A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 11
Capítulo 11 - Aniversário e caça.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2020/07/13 20:35
Revisão: 2021/05/02 18:31



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Um par de anos se passaram com essa rotina e eu finalmente completei 6 anos de idade.
Uma grande festa aconteceu.
Basicamente quase todo o vilarejo apareceu na festa e todas as crianças com mais de 6 anos vieram.
Eu não havia reparado no tamanho da festa quando meu irmão fez 6 anos por não saber o tamanho do vilarejo.
Mas era realmente importante essa idade para esse povo.
Eu até cheguei a perguntar para minha mãe sobre minha festa de 1 ano, já que isso não era comum.

— Você se lembra disso? Você tinha apenas 1 ano! - Exclamou minha mãe indignada. - É porque nós acreditávamos que você não sobreviveria, como ocorreu com a sua irmã. Além disso você não chorava, não dava trabalho nenhum, não era como um recém nascido comum, então nós comemoramos seu aniversário de 1 ano, mesmo fora do costume.
— Desculpe por preocupar vocês. - Respondi meio sem graça.
— É disso que estou falando. Você não se comporta como alguém da sua idade.
— Além disso, eu me lembro que você me dava mamadeira.
— Como assim? - Ela não entendeu o que eu quis dizer, então eu olhei para baixo e para o lado envergonhado. Só então ela entendeu - Aah! Nós Elfos não geramos leite em nosso mamilo igual aos humanos. Nós sempre alimentamos os bebês com alimento tirado de plantas e frutas. Mas como você sabe sobre o leite materno humano?
— Eu ouvi sobre isso na cidade da Mayi.

Claro que era mentira. Eu já sabia sobre isso desde antes de eu nascer.
Minha mãe pareceu acreditar em mim e não me questionou sobre isso.
Ou então ela decidiu desistir de tentar entender.
Eu não sabia sobre esse detalhe dos Elfos.
Então por que elas possuíam mamilos?
Não fazia sentido.
Quer dizer que os Elfos não são mamíferos?
Mas eu tenho certeza que eles carregam as crianças no ventre.
Eu vi algumas outras elfas grávidas.
Também nunca vi ovos de Elfos.
Só que eu não perguntei sobre isso para não incomodar mais minha mãe.

Eu ganhei alguns presentes em meu aniversário.
O artesão da vila me deu um pequeno arco.
Pequeno para eles, mas para mim era enorme.
Era um bom arco e me ajudou muito a aprender arquearia.
Até então eu estava usando arcos emprestados e eles eram grande demais, mesmo os infantis.

Eu também ganhei uma vestimenta para viagem.
Era um robe para o frio, com um encantamento que aqueceria o interior.
Também havia uma bota mágica que diminuiria a fadiga da caminhada.
Eram produtos fantásticos e provavelmente caros, mas tenho certeza que era inútil para o povo do vilarejo e eles acabaram que dando um destino melhor para algo que ficaria apenas guardado.
Eles não eram aventureiros, mas pareciam me incentivar em vontade de viajar.
De qualquer maneira aqueles itens eram enormes para mim e eu não poderia usar até crescer.

Ganhei poucos brinquedos como presente, o que era comum como presente para as outras crianças de 6 anos, mas meus pais devem ter dito que eu não gostava muito de brinquedos, então eu ganhei várias coisas interessantes.
Eu ganhei um livro que um Elfo que recebeu como presente uma vez e nunca aprendeu a ler, então era inútil para ele, e quando ele soube que eu tinha interesse em aprender a ler, ele acreditou que um dia eu poderia dar um bom uso para o livro.
Era um livro grande e pesado, mesmo para um adulto, então eu não conseguia nem carregá-lo.
Eu até abri as primeiras páginas, mas como eu não podia, decidi guardá-lo para o dia que eu pudesse ler.
Ganhei alguns equipamentos para viagem também, como uma barraca, uma pequena chaleira, pederneiras e coisas do gênero.
Alguns eram itens de uso comum para as pessoas, mas de tamanho reduzido para facilitar na viagem, então eles acabaram me dando e adquirindo novos de tamanho convencional.
Eu fiquei muito contente com os presentes e agradeci todos com muito carinho.

Depois de meu aniversário eu passei a sair do vilarejo e explorar os arredores.
Era muito tranquilo, pois os caçadores mantinham as proximidades sempre sem monstros ou animais selvagens ferozes.
As outras crianças brincavam ou trabalhavam nos arredores da aldeia.
Elas colhiam madeira para lenha ou frutas.
Eu não brincava com as outras crianças.
Como eu já havia desenvolvido alguma expertise na caça, eu procurava pequenos animais para caçar.
Eu também tentava assistir algumas crianças mais velhas que já estavam aprendendo a caçar.

Existiam também algumas hortas nos limites das florestas.
A cultura de plantio élfico era bastante diferente dos humanos.
Eles não criavam fazendas com grandes plantações.
Os Elfos usavam a floresta e preparavam pequenas clareiras bem na beirada da floresta para plantar, então a plantação também usava os recursos da floresta para se alimentar.
Os fazendeiros moravam na aldeia e visitavam as plantações para mantê-la, diferente dos humanos, que moravam na fazenda e não precisava se locomover até o local de trabalho.
As plantações eram pequenas e pareciam não afetar em nada o meio ambiente da floresta.

