A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 54
Capítulo 54 - Manobra militar.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2021/02/21 22:02



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Algumas semanas se passaram desde que eu voltei para casa de maus pais.
A vida tranquila e pacata da Vila Khuma agora começava a me incomodar.
Eu não me lembrava que era tanto assim, mas as coisas aqui são tão monótonas que acaba ficando chato.
Eu voltei a caçar com meu pai e meu irmão.
Era de lei, não se podia viver na Vila sem fazer nada, você tinha que trabalhar em algo.
Caçando comida eu ainda notava a grande diferença entre os Elfos de Khuma e mim.
Eu não conseguia entender como eles conseguiam ser tão habilidosos.
Parecia um talento natural, em todos eles, enquanto eu me esforçava para acompanhá-los.
Até meu irmão, que ainda nem era adulto, já era surpreendentemente bom na caça e já havia se tornado muito melhor que eu.
Mas quando aparecia algum monstro eu notava também o quanto eu havia melhorado.
Eu já caçava monstros de igual para igual com eles, sendo meu pai o único que era muito melhor que eu.

Eu percebi também como a frequência de monstros havia aumentado, assim como meu pai havia comentado.
Antigamente só aparecia monstros uma vez entre 7 a 10 dias.
Agora parece haver monstros para caçar todos os dias.
Os caçadores de Khuma devem estar bastante sobrecarregados ultimamente.
Eles até comentaram como a minha presença estava ajudando eles.
Por muita sorte nenhum caçador havia morrido durante essas caçadas recentes.
Mas por essa frequência, poderia ser apenas uma questão de tempo.
Apesar de que, com Umbaku por perto, talvez não seja tão ruim assim.

— Pai. - Eu perguntei, enquanto jantávamos a noite em casa. - Você sabe porque tem aparecido tantos monstros ultimamente? Pelo o que eu me lembre, não era tão frequente assim.
— Sobre isso. - Meu pai pareceu pensar um pouco antes de responder. - Acho que a única coisa que faria número de monstros aumentar assim tão rápido é a presença de Renegados.
— A energia maligna deles é que cria os monstros, né? Então deve haver uma caverna onde eles estejam vivendo?
— Isso mesmo. Nós procuramos nas redondezas e não encontramos, mas deve haver um "covil" por perto. - Aparentemente "covil" é o nome dado às cavernas dos Renegados. - De qualquer maneira, o reino e o império já estão buscando por esse covil. Logo ele será descoberto.

Apenas dois dias após essa conversa alguns soldados do reino apareceram na Vila.
Quem os recebeu foi Meiron, como de costume, já que ele era o responsável pelas "comunicações externas" da Vila Khuma.
Mas estranhamente eu fui chamado para conversar com eles também.
Quando eu cheguei no portão da Vila foi que eu entendi o motivo de ter sido chamado.
Faror estava lá, ele era o capitão daquela unidade e, mesmo que não fosse comum, ele estava pessoalmente na Vila Khuma para recrutar soldados para lutar contra os Renegados.
Acho que haviam 15 soldados montados juntos a Faror. Foi a primeira vez que vi uma operação dessa maneira.

— Sim, 3 dias atrás nós encontramos o possível covil deles e estamos nos preparando para uma invasão. - Faror estava falando com Meiron quando eu ainda estava chegando.
— Entendo. - Meiron respondeu. - Então nós iremos reunir nossos caçadores para essa operação.
— Com licença. - Eu cheguei conforme haviam me chamado. - Bom dia, senhores.
— Jovem Dinus! Garoto! Bom te ver. - Faror perdeu um pouco da postura séria ao me ver. - Como tem passado?
— Estou bem sim. - Eu respondi me curvando com respeito. - E como estão você e seu irmão.
— Estamos bem sim. Kurio estará nessa "campanha" também. - Ele respondeu com grande sorriso no rosto.
— Sério!? Então nós iremos lutar juntos novamente! - Eu respondi feliz.
— Lutar juntos? - Faror ficou sério instantaneamente. - Somente soldados, aventureiros e caçadores adultos participam. Você não vai ser chamado.
— Mas eu vou lutar. - Eu entendi um pouco da situação, mas eu fiquei sério e encarando Faror nos olhos quando eu respondi.
— Hmm. - Ele hesitou um pouco antes de falar enquanto me encarava sério de volta. - Está certo. Acho que não poderei convencê-lo a não, mas apenas se você tiver permissão de seus pais.

