Audeline escrita por Jardim Selvagem


Capítulo 19
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Música: Bloodletting - Concrete Blonde

Gente, desculpem pela demora! A vida pessoal anda uma bagunça, aí já viu né... Mas continuo por aqui! ❤️



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Bella acordou com uma dor de cabeça pulsante. Ela fechou os olhos, massageando as têmporas. Aquele seria um longo dia. Não se lembrava de ter bebido na noite passada, mas o que sentia agora era definitivamente uma bela ressaca.

Abriu os olhos um de cada vez, tentando acostumar-se à luz matinal. Fez uma careta. A enxaqueca pareceu piorar, como se alguém pisoteasse seu cérebro ritmicamente, um dois, um dois, um dois. Olhou o relógio. Dez horas, doze minutos e vinte e um segundos. Droga! Estava atrasada. Teria de ir até o outro quarto arrastar Angela para fora da cama, fazer o check-out do hotel e ir direto para o aeroporto pegar o voo de volta para Forks. 

Só percebeu que aquela não era a suíte do hotel quando pôs os pés para fora da cama. Mas o que —

Um dois. Mais um golpe em seu cérebro e a noite anterior veio sobre ela como uma onda gigantesca, encharcando-a, inundando-a, os detalhes invadindo seus ouvidos e zunindo nos tímpanos. 

Bella tinha acordado entre os lençóis de um estranho. Mas não um estranho qualquer. Um estranho chamado Edward Cullen. 

Ah meu Deus, será que nós… Ela se virou de súbito para trás, mas o outro lado da cama estava vazio. Olhou para si mesma. Ainda usava a mesma roupa de antes. Estreitou os olhos, vasculhando na memória algum detalhe sobre os últimos instantes da madrugada, mas não conseguia lembrar-se de nada.

Levantou-se. Buscou os sapatos (estavam debaixo da cama), procurou por ele (estava sozinha), pegou a bolsa (estava no sofá), encarou-se no espelho (estava terrível). Passou a mão pelos cabelos, penteando os fios, tentando recuperar o pouco que lhe restara de dignidade. Notou que o batom estava borrado, e seus lábios tinham o inchaço de quem passara horas e horas b… 

Não não não. Não vou pensar nisso. Não posso pensar nisso. Eu não estraguei tudo. Eu não coloquei tudo a perder.

Saiu do apartamento como uma criminosa em fuga, entrou no elevador e desceu até o térreo. Os porteiros sorriram e acenaram para ela como se compartilhassem uma piada particular. 

Bella ligou para Angela. Ela atendeu na quinta chamada.

— Angela…

— Bella, ah meu Deus! Eu ia ligar agora para você! Onde você foi parar? Está tudo bem? — Angela fez uma pausa. — Droga, estamos atrasadas! Precisamos correr e…

— Você pode me buscar e daqui vamos direto para o aeroporto. O que acha? 

— Boa ideia! Onde você está?

Bella compartilhou sua localização com a amiga pelo celular. Elas se despediram, Angela prometendo chegar ali em menos de trinta minutos. 

 

 

Pelo jeito alguém se deu bem na noite passada, Angela pensou ao se deparar com os cabelos despenteados, os olhos desfocados e os lábios inchados da melhor amiga. 

Elas não trocaram uma palavra sequer durante todo o voo. Apesar da curiosidade que gritava dentro dela, Angela não perguntou a Bella o que acontecera. Ela já tinha aprendido a lição. Depois da última vez, quando Bella surgira em sua casa com o corpo trêmulo e os olhos cheios d’água e se recusara a responder a qualquer uma de suas perguntas, Angela prometera a si mesma que nunca mais se intrometeria onde não era chamada. Se Bella não quisesse contar nada para ela, bom, paciência.

Angela virou o rosto para a janela do avião, olhando para o emaranhado de nuvens no céu. Sua cabeça repassava a noite anterior, o esbarrão com James Witherdale, a longa conversa entre os dois, a troca dos números de telefone. Ela poderia ter contado sobre isso para a mulher ao seu lado, mas que importância aquilo tinha? Não era como se contar a Bella sobre seu encontro com James fosse uma questão de vida ou morte. 

