Listras, Poesias e Paixões escrita por Geovanna Danforth
Notas iniciais do capítulo
O amor é como uma árvore: rebenta-se por si próprio, crava suas raízes e continua a verdejar sobre um coração em pedaços. (Victor Hugo)
Não sei como minhas mãos se enfiaram pelo cabelo incrível de Paulo ou como as mãos dele passearam pela minha cintura e minhas costas, não sei mais nada em relação a minha boca por que a dele está misturada com a minha e com a de não sei mais quem, talvez a outra garota que existe em mim, sim! Aquela que eu dei um nome, meu pseudônimo. Que porra... isso vai dar merda, muita merda...
Quando nós paramos e o mundo parece também parar de girar, eu venho me dar conta de que tinha passado um batom cor de vinho que ganhei de Geane um dia desses, ela tinha a mania de comprar coisas e depois cansar de usá-las, pelo menos ela não tinha herpes, então eu provavelmente estava toda borrada, meu Deus, que vergonha.
As mãos de Paulo ainda estavam na minha cintura e as minhas que agora haviam descido para os seus ombros estavam se sentindo meio desconfortáveis, não é todo dia que você tem sob suas mãos um homem daquele tamanho, eu não tinha muita experiência no assunto. Pigarreei novamente.
— Então... você gostou do poema?
Paulo sorriu.
— Sim, me amarrei.
Acabo sorrindo também.
— Eu acho que... preciso ir no banheiro. Eu devo estar toda descabelada.
— Você está linda.
Ah merda. Mas que merda.
— Obrigada... _ murmuro.
— Quer beber alguma coisa? Eu posso pegar pra você e trazer aqui, a não ser que você queira descer.
— Bem, eu... _ em questão de segundos começo a ligar os pontos e a perceber ao que aquilo pode me levar, pode nos levar, bebidas e risadas, mais beijos, e segundos encontros, e vontade constante de se ver, dependência. Relacionamento. Ex namorado. Coração partido. Merda ao cubo. _ Eu acho melhor a gente descer, preciso falar com o Gabriel.
— Ok então.
Paulo estende a mão pra que eu desça primeiro, ele fecha a porta logo atrás de mim e sinto sua presença enquanto caminho até a mesa de Gabriel.
Pra minha surpresa um cabelo meio roxo aparece no meu campo de visão, Gabriel cerra os lábios tentando não sorrir quando percebe que eu vi a companhia dele. Eu arqueio as sobrancelhas e me preparo pra interromper os dois pombinhos, sim, mais um casal terá sua noite frustrada.
— Gabriel.
Meu amigo se vira pra mim meio espantado.
— E aí. _ responde ele.
— Vamos?
— Mas já?
— Sim, tenho que resolver umas coisas.
Gabriel estreita os olhos pra mim e depois sussurra.
— Você tem um guarda costas é?
— Não, tenho um novo amigo.
— Um amigo que te apalpa.
— Cala a boca. _ falo com o cenho franzido quando percebo a roxinho rir de cabeça baixa. _ E você, conhecendo os fãs do RBD?
Gabriel inclina a cabeça e suspira.
— Nicole, essa é minha nova amiga Giulia.
— Oi Giulia. _ falo com um sorriso falso enquanto a garota vira pra me analisar. Até que ela é bonitinha, sorri meio tímida pra mim e se vira pra Gabriel. Eles sussurram algumas coisas e depois se despedem com beijos nas bochechas. Que fofo.
— Tchauzinho... _ falo enquanto ela se afasta.
— Você poderia ser um pouco mais simpática, né Nicole? _ resmunga Gabriel.
— Não consigo evitar, e não estou em um bom estado ok? E outra, ela tem que gostar de você, não de mim.
— Mas os amigos influenciam!
Cruzo os braços e o encaro.
— É mesmo né... então já pode conhecer aquele ali.
— O seu peguete?
— Shh!
Me viro para Paulo e o chamo.
— Paulo, esse é meu amigo Gabriel. Gabriel, Paulo. _ digo.
Os rapazes se cumprimentam.
— Somos amigos a bastante tempo. _ diz Gabriel se sentindo completamente superior.
— Ah legal, são tipo, amigos de infância?
— Ah não... _ respondo sorrindo_ sou três anos mais velha que ele então quando eu tinha 16 ele tinha... 14?
— Eu já ia fazer 15. _ resmunga Gabriel.
— Nos conhecemos por um site de poesias. _ falo sorrindo.
— Sério? _ pergunta Paulo incrédulo.
— Seríssimo. _ respondo.
— Nós trocávamos ideias e poemas pelo site até que um dia criei coragem e perguntei o verdadeiro nome dela. Aí depois ela perguntou meu endereço e pá, descobrimos que morávamos na mesma cidade.
— Nossa, que coincidência legal. _ disse Paulo.
— Incrível.
Ficamos num silêncio meio constrangedor até que Gabriel percebe meu olhar de súplica.
— Então, Nicole, precisamos ir, eu tenho horário pra voltar.
— Ah é verdade, vamos logo!
Gabriel acena com a cabeça pra Paulo e sai na minha frente, me viro e aí percebo que Paulo estava bem mais perto, a boca dele é tão bonita, como é que bocas assim existiam?
— Então, boa noite. _ diz ele com as mãos enfiadas nos bolsos da bermuda.
— Boa noite. _ murmuro.
— Você vai vir no outro sábado aqui?
— É... não sei, talvez.
— Queria te ver de novo. _ diz ele inclinando a cabeça. Sinto meu coração bater tão rápido, eu estou muito encrencada, totalmente lascada.
— Eu também quero te ver de novo. _ digo a verdade _ Mas acho melhor a gente ir devagar, _ e a verdade dói _ não quero me envolver com ninguém agora, eu gosto muito de você, mas acho que deveríamos ser só amigos, sabe?
Paulo arqueia as sobrancelhas e assume uma postura ereta. Ele respira fundo.
— OK. Como você quiser.
— Então, a gente se vê.
— Falou.
Saio do clube e vejo Gabriel perto da porta, ele me segue.
— Será que eu posso saber o que tá acontecendo?
— Eu não tenho estrutura pra isso Gabriel, não dá. Olha pra mim. _ Estendo a mão. _ Eu tô tremendo!
— Você tá apaixonada sua doida! Pelo amor de Deus Nicole, não sou gay mas até eu ficaria assim se um homem daquele me pegasse!
— Ai meu Deus, eu quero chorar... _ choramingo.
Gabriel segura meus ombros e me faz olhar pra ele.
— O que aconteceu de fato?
— Eu recitei um poema meu pro Paulo... _ suspiro. _ e ele me beijou.
— Meu Deus, que poema foi esse? Me diz pra eu usar com a Giulia!
— Ah Gabriel...
— Desculpa. _ diz ele sorrindo. _ E o que você sentiu, foi bom?
— Sim... _ digo com voz de choro.
— E o que aconteceu?
— Eu me senti estranha logo depois, lembrei de tudo que passei com o Márcio, e fiquei com medo e... sinto que não posso me meter nisso, não agora.
— Nossa Nicole, que merda... _ Gabriel me puxa pra um abraço. _ Mas o que você disse pra ele?
— Eu disse que seria melhor se nos fossemos amigos. _ murmuro.
— Caramba, ele deve ter se sentido mais desprezado que um cachorro de rua.
— É verdade. Mas viu a boca dele? É linda...
— Não duvido nada.
Ficamos abraçados no estacionamento até que Gabriel lembra que realmente temos horário pra voltar. Me despeço da aura confusa do clube e me preparo para encontrar uma outra aura, uma preocupante em casa.
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