Wolfstar + Jily - I Wanna Be Yours escrita por Blank Space


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Ooiee gente! Como vocês estão?
Apresento a vocês a minha primeira WOLFSTAR!! Se eu estou nervosa? BASTANTE! Mas vamos lá! Essa pequena história é dedicada à maravilhosa Gabs! Meu anjo, eu espero que você goste! Era pra ter saído na data certa, mas aconteceu uns negócios aí e acabou que não postei, mas AGORA SAIU!

Segue o link com a ficha dos personagens e mais umas coisinhas a respeito da história:

https://twitter.com/GetawayTT/status/1280607036804345856

NOS VEMOS LÁ EMBAIXO!



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Sábado - 8h03min

Sirius acordou naquela manhã com a luz do sol em seu rosto e o lado esquerdo da cama vazio como sempre. Ele soltou o ar cansado, mesmo já sabendo que isso aconteceria. Era sempre assim. Remus nunca ficava para a manhã seguinte, mas uma parte dele sempre gostava de pensar que daquela vez seria diferente e ainda que estivesse cansado daquela situação, não fazia ideia de como mudá-la sem que todo o resto também precisasse mudar.

Na noite passada ele havia tentado de novo dizer o que sentia. Dizer que sabia que eles eram mais do que apenas uma noite de sexo e que sabia que Lupin pensava da mesma forma ainda que ele não admitisse - e parecesse bastante confortável com a maneira como as coisas estavam entre eles. Como ele poderia pensar diferente quando Black conseguia ver nitidamente em seus olhos?

Mas então ele começou a contar sobre o dia horrível que tivera no trabalho e Sirius perdeu completamente a coragem. Talvez devesse deixar para outra hora. Aquele não era o melhor momento para jogar mais uma complicação em seu colo.

No travesseiro que ele dormiu havia um pequeno bilhete com os dizeres “Vejo você mais tarde. Three Broomsticks às 19h” que o fez sorrir. Black finalmente se levantou, guardando aquele recadinho junto a todos os outros que ele havia deixado nas outras manhãs, naquele pequeno baú que ficava escondido embaixo de sua cama.

Ele pegou uma toalha e as roupas limpas e deixou o quarto, encontrando Lily Evans sentada no balcão vestindo uma camisa velha de James. Ela estava comendo cereais enquanto ouvia repetidamente as músicas de alguma banda aleatória que havia encontrado na última semana. Ela havia se mudado definitivamente há dois meses e, diferente do que algumas pessoas pensavam, ele gostava muito de tê-la morando com eles. Ela não era só a namorada de James, era também sua melhor amiga.

—Bom dia, flor do dia. -Lily disse com um sorriso, balançando os pés no ritmo da música.

—Bom dia, ruiva. -Sirius respondeu, esfregando uma das mãos no topo da cabeça dela, bagunçando seu cabelo.

—Eu odeio quando você faz isso.

—Eu sei. -Ele sorriu.

—James está no banho e eu sou a próxima. -Disse e Black colocou a toalha e as roupas sobre uma das cadeiras.

—Vocês não podiam tomar banho juntos?

—Você sabe que demoraríamos mais.

—Que nojo, héteros. -Ela riu e ele pegou a caixa de cereais e o leite, se servindo.

—Ei, ruiva, você por acaso…? -Começou.

—Vi ele sim. -Ela respondeu, adivinhando exatamente o que ele estava prestes a perguntar. -O Rem não disse muito antes de sair, só que vai estar no Three Broomsticks pra vê-los tocar essa noite.

—E então, de quem é essa música? -Sirius mudou de assunto.

—The Cab, muito boa, né?

—Eu sinceramente não sei onde você encontra essas bandas.

—Geralmente eu me perco no YouTube. -Ela deu de ombros. -Você precisa falar com ele.

—Eu vou.

—Você disse isso na semana passada.

—Eu sei. -Lily revirou os olhos.

Naquele momento a porta do banheiro se abriu e James saiu de lá com os cabelos molhados e já vestido. Ele foi até a namorada com um sorriso, lhe dando um beijo demorado.

—Confesso que estava esperando você sair de lá só de toalha.

—Eu também. -Black disse e o Potter riu.

—Sinto muito decepcioná-los. -Lily puxou o namorado para mais um beijo e com a colher cheia ela terminou seu cereal, descendo do balcão e saltitando até o banheiro. James deu um sorriso bobo enquanto a acompanhava com os olhos.

—Por Morgana, amanhã você vai estar insuportável. -Black comentou.

—Se ela disser sim, eu vou ter um milhão de motivos pra isso.

—É claro que ela vai dizer sim. E então, como vai fazer?

—Ela vai passar no Three Broomsticks para ver o show e pra última música eu vou chamar ela no palco pra cantar Sweater Weather comigo.

—Ela vai te matar.

—Bem provável. -Ele riu. -Mas é a nossa música, eu não posso cantar com a Marlene. Além disso, você sabe que a Lily tem uma voz maravilhosa e não é como se ela não tivesse ensaiado, na noite em que ela se mudou nós dois passamos…

—“A noite toda cantando ela no karaokê até atingir a pontuação máxima”, eu sei. É como se eu fosse o Joey e vocês, Monica e Chandler.

—Pra mim é uma honra.

—Depois do show eu vou levá-la para um piquenique no St. James Park. Como já vai estar tarde, o parque vai estar vazio e vamos ser só nós dois, as estrelas e as melhores músicas do Arctic Monkeys.

—Todas as músicas são as melhores músicas do Arctic Monkeys, e sim, eu estou fingindo que o último álbum não existe.

—Enfim, quando I Wanna Be Yours começar a tocar, eu vou ficar de joelhos e pedir a mão dela.

—Ela vai amar.

—Eu espero que sim. -Potter disse, respirando fundo para se acalmar.

—Vai dar tudo certo. Ela vai dizer sim. -Sirius disse, colocando a mão sobre o ombro do irmão em uma tentativa de acalmá-lo.

Sábado - 21h04min

Remus entrou no bar atrasado para o show de seus amigos. Marlene cantava Feel You Now e ele notou quando Sirius percebeu que ele havia chegado, mesmo que ele estivesse na bateria. Sirius sempre sabia quando ele chegava, era como se o lugar ganhasse uma cor completamente diferente.