Sim, estava decidido. A partir de agora Angela ficaria de boca fechada sobre sua própria vida. 

Assim, quando Bella perguntou:

— Como foi a festa ontem?

Angela disse apenas:

— Boa. 

Elas aterrissaram em Forks em silêncio, dividiram um táxi em silêncio, chegaram em casa em silêncio, assistiram a um filme em silêncio, jantaram em silêncio. Aquela pergunta no avião foi o único diálogo concreto entre as duas nos próximos dias. 

 

 

Aquela semana cansativa resumiu-se em idas ao centro da cidade para consertar o computador de Rosalie, buscas fracassadas por doadores de três litros de sangue humano e o acompanhamento obsessivo das informações do rastreador. 

 Na primeira vez, enquanto Rosalie estava na casa de Emmett, Leah e Bree tinham ido parar em frente a um enorme portão com um cadeado grande e velho. Elas tentaram de tudo, mas não conseguiram destrancá-lo. Pelo jeito um dia decepcionante para todas, Rosalie pensou. Naquele dia Victoria e Laurent certamente sugaram algum pobre humano de canudinho, e elas, mais uma vez, não puderam fazer nada para impedi-los. E mesmo que pudessem, Rosalie acrescentou, não fariam lá muita coisa: o problema com a falta do veneno pronto ocupava as esquinas de seus pensamentos, como uma placa gigante e fluorescente que lembrava que elas não tinham nada verdadeiramente eficaz contra vampiros, apenas as porcarias de umas estacas e revólveres com balas de prata. Só Deus sabia o quanto Rosalie tentava não explodir e descontar sua frustração em Leah e Bree.

Já eram dez horas da noite (Rosalie sabia porque esse era o horário do novo episódio de Criminal Minds) quando as outras chegaram em casa. 

— Como foi hoje? — Rosalie perguntou enquanto assistia à televisão com um balde de pipoca caramelada no colo. 

Leah deu de ombros.

— O de sempre, barzinhos suspeitos e boates obscuras. 

— Aquela ruiva é um tédio, hein? 

— Opa… — Bree sentou-se ao seu lado assim que ouviu a música de abertura. — Episódio novo?

— Aham. — Rosalie passou o balde de pipoca para Bree.

Leah encarou as duas, incrédula.

— O que foi? — Rosalie perguntou assim que percebeu o olhar de Leah.

— Nada. — Sentou-se no sofá. — E o seu computador? Alguma notícia?

Rosalie olhou para ela, compreendendo a pergunta implícita.

— As coisas estão encaminhadas. — Para lugar nenhum, acrescentou mentalmente. Onde estavam os litros de sangue humano quando Rosalie precisava deles? 

— Ótimo — Leah disse, a voz monótona. 

Ela esperou o episódio acabar para tomar o controle das mãos de Rosalie e trocar para o canal de notícias. Bree e Rosalie começaram a protestar (depois de Criminal Minds passaria Castle), mas calaram-se de súbito diante dos primeiros minutos da reportagem. Bree engasgou com a pipoca, e Rosalie aproveitou a oportunidade para bater forte em suas costas até ela tossir o floco que se prendera em suas vias respiratórias. 

Na última notícia, o repórter comentava sobre a morte de uma jovem num famoso festival de música alternativa que ocorreu nos dias anteriores em Phoenix. Enquanto ele falava, a tela exibia a foto de uma garota loira, bochechas queimadas de sol, a boca curvada em um sorriso doce. Rosalie fixou os olhos na imagem. Algo não estava certo. A menina era muito parecida fisicamente com as outras mulheres que elas…

A reportagem cortou para o testemunho da última pessoa a ver a garota viva, uma amiga que a acompanhava no festival. Os olhos vermelhos e as olheiras fundas da moça fizeram Rosalie se mexer no sofá, desconfortável. A testemunha claramente se segurava para não cair aos prantos, as mãos trêmulas segurando um lencinho.

— A última vez que você viu sua amiga foi por volta das 18h, quando ela saiu do seu lado para ir até o estande de bebidas? 

