A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 9
Capítulo 9 - Um treinamento quase infernal.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2020/07/11 21:00
Revisão: 2021/05/02 18:29



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/792845/chapter/9


Depois daquela noite minha vida ficou bastante complicada.
Na manhã seguinte eu me despedi de minha família, minha mãe com lágrimas escorrendo pelo rosto.
Todos precisavam deixar a vila com 12 anos e poderiam voltar mais tarde, então não era pelo fato de ir que ela estava triste.
Minha mãe estava preocupada comigo, pois tinha medo de que esse excesso de magia tirasse minha vida.
Aparentemente já aconteceram casos desses no passado, em um desses a família inteira faleceu, mas em todos os casos a criança não sobreviveu.
Embora eles não sabiam que a criança sofria disso até acontecer o incidente, ainda era uma situação bastante delicada para mim.

Mas eu não deixei isso me abater.
Imaginei que se eu tivesse tanta magia assim, talvez eu pudesse usar isso na minha vida.
Usar para facilitar as coisas ou até me tornar um bom mago. Embora eu não soubesse se existia essa profissão, eu deduzi por conta da Mayi, pois é o que ela aparentava ser.

Eu fui morar com Mayi durante um tempo.
Ela havia sido instrutora de crianças durante sua vida e era bastante habilidosa tanto em uso da magia quanto em ensinar.
Embora ela não fosse uma pessoa atraente como o povo da aldeia, e mesmo que isso fosse o oposto da aparência dela, ela era bastante simpática e carinhosa.
Ela morava em uma cidade humana.
Foi minha primeira vez fora do vilarejo.
Eu mal tinha visitado o portão, apenas uma vez para acompanhar meu pai em uma caçada, mas não cheguei a atravessar o portão e nem sair do vilarejo.
Meu irmão gostava de brincar com os seus amigos ao redor do vilarejo, mas eu ficava principalmente próximo da minha mãe.
Eu viajei basicamente a pé, mas meu pai nos acompanhou e me carregava quando eu estava cansado demais.

A cidade humana era completamente diferente da aldeia.
Havia um certo movimento, um ar medieval europeu, mesmo não sendo a mesma coisa.
Me lembrava as histórias sobre a idade média de minha vida anterior.
Existia muitos itens feitos de ferro por essa cidade, diferente da aldeia, que quase não se via isso.
Existiam animais muito parecidos com cavalos, mas suas orelhas e nariz eram de alguma maneira diferentes, as orelhas pareciam de um gato, só que com a pelugem do cavalo e o nariz parecia o exato meio termo entre um cachorro e um cavalo, era escuro e sem pelos, mas não era do mesmo formato de um cachorro.
Como o idioma de Oriohn não existia na Terra, eu não sei se o nome desse animal é o equivalente para cavalo, mas eu sempre considerei como um, até porque o uso dele aqui em Oriohn é exatamente o mesmo que um cavalo.

Na cidade havia cerca de 10 vezes mais habitantes que a aldeia.
Aparentemente também não era uma cidade grande e existiam muitas pessoas idosas por aqui.
Mas o clima por aqui era bom, não tão bom quanto o vilarejo, mas parecia realmente ser um lugar bom para se viver na velhice.
Também existiam bastante crianças por aqui.
Todas com mais de 12 anos.
Mas o que mais me impressionou foram as raças.
Tirando os adultos, que eram basicamente apenas humanos, as crianças pareciam ser de várias raças diferentes.
Existiam algumas crianças de Elfos do vilarejo aqui, pois eles se pareciam muito com os pais de lá.
Mas existiam outros Elfos completamente diferentes também.
Basicamente, no vilarejo não havia ninguém com o cabelo diferente de preto ou vermelho bem escuro.
Mas aqui existiam algumas crianças de Elfos com os cabelos totalmente diferentes, principalmente na cor.
Mayi me explicou resumidamente que existiam 6 raças diferente de Elfos.
Também existiam outras raças de humanos, mas acho que eram apenas diferenças de etnias, pois pelo o que ela me explicou, era apenas a cor do cabelo, cor da pele e cor e formato de olhos, bem parecidos com os da Terra.
Já as diferenças entre as raças de Elfos estavam em um nível diferente, pois ela disse que existiam Elfos com asas e outros que viviam no fundo dos mares.
Embora aqui nessa cidade não haviam nenhuma criança dessas, eu fiquei bastante interessados em conhecê-los.
Também existiam outras várias raças humanoides, havia uma criança com traços de animais entre as outras, outra delas até possuía chifres.
Mas não parecia haver preconceito entre elas, elas brincavam e praticavam umas com as outras independente da raça.

Outra coisa que me chamou a atenção foram a quantidade de coisas escritas.
Aqui nessa cidade haviam algumas placas com palavras, também haviam papeis em alguns lugares. Na casa de Mayi haviam alguns livros e várias cartas.
Nem todos na cidade sabiam ler e escrever, mas Mayi era uma estudiosa, então ela sabia.
Vi então uma oportunidade de aprender a ler.

— Eu posso até a te ensinar, mas primeiro você precisa sobreviver, precisa aprender a controlar e manifestar essa quantidade enorme de magia dentro de ti. Afinal, você está aqui para isso.

