BOIN - Amor das Profundezas escrita por AJFrancklyn


Capítulo 56
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“— …Não se sabe ao certo quando, onde ou como o Governo construiu grandes naves, e que elas, nesse momento, estão em operação em algum ponto desconhecido.

O jornalista, que entrevistava o convidado por telefone, o questiona:

— Marciolo, você que é correspondente internacional a mais de 15 anos. Isso o que está nos dizendo é fato?

— Olha, Gabine, minha fonte me passou essas informações com 100% de certeza.

— Sua fonte teria como nos repassar mais detalhes?

O repórter de campo rebate imediatamente:

— Sim. Teria. Mas estou tentando falar com ele faz dois dias, e não consigo. Por sorte eu consegui gravar a nossa conversa e disponibilizarei o áudio em meu site pesso…

A ligação caiu.

— Marciolo! Alô! Marciolo!? — Mas não houve resposta. — Parece que tivemos um problema técnico no contato com o nosso correspondente internacional, Marciolo Gadenha, mas assim que conseguirmos reestabelecer a comunicação, atualizaremos tudo o que foi dit…”

 

O programa foi interrompido bruscamente e agora tocava músicas clássicas. Algo que nunca acontecera antes. Algo que passou despercebido por Pedro, ele estava bem cansado e deitou. O sono pesado o arrebatou.

 

Foi com certo incômodo que Pedro se sentou. Logo tocou o pescoço como se procurasse por algo que o tivesse agarrado ali. Mas não havia mais nada. Um vento frio o chicoteou, e o horizonte mostrava nuvens escuras, prenunciando a tempestade que se aproximava. Nova rajada de vendo que lançou areia e grama sobre ele que, ao se proteger, virou-se para o lado e pode ver uma grande baia e, em seu meio, um navio. Ele estava sem velas e aparentemente encalhado. O rapaz não teve boa impressão sobre aquilo.

“Mas é um sonho. No máximo terei um susto ou coisa parecida.”

E avançou até umas das extremidades da baia. Ali chegando, olhou para os lados, pensando nalguma forma de chegar ao navio, que não estava tão distante, mas não encontrava um meio. Confiante e curioso, Pedro se pôs a andar e, se precisasse nadaria, mas, após 300 metros, viu o porque do encalhe (ele entendia assim), pois a profundidade não passava de 40 centímetros. Assim chegou à nau e, com alguma dificuldade, subiu à bordo. Desse modo viu que a nave tinha muitas partes faltantes, não destruídas, apenas faltantes, principalmente à bombordo. Percebeu também que era diferente das outras que vira aportada nas docas. Essa era mais espartana, com os cantos mais agudos, quinas angulares, com mastros mais grossos e mais altos e os entre-mastros eram mais distantes. Também era de uma coloração mais escurecida, em alguns pontos totalmente pretas. Havia tábuas no tombadilho que não estavam acertadas, exigindo cuidado de quem ali caminhasse. Em vários pontos havia mal-acabamento, como por exemplo na amurada externa, com farpas e ripas expostas, um risco para quem ali encostasse. Mas Pedro o fez e, daquela posição, olhou para a grande abertura na lateral da embarcação, onde parte da madeira jazia apodrecida dentro da água, e areia havia invadido o último nível do casco, mantendo a nave naquele estado. Sem ter o que fazer, foi com alguma esperança que olhou para a popa, vendo a cabine do capitão, ao lado as escadas e, logo acima, o timão. Com um sopro de liberdade em seu coração, correu para lá e subiu pela escada da esquerda, se posicionou pouco atrás da grande roda, e observou boa parte da estrutura do navio, que pendia para bombordo. Ver o mar à frente, inflou o seu coração, e desejou navegar. Pedro deu dois passos para frente, e se apoiou na amurada interna. Foi quando uma farpa feriu profundamente a sua mão, mas ele não a recolheu. E o sangue escorreu sobre a amurada, descendo pelas pequenas vigas, até desaparecer por um espaço entre as ripas. Naquele momento um estrondo ribombou, seguido por um tremor que sacudiu todo o navio. Pedro se equilibrou como pode e, quando conseguiu, correu, descendo pela escada e chegando até o lugar próximo ao buraco no casco, mas agora este inexistia, já que tábuas o fecharam. Estas novas ripas destoavam das demais, já que eram de um tom avermelhado. Uma coisa que ele não viu foram letras avulsas que surgiram na parte externa da popa. Elas formavam um nome desconhecido por muitos:

 

“F A _ R _ _ _ A.”

 

Ainda desejoso olhou adiante, e o mar o convidava. Então velas rubras e negras desceram se desenrolando, e logo foram infladas com o vento forte que passou a soprar. Os mastros rangeram junto com as cordas, e o navio tremeu. Pedro retornou para a parte superior da cabine e tocou o timão, que girou ao seu toque. Novo golpe do vento e a quilha desgarrou do banco de areia. Bombordo subiu alinhando com estibordo. A quilha também, ficando rente ao horizonte. Mas o navio não navegou, se portando de forma estranha. Ripas se moviam; parte da amurada, à estibordo, tremia; a quilha parecia solta; e algumas das velas tinham costuras abertas. O rapaz sorriu. Desceu caminhando para o tombadilho, recostou no mastro principal, fechou os olhos e acordou.

 

[O  FA_R_ _ _ A]


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