A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 41
Capítulo 41 - Envelheço na cidade.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2021/01/09 21:32
Revisão: 2021/06/13 19:42



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Mais um dia amanheceu em Oriohn.
Eu acordei tranquilamente, bem no comecinho do lusco-fusco.
No despertar, eu estranhei o quarto onde eu estava.
Por um pequeno instante eu esqueci que estava dormindo na estalagem Sereia-Tímida.
O costume de acordar acampado na beira da estrada ainda não havia deixado meu corpo.
Eu me levantei, me troquei, comi uma fruta horrível e meditei.
Depois eu fui até o bar tomar meu café, que por sinal era maravilhosamente saboroso.
Cumprimentei a simpática cozinheira e apreciei minha comida.
Então eu fui para meu segundo dia de aula.

Mais uma vez eu cheguei mais cedo que o horário de aula.
A professora Mayuna já estava lá e me recebeu com um lindo sorriso no rosto.
Incrivelmente ela tinha os dentes bonitos e alinhados, diferente da maioria dos humanos que não eram de família nobre, já que era algo incomum cuidar da saúde dos dentes.
Mayuna estava preparando a sala para a aula de hoje como de costume.
Eu a ajudei com a tarefa dela e aproveitei para pedir para ela me explicar a regra de escrita "compacta".
Eu não sabia que a palavra significava compactar naquele momento, eu só usei a mesma palavra que ela havia usado ontem.
Ela me explicou a regra.
Era uma regra simples e fácil de entender, mas era difícil ler em tempo real usando essa regra, você teria que dedicar muito tempo para se acostumar.
Compactar a escrita a deixava relativamente mais bonita, com uma aparência mais rica em detalhes, mas também deixava complexo e difícil de ler, em contra partida não era tão difícil escrever usando a regra, já que era só ir aplicando a regra enquanto escrevia.

Não deu tempo para Mayuna me explicar toda a regra naquele dia e a turma começou a chegar.
Eu cumprimentei todo mundo educadamente dessa vez.
Ontem eu estava com um pouco de vergonha e também não sabia como tratar as crianças, então acabei não cumprimentando ninguém, mas eu prestei atenção em como eles se cumprimentavam e se tratavam para poder me enturmar.
O comportamento das crianças, mesmo entre os Elfos, era bastante imaturo e eu não conseguiria criar uma boa relação com eles, já que não tínhamos nada em comum.
De qualquer maneira, eu expliquei para todos que as outras crianças da minha raça também gostavam de brincar e se divertir igual a eles, apenas eu que era diferente mesmo.
A maioria das crianças humanas se afastaram um pouco de mim e ficavam fazendo piadas e tirando sarro entre eles sobre mim, mas as crianças élficas pareciam se interessar bastante em mim e ficavam me perguntando um monte de coisas.
Eles me perguntavam sobre a aldeia e sobre o estilo de vida dos elfos negros.

Não deu tempo de conversar muito e a aula já começou.
Eu senti que a professora esperou um pouco mais do que deveria apenas para me deixar conversar um pouco com as outras crianças, mas não tenho certeza se foi isso.
A aula de hoje foi basicamente a continuação da aula anterior.
Ela explicou sobre as letras, como unir para formar sílabas e palavras, explicou o nome e a pronúncia de cada letra, explicou brevemente que haviam letras que não podiam se juntar e que existiam diferenças entre vogais e consoantes.
A escrita de Oriohn é bastante simples.
Quase a totalidade das palavras se escreve do jeito que se pronuncia.
Existem palavras que terminam em consoantes, como Metz, que é o nome de nossa lua, mas quase tudo é estruturado de forma simples, por sílabas fechadas com uma consoante e um vogal.

Depois que terminou a aula, as crianças élficas vieram conversar comigo.
Eram 2 garotas e 1 garoto.
O garoto se chamava Pamolus e ele era de Marima, seu cabelo era comprido igual ao meu, mas de cor alaranjada clara, como um ruivo, com um pouquinho de volume.
Uma das garotas se chamava Liri e era de Florádia e tinha grandes cabelos loiros um pouco escuros e bem lisinhos.
A outra chamava Mika e era de Florádia também, seu cabelo era o mais curto entre os 3 e de cor castanha clara, iguais ao de Myuka.
Os olhos deles eram da exata mesma cor que aos de Myuka e de todos os elfos de Marima, ou seja, alaranjados.
Contei para Pamolus que eu já havia visitado a Aldeia Marima, ele ficou muito feliz em saber isso.
Contei para as garotas que eu conhecia outra Elfa de Florádia também, mas os olhos de Mika se esbugalharam quando eu disse que o nome dela é Myuka.

