Space escrita por Saturn


Capítulo 5
Uranus


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Como sempre, quarta é dia de capítulo novo!
Essa é mais uma das músicas inteiramente instrumentais, o que me deu uma certa liberdade para escrever, mas sempre com o toque da música em foco.
A música, para ouvirem durante o capítulo, é esta: https://www.youtube.com/watch?v=I9u-5S6EEXQ

Imagem inicial, como sempre, feita pela maravilhosa Baby Blackburn
Enjoy it!



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Quando pequeno, minha mãe gostava de me contar lendas de diversos lugares do mundo de onde ela tinha viajado junto com meu pai - a trabalho e por diversão - . Uma das minhas favoritas era uma lenda chinesa, Akai Ito, que dizia que um fio vermelho estava amarrado no tornozelo das pessoas destinadas a ficarem juntas, o fio poderia emaranhar-se e esticar-se durante os anos, mas ele jamais arrebentaria. Por conta dessa lenda, eu encarei a única moça ruiva no meu primeiro ano de Hogwarts, imaginando se seus cabelos cor de fogo teriam algo a ver com a lenda. Mas eu era jovem demais para pensar em qualquer coisa além de pegadinhas com meus amigos. 

Durante anos a lenda restou esquecida. Até hoje.

Meu primeiro encontro com a ruiva era para ser algo calmo em Hogsmeade, e por algum motivo, ao vê-la, lembrei-me da lenda chinesa. Ri comigo mesmo, imaginando que, se ela fosse minha alma gêmea, nosso fio vermelho deveria estar tão embolado que era duvidoso que pudesse ser consertado novamente.

Eu a espero na escadaria, observado a copa das árvores da Floresta Proibida balançarem suavemente com a brisa fresca, pensando com meus botões se sair com Lily seria uma decisão acertada. Durante anos eu a incomodei para que saísse comigo e quando parei, viramos bons amigos, em uma convivência forçada pelas rondas da monitoria e as saídas de Lene com Sirius. Era uma amizade improvável, mas que fazia sentido e era confortável, simples. E nosso primeiro encontro não tinha motivo algum para que não fosse igual. 

Meus olhos arregalam-se minimamente quando vejo a garota descendo a escadaria para me encontrar, com seus cabelos da cor de fogo dançando nas suas costas com delicadeza, como se estivesse em câmera lenta, usava uma roupa simples, calças pretas justas, coturnos com salto baixo e suéter cor de creme. Ela, daquele jeito simples, era mais bela do que qualquer coisa que eu já tinha visto em toda a minha vida. Ofereço meu braço à ruiva, que aceita sorrindo e tomamos a estradinha fracamente iluminada pelo sol que nos levava até Hogsmeade. Conversamos um pouco, tentando contornar o clima estranho que se debatia sobre nós até que chegamos ao Três Vassouras. Não era o lugar mais romântico de Hogsmeade, mas com certeza era onde tinha a melhor bebida, e era daquilo que nós precisávamos, uma bebida quente para nos aquecer e talvez, espantar aquele incômodo que nos cercava. 

Sentamos em uma mesa mais afastada, perto de uma das janelas e nos pusemos a conversar, estranhando o encontro, até que a ruiva suspira e diz:

— Por que não conseguimos conversar normalmente? Isso não é um problema durante os outros dias. 

Eu suspiro, pensando em uma resposta boa o suficiente. 

— Talvez estejamos nervosos com o encontro? É a única coisa que faz sentido para mim. 

Ela concorda, pensativa, então um sorriso ilumina seu olhar e ela fala, com a voz marota:

— Sabe o que nós precisamos? Drinks - Ela acena para Madame Rosmerta e a bela mulher vêm até nossa mesa - Vamos querer quatro doses de Firewhiskey, e mais o que James quiser. 

Olho surpreso para a garota. Jamais imaginaria que a solução dela para passar o incômodo fosse nos embebedar, sempre achei que ela fazia mais o estilo de promover um debate estruturado com mediador. Vivendo e aprendendo.

— Vou querer quatro doses também, Madame Rosmerta. E uns daqueles deliciosos bolos de caldeirão que você faz. 

A mulher anota nossos pedidos e sorri para nós, saindo logo em seguida, com os saltos violeta batendo estrondosamente no chão de madeira e logo retorna, segurando uma bandeja com oito doses de Firewhiskey e alguns bolos de caldeirão. Observo Lily organizando em uma fila na sua frente os quatro copinhos, enquanto eu faço o mesmo com os meus, então, novamente me surpreendendo, a garota fala:

— Que tal tornar isso mais interessante? - Ergo uma sobrancelha, interessado no que ela tem a dizer. Ela toma meu gesto como um incentivo para continuar a falar - Vamos apostar quem consegue virar os quatro copos primeiro. O perdedor paga a conta.

 - Você não cansa de me surpreender, ruiva. No três?

Ela assente e levanta três dedos da mão direita, abaixando conforme contava. 

— Três...Dois...Um...VAI!

