Listras, Poesias e Paixões escrita por Geovanna Danforth


Capítulo 16
Fifteen


Notas iniciais do capítulo

eu estou pronta para você
eu sempre
estive
pronta para você
— a primeira vez
(Rupi Kaur)



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Hoje é sábado e depois da faxina na casa mamãe disse que ia no cabelereiro, eu não tinha a disposição dela então sempre fazia hidratações caseiras. Carol foi pra casa de uma amiga assistir filme, o que me surpreendeu, porque quando eu era da idade dela mamãe não me deixava ir nem olhar os carros que passavam na rua.

Depois de me certificar de que vovó já tinha tomado o remédio dela, fechei a porta e subi pro meu quarto até me assustar com o toque do telefone, eu precisava mudar aquele toque com sons estridentes de guitarra.

— Oi? _ atendo a chamada.

— Oi vida, tudo bem? _ diz Paulo.

— Tudo, você tá onde? _ ouço o barulho da chuva enquanto a observo cair pela janela do meu quarto.

— Tô na rua. Se eu dissesse que tô perto da sua casa você ia me receber?

— Claro, mas por que você tá na rua?

— Tava dando uma volta, abre a porta pra mim?                       

— Quê?

— Abre a porta filha, tô aqui na frente.

— Meu Deus, Paulo... vou te matar.

Jogo o celular na cama e me olho no espelho antes de descer. Uma bermuda preta mais velha que a Carol e uma camiseta do Piu piu cobrindo a minha falta de roupa íntima, ok, o amor supera tudo.

***

Abro a porta e dou de cara com um Paulo meio molhado, pelo visto a chuva não pegou ele em cheio.

— Tem uma toalha pra me emprestar? _ pergunta o cara que faz meu coração disparar, exatamente como nesse momento.

— Claro, entra aí. _ falo e deixo que ele passe por mim, me dando um selinho de olá.

Depois de fechar a porta conduzo Paulo até meu quarto em silêncio, sinto seus olhos no meu corpo enquanto subimos às escadas. Ok, está tudo bem, nunca trouxe nem um homem aqui, então acho que esse momento é marcante.

Depois de entregar uma toalha à Paulo vejo ele tirar a camisa e se enxugar enquanto observa minhas fotos na parede, são pequenas e as organizei nas últimas semanas. Uma foto minha no colo da vovó com a mamãe ao lado, a uns 16 anos atrás, eu no escorregador do parquinho da escola, Nicole com um mês de vida em meus braços na frente de casa, eu e Gabriel na praça tomando sorvete, e assim vai.

— Então seus 21 anos de idade tem sido bastante intensos.

— Sim, mas não tão intensos quanto as últimas semanas.

Sinto Paulo me olhar mas continuo fitando as fotos enquanto meu corpo esquenta, que merda.

— E você, _ falo pra disfarçar _ o que tem sido intenso nesses... 23 anos?

— A vida é intensa quando você vive com intensidade né, a dança é uma coisa intensa pra mim. Uma das coisas...

— Você é um ótimo dançarino.

— E vou te ensinar uns passos. _ diz Paulo do nada colocando a toalha em uma cadeira.

— Não, nem pensar, sou horrível pra essas coisas.

Paulo começa a rir e pega o celular, uma música começa a tocar.

— De quem é essa música?

— Do Chris Brown, _ Paulo me pega pela cintura, _ só sente. Back to love.

Enquanto a música desenrola e a voz melodiosa do Chris ecoa no quarto o corpo de Paulo se movimenta no ritmo e me conduz nos seus passos. Depois ele se afasta e segura minhas mãos, girando meu corpo e me puxando de volta, seu peito se cola em minhas costas e nós voltamos ao ritmo novamente. Essa música é muito boa realmente, eu até fecho os olhos por uns segundos até que sinto os lábios de Paulo em meu pescoço.

— Ei, _ falo _ você não pode interromper a coreografia.

— Imagine se você não soubesse dançar... _ diz ele sorrindo.

