A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 88
Capítulo 88 - O menino na porteira.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2022/01/23 18:50

Se ficou curioso sobre algo que eu não disse mas você gostaria de saber, mande sua pergunta, eu juro que responderei à todos.



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Esk'el, o prefeito de El, me arrumou uma pequena casa desabitada para que eu passasse a noite.
Ele ficou impressionado ao ver o corpo do monstro decapitado e me entregou um papel de confirmação da missão.
Com esse papel eu conseguiria pegar a recompensa da missão original que estava na Guilda antes de Khoba solicitar a segunda missão.
Meus suprimentos ainda estavam em ordem para que eu pudesse voltar para a capital no dia seguinte, então ela estava mais leve também, mas o monstro era um peso a mais na minha bagagem, então eu deveria ir mais devagar na volta.

Quando eu troquei de roupa e tomei um banho foi que eu senti a exaustão endurecer os músculos do meu corpo.
Dormi feito uma pedra logo após escurecer de tão cansado que eu estava.
Como eu dormi bastante, mesmo que estive me cansado muito, eu acordei bem cedo no dia seguinte sem sentir nada desconfortável.
Depois que terminei de arrumar minhas coisas para ir embora passei na casa do prefeito para devolver a chave da casa.
Já havia amanhecido, mas fiquei preocupado se estava incomodando batendo em sua porta tão cedo da manhã.
Felizmente ele me atendeu com um sorriso.
Já havia acordado e tomado um café.

— Você vai carregar o corpo do monstro nas costas o caminho todo? - Perguntou Esk'el ao notar que eu havia arrumado o monstro acima da mochila, onde normalmente ficaria a minha barraca.
— Bom... Sim... - Eu não entendi a pergunta dele de primeira.
— Você não vai ficar cansado por isso? Não seria melhor colocar nas costas do lobo? - O prefeito apontou para Huskie enquanto falava.

Eu nem havia lembrado disso.
Como eu nunca havia usado ele para carregar minha bagagem, eu não pensei naturalmente em fazer isso, mesmo que já tivesse tido essa ideia na academia.
Como ele podia me carregar nas costas com tranquilidade, claro que carregar o corpo morto do monstro não seria pesado demais.
Eu só precisaria arrumar uma maneira de prender o cadáver firmemente nas costas de Huskie e não sofreria carregando o peso dele o caminho todo.
Assim eu poderia chegar mais depressa na capital.
Então eu agradeci o prefeito pela dica e arrumei uma maneira de fixar o corpo do monstro em Huskie sem que isso atrapalhasse o movimento.

Huskie estava claramente incomodado por carregar aquilo em suas costas.
Ele só fazia pois eu pedi e ele não podia negar, por isso eu decidi trocar com ele depois do almoço.
Mesmo assim isso já iria me adiantar um bom tempo e provavelmente chegaria na cidade antes do anoitecer.
Principalmente por agora minha bagagem estar com menos alimentos e consequentemente mais leve.
Com todas as preparações terminadas nós seguimos viagem de volta à Vegúrlia.

O caminho de volta foi o mesmo da ida, então a viagem foi bem similar.
Continuei utilizando um capuz para tentar esconder o fato de ser uma criança correndo na mesma velocidade que um lobo.
Apesar de estar mais leve, o rendimento da viagem de volta ainda foi prejudicada pelo cansaço corporal acumulado do dia anterior.
Eu acordei com toda a minha energia mágica recuperada, mas minhas pernas ainda não estavam tão bem, por isso não pude correr como poderia.

Várias paradas para me hidratar e hidratar Huskie.
Uma parada para almoçar.
Depois do almoço eu passei a carregar o corpo do monstro, então a viagem ficou mais lenta.
Mesmo assim foi possível ver o alívio que foi para Huskie não ter que carregar um cadáver de monstro em suas costas.
Ele ficou bem menos incomodado.
Foi a primeira vez que eu vi Huskie ficar ofegante depois de uma corrida.

Era um sentimento gostoso ver a grande muralha crescer no horizonte conforme corria em direção à cidade.
Eu já tive essa experiência algumas vezes, mas eu gostava de passar por esse momento.
Me deu até um pouco mais de motivação e consegui acelerar um pouco mais nos quilómetros finais;
Pouco antes de escurecer nós chegamos no portão sul da capital imperial.
Depois de ficar algum tempo na fila, nós fomos inspecionados pelos guardas do portão.

