Listras, Poesias e Paixões escrita por Geovanna Danforth


Capítulo 7
Six


Notas iniciais do capítulo

O amor é como uma árvore: rebenta-se por si próprio, crava suas raízes e continua a verdejar sobre um coração em pedaços. (Victor Hugo)



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Não sei como minhas mãos se enfiaram pelo cabelo incrível de Paulo ou como as mãos dele passearam pela minha cintura e minhas costas, não sei mais nada em relação a minha boca por que a dele está misturada com a minha e com a de não sei mais quem, talvez a outra garota que existe em mim, sim! Aquela que eu dei um nome, meu pseudônimo. Que porra... isso vai dar merda, muita merda...

Quando nós paramos e o mundo parece também parar de girar, eu venho me dar conta de que tinha passado um batom cor de vinho que ganhei de Geane um dia desses, ela tinha a mania de comprar coisas e depois cansar de usá-las, pelo menos ela não tinha herpes, então eu provavelmente estava toda borrada, meu Deus, que vergonha.

As mãos de Paulo ainda estavam na minha cintura e as minhas que agora haviam descido para os seus ombros estavam se sentindo meio desconfortáveis, não é todo dia que você tem sob suas mãos um homem daquele tamanho, eu não tinha muita experiência no assunto. Pigarreei novamente.

— Então... você gostou do poema?

Paulo sorriu.

— Sim, me amarrei.

Acabo sorrindo também.

— Eu acho que... preciso ir no banheiro. Eu devo estar toda descabelada.

— Você está linda.

Ah merda. Mas que merda.

— Obrigada... _ murmuro.

— Quer beber alguma coisa? Eu posso pegar pra você e trazer aqui, a não ser que você queira descer.

— Bem, eu... _ em questão de segundos começo a ligar os pontos e a perceber ao que aquilo pode me levar, pode nos levar, bebidas e risadas, mais beijos, e segundos encontros, e vontade constante de se ver, dependência. Relacionamento. Ex namorado. Coração partido. Merda ao cubo. _ Eu acho melhor a gente descer, preciso falar com o Gabriel.

— Ok então.

Paulo estende a mão pra que eu desça primeiro, ele fecha a porta logo atrás de mim e sinto sua presença enquanto caminho até a mesa de Gabriel.

Pra minha surpresa um cabelo meio roxo aparece no meu campo de visão, Gabriel cerra os lábios tentando não sorrir quando percebe que eu vi a companhia dele. Eu arqueio as sobrancelhas e me preparo pra interromper os dois pombinhos, sim, mais um casal terá sua noite frustrada.

— Gabriel.

Meu amigo se vira pra mim meio espantado.

— E aí. _ responde ele.

— Vamos?

— Mas já?

— Sim, tenho que resolver umas coisas.

Gabriel estreita os olhos pra mim e depois sussurra.

— Você tem um guarda costas é?

— Não, tenho um novo amigo.

— Um amigo que te apalpa.

— Cala a boca. _ falo com o cenho franzido quando percebo a roxinho rir de cabeça baixa. _ E você, conhecendo os fãs do RBD?

Gabriel inclina a cabeça e suspira.

— Nicole, essa é minha nova amiga Giulia.

— Oi Giulia. _ falo com um sorriso falso enquanto a garota vira pra me analisar. Até que ela é bonitinha, sorri meio tímida pra mim e se vira pra Gabriel. Eles sussurram algumas coisas e depois se despedem com beijos nas bochechas. Que fofo.

— Tchauzinho... _ falo enquanto ela se afasta.

— Você poderia ser um pouco mais simpática, né Nicole? _ resmunga Gabriel.

— Não consigo evitar, e não estou em um bom estado ok? E outra, ela tem que gostar de você, não de mim.

— Mas os amigos influenciam!

Cruzo os braços e o encaro.

— É mesmo né... então já pode conhecer aquele ali.

— O seu peguete?

— Shh!

Me viro para Paulo e o chamo.

— Paulo, esse é meu amigo Gabriel. Gabriel, Paulo. _ digo.

Os rapazes se cumprimentam.

— Somos amigos a bastante tempo. _ diz Gabriel se sentindo completamente superior.

— Ah legal, são tipo, amigos de infância?

— Ah não... _ respondo sorrindo_ sou três anos mais velha que ele então quando eu tinha 16 ele tinha... 14?

— Eu já ia fazer 15. _ resmunga Gabriel.

— Nos conhecemos por um site de poesias. _ falo sorrindo.

— Sério? _ pergunta Paulo incrédulo.

— Seríssimo. _ respondo.

— Nós trocávamos ideias e poemas pelo site até que um dia criei coragem e perguntei o verdadeiro nome dela. Aí depois ela perguntou meu endereço e pá, descobrimos que morávamos na mesma cidade.

— Nossa, que coincidência legal. _ disse Paulo.

— Incrível.

Ficamos num silêncio meio constrangedor até que Gabriel percebe meu olhar de súplica.

— Então, Nicole, precisamos ir, eu tenho horário pra voltar.

— Ah é verdade, vamos logo!

Gabriel acena com a cabeça pra Paulo e sai na minha frente, me viro e aí percebo que Paulo estava bem mais perto, a boca dele é tão bonita, como é que bocas assim existiam?

— Então, boa noite. _ diz ele com as mãos enfiadas nos bolsos da bermuda.

— Boa noite. _ murmuro.

— Você vai vir no outro sábado aqui?

— É... não sei, talvez.

— Queria te ver de novo. _ diz ele inclinando a cabeça. Sinto meu coração bater tão rápido, eu estou muito encrencada, totalmente lascada.

— Eu também quero te ver de novo. _ digo a verdade _ Mas acho melhor a gente ir devagar, _ e a verdade dói _ não quero me envolver com ninguém agora, eu gosto muito de você, mas acho que deveríamos ser só amigos, sabe?

Paulo arqueia as sobrancelhas e assume uma postura ereta. Ele respira fundo.

— OK. Como você quiser.

— Então, a gente se vê.

— Falou.

Saio do clube e vejo Gabriel perto da porta, ele me segue.

— Será que eu posso saber o que tá acontecendo?

— Eu não tenho estrutura pra isso Gabriel, não dá. Olha pra mim. _ Estendo a mão. _ Eu tô tremendo!

— Você tá apaixonada sua doida! Pelo amor de Deus Nicole, não sou gay mas até eu ficaria assim se um homem daquele me pegasse!

— Ai meu Deus, eu quero chorar... _ choramingo.

Gabriel segura meus ombros e me faz olhar pra ele.

— O que aconteceu de fato?

— Eu recitei um poema meu pro Paulo... _ suspiro. _ e ele me beijou.

— Meu Deus, que poema foi esse? Me diz pra eu usar com a Giulia!

— Ah Gabriel...

— Desculpa. _ diz ele sorrindo. _ E o que você sentiu, foi bom?

— Sim... _ digo com voz de choro.

— E o que aconteceu?

— Eu me senti estranha logo depois, lembrei de tudo que passei com o Márcio, e fiquei com medo e... sinto que não posso me meter nisso, não agora.

— Nossa Nicole, que merda... _ Gabriel me puxa pra um abraço. _ Mas o que você disse pra ele?

— Eu disse que seria melhor se nos fossemos amigos. _ murmuro.

— Caramba, ele deve ter se sentido mais desprezado que um cachorro de rua.

— É verdade. Mas viu a boca dele? É linda...

— Não duvido nada.

Ficamos abraçados no estacionamento até que Gabriel lembra que realmente temos horário pra voltar. Me despeço da aura confusa do clube e me preparo para encontrar uma outra aura, uma preocupante em casa.


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