A Carta escrita por Juliete Silva


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!! Boa leitura.

Capa feita por Fofura.



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Mônica entrou no quarto com um livro nas mãos e fechou a porta atrás de si, a poucos minutos o encontrou no escritório de Juan e o pegou para se distrair. Era um dos poucos títulos que ela ainda não havia lido. Hoje completava uma semana que ele estava viajando a negócios na companhia de Segundo. Agora tudo estava em bem. Ele e o irmão tinham se entendido e selado a paz, ela não precisava mais se preocupar toda vez que o marido precisasse sair de viagem, pois dessa vez, não havia ninguém tentando prejudica-lo. Há poucos dias, recebeu um telegrama dele, dizendo que tudo estava bem, que em breve estaria de volta e o quanto estava com saudades dela e do filho. Mônica sorriu, lembrando-se das palavras do marido e com a mão direita acariciou a barriga, que já começava a crescer. Um filho. Fruto do amor que os unia.

Ela se sentou próximo a cabeceira da cama e abriu o livro, quando um papel dobrado caiu de dentro dele, em cima de seu colo. Mônica colocou o livro em cima da cama pegou o papel, o desdobrou e viu que se tratava de uma carta não enviada de Juan para ela. Franziu a testa, a carta não tinha data, ela correu os olhos pelas palavras e viu que havia sido escrita na época em que eles estavam separados. Suspirou e começou a ler.

 

Mônica, meu amor....

Não sei como começar essa carta. Tenho a sensação de que nada do que eu te disser nesse momento será o suficiente para que você me perdoe, eu confesso que a ideia de você me dizendo que não me ama e não me quer mais ao seu lado me aterroriza. Porém, no fundo, sei que não posso te culpar. Tudo o que eu disse te machucou profundamente. Quando falei para nos separarmos eu pensei estar fazendo o melhor, o certo para nós dois, pois Andrés não descansaria até me destruir e eu não suportava te ver tão angustiada. Mas quando soube no escritório de Sr. Noel por meio de Açucena que você tinha aceitado ir para Campo Real e que logo iria para a capital com sua mãe não foi fácil aceitar. Tão rápido me esqueceu? Meu irmão estaria com o caminho livre para te cercar, tentar fazer sua cabeça contra mim e quem sabe, até te convencer - la a casar- se com ele.

Se soubesse o quanto me doeu dizer tudo o que eu te disse, Mônica...Certa vez te ouvi escondido no escritório de Sr Noel, me sentindo horrível por ser o responsável pela sua dor. Apesar dele me alertar, sempre me dizendo que eu estava sendo precipitado, eu tomei essa decisão totalmente equivocada e hoje me arrependo amargamente. 

A saudade me corroe. Três meses longe um do outro. Como pude pensar que poderia viver longe de você? Que poderia viver sem você? Hoje me lembro que um dia me perguntou se meu barco era mais importante que você. Na época não te respondi, mas hoje eu repito o que te disse uma vez: Nada nem ninguém nesse mundo me importa mais do que você. Você é minha vida. Para sempre. Espero que um dia você queira ouvir minhas explicações e que possa me perdoar, meu amor. 

Para sempre seu.
Juan. 

Mônica secou as lágrimas que escorriam pelo rosto e apertou a carta contra o peito. Depois de ler aquela carta lembrou-se das palavras dele.

" Não me siga. Prefiro sofrer sozinho. "

Não te quero ao meu lado. "

Ela ficou muito ressentida, tanto que não pensava em se reconciliar caso ele a procurasse. Não imaginava que ele teria coragem de afasta-la justamente quando precisavam estar unidos. Ela queria estar com ele, nos bons e nos maus momentos. No começo, ela não imaginava que ele tinha sofrido tanto quanto ela com a separação.