Ele rapidamente localizou Lily sentada em uma mesa bem diante do pequeno palco. Os olhos dela brilhavam na direção de James, que tocava sua guitarra olhando atento todos os movimentos da até o momento namorada. Lupin logo foi até ela, puxando uma cadeira e atraindo a atenção da garota ruiva.

—Deixe-me adivinhar: o unicórnio que te trouxe se perdeu? -Ela perguntou e ele revirou os olhos.

—Você sabe o que aconteceu, Lily.

—Sei, mas eu tava cansada de ouvir sempre a mesma coisa, então resolvi inovar. Você sequer recebe hora extra, Remus?

—Isso é temporário.

—Realmente, em algum momento aqueles imbecis vão te matar e nem vão se preocupar em nos avisar. Só vão remover o seu corpinho lindo da agência e contratar outro capacho. 

—Minha cabeça tá explodindo. -Murmurou e ela pegou um copo e serviu o amigo, colocando a bebida diante dele. -Obrigado.

Quando a música acabou, os dois aplaudiram animados. Marlene então se aproximou do microfone e disse, com um sorriso no rosto antes de descer do palco para beber alguma coisa:

—É com você, Potter. 

—Obrigado, Lene. -Ele respondeu, assumindo o microfone. -Vocês provavelmente não sabem disso, mas essa é uma noite muito especial pra mim... Tem essa garota e eu sempre fui apaixonado por ela, mas ela me odiava. Pelo menos era isso o que eu pensava já que ela vivia brigando comigo e recusando todos os meus convites para sair. Eu sei, eu era insuportável na época, mas há cinco anos nós nos encontramos em um jantar do trabalho dela e nossa, ela tava linda pra caralho. -Lily sorriu, embora ainda não soubesse bem onde o namorado estava planejando chegar com aquela história. -Aquela noite foi a primeira vez em que eu conseguir conversar com ela sem me fazer de idiota e estragar tudo. Foi também a primeira vez em que nos beijamos e nós não nos separamos desde então.

—Eu não acredito que ele guardou a data. -A ruiva murmurou.

—Tá brincando? Ele encheu o nosso saco por um mês inteiro. -Lupin respondeu e ela riu.

—Por isso, para comemorar esse momento eu gostaria de convidar Lily Evans para subir ao palco e cantar a próxima música comigo.

—O quê?! -Ela arregalou os olhos.

—Acho que sua presença está sendo solicitada no palco.

—Ele ficou maluco se acha que eu vou subir lá.

—Eu não posso cantar essa música sem você. -James disse e ela o fuzilou com o olhar.

—Eu vou te matar, James Potter.

—Sabe que se você não subir o Sirius vai vir até aqui te pegar, não é? -Remus disse, rindo.

—Ele não ousaria.

—Ele já tá de pé. -Indicou com a cabeça.

Antes que Black a alcançasse, Evans se levantou fazendo a plateia toda aplaudir conforme ela caminhava em direção ao namorado. Ela o mataria, ele sabia, mas estava realmente se divertindo com toda aquela situação. Sirius sentou-se diante do piano com um sorriso nos lábios, feliz ao ver como o irmão sempre ficava toda vez que ela se aproximava, mais vivo do que nunca. Os dois seriam muito felizes, ele tinha certeza. 

—Esta é Sweater Weather. -James disse.

O Potter entregou o microfone para a namorada, lhe dando um beijo na testa e a ruiva, que tinha as bochechas vermelhas, não conseguiu conter o sorriso. Era injusto porque ele sabia exatamente como desarmá-la. Black começou a tocar e os dois então começaram a cantar. Ela não tirava os olhos dele nem por um segundo, se lembrando daquele dia em que eles cantaram aquela música tantas vezes que ela até sonhou com ela.

—Remus? -Uma voz familiar disse ao lado dele, que não conseguiu conter a expressão surpresa ao encontrar Dorcas Meadowes, sua ex namorada com um sorriso enorme em seus lábios rosados. -Por Morgana, quanto tempo!

—Dorcas! -Ele sorriu, ficando de pé e a abraçando. -Realmente, acho que a última vez que nos vimos foi há três anos. Nossa, você está linda.

—Obrigada. -Ela sorriu. -Você também está ótimo. Está sozinho?

—Não exatamente. -Lupin respondeu, indicando o palco. -Acho que se lembra do James e do Sirius.

—Como eu poderia esquecer? -Dorcas riu. -Mas se me lembro bem o grupinho de vocês tinha um quarto integrante.

—Peter está atrasado como sempre. E você? Está acompanhada?

—Não. Acabei de sair do trabalho e queria beber alguma coisa, mas ninguém quis me acompanhar então… -Ela deu de ombros.

—Bom, eu não acho que eles vão sair dali tão cedo. Por que não se senta?

—Tudo bem. -Meadowes sorriu e Lupin puxou a cadeira para ela.

O relacionamento havia durado dois anos e terminado quando eles perceberam que eram melhores como amigos do que como um casal. Eles terminaram bem e às vezes ainda trocavam mensagens. Quando a música acabou, James e Lily se beijaram e Sirius assumiu o microfone. Remus reparou que ele acompanhava todos os seus movimentos com os olhos.

—Moony, eu e a Lily já vamos, okay? -Potter disse ao amigo com um sorriso nos lábios. -E aí, Meadowes? Faz séculos desde a última vez que nos vimos.

—É bom ver você também. -A castanha sorriu.

—Ele disse que vai me compensar por ter me envergonhado na frente de todo mundo. -Evans disse.

—Você foi incrível, Lily. -Remus sorriu.

—É bom que essa tal surpresa seja ótima, Potter.

—E quando as minhas surpresas não são ótimas?

—Sabe, eu realmente fico preocupada quando você fala assim. -Ela disse, desconfiada e ele lhe deu um beijo no topo da cabeça. -Nos vemos depois, Rem. Foi um prazer conhecer você.

—Igualmente. -Dorcas disse retribuindo o sorriso que a ruiva lhe lançou antes de seguir em direção a entrada do bar.

—Me deseje sorte. -James murmurou, respirando fundo.

—Relaxa, vai dar tudo certo. -Remus tentou tranquilizá-lo.

—Tchau, Dorcas. -E então ele saiu atrás da ruiva, deixando os dois sozinhos.

—Ele vai pedí-la em casamento essa noite. -Lupin explicou.

—Pelo jeito que ela olhava pra ele, Potter com certeza não tem nada com o que se preocupar. -Meadowes disse. -Acho que nunca vi os olhos de alguém brilharem tanto.

