Foi uma noite diferente das outras. Tanto que Clancy o dono do estabelecimento a colocou para se apresentar primeiro. E geralmente isso é ruim, já que as primeiras que se apresentam, o fazem com a casa quase vazia. Mas foi interessante. Com menos gente a observando, Melissa teve uma desenvoltura diferente, que chamou a atenção dos poucos presentes. Ela mesma estava impressionada com a forma como se apresentava. Girava, rolava, sentava, sorria. Tudo ao som de uma versão remixada do clássico Sweet Dreams do grupo Eurythmics. Conseguiu algumas notas na barra da calcinha pelo desempenho.

Após o show, já na porta do camarim, ela foi abordada por um senhor franzino, na faixa de quarenta anos. Vestia um terno marrom e chapéu cinza.

— Boa noite! — Ele retirou o chapéu em reverência, expondo a calvície.

— Boa noite!

— Eu adorei a forma como a senhorita se apresentou. — Falava de uma forma respeitosa e rebuscada. — Eu gostaria de convidá-la para um encontro.

Isso ele falou com alguma dificuldade e Melissa pode perceber uma timidez velada.

— Vamos sim. Me espera lá fora que vou pegar minhas coisas.

— Tudo bem.

Lá dentro as garotas riram quando a viram entrar, e cochichavam ao vê-la trocando de roupa e pegando suas coisas.

— O Will Lambe-Lambe vai se dar bem hoje. — Falou alto uma das garotas assim que ela saía e todas as outras caíram na gargalhada.

Não tinha porque dar ouvidos a qualquer uma delas. Se tratava dela e da sua capacidade de pagar suas contas. Todo dinheiro seria bem-vindo, mesmo que fosse do…

 — …Will Lambe-Lambe… Onde essas vadias arrumam tanto apelido?

Sim. Esse era apenas um dos que foram apelidados pelas garotas. Tinha o Gustavo Caipirinha: que ganhou o apelido por gostar de pingar limão quando ia chupar as garotas. Daciolo Mamador: que só transava mamando os seios das putas. Felipe Fio-Terra: só conseguia ter ereção com um vibrador enterrado dentro dele. Galego Tripé: acho que esse dispensa comentários, mas as garotas o temiam.

A verdade é que Melissa chegou à rua tentando segurar o riso, o que aconteceu assim que reencontrou Will.

— Então. O que o senhor pretende?

— Não me chame de senhor. Meu nome é Wilson.

— Prazer, Wilson. Meu nome é Melissa. O que você pretende?

— Melissa, com 50 dólares, eu posso chupar os dedos dos seus pés?

Ele retirou o dinheiro da carteira e entregou para a garota.

— Por 50 dólares você pode chupar bem mais que os meus dedos, Will.

Ela segurou no braço dele e foram para o motel nas proximidades.