A pressão que sofria de sua mãe, de sua prima Dolores e do próprio Andrés, casar-se com ele era algo que estava fora de cogitação. Depois que descobriu a traição de Aimeé ele foi tomado pela raiva e fez de tudo para prejudicar seu marido, foi capaz de manda- lo para a cadeia por um crime que ele não havia cometido e sequer se importava com seus sentimentos, chegou a dizer por várias vezes que Juan não a merecia, demostrou felicidade quando pensou que ele estava morto e por muitos dias a procurava, imaginando que ela diria sim ao seu pedido de casamento. Isso ela não faria nunca.

Desde o momento que Juan entrou em sua vida e eles se apaixonaram, ela se deu conta que tudo o que sentia por Andrés era pura ilusão, idéias que sua mãe e sua madrinha plantaram em sua cabeça desde que ela era uma menina, a fazendo acreditar que ele era o único homem para ela. Demorou, mas  se deu conta que o Andrés que ela amava existia apenas em seus antigos sonhos de menina. Juan era o verdadeiro amor de sua vida.

— Ah Juan. - Disse olhando para a carta. - Se tivesse me procurado para esclarecer as coisas, se essa carta tivesse chegando até mim antes, eu não pensaria duas vezes em ir com você para onde você fosse, meu amor.

Ela estava tomada pela emoção, tanto que sequer percebeu o barulho da porta da sala sendo aberta.

Pedro e Tuerto conversavam na sala, um estava sentado no sofá e o outro estava em uma poltrona, ambos ficaram de pé quando Juan entrou com uma mala na mão. Mesmo não tendo nenhuma ameaça pairado sobre ele ou sua família, ele só viajava tranquilo sabendo que tinha gente de sua confiança cuidando da segurança de Mônica.

— Voltou rápido. - disse Tuerto. - Tudo saiu bem?

— Sim. - Respondeu colocando a mala no chão. - Tudo bem por aqui?

— Tudo tranquilo, não se preocupe. - Tuerto respondeu acalmando-o.

— E minha esposa?

— Está no quarto. - Pedro respondeu.
Juan agradeceu aos amigos e saiu.

— Sabe Tuerto, antes do Juan sair de viagem eu estava bebendo com o Segundo e comentei com ele que Juan nunca tinha ficado tanto tempo em terra firme. Segundo disse que quando chegassem os filhos isso logo mudaria, que ele mal aguentaria ficar em casa, mas agora, depois de ver como ele voltou rápido e como esta ansioso para ver a senhora Mônica, eu tenho certeza que ele se enganou.

— Eu concordo com você. Nunca vi o Juan assim, tão apaixonado.

Ambos sorriram e foram para a cozinha fazer companhia para Meche e Açucena.

***

Juan abriu a porta e percebeu como o quarto estava silencioso, pensou que Mônica já estivesse dormindo, porém estranhou, pois a luz estava acessa. Por isso entrou com cuidado para não fazer nenhum barulho, então ele a viu, sentada na cama, chorando com um papel nas mãos. Foi até ela muito preocupado.

— Mônica? - ele se aproximou sentando ao lado dela - O que você tem, meu amor?

Ela levantou a cabeça um tanto surpresa, não o tinha ouvido entrar. Olhou-o nos olhos e mostrou o papel para ele, que logo o reconheceu.

—Porque não me mandou essa carta?

Antes de responder, ele secou as lágrimas que ainda rolavam pelo rosto dela.

— Eu achei que você não queria mais saber de mim. Imaginei que sequer a leria. Eu te magoei muito.

— Sim, eu sei. Mas eu ficaria feliz, aliviada em saber que você estava arrependido. Que apesar de ter tomado a decisão que tomou em um momento de impulso, você ainda me amava e me queria ao seu lado. Eu iria com você até o fim do mundo.

Ele ficou emocionado com as palavras da esposa e a abraçou.

Eles ficaram abraçados em silêncio por alguns minutos até ela sussurrar em seu ouvido.

—Nada nem ninguém nunca vai nos separar.

Ele desfez o abraço, mas a manteve nos braços. Acariciou seu rosto e completou.

— Nem sequer a morte.

Selaram a promessa com um beijo. Se amavam, eram um do outro por toda a eternidade.


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