—Ele vai estar insuportável amanhã. -Disse e os dois riram.

No momento em que Sirius começou a tocar San Francisco, Dorcas começou a cantar a música baixinho e Remus sorriu se lembrando de como aquela era a música favorita da ex namorada. Ela fechava os olhos e sorria, enquanto se balançava no ritmo da música.

—Eu simplesmente amo essa música.

—Eu sei. -Ele disse e ela sorriu, se virando para olhar bem para ele.

—Dança comigo? -Meadowes pediu, estendendo a mão para Lupin.

—Você sabe que eu não danço. -Respondeu, com um sorriso gentil.

—Vamos lá, pelos velhos tempos. 

Quando ele não respondeu, a mulher ficou de pé e o puxou para uma pequena pista de dança que havia naquele bar. Remus passou as mãos em torno da cintura dela, com um sorriso tímido brincando em seus lábios enquanto ela tinha os braços ao redor de seu pescoço. Ele pisou no pé dela algumas vezes, fazendo-a gargalhar.

—Eu disse que eu era péssimo nisso. Me desculpe, Doe. -Ele riu baixinho.

—Está tudo bem, eu sabia os riscos quando te convidei pra dançar.

Sirius observava a cena, tentando não se deixar abalar pelo que assistia. Eles não tinham nada, ele sabia, então por que estava doendo tanto? Black realmente odiava se sentir daquela forma e odiava mais ainda não poder fazer nada a respeito.

Nada além de contar a ele como se sentia.

Mas ele gostaria de saber? Provavelmente não já que Lupin sempre o interrompia, como se soubesse exatamente aonde queria chegar. O casal continuou dançando junto pelas próximas músicas que se seguiram.

—Remus? 

—Sim? -Ele perguntou.

—Eu senti sua falta. -Admitiu. -Não tinha me dado conta até esse momento.

A morena então ficou na ponta dos pés e o puxou para um beijo que ele com certeza não estava esperando. Inicialmente, Remus permaneceu imóvel tentando assimilar o que estava acontecendo, mas depois de um tempo, ele gentilmente afastou Dorcas e com a testa ainda encostada na dela murmurou baixinho:

—Eu acho que não devemos fazer isso.

—Por que não? -Ela perguntou, olhando no fundo dos olhos dele. -Está solteiro, não está?

—Estou, mas… Já não deu certo da última vez, Doe. Além disso, eu meio que gosto de outra pessoa. -Disse, uma verdade que não havia admitido nem para si mesmo.

—Ah… -Ela disse, baixinho. -Entendi.

—Sinto muito.

—De qualquer forma, acho que foi um bom encerramento para tudo. -Ela sorriu, ficando na ponta dos pés e lhe dando um último selinho, antes de acenar e sair do bar.

Sirius observava a cena de longe e viu quando Remus balançou a cabeça e bagunçou os cabelos de maneira nervosa, respirando fundo. Parece que havia tido sua resposta, afinal de contas. Estava tão perdido em seus pensamentos que nem ao menos viu quando sua melhor amiga, Marlene, subiu no palco quando ele terminou a música.

—Minha vez. -A loira disse.

—Não é não.

—Eu vi o que aconteceu, se quiser está liberado pra tomar um porre.

—Não posso tomar um porre, vamos esperar James e Lily voltarem e comemorar. -Disse a contragosto.

—Porra, ainda vai pra casa com ele? -Perguntou e o Black balançou a cabeça assentindo. -De qualquer forma você ainda tem tempo pra espairecer. Vai lá, deixa que eu termino o show.

—Certeza? -Ela balançou a cabeça sorrindo e Black lhe deu um beijo no topo da cabeça. -Valeu, loira.

Sirius desceu do palco, indo em direção ao bar e pedindo uma bebida antes de se juntar a Remus na mesa. Ele não disse nada e em seu íntimo Lupin sabia o motivo para o clima naquele bar ter mudado tão rapidamente, mas ao mesmo tempo que aquilo parecia possível pela maneira como haviam ficado juntos na noite anterior, também parecia improvável visto que o Black havia sido o primeiro a estabelecer que não tinham nada sério e ainda eram livres quando começaram com aquilo.

Quando os dois haviam sido idiotas o suficiente para acreditar que não havia nada demais em sexo casual entre amigos e que saberiam separar bem as coisas, sem se apegar.

—Alguma notícia do Wormtail? Ele tá atrasado. -Remus disse em uma tentativa de fazê-lo falar com ele.

—Ele sempre está atrasado. -Respondeu e o mais alto pôde ver o quanto ele parecia tentar se controlar sua irritação. -Então… trabalho de novo?

—É temporário. -Os dois disseram juntos. Remus parecendo cansado apenas por tocar no assunto e Sirius mostrando que sabia exatamente que resposta ele daria.

—Só preciso aguentar mais um pouco. -Lupin disse. -Minha pós já está no fim e logo vou poder me dedicar ao que eu realmente quero.

Black balançou a cabeça assentindo e eles caíram em um silêncio carregado de tensão, onde nada além da voz de Marlene cantando Why’d You Only Call Me When You High era ouvida. Sirius soltou uma risada carregada de ironia quando ela começou. O senso de humor dela era realmente algo único e ele sabia que a escolha da música havia sido para provocá-lo, já que ela provavelmente estava cansada de ouví-lo reclamar e sempre dizia que, enquanto Sirius não deixasse Remus saber como realmente se sentia, aquela seria a realidade dele e não havia nada que ele poderia fazer para mudar isso.

Mas aquele não era o melhor momento. Precisavam ter aquela conversa quando ele estivesse bem, ou pelo menos quando não estivesse sendo consumido pelo ciúme, caso contrário acabaria dizendo coisas que não deveria e arruinaria tudo.

—Pads…

—Eu realmente não dou a mínima, Moony. -Ele interrompeu, mentindo.

—Nós ainda temos algum tempo até o Prongs e a Lily voltarem, mas se quiser podemos ir pra casa. Avisamos o Wormtail pra nos encontrar por lá. O que acha?

—Sinceramente não acho que seja uma boa ideia. -Murmurou.

—E por que não?

—Porque você sabe o que acontece quando ficamos sozinhos e hoje eu não to no clima.

—Me desculpe pela Dorcas, ela…

—Esse realmente não é o melhor momento para essa conversa.