Embora ela fosse simpática, ela também era bastante focada e rígida em seu treinamento.
Então eu comecei a receber instruções de Mayi.
Eu não podia sair da casa dela.
Eu não podia ser visitado.
Eu precisava comer aquela fruta horrorosa.
E na maior parte do tempo, depois de algum ensinamento, eu ficava horas meditando.
Ela fazia alguns sons estranhos com algumas ferramentas e com a própria voz.
As vezes ela queimava algumas plantas extremamente fedidas.
Ela também me fazia engolir algumas gororobas horríveis.
Mas em compensação a comida dela era bastante saborosa. Não tanto quanto a de minha mãe, mas realmente era bastante agradável.
Eu até pensei que seria um treinamento infernal e que meu psicológico não iria suportar, mas não foi uma experiência completamente ruim.
Até que, não depois de muito tempo, eu aprendi uma magia nova.
Ela me explicou que a minha raça possuía bastante afinidade com o elemento fogo, e que era bastante incomum um de nós sequer conseguir usar magia de água durante toda a vida.
Por conta disso, ela me proibiu de usar magia de fogo, pois ela seria extremamente poderosa e desastrosa.

Alguns meses haviam se passado e eu já devia ter feito 3 anos de idade, pelos meus cálculos.
Ela me ensinou uma magia chamada jato d'água.
Essa magia faria o usuário disparar água pela mão.
Eu não conseguia entender o funcionamento disso, uma vez que a água simplesmente aparecia sem mais nem menos, mas é sobre magia que estamos falando, então não esquentei muito a cabeça com isso.
Mas o nome era engraçado, pois mesmo um adulto usando, esse jato parecia mais uma mangueira ou uma torneira aberta. Uma criança usando parecia que estava urinado pelas mãos.
Felizmente não foi um desastre, pois eu já havia reduzido muito a magia acumulada em mim.
Por bem ou por mal, aquelas frutas horríveis e aquela gororoba horrorosa, aquelas ervas fedidas e todo o treinamento me fizeram um efeito melhor que o esperado.
Mas mesmo assim, a magia que surgiu de uma criança de 3 anos de idade possuía a mesma potência ao de um adulto acostumado com ela.
Eu estava feliz comigo mesmo, mas Mayi ainda parecia estar preocupada.
Ao mesmo tempo ela ficou admirada que a segunda vez que eu usei a magia eu não precisei do encantamento.
Eu expliquei para ela que eu tentei reproduzir a sensação que senti quando usei o encantamento, mas ela me explicou que ela não sentia algo do tipo quando usava alguma magia.
Ela também nunca ouviu alguém dizer que sentia algo quando usava algum encantamento.

— Isso é maravilho. Uma pena eu não estar mais ensinando magias nos campos de treinamentos como antigamente. Eu poderia ter pesquisado mais sobre isso com os meu alunos se eu soubesse sobre isso antes. Imagino se algum deles sentiam o mesmo que você e não pôde desenvolver essa técnica por não ter ninguém para instruí-lo. - Então ela abriu um estranho sorriso, mas que parecia ser sincero - Se um dia você se tornar instrutor, tente ensinar isso aos seus alunos.

Outro par de meses se passaram e parecia que eu já não estava correndo risco de vida.
Ela me disse que a magia que me ensinou poderia ser útil no vilarejo, uma vez que eles precisavam buscar água em rios ou extrair de fossos, já que era incomum um de nós usar magia de água. Mas ela me avisou que a água mágica não era saudável e não devia ser usada para beber, então eu deveria usar ela para limpeza, banhos ou plantações.
Aparentemente muitas plantas nesse mundo usam magia como parte de seus nutrientes, por isso, mesmo que não fosse bom se alimentar dessa água, as plantas poderiam tirar proveito dela.
Então ela preparou minhas coisas e mandou uma mensagem para a aldeia para que meu pai viesse.

— Mas Mayi, eu quero ficar e aprender mais sobre magia.
— Claro que quer. Eu percebo em seus olhos o quanto você tem interesse em magia, mas diferente dos Elfos, nós humanos não suportamos a magia tão bem. Nosso corpo envelhece mais rápido com o uso da magia, nossos sentidos se deterioram com mais rapidez, e mesmo a magia sendo tão maravilhosa, ela é perigosa demais para nós. Eu adoraria te ensinar, mas mesmo eu tenho pouco conhecimento sobre magia se comparado aos Elfos, e se eu desgastar muito meu corpo no seu ensino eu não terei muito tempo de vida.

Aquilo foi um choque para mim.
Os humanos são frágeis à magia.
Então eu serei frágil também?
Eu era um humano em minha vida anterior.
Ou será que depende apenas desse corpo?
Além disso, mesmo que por pouco tempo, eu acabei gerando um afeto por Mayi.
Ela foi algo mais próximo de um professor para mim desde que eu renasci.
Eu não queria que ela falecesse tão cedo.
Eu entendia que ela já era senhora e que eventualmente ela faleceria.
Mas eu não queria acelerar esse processo.

Infelizmente eu ainda não aprendi a ler e escrever.
Mas agora eu entendo que o que me impede é o vilarejo.
Eu só precisaria me tornar mais velho e forte o suficiente para me sustentar.
Então eu poderia sair da aldeia e ir estudar em alguma outra cidade.
Também surgiu em mim uma vontade de conhecer mais esse mundo.
Depois de ver as crianças das outras raças eu fiquei bastante curioso sobre tudo.
O estilo de vida dos Elfos no vilarejo e os humanos na cidade eram diferentes.
Como seria o estilo de vida dos outros Elfos?
Ou até das outras raças humanoides?
Acabei esquecendo de perguntar sobre isso para a Mayi.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Caso encontre algum erro gramatical ou de digitação, fique à vontade para me enviar a correção.
Agradeço profundamente qualquer apoio.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A nova vida de uma alma sem lembranças" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.