Começo a virar os copinhos, sentindo minha garganta queimar a cada dose e, quando bato o último copo com estrondo na mesa e olho para a frente, certo de que havia vencido, vejo Lily já com todos os copinhos virados para baixo e comendo um bolo de caldeirão, olhando divertida para mim. 

Boquiaberto, dou de ombros, aceitando a derrota. O clima se torna mais leve e conversamos algumas amenidades enquanto comemos o restante dos bolos de caldeirão, enquanto ela ri de alguma piadinha idiota, o canto de sua boca fica sujo de chocolate, eu estendo a mão para limpar e uma faísca brota entre nós, deixando novamente o clima tenso. Eu não ouso quebrar o contato visual, como se algo terrível fosse acontecer caso eu o fizesse, ela também não desvia o olhar, e só saímos daquele transe quando Madame Rosmerta diz, bem ao nosso lado:

— Mais alguma coisa, queridos?

Me assusto um pouco e me endireitei na cadeira, não tinha percebido que estava inclinado na direção da garota até então. Lily pede um copo de café para a viagem e eu resolvo seguir a onda. Peço o mesmo para mim e penso com meus botões, será que o encontra estava tão ruim para ela querer sair dali logo?.  Mas quando desvio o olhar para a garota, ela está com o mesmo olhar divertido de antes, quando sugeriu Firewhiskey, fico um pouco temeroso do que ela iria sugerir agora. 

Saímos do Três Vassouras após Madame Rosmerta trazer dois copos fumegantes de café preto, eu pago a conta, honrando a palavra de perdedor da aposta. Olho para Lily enquanto entrego alguns sicles prateados para a mulher que estava com a mão estendida atrás do balcão, eu jamais imaginaria que ela me venceria em uma competição de bebida, ela ri para mim, segurando os copos de café e eu lhe dou língua. 

Saímos do bar e ofereço meu braço para a ruiva, que me entrega meu copo de café e começa a conversar algumas amenidades comigo. Passamos na Dedosdemel, na Zonko’s e na Casa dos Gritos, onde conversamos sarcasticamente, em alto e bom tom, sobre o fantasma que aparecia durante uma parte do mês, gritava e quebrava a mobília. Lily sabia sobre Remus e sabia que tínhamos nos tornado animagos para ajudá-lo, ela também entrou no time e nos esperava toda manhã, nas noites de lua cheia, para ajudar-nos a fechar os ferimentos. 

Caminhamos por mais algum tempo, de braços dados, para lá e pra cá, até uma leve garoa começar a cair, nos obrigando a correr pela estradinha, tentando chegar em Hogwarts o mais rápido possível. No meio do caminho, Lily, rindo com os cabelos ruivos grudados em seu rosto por conta da chuva incessante, grita para mim:

— Deveríamos ter esperado em Hogsmeade!

Eu dou risada e continuo puxando a garota pela mão, e grito de volta:

— E perder você tentando correr mais rápido que eu? Jamais. 

Corremos até chegar na entrada do castelo, onde rapidamente nos abrigamos debaixo do telhado de pedra, com as roupas e cabelos pingando e ainda rindo da ideia de correr pela estrada invés de nos abrigarmos em Hogsmeade. 

— Não foi muito inteligente da nossa parte voltar para o castelo. 

A garota, prendendo os cabelos molhados em um nó no alto da cabeça, se aproxima devagar de mim, coloca suas mãos em meu peito, me fazendo congelar e sussurra roucamente:

— Realmente não foi uma boa ideia - Seus olhos brilham e ela me empurra de volta para a chuva torrencial que apenas aumentava. 

No último instante, seguro seu pulso e a puxo para a chuva junto comigo, a apoiando pela cintura para que não caísse. Ela ri, mas sua risada vai diminuindo conforme nossos olhos se encontram mais profundamente do que no bar. Estava tão centrado em seus olhos e prestes a reclamar quando ela os fechou, mas ela me impediu com um beijo. 

Era a cena mais romântica e clichê possível, nós dois nos beijando debaixo da chuva, com ela bagunçando ainda mais meus cabelos e eu a abraçando pela cintura até tirá-la do chão. Era um bom primeiro encontro. 

E talvez a lenda chinesa estivesse certa, e eu sabia que a garota dos cabelos de fogo, da cor exata do cordão vermelho da lenda Akai Ito, era minha alma gêmea. 


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram?
Eu, particularmente, gosto muito da lenda de Akai Ito, e tive que incluir ela.
Essa também é uma das minhas fanfics favoritas de toda a coletânea, etão eu espero que gostem dela tanto quanto eu.

Sim, o primeiro encontro deles é 90% baseado no primeiro encontro de Peraltiago, em Brookyln 99, porque eu sou completamente cadelinha por esse casal, assim como sou por Jily.

Comentem, favoritem, recomendem e acompanham para não perder nenhum capítulo da coletânea! Toda quarta-feita, direto de Hogwarts.

Se cuidem, lavem bem as mãos, evitem aglomerações e usem máscara!

Até a próxima!

Um beijo :*



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