—Não foi nada! -Ele continuou. -Ela me beijou e eu disse que gost…

Mas então Peter apareceu, puxando uma cadeira na mesa e impedindo assim que o outro continuasse com suas explicações. Pettigrew deu um sorriso para os amigos e foi logo dizendo, alheio ao clima que pairava sobre aqueles dois:

—To atrasado, eu sei. O Prongs já fez o pedido?

—Não, eles foram para o parque há pouco tempo. -Remus contou. -Mas deve acontecer a qualquer momento agora.

—Que caras são essas? -Perguntou, finalmente notando que enquanto Lupin não conseguia desviar os olhos de Black, o outro apenas olhava para Marlene no palco como se não tivesse visto a loira cantar aquela mesma música um milhão de vezes.

—Moony voltou com a ex.

—Isso não é verdade. -Rebateu, revirando os olhos.

—Ah, entendi. É mais uma daquelas DRs de vocês onde ninguém sabe realmente o que dizer porque nós estamos ocupados demais tentando entender porque não ficam juntos de uma vez?

—Não tem como discutir relação se não tem relação, Wormtail. -Black respondeu, fazendo um sinal para o garoto do bar, que logo repôs o conteúdo de seu copo.

—Por que está tão irritado, então? -Lupin questionou.

—Okay, eu vou deixar vocês conversarem. -Pettigrew disse, ficando de pé.

—Senta. -Sirius mandou, o olhando de forma ameaçadora e ele logo obedeceu, bufando.

—Sabe o que vocês dois deviam fazer? -Peter começou e os dois se viraram, olhando-o com interesse. -Resolver essa porra de rolo em que se meteram. Ou acabam com isso tudo de uma vez ou ficam juntos logo. No início a fanfic tava boa, mas ninguém aguenta tanto cu doce numa história, sabiam?

Os dois se olharam por um momento, mas não responderam. Então Peter começou a tagarelar sobre seu relacionamento com Mary e como as coisas estavam. Precisava confirmar a presença dos amigos na festa da namorada, mas deixaria isso para depois. Provavelmente após James e Lily chegarem, contaminando todos com o amor que sentiam um pelo outro e a felicidade por ela ter dito sim ao pedido de Potter.

—Está quase na hora, vamos embora. -Peter chamou e os amigos logo se levantaram.

O caminho para o apartamento foi igualmente silencioso por parte de Sirius e Remus, enquanto Peter falava sem parar. Ele se sentia desconfortável com o silêncio e os dois sabiam disso, mas não queriam conversar naquele momento. Ambos preocupados com o que diriam caso resolvessem tocar naquele tópico com a cabeça quente.

Quando chegaram, Padfoot se jogou no sofá e Moony sentou-se na bancada que dividia o cômodo da sala da cozinha. Wormtail permanecia de pé.

—... e eu não faço a mínima ideia de como vou encarar os pais da Mary depois deles terem pegado a gente transando no armário de casacos da recepção do jantar de aniversário deles! Eu sei o quanto significaria pra ela se eu aceitasse o convite dele pra ir pescar no fim de semana, mas tenho medo de que ele tente me matar ou algo do tipo, ele ficou realmente puto com o que aconteceu. E a ideia foi dela!

—Talvez a gente te mate agora, daí você tem uma boa desculpa pra não ir.

—Nós dois sabemos que você não vai fazer isso, Padfoot. 

—Eu acho uma boa ideia. Minha cabeça está doendo.

—Se me matarem vão ficar sozinhos um com o outro, é isso o que querem? Porque eu posso esperar lá fora…

—Se sair é um homem morto.

—E se continuar falando também.

O menor deles bufou, se jogando no sofá ao lado do amigo que bagunçava os cabelos enquanto olhava para o celular a procura de qualquer coisa interessante em seu feed. Foi quando ouviram a movimentação do lado de fora do apartamento, denunciando a chegada de James e Lily. Todos ficaram de pé, ansiosos para receber os amigos com seus enormes sorrisos e desejos de felicidades, mas no momento em que colocaram os olhos em sua amiga ruiva perceberam que havia algo errado.

Evans abriu a porta, entrando no apartamento com uma careta em seu rosto enquanto um James Potter visivelmente irritado a acompanhava de perto. Ao ver que não estavam sozinhos, a ruiva parou, olhando bem para os amigos que a esperavam na sala de seu apartamento.

—Que foi?! -Ela questionou, olhando de um para o outro com os braços cruzados e o biquinho que sempre fazia quando estava prestes a explodir.

—Nada. -Remus e Peter responderam juntos.

—O que aconteceu? -Sirius perguntou, recebendo uma cotovelada de Peter.

—Perguntem ao Potter! -Evans respondeu simplesmente, fuzilando o namorado com o olhar e se dirigindo ao quarto que dividia com o namorado. James tentou alcançá-la, mas ela foi rápida em bater a porta.

—Lily, por favor…

—Eu não quero falar com você agora. -Foi a última coisa que a ruiva disse antes de ligar o rádio que havia no quarto, deixando a música preencher o ambiente, dessa forma não ouviria mais nada.

Ele bufou, finalmente se virando para os amigos que o olhavam completamente confusos e em busca de uma explicação. James então foi até o armário de bebidas, tirando de lá a garrafa da mais forte que encontrou e bebendo direto no bico.

—Aceitam?

—O que diabos aconteceu? -Black repetiu a pergunta acompanhando o irmão com os olhos conforme ele caminhava em direção à poltrona que havia ali e se jogava com tudo.

—Ela não quer se casar? -Lupin disse.

—Eu nem tive a oportunidade de fazer o pedido, nós não chegamos ao parque.

—Aonde foram, então? -Peter questionou, curioso.

—Depois que nós saímos do bar, estávamos seguindo o nosso caminho de mãos dadas e felizes como se nada pudesse atrapalhar o que iria acontecer, mas é claro que eu não estava contando com o filho da puta do Ranhoso para aparecer e estragar tudo.

—Ainda o Ranhoso, cara?

—Pois é, Wormtail. -Respondeu bebendo mais um pouco enquanto bagunçava os cabelos. -Ele nos viu e achou que seria uma boa ideia tentar se declarar pra Lily mais uma vez enquanto dizia o quanto eu sou um completo imbecil. Ele não teve nem a decência de fazer isso longe de mim!

—Me diz que você não bateu nele. -Remus pediu.

—Me diz que você bateu nele. -Sirius disse.

