar o fato de que Filippa e Rachel estavam estragando seu irmão com suas maldades? Principalmente Rachel, ela era muito atrevida.

Jane estava pensando em coisas tão bobas, enquanto a alguns quilômetros dela, pessoas mais velhas tinham preocupações muito maiores.

*

O prédio estava completamente isolado por faixas, o que deixava claro que ninguém podia passar para dentro dele. As únicas pessoas no interior do prédio — pelo menos as pessoas vivas — eram policiais. Um deles encarava o corpo esquartejado com nojo, enquanto outro procurava por quaisquer evidências dentro do prédio.
Um terceiro homem, vestindo um casaco preto, olhava friamente para o pentagrama.

— O que temos? — perguntou ele.

— Detetive Johnson, segundo o gerente do prédio, a vítima é Roy Penzer, vinte e cinco anos. Aparentemente atrasou-se para finalizar alguns trabalhos, e também queria pesquisar alguma coisa, então ficou até mais tarde no prédio. O gerente aparentemente confia nele, então apenas deixou ele ficar até mais tarde.

— Algum familiar?

— Sem esposa nem filhos. Os pais morreram acidentados anos atrás e ele não tem contato com os demais parentes. Sem querer ser desrespeitoso, mas o assassino não fez isso esperando que alguém fosse sentir falta deste pobre rapaz.

— Sem familiares… Ele tem antecedentes? — perguntou o detetive Johnson.

— Nem mesmo uma única multa de trânsito — contou o mais velho.

— Então ele só estava no lugar errado na hora errada? — indagou-se Johnson. — Hum… O que acharam no computador?

— Os registros foram completamente apagados. Seja lá o que o Roy estava pesquisando, o assassino não queria que soubessem.

— Alguma testemunha?

— Nenhuma.

O policial que investigava a sala voltou para perto dos outros.

— Nada. Não tem aqui nenhuma evidência do crime. A arma usada também não está aqui, mas pelos ferimentos imagino que tenha sido uma lâmina relativamente longa. O que descobriu, detetive Johnson?

O detetive de cabelos quase cinzentos olhou para o pentagrama.

— Tire uma foto e mande para o Steve.

— Claro, mas por que para ele?

— Porque ele é a única pessoa que conheço do departamento que fala alemão.

Dizendo isso, o detetive saiu da sala. Os outros dois se entreolharam, confusos, até notarem o que Johnson notou. Havia uma mensagem no pentagrama em uma língua que os dois policiais não reconheceram. Mas se Johnson disse que era alemão, então deveria ser alemão.
Seja lá qual fosse a identidade do criminoso, realmente era uma pessoa estranha. E insana, porque os dois homens naquela sala não conseguiam acreditar que uma pessoa sã poderia fazer isso a outra pessoa.

*

Em um armazem que não era usado há anos, um homem corria mancando. Sangrava e chorava. Tropeçou, levantou-se com dificuldade e tornou a correr. Sabia que seria inútil gritar, pois o armazém ficava distante da cidade de Lake Path e ninguém ouviria seus gritos. Ninguém passava próximo àquele lugar.
Mesmo assim gritou. Mesmo assim, clamou por ajuda como nunca antes fizera na vida. E foi então que viu a saída. Viu a noite estrelada, e a esperança surgiu em seu coração. Mas ela se foi quando um container vermelho caiu do teto e bloqueou a passagem.
O homem olhou para trás, chorando. Pensou em sua esposa, em sua filha, e percebeu que não voltaria para elas. Aproximava-se dele um homem alto, de um metro e noventa, com um sobretudo negro encapuzado, com uma máscara branca que não possuía nenhum desenho ou formato específico, apenas um par de buracos circulares para os olhos. Era uma imagem inexplicavelmente assustadora.
O mascarado caminhou em direção ao homem, segurando uma lâmina de uns vinte e cinco centímetros. Ele sorria por baixo da máscara.

— Turner, Turner. Meu bom e velho Turner — cantarolou ele. — Você abandonou nossa família. Escrúpulos. Honra. Bondade. Que patético. Abandonar a nossa bela família por conceitos tão estúpidos e contrários à natureza quanto estes.

O mascarado finalmente alcançou Turner. Era vinte centímetros mais alto que o homem ferido.

— Por favor, M…

— Shh, Turner. Não me chame assim. Só meus amigos me chamam assim. Você pode me chamar apenas de Vlad. Mas não vou te empalar. Farei coisa pior.

Turner tentou socar o mascarado, que desviou com desprezo e, com um movimento quase imperceptível da lâmina, arrancou a orelha de Turner. O homem caiu no chão, gritando. Vlad, aproximou-se dele. Aqueles gritos eram música para seus ouvidos. Gritos de um traidor que recusou-se a participar das torturas das cobaias. Era um homem desprezível, Turner, movido por bondade e gentileza. Ridículo. Tão contrário à Natureza.

— Escolheu seu destino no passado, meu amigo, quando decidiu me abandonar.

Os gritos seriam ouvidos por mais alguns minutos enquanto Turner era esquartejado vivo. Após algum tempo, morreria pela dor extrema e pela perda de sangue. E Vlad continuaria mutilando o cadáver dele. Então, deixaria a mensagem.
Quando será que ele veria as mensagens? Vlad esperava que logo.

*

Naquela mesma noite, Johnson estava sentado em seu escritório ao lado de Steve, um homem loiro e relativamente jovem, com uma camisa branca que parecia constantemente surrada. Os dois viam a imagem do pentagrama feito com sangue e, escritos cuidadosamente em locais estratégicos, havia uma mensagem em alemão. Para olhos desatentos, estas mensagens não existiriam, mas Johnson percebeu-as de imediato.
Steve olhava pensativo para as imagens.

— Isso é estranho.

— O quê? — perguntou Johnson.

— Ich freue mich darauf, Dich wieder zu sehen. Ich hoffe unser Wiedersehen wird interessant sein — leu Steve. — A mensagem diz: estou ansioso para vê-lo novamente. Espero que a nossa reunião seja interessante. Isto é uma mensagem para alguém, mas é simplesmente impossível saber para quem.

Johnson assentiu calmamente. Sim, aquela investigação seria difícil, mas era sua obrigação descobrir o assassino por trás do cadáver naquele prédio.
O próximo passo era descobrir para quem era aquela mensagem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hehe, história iniciada. Vejamos quantos capítulos eu vou demorar para conclui-la kkkkk



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Obra Prima: Presságio da Morte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.