Listras, Poesias e Paixões escrita por Geovanna Danforth


Capítulo 18
Seventeen


Notas iniciais do capítulo

Conheço a vida bem o suficiente pra saber que não podemos acreditar que as coisas vão ser sempre iguais, não importa o que a gente queira. Não podemos impedir que as pessoas morram. Não podemos impedi-las de ir embora. Não podemos impedir nós mesmos de ir embora. (Jennifer Niven)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/792763/chapter/18

Paulo recebeu um e-mail na noite passada, ele foi chamado pra um teste na nova faculdade, ele me ligou eufórico quando já se passavam das onze horas, me contando a notícia, isso significava que ele tinha 90% de chance de ser aprovado, eles só precisavam analisá-lo por uma semana pra ver se ele merecia a bolsa, quanta burocracia nessa faculdade, mas a bolsa era integral, então até que eles tinham razão.

Agora eu estava a caminho do terminal rodoviário, Paulo conseguiu uma viagem apenas as cinco da tarde, chegaria exausto em seu destino mas pelo menos poderia dormir bastante já que as atividades não funcionavam tarde da noite nem de madrugada, a não ser sexo e drogas; eu já havia liberado um sermão para Paulo o dia todo sobre o que não fazer dentro de uma faculdade, principalmente quando se é bolsista.

Chego no terminal e o avisto encostado numa coluna olhando algo no celular, me pergunto se ele é fácil de se encontrar ou se meus olhos são atraídos por ele.

— Ei. _ falo quando chego mais perto.

— Oi! Você veio!

Paulo me abraça e me tira do chão.

— Claro que eu vim. _ falo meio sufocada.

Depois que ele me põe no chão nós nos olhamos e sentimos aquela sensação, tão familiar pra nós, sensação de partida, separação.

— Você tá levando algum lanche? _ pergunto.

— Sim, comprei amendoim.

— E desde quando amendoim é lanche?

— Desde quando meu estômago aceita.

Arqueio minhas sobrancelhas indignada.

— Ei, _ Paulo ri _ eu trouxe biscoito, não se preocupa bebê.

Ele me puxa para um abraço e nossos rostos viram em direção ao lugar de chegada dos ônibus, por coincidência o ônibus dele acaba de encostar e nós apenas ficamos parados.

— Acho que vou ter que embarcar, daqui a cinco minutos. _ diz ele.

— É parece que sim, tá nervoso?

— Um pouco.

— Você vai se sair bem. Vai fazer o que ama.

— Sim, não posso me esquecer disso.

— Vai ter horas que você não vai amar mas é normal.

— Como assim?

— Depois você vai entender... _ falo sorrindo.

Paulo encaixa a mão no meu rosto, sabemos o que temos que falar mas não queremos.

— Te amo tá?

— Eu te amo mais.

Ele me beija e depois retruca:

— Eu que amo.

— Duvido, eu amo mais.

Paulo me beija de novo até falar.

— Eu te amo do tamanho do universo.

— E eu te amo do tamanho do inferno.

Ele me encara.

— É, acho que você ganhou.

Acabamos rindo e ele me rouba mais beijos, mais um cheiro, mais um abraço, mais uma mão boba, mais um olhar, até que nos afastamos sem nada dizer.

— Eu vou te visitar. _ sussurro, e ele entende por leitura labial.

Eu apenas recebo o beijo que ele manda pelo ar e o observo entrar no ônibus colocando o fone de ouvido.

***

Meus dias sem Paulo ao meu lado transcorrem como se fossem dias de acaso, faço minhas atividades normais, aproveito a companhia de vovó e Carol, mamãe está envolvida num projeto da escola então está ausente na maioria dos dias da semana.

Gabriel ainda vem me visitar de vez em quando pra desabafar sobre o que sente mas eu meio que estou ficando de saco cheio das lamúrias, a garota nem chegou a ser namorada dele! Imagine que estrago daria se o lance deles fosse mais sério.

Só que as vezes, o lance acaba sendo sério para apenas um lado da relação.

***

P: mano tive um papo mó daora com um morador de rua aqui.

N: Sério? Onde você encontrou ele?

P: no caminho pra cá, ele ficou me falando sobre a história de Jó, conhece?

N: O Jó da bíblia? Conheço, a vovó sempre lê histórias da bíblia pra mim.

P: E como ela está?

N: Está bem, mais esquecida das coisas, faz tudo mais devagar, e continua vendo a novela das oito.

P: haha, sua avó é um amor.

N: ela é sim. S2

Paulo me conta sobre seu quarto pequeno e seu colega meio estranho, ele é nerd, mas Paulo tem a habilidade de permanecer invisível em certos ambientes, então ele não se importa em não trocar palavras com alguém que vai dormir perto dele nos próximos anos.

A faculdade não é enorme mas tem seu prédio bem dividido, Paulo ainda está explorando os espaços e já fez amizade com as mulheres do refeitório, ele é fascinado por comida em geral.

Antes de eu dormir ele liga pra mim pra me mostrar uma música nova que fez, era pra ser meio romântica mas ficou meio safada no refrão, típico dele. E eu logo durmo depois que terminamos a ligação, é como se meu corpo todo relaxasse quando ouvisse a voz dele, acho que isso era uma boa coisa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Listras, Poesias e Paixões" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.