—Se lembram da Emmeline?

—Sua ex? O que ela tem a ver com essa história?

—Parece, meu caro Worms, que ela e o Ranhoso ficaram bem próximos desde que nos formamos e ela achou que seria uma boa ideia contar detalhes sobre o nosso relacionamento para ele.

—Ela contou…? -Lupin arqueou as sobrancelhas.

—Ela contou sobre como ela ficou grávida quando estávamos juntos e eu a acompanhei para “resolver o problema”. Sim, foi assim que ele se referiu a situação. -Disse, irônico. -Mas é claro que ele disse como se eu fosse um grande filho da puta que tivesse a obrigado a fazer um aborto.

—Acha que a Vance se arrependeu? -Black cruzou os braços.

—Não, ela não queria ser mãe, nunca quis. Eu acho que essa foi só a maneira que aquele filho da  puta encontrou de fazer a Lily me odiar. Não é segredo pra ninguém que ela quer ter filhos. Depois disso sim, eu bati nele e o chamei de Ranhoso.

—Prongs… -Remus soltou o ar em desaprovação.

—É, a Lily não gostou disso também. -James riu, sem humor nenhum.

—Você devia ter contado a ela.

—Eu sei, mas eu não consegui, okay? -Disse, irritado olhando para Peter. -Eu não gosto de falar sobre e nem de lembrar o que aconteceu, sem falar o medo que eu tinha de que a Lily reagisse exatamente como está reagindo agora.

—Dá um tempo pra ela, Prongs, ela tem muita coisa na cabeça. Amanhã vocês dois vão estar se sentindo melhor pra conversar.

—O Moony tá certo, tenho certeza que ela vai te ouvir e entender.

—E se não entender, Padfoot? O que eu faço se ela não entender? -Nenhum dos três respondeu e ele soltou o ar, cansado. -Eu odeio tanto aquele desgraçado.

—Acho que esse talvez não seja um bom momento pra lembrar que a festa de aniversário da Mary vai ser amanhã à noite na nossa casa e vocês são obrigados a ir, não é?

—Porra Peter…

—É sério, se vocês não aparecerem ela vem até aqui pessoalmente pra matar vocês e eu nem to brincando, essas palavras são dela.

—Nós iremos, não se preocupe. -Remus o tranquilizou.

—Ótimo. -Ele sorriu.

Ninguém realmente dormiu aquela noite. James não conseguia tirar não apenas Lily da cabeça, como também Emmeline e o que haviam passado juntos, enquanto isso a ruiva pensava no que tudo aquilo significava para o seu relacionamento e Sirius havia perdido todo o seu sono quando seu celular vibrou e ele leu a mensagem de Remus que dizia: “Isso significa que é melhor acabarmos com tudo de uma vez?”.

Ele não respondeu. Sabia que não tinha direito nenhum de impedir Remus de ficar com outras pessoas quando haviam concordado que não seria nada além de sexo entre eles, mas quando aceitou aquele acordo ele não sabia que se apegaria daquela forma.

Que se apaixonaria pelo seu melhor amigo.

Como Remus podia esperar que ele conseguiria viver sem seus toques quando havia ficado tão dependente deles? Por que não podiam escolher a outra opção que Peter havia sugerido? Por que ele nunca ouvia? Ele só queria dizer como se sentia mesmo sabendo que o outro provavelmente não sentia o mesmo.

Black soltou o ar, desistindo de cair no sono naquela noite e então decidiu fazer algo produtivo. Puxou o caderno que estava no móvel próximo à sua cama e pegou uma caneta, olhando para uma das muitas letras que havia começado da última vez que Remus deixou sua cama antes que ele acordasse e pegou a caneta.

Talvez toda aquela dor lhe servisse para alguma coisa…

Domingo - 19h49min

James, Lily e Sirius dividiram o carro para a festa de Mary, ainda que o clima estivesse pesado e ninguém ousasse dizer nada. A ruiva mantinha os fones de ouvido em um aviso claro de que não queria conversa e o Potter a olhava a cada cinco segundos, por esse motivo o Black achou que seria melhor que ele assumisse o volante - mesmo que estivesse com a cabeça nas nuvens.

Evans passou o dia todo trancada no quarto, saindo apenas para comer e tomar um banho, sempre com os fones de ouvido. Ainda que o Black insistisse que o irmão deveria falar com ela, ele achou que seria melhor lhe dar um pouco de espaço. Ela o procuraria quando estivesse se sentindo bem para falar com ele, essa era Lily Evans.

Mary abriu a porta com um sorriso enorme, logo indo abraçar o homem de cabelos longos que estava mais próximo à porta.

—Feliz aniversário, Mary. -Padfoot retribuiu o sorriso, a envolvendo em um abraço apertado. -Espero que perceba que é areia demais pro caminhãozinho do Peter e resolva me dar uma chance.

—Não se engane Black, nós dois sabemos que também sou areia demais pra você. -Ela respondeu com uma piscadela e ele lhe entregou o presente. -Obrigada, Six.

—Espero que goste. -Disse, entrando.

—Parabéns, nerd! -James a envolveu em um abraço apertado. -Desejo todo o sucesso do mundo na sua vida como garota de programa e paciência pra que não acabe na cadeia por matar o Wormtail.

—Eu preciso mesmo. Você acredita que terça o Peter me irritou tanto que eu fiquei confusa e quase tive que programar toda a merda do meu trabalho de uma semana de novo?

—Pobre Peter, deve ter apanhado. -Potter riu.

—Ele apanharia se eu não tivesse dado um jeito.

—Moony está aqui?

—Você sabe que sim, diferente de vocês ele sempre chega na hora. -Ele balançou a cabeça assentindo e indo na direção de Sirius.

—Feliz aniversário, Mary. -Lily abraçou a amiga apertado e por um momento teve que se segurar para não voltar a chorar. -James e eu compramos o seu presente juntos.

—Você sabe que não precisava, Lils.

—É claro que precisava.

—Como você está?

—Peter te contou? -Ela balançou a cabeça assentindo e a Evans soltou o ar.

—Eu acho que você devia conversar com ele, esclarecer tudo. Aquele cara é completamente maluco, Lily, e obcecado por você, pode ter inventado.

—James não teria ficado tão irritado se não fosse verdade.

—Eu não estou dizendo que ele inventou tudo. Fala com ele, amiga, vai ser melhor pra vocês dois.