Depois de conseguir voltar com a minha primeira caça foi que eu entendi a economia do vilarejo.
Eu consegui caçar um pequeno animal parecido com um coelho.
Na verdade, era um rato com orelhas compridas, mas o animal era bastante feio.
Não havia muitos moradores, acredito que não chegava em uma centena.
A política era basicamente socialista.
Mas no caso desses Elfos essa política funcionava, pois não existia maldade no coração dessas pessoas.
Não existia vontade de ser melhor que ninguém ou de ter mais que ninguém.
Quando eu mostrei a minha caça para meu pai, nós levamos para o armazém da aldeia.
Então nós depositamos todas as presas abatidas no dia.
Um morador era responsável por manter esse depósito e ele usava uma magia que refrigerava o depósito para manter as carnes.
Quando o depósito atingia uma quantidade específica, os caçadores tiravam folga.
O responsável pelo depósito também cuidava da distribuição dos alimentos.
Todos recebiam alimentos igualmente.
Se você estivesse precisando de alguma roupa ou uma ferramenta, você poderia pedir para a pessoa responsável por fazê-los.
Tudo tinha alguém responsável e tudo estava disponível sem custo, mas todos os moradores trabalhavam em alguma coisa.
A aldeia também tinha reservas de dinheiro comum para comprar coisas de mercadores e nas cidades de outras raças e existia alguém responsável por esses serviços.
Os mercadores externos eram comuns, pois existiam frutas, ervas e legumes que a nossa aldeia plantava e colhia com certa facilidade e era mais barato comprá-los de nós do que tentar plantar por conta.

Depois de alguns meses caçando por conta, eu adquiri certa experiência e comecei a caçar junto aos adultos.
Na verdade eu apenas acompanhava eles no começo e os assistia, pois eles eram muito bons nisso e eu não conseguia ajudar muito.
Mas depois de um tempo acompanhando eu acabei aprendendo mais e comecei a ajudar.
Nunca fui alguém bom ou significante na caça, mas pelo menos eu ajudava.
Um dia aconteceu de aparecer um monstro enquanto eu estava acompanhando.
Geralmente quando era para caçar um monstro eu ficava em casa ou separado, mas dessa vez ele apareceu antes de notarmos.
Foi a primeira vez que eu vi um monstro pessoalmente.
As pessoas diziam que eles eram basicamente animais que foram corrompidos pela magia maligna.
A magia maligna não era uma das afinidades da magia e não tinha nada a ver com magia negra, mas sim pura energia de ódio.
Essa magia foi criada pelos Orcs Renegados e outro seres não conseguiam usar.
A energia maligna dos Orcs Renegados escorriam para os animais e outros seres e influenciavam no desenvolvimento deles.
Por isso um monstro era muito parecido com um animal normal, só que deformado.
O monstro que encontramos era algo muito parecido com uma coruja, mas diferente da coruja comum, esse monstro era muito maior e mais forte, possuía espinhos em alguns pontos do corpo, como um porco-espinho, e suas garras também eram mais compridas, além de possuírem algo parecido com dentes em seu bico.

— Dinus! Corra para a vila o mais rápido possível! - Gritou meu pai.

Imediatamente todos os caçadores se agruparam e entraram em um formação diferente.
Quando caçavam eles ficavam espalhados em duplas, mas lutando contra monstros eles ficavam todos juntos.
Mesmo havendo uma líder élfica muito mais habilidosa na caça do que meu pai, quando era combate contra monstros, o meu pai tomava a liderança e mostrava o quão forte ele era.
Talvez por conta do corpo diferente dele, ele era muito bom lutando contra monstros.

Infelizmente nesse momento eu travei de medo e não conseguia me mexer.
Os olhos daquele monstro coruja tinha um estranho brilho roxo que parecia que estava me enfeitiçando pelo olhar.
Eu tive algumas alucinações enquanto encarava os olhos daquela coruja gigante e só consegui escapar desse efeito quando a primeira flechada atingiu o monstro.
Quando eu voltei a mim e olhei o meu redor o monstro já havia sido derrotado.
A cena que eu vi foi de meu pai perfurando a enorme coruja com sua lança.
Ele não havia arremessado essa lança, mas sim perfurado o monstro com a lança em mãos.
A coruja de pé tinha quase a mesma altura de meu pai, mas com suas asas abertas ela ficava enorme.
Pelo o que eu entendi no momento, a coruja voou em direção de alguém para atacar e meu pai entrou na frente e atacou a coruja antes.
A coruja finalmente morreu com o golpe de meu pai e meu pai saiu da batalha com poucos machucados.
Alguns outros tiveram ferimentos maiores, mas não houve nenhum morto de nossa parte.
Aquele dia meu pai me levou no colo para casa, pois minhas pernas ficaram fracas e eu não conseguia andar.
Foi a primeira vez que eu senti medo nessa nova vida.
Eu sentia frio enquanto suava, meu coração estava acelerado e minha garganta estava seca.
Eu tive pesadelos com essa coruja por várias noites depois daquilo.


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Notas finais do capítulo

Caso encontre algum erro gramatical ou de digitação, fique à vontade para me enviar a correção.
Agradeço profundamente qualquer apoio.



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