— E eu não sei, mas eu finjo que sei.

— Aham.

Paulo me vira de frente para ele novamente e suas mãos começam a passear por meu corpo, como um outro tipo de coreografia, sem que eu perceba as minhas mãos fazem o mesmo e antes de a música acabar nós já estamos nos amassos de sempre, por que somos assim? São hormônios demais. Nem percebo quando outra música começar a tocar, Paulo estava cantando a primeira música segundos atrás mas agora sua boca está ocupada demais, tudo está turvo demais, meio que girando e esquentando, e só sei que preciso sentar quando Paulo nos conduz até a cama e tomba.

— Opa. _ ele resmunga sentando na minha colcha azul cheia de borboletas, ele observa a estampa e depois seus olhos voltam para mim, ainda estou de pé na sua frente, provavelmente toda descabelada, mas talvez eu esteja atraente porque quando eu olho suas íris só consigo ver desejo.

Antes que eu diga alguma coisa suas mãos me puxam pra um abraço que não é só um abraço e eu tento respirar entre os beijos pra não morrer, não posso morrer antes que isso acabe, nunca tive tanta certeza disso.

A chuva caindo lá fora traz um vento frio que entra pela janela do quarto mas ele parece não fazer efeito nem um em nós porque eu só sinto calor, calor que emana das mãos de Paulo por debaixo das minhas roupas e retorna do meu corpo para o dele. E eu continuo ouvindo o barulho da chuva enquanto Paulo conduz meu corpo para o colchão e eu apenas me desfaço.

Não sei quantos minutos se passaram, só sei que meu corpo não é mais meu, ele pertence, mesmo que por apenas esse momento, ao homem por quem eu estou apaixonada. E o melhor de tudo é que ele faz bom proveito, por que acho que de todos que eu poderia escolher para visitar a casa que eu sou, ele foi o melhor.

***

Agora ouço apenas o barulho dos chuviscos que batem na janela, a chuva diminuiu mas Paulo ainda está aqui, seus braços estão ao meu redor enquanto ele se aconchega em minha nuca, de vez em quando murmuramos algumas coisas mas deixamos apenas a música tocar, Chris Brown agora canta Under The Influencer, sei que depois vou fazer uma nova playlist.

— Quero fazer xixi. _ falo.

Paulo me desprende e sigo para o banheiro, minutos atrás vim aqui pra ver se muitos rastros foram deixados pela invasão recente mas nada demais, até minha menstruação não era escandalosa, que bom. Fico me analisando no espelho antes de sair, alguma coisa diferente? Acho que não, a não ser uma marcas vermelhas pelo meu pescoço e nos meus seios, por que eu era tão branca?

Ouço uma batida na porta.

— Oi. _ falo ao abri-la.

— Não é só você que tem bexiga tá? _ Paulo diz.

— OK. _ rio e saio do banheiro.

Me jogo de bruços na cama enquanto outra música começa, Overtime.      

Percebo a movimentação atrás de mim até que as mãos de Paulo se encaixam em meu quadril.

— Então quer dizer que você foi agraciada por Afrodite?

— Hã? _ falo virando meu rosto em sua direção.

— Você tem covinhas de Vênus bebê. _ diz ele enquanto seus polegares pressionam os furinhos na base das minhas costas.

— Ah, isso aí? É tipo uma falha genética né.

— Sim, bem linda.

Sorrio em resposta.

— Mas sem utilidade como todas as falhas...

— Eu acho que serve pra colocar o dedo sabe, tipo pra apoiar.

— Quê? _ pergunto e percebo a resposta em seus olhos, sinto meu rosto esquentar. _ OK, ok... _ falo me desvencilhando. _ Eu acho que já tive experiências demais hoje.

— Então você já tá cansada? _ indaga Paulo rindo e se juntando a mim na cama.

— É... cansada não sei...

Fico sem respostas enquanto ele me abraça e com suas mãos guia cada membro do meu corpo de encontro ao corpo dele, exatamente onde devem ficar.

E a chuva fica forte novamente.


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