—Eu vou, só preciso colocar minha cabeça no lugar.

—Quando se sentir confortável. -McDonald disse. -Enquanto isso, seus docinhos favoritos estão na terceira porta do armário da cozinha e só você pode pegar antes de cantarmos o parabéns.

—Você é a melhor, sabia?

—É claro que eu sabia. -Ela sorriu, lhe dando uma piscadela.

Segunda-Feira - 00h06min

—James? -Lily chamou vendo o namorado ajeitando as coisas para mais uma noite dividindo a cama com o irmão. Ele levantou seus olhos para ela, a encarando com expectativa. -Não precisa incomodar o Sirius mais uma vez, a porta do quarto está aberta.

—Tem certeza? -Ele perguntou e ela balançou a cabeça assentindo antes de sair.

Potter então levou seu travesseiro para o quarto enquanto a ruiva ia para a cozinha e comia os docinhos que Mary havia mandado. Sirius também estava lá, ainda olhando para aquela mensagem enquanto pensava em como responder. Ele nem ao menos havia notado a presença da amiga ali, até que ela tirou o aparelho de sua mão, lendo a mensagem de Remus antes que ele conseguisse recuperar o celular.

—Porra, Lily…!

—Você precisa contar a ele como se sente!

—Eu não acho que seja…

—É claro que é o melhor a se fazer! -Ela interrompeu, sabia exatamente o rumo que aquela conversa tomaria, já que a mesma já havia iniciado aquela discussão inúmeras vezes. -Six, você não pode deixar que ele acabe com tudo sem saber o que você sente! E se ele sentir o mesmo?

—E se não sentir? Eu não quero estragar a nossa amizade. Nós nunca brigamos tanto e nem estamos juntos!

—Querido, vocês estragaram essa amizade no momento em que foram pra cama um do outro. -Ela disse, então se levantou e se aproximou dele, olhando bem no fundo de seus olhos. -Eu estou falando sério, você precisa fazer isso. Nunca vai se perdoar se não fizer.

—Ele nunca me escuta, Lily! Parece que sabe o que eu quero dizer e sempre interrompe. Acho que isso já é uma boa dica de como ele se sente, não?

—Lógico que não! Você conhece o Remus, ele entra em pânico quando as pessoas gostam dele de verdade, sabe que eu estou certa porque já viu acontecer antes! -Argumentou. -Você só precisa encontrar o jeito certo de fazer ele te ouvir.

—E que jeito seria esse? -Ele suspirou e ela passou os braços em torno do pescoço dele, confortando-o. -Eu estou tão cansado de me sentir assim.

—Tenho certeza de que você vai pensar em algo, mas precisa agir! E eu não estou falando de tentar, Six, você precisa falar com ele ou vai acabar perdendo o Rem pra sempre e eu sei que nenhum de vocês quer que isso aconteça.

—Tudo bem. -Murmurou, fazendo a ruiva sorrir. -Me promete que também vai ouvir o que o James tem a dizer?

—Eu vou. -Ela disse e ele também sorriu.

Black então se levantou, indo em direção ao próprio quarto e deixando a mulher ali sozinha, comendo seus docinhos. Ao terminar, Lily seguiu em direção ao banheiro e depois direto para o quarto. Ela respirou fundo e entrou, encontrando James guardando suas roupas que estavam na cadeira que havia ali.

—O Sev mentiu? -Ela perguntou, sentando-se na cama e observando-o atentamente. Potter não conseguiu conter a careta ao ouvir o apelido.

—Não. -James admitiu, mirando os olhos nas roupas que estava guardando. Não queria ver a expressão no rosto dela. Estava com medo. -Mas eu não obriguei ninguém a fazer nada, Lily. Ela nunca quis ser mãe, eu não tinha a mínima ideia de como cuidar de uma criança, nós estávamos assustados. Não é como se eu pudesse obrigá-la a ter um bebê, então eu a apoiei independente da decisão que tomasse.

—Se arrepende?

—Não, mas as vezes me pergunto como teria sido se tivéssemos ido em frente com a gravidez. -Ela balançou a cabeça.

—Você sabe que eu…?

—Sei. -Ele interrompeu. -Eu sei que você quer ter filhos.

—E você? -Ela questionou. -Estou me sentindo uma idiota agora porque nunca perguntei como se sentia em relação a isso.

—É, eu quero sim. -Potter respondeu dando uma rápida olhada nela e vendo um pequeno sorriso se formando em seus lábios.

—Me desculpe por não te ouvir antes.

—Tudo bem. -James sorriu também.

—Mas você não devia ter batido nele e nem chamá-lo de… você sabe o quê.

—Tá brincando, não é? -Arqueou as sobrancelhas e ela se levantou, pegando as roupas que sobraram e o ajudando a dobrá-las.

—Sabe o que eu penso sobre tudo o que aconteceu entre vocês na escola. Eu odiava os apelidos, odiava as brigas e você sabe que se não tivesse percebido o quanto era errado, nós dois não estaríamos aqui.

—Um de nós precisou amadurecer, não é? -Resmungou. -Você sabe que ele provocava.

—Claro que sim, assim como também sei que era ele sozinho contra vocês quatro.

—O Moony não participava.

—Mas também não impedia.

—Não acredito que está defendendo ele de novo.

—Não estou defendendo ninguém, só dizendo que não gosto de violência.

—Mesmo que ele tenha pedido muito?

—Eu sei que você não é assim, James. -Ela soltou o ar, cansada. -Assim como você também sabe que eu não acho certo que bata em alguém independente do motivo. O que o Sev fez foi horrível, mas você perdeu a razão quando foi pra cima dele.

—Sev… -Resmungou, baixinho, fazendo-a revirar os olhos. 

Sabia que ela estava certa, a violência nunca era a resposta, mas quando se tratava de Severus Snape ele tinha suas dúvidas. Não que fosse dizer aquilo em voz alta, não queria acabar brigando com Lily outra vez.

—Sabe que pode me contar qualquer coisa, não é?

—Eu sei, devia ter contado antes sobre a Emmeline, mas não consegui. Me desculpe. -Ela balançou a cabeça assentindo e ele pegou as roupas que ela havia dobrado, colocando-as em seu devido lugar. Evans se levantou, pegando o último casaco que faltava para guardar, foi quando uma pequena caixinha caiu do bolso, bem diante de seus pés.