— Veja se não é Dinus! - Comentou o guarda. - O que você tem aí?
— Boa tarde senhor! Eu trago o corpo de um monstro que foi solicitado em uma missão na agência. - Eu respondi abrindo a sacola que o monstro estava e também minha bolsa com os meus equipamentos para que fosse tudo inspecionado pelos guardas.
— Você foi sozinho dessa vez? - O guarda de armadura metálica parecia falar com um pouco de intimidade comigo enquanto os guardas de menor patente verificavam minhas coisas.
— Sim senhor. - Eu respondi e continuei quieto aguardando.
— Os adagas-de-prata chegaram de missão de guarda de carga hoje mais cedo, quando te vi na fila achei que você tivesse ido com eles. - O guarda continuou.
— O senhor sabe que eu conheço Louyi e os outros? - Eu fiquei curioso.
— Claro! - O guarda deu um riso. - Acho que você não se lembra. Eu sou Kathrandar, eu inspecionei a carroça que você estava 2 anos atrás na primeira vez que você entrou na cidade. Lembra?
— Ah sim! - Eu relaxei um pouco e acabei dando um sorriso forçado. - Desculpe, eu realmente não me lembro. Mas é um prazer revê-lo.
— Digo o mesmo. Vamos, já terminamos aqui, você está liberado para entrar. - Os guardas devolveram minhas coisas enquanto Kathrandar devolveu meu passaporte.
— Tenham um bom dia. - Eu me despedi dos guardas e entrei na metrópole.

Então Myuka, Kurio e Louyi estão na cidade.
Provavelmente eles devem estar na Sereia-Tímida bebendo.
Eu poderia passar lá, mas estou cheio de bagagem para deixar no meu quarto, com um monstro para entregar na sala do grupo de estudos e muito cansaço corporal.
De qualquer maneira, eles devem ficar alguns dias em casa antes de pegarem outro serviço.
Talvez eu passe na Sereia-Tímida amanhã para tentar encontrar com Myuka.
Faz tempo que eu não vejo Ma'am e Bavar também.

A saudades da cama gritou alto, então eu fui sentindo à academia.
A Guilda ficava no caminho de qualquer maneira, aproveitei pegar uma das recompensas da caça do monstro.
Nuri me atendeu.
Normalmente, para uma missão apenas para matar um monstro, você precisaria trazer algo do monstro para provar que o matou.
No caso do Gato, eram suas duas caldas.
Porém, eu trouxe o corpo do monstro todo, então não tinha como dizer que eu não fiz.
Nuri ficou espantada ao ver o corpo todo do monstro, mesmo que trazer o corpo fosse a minha missão de qualquer maneira.

Eu recebi uma recompensa de 5 moedas de prata pelo abate do Gato de Dupla-Orelha.
Não era algo muito lucrativo, se você considerar a distância e o tempo gasto.
O monstro poderia ser relativamente fraco, principalmente para um grupo de aventureiros, mas mesmo assim era um trabalho muito demorado para esse valor de recompensa.
Então eu parei para prestar atenção nos outros aventureiros e como eles escolhiam as missões.
Foi então que eu reparei que eles pegavam algumas missões para fazer ao mesmo tempo, geralmente todas na mesma região.
Assim era possível amenizar o problema de locomoção por aproveitar a viagem com várias missões.

Eu subi duas Classes também, chegando na Classe 5.
Se eu fosse Classe 5 e concluísse essa missão eu subiria apenas 1 Classe, mas como eu era uma Classe muito inferior à Classe da missão, a Guilda considerou como uma ótima avaliação e eu subi 2 de uma vez só novamente.

— Você só vai confirmar essa missão? Não quer aproveitar e concluir a missão da Academia também? - Nuri perguntou quando eu estava quase saindo.
— Não, eu ainda tenho que entregar o corpo lá na academia de qualquer maneira, eu passo aqui depois. - Eu respondi sorrindo.
— Mas você não precisa ir até lá só para entregar, você pode deixar que nós realizamos a entrega. - Nuri continuou.
— Eu tenho que ir para lá de qualquer maneira, para mim não tem problema entregar pessoalmente. - Eu simplesmente respondi.
— Você tem que ir para lá? Quer dizer. Você estuda na Academia? - Nuri se espantou um pouco, mudando a expressão séria que ela geralmente tem.
— Sim. Acabei de começar a estudar na Academia. - Eu respondi.
— Acabou de começar. Então faz sentido. Pois se você já fosse um veterano não teria tempo de fazer missões. - Ela pareceu ficar aliviada com a minha resposta.
— Por que eu não teria tempo? - Eu não entendi.
— Bom, você vai ter muitos trabalhos para fazer para a academia depois, então você não terá mais tempo de fazer missões. Acontece com os associados que acabam entrando na Academia. - Nuri voltou a ficar séria enquanto respondia.
— Entendi. - Eu não sabia que seria assim mais para frente, mas o que eu posso fazer? - Obrigado, vou entregar o monstro então.