Então Faror começou a rir alto.
Ele fez mais algumas piadas e voltou a conversar seriamente com Meiron sobre a organização, data e local para nós nos prepararmos para a batalha.
Depois disso, Meiron se reuniu com os caçadores de Khuma para informar o que foi falado com os soldados do reino.
Eu descobri com meu pai mais tarde que mesmo o Reino de Seti estava sob o comando do Império de Vegúrlia nessa operação.
Meu pai seria o capitão dos caçadores de Khuma nessa operação e responderia direto ao general imperial, não precisando responder para Major nem Coronel do império.
Claro que esse "título" era apenas temporário e não serviria para nada dentro da cadeia de comando imperial ou real depois dessa operação.
Até mesmo os Generais, Coronéis e Majores do reino se tornariam capitães durante essa operação. Pois o império estava sobre total controle da operação.

— Pai. - Mais uma vez eu comecei a falar durante o jantar. - Eu quero participar da operação.

Um silêncio ensurdecedor tomou conta da nossa sala.
Minha mãe estava com uma expressão horrível de pavor e medo em seu rosto.
Também foi a primeira vez que eu vi meu pai com uma expressão brava.
Umbaku não fazia nenhum som nem expressão e apenas olhava para Targo, esperando sua resposta.
Meu pai respirou profundamente antes de responder.

— Eu não devo permitir. - Em seguida ele fez uma expressão triste. - Mas eu não acho que eu tenha o direito de impedir. Você já deixou nossa casa uma vez e já leva a vida como um adulto. Eu sinto que já não posso tratá-lo como uma simples criança.
— Sim. - Eu abaixei a cabeça em respeito. - Eu agradeço por considerar minha vontade.

Nesse momento eu notei lágrimas escorrendo no rosto de minha mãe.
Eu sabia o que aquilo significava.
Perigo.
Uma operação dessas era muito perigosa e eu poderia facilmente encontrar minha morte durante a batalha.
Mas acima disso tudo, eu queria salvar o máximo de pessoas que eu pudesse.
Eu sabia que minhas magias de proteção e de ataque poderiam ser úteis.
Até minha magia de detecção era muito superior ao de outras pessoas e ajudaria muito.
Então eu já estava decidido que, mesmo que eu me acovardasse e não conseguisse lutar direto contra os Renegados, eu estaria lá para dar suporte.

Na noite do dia seguinte todos o caçadores de Khuma se reuniram e se prepararam para partir.
Contando comigo, nós éramos em 28, mas nós nos juntaríamos com os caçadores de Maali em breve e lutaríamos lado a lado, e provavelmente eu conheceria meu avô, pois ele era um caçador também.
Apenas 24 de nós deixamos Khuma em direção ao acampamento Imperial, pois foi combinado de manter 4 caçadores experientes (adultos) na vila para proteção, junto aos caçadores aprendizes, que contava com meu irmão Metz.
Se fosse considerar o normal, eu seria um aprendiz por não ser adulto ainda, mas como eu já lutava contra monstros tão bem quanto os adultos, eles não argumentaram contra isso, apenas olharam para Targo com uma expressão melancólica após saber que eu participaria.
Então nós deixamos Khuma durante a noite.

Nós andávamos rapidamente pela floresta noturna, por entre as árvores e sem utilizar uma estrada.
Todos os Elfos Negros caçadores eram velozes em sua locomoção, então eu tinha que usar magia de vento para me ajudar a manter o passo deles, mas isso não era problema para mim e nem me deixava exausto.
Em aproximadamente 5 horas de corrida nós chegamos ao acampamento imperial e nos reunimos com os Elfos da planície para discutir sobre o ataque.
Haviam soldados das mais variadas raças e etnias nesse acampamento.
Vários seres que eu só havia visto crianças até então.
Haviam guerreiros com orelhas de animais como gatos, lobos e raposas.
Também estavam entre eles os Orcs de Fargath, armados até os dentes e com a impressão de que eram grande guerreiros.
Grumer, o Chefe de Fargath, estava com eles e até me cumprimentou, mas se manteve sério o tempo todo.
O dia estava quase amanhecendo quando a reunião acabou, mas nós não atacaríamos durante o dia.
Durante esse dia nós nos preparamos, nos organizamos e descansamos para atacar durante anoite, pois os Renegados não saíam durante o dia já que a pele deles era muito sensível ao sol e gerava fortes queimaduras.
Nós só invadimos o covil deles ao cair da noite seguinte.


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Notas finais do capítulo

Caso encontre algum erro gramatical ou de digitação, fique à vontade para me enviar a correção.
Agradeço profundamente qualquer apoio.



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