Lily jogou o casaco em cima da cama e se abaixou, pegando-a enquanto sentia seu coração disparar. Ao abrí-la, se deparou com um anel que a senhora Potter nunca tirava, seu anel de casamento. De repente as lágrimas transformaram tudo em um borrão e ela não conseguia ver mais nada, estava entorpecida diante daquilo e apenas conseguiu se mexer ao ouvir a voz de James dizendo:

—Por favor, me lembre de não deixar as roupas acumularem desse jeito outra vez ou… -Ela se virou, ficando diante dele, que fechou os olhos e soltou o ar em um misto de irritação e desapontamento. -Droga.

—James, isso…? -Ela começou, olhando dele para o anel e entendendo finalmente porque ele parecia tão ansioso no dia em que brigaram. Tudo fazia sentido agora.

—Eu não acredito que isso está acontecendo, era pra ser perfeito. Você merecia que tudo fosse… E eu tinha planejado tanto!

—Eu aceito. -Ela murmurou, o interrompendo e ele parou, encarando-a. -Eu aceito!

—Você aceita? -Perguntou, sorrindo.

—Sim! Sim! Sim! É claro que sim! -Gritou, pulando nos braços dele e o abraçando apertado.

Potter a girou enquanto distribuía beijos em seu rosto e ela dizia “sim” um milhão de vezes. Quando finalmente a colocou no chão, James tirou o anel da caixinha e ainda que com um pouco de dificuldade - já que suas mãos estavam trêmulas -, ele o colocou em seu dedo e a puxou para um beijo molhado pelas lágrimas de ambos.

—Eu te amo, Lily. -Murmurou.

—Eu também te amo, idiota. 

—Não acredito que passei meses planejando o pedido perfeito pra acontecer assim. -Resmungou, frustrado ainda que estivesse feliz.

—Foi perfeito por ter vindo de você. -Ela respondeu antes de beijá-lo novamente.

Foi quando os dois ouviram um barulho vindo da sala. Eles se separaram por um momento, encontrando Sirius parado ali com uma garrafa d’água em mãos, fungando alto enquanto também tinha o rosto molhado pelas lágrimas.

—Por favor, finjam que eu não estou aqui. -Ele disse em uma tentativa falha de secar o rosto. O casal riu e Lily mostrou a ele sua mão com a aliança.

—Nós vamos nos casar, Six! -Gritou, saltitando até o amigo e o pulando em seus braços. James veio logo atrás, envolvendo o irmão em um abraço também.

—Ela disse sim! -James gritou.

—Eu disse sim!

—Eu estou tão feliz que não vou nem reclamar do barulho da cama batendo na parede e me impedindo de dormir. -Ele disse, ainda chorando e os dois riram.

Quinta-feira - 22h07min

Remus Lupin chegava em casa completamente exausto após mais um dia de trabalho. Ele se sentia péssimo, estava cansado de sempre chegar tão tarde, mas feliz que aquele seria seu último mês como estagiário naquela empresa. Ainda que ganhasse mais do que a maioria dos estagiários da área, ele sabia que tudo aquilo não compensava todo o estrago que aquele lugar estava fazendo a sua saúde mental.

E ainda tinha a situação com Sirius. Ele era um de seus melhores amigos, mas ainda sim não respondia suas mensagens. “Isso significa que é melhor acabarmos com tudo de uma vez?”, ele havia dito. O que Sirius não sabia era que aquela mensagem havia sido mandada em meio a muitas lágrimas e bebida.

A dor era intensa e não passava nem mesmo por um segundo. Vê-lo no aniversário de Mary tornou tudo ainda pior. Sirius Black era lindo como o diabo e não fazia nenhum esforço pra isso. Ele despertava seu melhor e também o seu pior. Remus não fazia ideia de como ele conseguia.

Assim como também não fazia ideia do que ele via em si. Não fazia sentido. Sirius era bonito, despreocupado e estava vivendo o melhor momento de sua vida, o que iria querer com alguém tão quebrado e errado quanto ele? Lupin não conseguia entender.

Jogou o seu paletó sobre o sofá e abriu a geladeira em busca de algo para a beber. Pegou uma lata de cerveja que havia encontrado ali e seguiu em direção ao seu quarto. Sobre a sua cama encontrou um disco de vinil que nunca havia visto na vida. Se aproximou, pegando-o e vendo que em sua capa havia uma foto sua da qual ele nem ao menos sabia da existência, mas sabia exatamente quando havia sido tirada. Ele havia acompanhado Sirius ao estúdio onde ele gravou algumas músicas com Marlene, se divertiram bastante.

Naquele dia tiveram o seu primeiro beijo.

Some of me, to you. Dizia o álbum de apenas uma música e embaixo trazia a legenda “Talvez assim você me escute até o final”. Remus não conseguiu evitar o sorriso, ainda que estivesse nervoso pra saber o que aquilo significava. No álbum também havia um pequeno post it, com os dizeres “Vinil porque eu sei que você gosta de coisas antigas”.

Lupin não fazia ideia de como ele havia entrado, mas isso não importava, não agora. Ele deixou a latinha de lado e pegou o disco, colocando-o pra tocar. O som da guitarra começou e ele não conseguiu conter o suspiro. Sirius Black havia mesmo lhe gravado uma música?

[N/a.: PLAY AQUI]

I see you standing over there

(Eu vejo você parado ali)

Oh, why do you always do your hair

(Por que você sempre faz seu cabelo)

The way you know I love it?

(Do jeito que você sabe que eu amo?)

Connection comes so easily

(A conexão vem tão facilmente)

When it comes down to you and me

(Quando se trata de você e eu)

Our conversations flow off

(Nossas conversas fluem)

 

And I fall for you

(E eu me apaixono por você)

Every time you walk in the room

(Toda vez que você entra na sala)

And I just don't have a clue

(E eu simplesmente não faço ideia)

 

So tell me, is it true?

(Então me diga, é verdade?)

Do you feel the way I do?

(Você se sente como eu?)

 

So why you have to stop me

(Então porque você tem que me parar)

Every time I try to tell you how I feel?

(Toda vez que eu tento te dizer como eu me sinto?)