Me despedi de Nuri e segui o rumo para a academia.
A Guilda estava quase fechando quando eu saí de lá, pois já estava perto de anoitecer.
Cheguei na academia e deixei o monstro em um baú que foi preparado na sala do Foco.
Esse baú tinha um círculo mágico de magia de congelamento.
Não era tão frio assim, era como um congelador de uma geladeira, então ele manteria o corpo por mais tempo.
Nesse baú existia uma pedra branca que emitia um leve brilho do qual eu nunca havia visto.
Parecia um cristal e também podia sentir magia vindo dele, mesmo que eu estivesse suprimindo minha detecção mágica ao máximo por estar no meio da capital.
Pensei em perguntar sobre aquilo depois para as meninas depois.

Então eu fui para o meu quarto, trocar minhas roupas e tomar um banho para poder dormir.
Eu queria dormir cedo, pois estava bem cansado.
Khonar ainda estava acordado, pois estava finalmente escurecendo e ele iria se deitar para dormir em breve.

— Dinus! Bem-vindo de volta. Como foi a missão? - Ele abriu um grande sorriso ao me ver entrando no quarto.
— Boa noite Khonar. Foi tudo ótimo, deu tudo certo. - Eu respondi já deixando minha mochila do lado da minha cama e tirando a parte pesada da minha roupa de caça.
— E onde foi essa missão? - Ele continuou a conversa.
— Foi em El, uma cidade ao sul daqui. - Eu respondi, colocando a Tag da Guilda na minha cama.
— Sim, já ouvi sobre El. - Ele estava sorrindo, mas o sorriso sumiu do seu rosto depois de uns instantes. - Espera! El não fica perto da floresta de Florádia? Você foi e voltou assim tão rápido? Isso não é mais rápido do que nós fizemos outro dia?
— Sim, eu aprendi a usar magia de vento para diminuir o vento frontal durante a corrida, assim eu preciso parar com menos frequência para me hidratar.
— Entendi. Mas a magia que te empurra para frente não era boa o suficiente? - O Elfo alado pareceu perdido e eu também fiquei.
— Como assim? - Eu não entendi a pergunta dele.
— Bom, se você deixou de usar a outra magia, você teoricamente não conseguiria correr tão rápido. A não ser que você consiga correr na mesma velocidade que Huskie com suas próprias pernas, substituir a magia de impulso por essa de diminuir a resistência seria ruim, certo?
— Mas eu não substitui a de impulso, eu usei as duas magias. - Eu continuei normalmente. - Primeiro eu usei a de impulso e depois, quando cheguei na velocidade máxima, eu usei a de diminuir a resistência.
— Ah sim, faz sentido. - Ele olhou um pouco desconfiado para mim. - E quantos pergaminhos você usou para isso?
— Pergaminhos? Eu não usei nenhum. - O que está acontecendo? Por que ele está desconfiando de algo?
— NÃO! Não é possível. Você... - Então ele ficou espantado. - Você pode usar duas magias ao mesmo tempo?
— Não. Não é isso. - Embora eu possa usar suas magias em simultâneo, eu sei que isso é incomum, mesmo assim eu usei uma de cada vez. - Eu usei primeiro uma e depois a outra.
— Certo. Mas... Eu não sei se você sabe, mas quando nós terminamos de encantar uma segunda magia, a primeira para de fazer efeito. - Khonar estava com uma expressão séria que ele geralmente não fazia.
— Sério? - PUTS! Eu não sabia dessa. Como eu vou explicar para ele agora? Acho que terei que dizer que eu posso usar magia sem encantamento. - É que... Eu só fiz assim e deu certo.
— Então isso é normal entre os Elfos Negros? - Ele começou a mudar de espantado para curioso.
— Bom... Acho que não. Agora que você falou eu nunca os vi usar duas magias seguidas assim. - Já sei, vamos colocar a culpa na doença por enquanto. - Acho que deve ser por conta da doença de Estil então.
— É...Deve ser. - Khonar parece ter aceitado numa boa. - O Diretor me falou que você nasceu com essa doença, mas não imaginava que ela poderia mudar tanto assim como alguém usa a magia.
— Mesmo que eu tenha essa doença, eu também não sei muita coisa sobre ela. - Eu dei um sorriso forçado. - Eu vou tomar um banho agora...

Agora que eu parei para pensar, será que eu sinto magia por conta da doença?
Deve ser isso, certo?
Então muito provavelmente o príncipe conseguirá sentir magia.
O filho da Na'am'mi deve ter 3 ou 4 anos agora, em breve ele vai começar a estudar, talvez eu consiga perguntar para Mayi se ele sente o mesmo que eu.
É ruim ficar pensando nisso, pois eu não vou chegar em lugar nenhum.
Vou tomar meu banho e dormir.


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Notas finais do capítulo

Caso encontre algum erro gramatical ou de digitação, fique à vontade para me enviar a correção.
Deixe-me saber o que você achou desse capítulo.

Agradeço profundamente qualquer apoio.
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