A garota assentiu, lábios trêmulos, nariz e olhos vermelhos.

— Da onde você estava, ainda conseguia vê-la?

— E-eu vi uma garota parecida com ela esperando na fila, sim. Mas ela parecia estar acompanhada de um cara de capuz, então n-não acho que era…

— O que a faz dizer isso?

— B-bom, ele esperou ao lado dela enquanto ela pegava as bebidas. E… e depois eles foram embora j-juntos.

A reportagem mal terminou e as três já se entreolhavam. 

— Vocês acham que… 

— Bom, ela se encaixa no perfil, não se encaixa? — Rosalie interrompeu Bree. — E já se passaram seis meses, então…

— Victoria e Laurent não têm nada a ver com isso — Bree disse. — Olhem. 

O celular de Bree estava no aplicativo do rastreador. A tela mostrava que a Blazer de Victoria passeara por Forks durante todos os dias do festival. 

— Só nos resta então… 

— Os amigos do Emmett — Rosalie completou a frase de Leah. — O problema é descobrir qual deles.

— Não sei… 

Bree e Rosalie olharam para Leah. Sua testa carregava linhas profundas. Para Rosalie, Leah de repente era uma anciã.

— O quê? — Rosalie disse. 

— Isso tudo está muito… estranho. 

— Estranho como? — Bree perguntou.

— Não é o mesmo comportamento. Desta vez ele parece mais… desleixado. Vocês não acham que ele se arriscou muito ao abordar uma vítima num festival daquela proporção? Com milhares de testemunhas em potencial? 

Rosalie deu de ombros. 

— Você disse meses atrás que o descontrole era questão de tempo, não disse? 

— Sim, mas eu me referia a uma gradual redução do intervalo de tempo entre os assassinatos. Não a caçadas impulsivas como essa. Isso parece obra de um… 

— Vampiro recém-nascido — Rosalie completou, e Leah assentiu. — Tudo bem, isso tudo está mesmo estranho, já que… 

— Ah meu Deus, eu estava certa… — Bree virou-se para Rosalie com um sorriso enorme, ombros erguidos. — E você estava errada! 

— Mas do que você tá… 

— Meu Deus, eu estava certa, eu estava certa e você estava errada, não acredito… — Bree sorria como se aquela fosse a primeira vez na vida em que estava certa sobre algo.

— De que merda você tá falando, garota?

— O que vocês acabaram de dizer. São dois, no final das contas. 

Rosalie olhou para Leah, em busca do seu habitual revirar de olhos, mas sua expressão era compenetrada, atenta às palavras de Bree. 

— Dois? — Leah perguntou.

— Dois. — A voz de Bree era firme. — Estamos atrás de dois vampiros: um que acabou de ser transformado e outro com séculos de existência. 

 

 

    Billy Black não costumava ir além do que seu trabalho pedia, e certamente não fazia o que estava fazendo naquele momento, mas sua intuição — enrugada e exausta, mas ainda viva — era tão forte que ele não poderia mais ignorá-la. Sua intuição afirmava em alto e bom som em sua mente: seu cliente esconde alguma coisa.

    Desde que chegara a Forks, pedira ao filho para contratar alguém que acompanhasse os passos de Angela Weber. Essa tarefa seu filho poderia gerenciar sem problemas. A outra, — mais importante e mais perigosa, se a intuição dele estivesse correta — ele mesmo faria o serviço. 

    E era por isso que tinha se enfurnado no minúsculo carro do filho, uma sombra em meio à fileira interminável de veículos perto da saída do aeroporto. Ele estava esperando ali desde o início da manhã. Agora eram quase três horas da tarde, o estômago vazio parecendo digerir a si mesmo, a cabeça latejando como o inferno, mas Black tinha a paciência intacta. Sabia que James comprara a passagem de volta a Forks, uma clara tentativa de acompanhar Angela Weber de perto. As tendências obsessivas do comportamento de James tornavam-se cada vez mais evidentes aos olhos de Black.

    Após longos minutos, saiu do aeroporto um homem alto de capuz cinza e óculos escuros, alguns fios loiros caindo na testa, carregando malas pretas com o monograma JW. Billy empertigou-se no banco, os dedos fechando-se no volante. Assim que James Witherdale entrou num táxi, Black pisou no acelerador.