Just take my hand tonight

(Apenas pegue a minha mão essa noite)

Let me show you this is real

(Me deixe te mostrar que isso é real)

Don't be afraid to fall

(Não tenha medo de se apaixonar)

I need me some of you in my life

(Eu preciso de um pouco de você na minha vida)

I need me some of you in my life

(Eu preciso de um pouco de você na minha vida)

 

Stop trying to resist me

(Pare de tentar resistir a mim)

'Cause loving you is all I ever need

(Porque amar você é tudo o que eu sempre precisei)

And all I've ever known

(E tudo o que eu já conheci)

And don't forget all those times you've cried

(E não se esqueça de todas as vezes que você chorou)

I held you all through the night

(Eu te abracei a noite toda)

Distracted by those bright lights

(Distraído por aquelas luzes brilhantes)

 

And I fall for you

(E eu me apaixono por você)

Every time you walk in the room

(Toda vez que você entra na sala)

And I just don't have a clue

(E eu simplesmente não faço ideia)

 

So tell me, is it true?

(Então me diga, é verdade?)

Do you feel the way I do?

(Você se sente como eu?)

 

So why you have to stop me

(Então porque você tem que me parar)

Every time I try to tell you how I feel?

(Toda vez que eu tento te dizer como eu me sinto?)

Just take my hand tonight

(Apenas pegue a minha mão essa noite)

Let me show you this is real

(Me deixe te mostrar que isso é real)

Don't be afraid to fall

(Não tenha medo de se apaixonar)

I need me some of you in my life

(Eu preciso de um pouco de você na minha vida)

I need me some of you in my life

(Eu preciso de um pouco de você na minha vida)

Quarta-Feira - 22h46min

—Já vai, porra! -Sirius gritou para quem quer que estivesse segurando a campainha fazendo aquele barulho insuportável ser ouvido por todo o apartamento. Ele tinha os cabelos molhados e uma toalha enrolada na cintura, havia acabado de sair do banho e James e Lily estavam ocupados demais batendo a cama contra a parede para se importar com quem quer que estivesse na porta.

Ao abrir, ele se deparou com Remus. Ele tinha os cabelos bagunçados, os primeiros botões da camisa social abertos e em suas mãos o disco de vinil no qual ele havia passado dias trabalhando incessantemente.

—Oi. -Começou, sem saber o que dizer. O coração de Black estava disparado e cheio de preocupação, pois não fazia ideia do que Remus pensaria de sua pequena declaração.

Não queria fazê-lo, mas Lily estava certa, ele não podia continuar levando daquela forma e precisava fazer alguma coisa ou o perderia para sempre. Sabia que era uma ideia ridícula, mas foi o melhor que conseguiu pensar.

—É verdade? -Lupin perguntou. -Era isso o que queria tanto me dizer?

—Pensei que talvez se não precisasse olhar pra mim fosse mais fácil pra você ouvir.

—Não foi. -Admitiu.

—Hum. -Ele desviou o olhar por um momento e então suspirou. -Me desculpe por ter sido infatil sobre sua situação com a Dorcas, eu não tinha direito nenhum.

—Tudo bem. -Ele respondeu. -Pelo menos agora sei como se sente.

—Qual é, Remus, você não é idiota, já sabia fazia um tempo. -Lupin deu uma leve risada. -Todo mundo sabia, estava óbvio.

—Na verdade não, nunca pensei que fosse possível. -Black arqueou as sobrancelhas.

—Então o que diabos pensou que eu queria dizer?

—Que queria acabar com o que quer que tínhamos. Eu não sei bem, estava preocupado que fosse perder você. -Confessou. -Você merece coisa melhor, Padfoot.

—Coisa melhor do que você? Pelo amor de Merlin, Moony, eu nunca conheci alguém com o coração tão bom quanto o seu e duvido que algum dia vou conhecer. -Sirius disse, cruzando os braços e as bochechas de Remus ficaram vermelhas.

—Obrigado por dizer isso.

—Apenas uma das muitas coisas que você já deveria saber. -Murmurou.

Os dois permaneceram em silêncio por um momento, ambos sem saber o que dizer ainda que houvessem tantas coisas que precisavam ser esclarecidas. Remus então confessou, nervoso:

—Eu deveria ter pensado melhor antes de vir, não faço ideia de como começar.

—Eu gosto quando você não pensa tanto.

—Não devia vestir alguma coisa? Vai acabar ficando gripado.

—Nós dois sabemos que você está admirando a paisagem. -Black disse com uma piscadela e Lupin revirou os olhos. -Eu não preciso de uma resposta, Moony. Por mim tudo bem se você acha que temos que acabar com o nosso rolo, eu só queria que você soubesse como eu me sinto.

—Mas eu quero dar uma resposta. -Murmurou e o outro o olhou com interesse. -Eu não quero mais ser seu amigo. Não acho que eu conseguiria depois de tudo o que aconteceu e pra ser sincero não quero nem ao menos tentar. Eu to cansado de fingir que o que nós temos não passa de sexo e de ir embora antes de você acordar porque eu sei que se eu acabar ficando vou fazer uma loucura… Talvez eu também precise de um pouco de você na minha vida.

Remus deu de ombros, dando um leve sorriso e Sirius não pensou duas vezes antes de puxar o mais alto para um beijo estalado e intenso. O menor deles ainda estava molhado, mas eles não se importavam. Nada mais importava, não naquele momento. Black o puxou para dentro do apartamento e, sem soltá-lo, fechou a porta, prensando-o contra ela.

Quando se separaram, os dois sorriram e Padfoot murmurou:

—Eu acho que eu amo você.

—E eu tenho certeza.

—Que eu amo você? -Black arqueou as sobrancelhas.

—Você me gravou uma música em um vinil, é óbvio que você me ama, Sirius Black. -Lupin disse, rindo enquanto o outro segurava sua cintura. O mais alto então deslizou seu nariz pelo pescoço do outro, fazendo com que um arrepio percorresse seu corpo e um sorriso se formasse em seus lábios. -Eu tenho certeza que também amo você.

—Devia ter começado com isso e não com o “Eu não quero ser mais seu amigo”. Quase me matou do coração, filho da puta.

—Mas assim não teria graça.

—Idiota. -Black murmurou.

—Eu quero ser seu, Sirius Black. -Remus respondeu, antes de tomar seus lábios novamente.


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Notas finais do capítulo

E AÍ MORES?? O QUE ACHARAM? POR FAVOR FALEM PORQUE ESSA AUTORA TÁ ANSIOSAAAAA! Apesar de não ser a minha escolha de casal favorita eu tenho que dizer que realmente gostei de escrever essa história! Espero que tenham gostado de ler também!

Beijinhos!!



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