— Myuka é minha tia! - Ela quase gritou com um grande sorriso. - Minha mãe, Myuna, é irmã de Myuka.
— Que legal. Myuka é uma pessoa muito gentil e uma guerreira muito habilidosa. - Quando eu falei, os olhos de todos brilharam.
— Você já a viu lutando? Que "maneiro"! - Mika usou uma palavra que eu não conhecia.
— Maneiro? - Eu perguntei. - O que significa?
— Maneiro! Acho que é o mesmo que legal, só que mais legal ainda. - Ela me explicou de uma maneira confusa. Mesmo assim eu entendi.
— É, Myuka é muito maneira. - Eu respondi sorrindo e notei o brilho nos olhos de todos. - Vocês querem ser guerreiros também?
— Eu já comecei meu treinamento. Quero caçar monstros quando eu crescer. - Pamolus respondeu. - Os caçadores são maneiros.
— São sim! - Eu respondi. - Espero que você cresça um grande guerreiro e proteja a bela Aldeia Marima. Ela merece muita proteção.
— Sim! Obrigado. - Pamolus respondeu feliz.
— Eu também quero ser caçadora igual minha tia. - Mika respondeu também. - Eu ainda não comecei meu treinamento, mas eu não queria ficar em Florádia, eu quero viajar por Oriohn.
— Isso é maneiro também. - Então ela era igual a mim e sua tia, não gosta de ficar em um lugar só.
— Eu não quero ser caçadora, mas eu os acho incríveis. - Liri respondeu, acabou por não dizer o que ela queria ser.

Logo mais eles foram embora, pois já era hora do almoço e estavam todos com fome.
De qualquer maneira nós poderíamos conversar amanhã, então não era tão ruim.
Eu fiquei mais um pouco, pedi para Mayuna terminar de explicar sobre a escrita compacta.
Ela ficou me explicando e nem percebemos o tempo passar.
Eu consegui aprender tudo e a professora estava me mostrando alguns exemplos.
Quando reparamos, a professora do período da tarde já estava chegando.
Eu a conhecia já, pois foi com ela que eu conversei noutro dia antes de fazer a minha matrícula.
A turma dela era um pouco mais jovem e provavelmente seria muito ruim para mim se eu participasse da turma dela.
Ela não era da mesma etnia de Mayuna, e tinha uma aparência um pouco oriental.
Lembrava um pouco os russos, só que com o olho um pouco mais puxado.
Ela tinha cabelos castanhos bem claros e bem lisos.
Ela era mais alta que Mayuna, só que mais rechonchuda também.
Usava roupas bem parecidas com as de Mayuna. Não da mesma cor, mas do mesmo estilo.
Não sei se aquilo era algum tipo de uniforme ou se era a roupa comum para as mulheres.
Ela só não usava a tiara igual a de Mayuna.

Eu e Mayuna percebemos que havíamos exagerado no tempo e fomos embora.
Então eu peguei meu passaporte para tentar ler as informações enquanto andava de volta para a estalagem.
Eu consegui ler as informações com certa facilidade dessa vez.
Demorou um pouquinho, mas eu consegui ler meu passaporte.
Estava escrito o seguinte:

Passaporte de Vegúrlia
Nome - Dinus
Cidade Natal - Khuma
Idade - 9
Filho de - Targo de Khuma e Miena de Maali
Direito de ir e vir - Sim
Direito de "votar" - Não
Profissão -
Situação - Normal.
Esse documento é de "porte" obrigatória e a falta dele pode acarretar a prisão ou "deportação".

Haviam palavras que eu não conhecia, mas eu podia lê-las, então eu podia perguntar o significado para alguém.
Decidi perguntar para a cozinheira ou para Myuka quando chegasse na estalagem.
Foi quando eu parei para prestar atenção.
9 anos?
9 anos!
Quando foi meu aniversário?
3 dias atrás eu tinha apenas 8 anos.
Meu aniversário foi em algum desses dias.
Não. Eu tenho certeza de que olhei ontem meu passaporte e não havia o número 9 nele.
É hoje!
Que dia é hoje?
Eu apertei meu passo para chegar mais rápido na estalagem.


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Notas finais do capítulo

Caso encontre algum erro gramatical ou de digitação, fique à vontade para me enviar a correção.
Agradeço profundamente qualquer apoio.



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