    Enquanto seguia seu cliente silenciosa e cautelosamente, ele esperava que James estivesse a caminho de algum hotel caro num bairro nobre, mas James quebrou suas expectativas quando o táxi estacionou próximo a um edifício suspeito num beco obscuro no centro da cidade. Black anotou o endereço e o número do local antes de ir embora. Precisaria dessas informações, afinal, voltaria à noite para vigiar seu cliente. 

   

 

A consciência moribunda de James não sabia como lidar com tanto sangue em suas mãos. No jornal, nas páginas da internet e nos canais de televisão, tanto faz, não havia escapatória, o rosto da jovem onipresente, uma imagem amaldiçoando-o toda vez que ele fechava os olhos. 

Por um segundo de irracionalidade, James considerou voltar para Victoria e lhe pedir orientação. Estava fora de controle, estava fora de si, queria e ao mesmo tempo não queria fazer o que vinha fazendo, mas quando sentia aqueles cheiros e via aquelas peles e enxergava aquelas veias, seus olhos anoiteciam e reduziam-se a túneis, cuja única luz de guia era o sangue, sangue sangue sangue san — 

Atirou a cadeira do quarto contra a parede, quebrando-a aos pedaços, uma pilha de poeira e madeira no chão da pensão.

Não, não imploraria pela ajuda de ninguém, muito menos daquela vadia de cabelos vermelhos.

Faria as coisas do seu jeito. Faria as coisas sozinho. Cansou-se de Victoria e seu tom condescendente, cansou-se de Black e sua hesitação em aceitar suas teorias, como se ele não soubesse o que estava dizendo.

Pegou do frigobar algumas garrafas de cerveja e as esvaziou uma a uma, empurrando-as goela abaixo, o gosto de malte envolvendo sua língua, mas seu paladar exigia outra coisa. 

A imagem da poça de sangue no chão daquela boate na rua sem saída veio à sua cabeça como um lembrete inoportuno. 

Talvez… 

O monstro em sua cabeça tentava negociar com sua consciência anêmica. Talvez nós encontremos um meio-termo… 

James parou. Sim, um meio-termo. Ele poderia muito bem satisfazer-se sem tirar a vida de ninguém. Ele foi capaz de machucar todas as suas namoradas sem levantar suspeitas, não foi? Foi capaz de estrangular Giulia sem matá-la de fato, não foi? Então James seria perfeitamente capaz de sugar um humano e deixá-lo apenas com o suficiente para continuar vivo. 

Só precisava de… prática

Olhou para o relógio decrépito na parede do quarto. Dali a alguns minutos seria meia-noite. 

De repente ele sabia o que deveria fazer. Ou melhor: onde deveria estar. 

 

 

Aquele bairro continuava exatamente o mesmo. James olhou ao redor, atento aos humanos risonhos que passavam nas calçadas e aos vampiros que os seguiam nas sombras. Com sua visão aguçada, ele de repente enxergava o que nunca soube antes: os vampiros infestavam aquele lugar, uma praga imperceptível a olhos humanos, mas mortífera. Era quase cômico: todos aqueles humanos, rindo e se divertindo, seguros de si mesmos, sem saber que eram nada mais do que presas confortavelmente deitadas na toca do predador. Um verdadeiro banquete ao ar livre. 

Um banquete do qual adoraria participar, James pensou quando uma mulher apressada e desatenta passou ao seu lado. Mas ele tinha um objetivo naquela noite e não poderia dar-se ao luxo de perder o foco. 

Atravessou o posto de gasolina abandonado e adentrou a rua sem saída, deparando-se com o sobrado escuro já tão familiar. A casa estava lotada, como ele esperava, as varandas do segundo andar cheias de pessoas bebendo e dançando de acordo com o ritmo da música obscena. 

Assim que James entrou, notou os olhares de reconhecimento dos outros vampiros, como uma identificação em um clube secreto. Olhares que diziam: você é um de nós. Ele tirou os olhos dos outros de sua espécie para cravá-los nos humanos ao seu redor. A maioria estava na pista de dança, enquanto alguns encontravam-se no bar. 

James só percebeu que reproduzia a estratégia de Victoria quando sentou-se ao lado de uma humana solitária, já entorpecida depois de inúmeros shots de tequila. Ela usava uma blusa preta de alças finas que deixava à mostra uma extensão tentadora de pele. Os olhos dele acompanhavam a curva do pescoço, o colo emaciado e desciam até os braços frágeis da mulher. Ele engoliu o fluxo de saliva em antecipação ao que faria. 

Estava prestes a falar com ela quando ouviu uma risadinha angelical do outro lado. Virou-se e encontrou Laurent empertigado na banqueta, pura escuridão em suas roupas de seda e cabelos negros. 

— O que você…

— Praticando o que aprendeu com ela, James? — Ele gesticulou discretamente para a humana.

— Está me seguindo por acaso? Victoria mandou você até aqui? 

Laurent abriu um sorriso felino.

— Não seria necessário. Você é previsível demais para isso.

— Então que merda está fazendo aqui? 

— Posso dizer que merda você está fazendo aqui… — Laurent deu um gole demorado em sua bebida, como se não tivesse pressa nenhuma em terminar aquela conversa. — Precisa se alimentar, mas desta vez quer fazer isso adequadamente. Como um de nós. 

James calou-se a contragosto. Não havia o que rebater diante da verdade.

— Não se engane, James. A fome… ela é eterna. Alimente-se o quanto quiser, nunca será o suficiente. Você deve aceitar isso desde já. A nossa fome é imutável. O único fator que muda é nosso autocontrole. — Aproximou-se de James e apoiou uma das mãos em seus ombros. — E você está precisando desesperadamente de controle, imagino.

James afastou-se de Laurent.

— Não preciso dos seus…

— Você precisa de uma fonte. 

Silêncio. 

Fonte? Do que está falando?

— Ah, mas você não precisa de nós, não foi o que disse?

Laurent ameaçou levantar-se e ir embora, mas James o forçou a permanecer ao seu lado. 

Explique.

Laurent deu um suspiro profundo como se dissesse já que insiste…, mas James o via perfeitamente, enxergava a verdade por trás daquele teatrinho. Para ele, Laurent não passava de uma marionete cujas cordas Victoria manipulava ao seu bel-prazer. As curvas arrogantes de seu sorriso, a postura impecável, o tom condescendente… Detalhes vazios. Dissimulados. Apenas uma fachada sob a qual Laurent se escondia. 

— É um conceito simples. Até você conseguirá entender. Chamamos de “fonte” o humano do qual nos alimentamos com certa regularidade. É uma relação…

Parasitária, James pensou.

— … simbiótica. Há vantagens para os dois lados: nós temos alimento à nossa disposição sem grandes esforços; e o humano continua vivo… É uma troca justa, eu diria.

James não acreditava no que estava ouvindo. Como alguém seria estúpido o suficiente para ceder de boa vontade seu próprio sangue para alimentar um monstro?

— E não, ao contrário do que você está pensando, não é difícil encontrar um humano que se disponibilize a isso. É tão fácil que chega a ser um processo tedioso, na verdade.

Laurent fez uma pausa dramática antes de continuar: 

Faça com que se apaixonem por você. Faça com que pensem que o amor de vocês é eterno, que você os ama, que apenas não consegue se controlar perto deles porque, oh meu Deus, o sangue deles é o único de sua vida, o mais irresistível que você já provou em séculos… — Laurent deu mais um longo gole em sua bebida. — Talvez não fosse tão simples se não existissem todos esses filmes e livros sobre nós… É como querer arrancar doce de uma criança e a encontrar oferecendo-o para você com um sorriso de agradecimento no rosto. — Ele riu. 

James olhava para Laurent, mastigando e absorvendo suas palavras. 

— Arrume uma fonte para si. E quando secar, James… Quando a fonte secar, porque ela sempre seca… — Laurent estalou os dedos. — É só ir em busca de outra.

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler! Comentários são sempre bem-vindos! :)



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