Pelos Velhos Tempos escrita por Shakinha


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Nunca escrevi com esses personagens, então me perdoem caso estejam OOC (eu juro que tentei fazer o meu melhor).



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Luna percorreu a estrada de Hogsmeade até os portões de Hogwarts, onde aguardou. Segundo a carta da diretora, um professor viria recebê-la logo e não demorou para que ela visse alguém vindo pelo caminho contrário.

‒ Mas que surpresa agradável! – Ela comentou com um sorriso no rosto ao ver quem chegara para abrir o portão. – Meu velho amigo Neville! Ou devo dizer, Professor Longbottom?

Ele riu enquanto saía do caminho após abrir, dando espaço para que ela entrasse.

‒ Apenas Neville, por favor. Sou o Professor Longbottom somente para as crianças.

Eles se abraçaram antes de Neville fechar o portão e seguiram caminho até o castelo. Quando Luna escrevera para a escola perguntando se podia buscar os filhos pessoalmente para o feriado de Páscoa, a diretora McGonagall achou estranho, mas não fez objeções. Era muito raro que algum aluno fosse buscado por um parente direto na escola em vez de pegar o trem, mas a diretora se lembrava bem da jovem Luna para saber que ela não era uma mãe tradicional.

‒ E então, – Neville puxou assunto quando chegavam ao hall de entrada. – O que houve para que você viesse pessoalmente buscar os meninos?

Luna sorriu, olhando em volta e captando cada detalhe do castelo como se fosse a primeira vez que pisava ali.

‒ Eu só queria ver Hogwarts de novo, faz tempo desde a última vez que pisei aqui. Ah, e é bom que aproveito para conversar com você, soube que Lorcan anda criando problemas.

Os gêmeos de Luna, Lorcan e Lysander Scamander, estavam no terceiro ano da escola e Neville os conhecia bem, ainda que nenhum deles estivesse em sua casa.

‒ Eu não diria que ele anda criando problemas, é só que... Luna? Por que está tirando os sapatos?

A mulher estava apoiada na parede, tirando os sapatos e guardando-os na bolsa.

‒ Ah, sim, me desculpe. É que também sinto falta de sentir o chão de Hogwarts. Sabe, você pode ver muita coisa com os pés, eles podem sentir mais do que você pensa.

Ele a encarou, tentando entender. Mas era Luna, poucas pessoas tinham a habilidade de compreendê-la. Continuaram andando.

‒ Gostaria de visitar a minha sala? Assim podemos conversar confortavelmente e posso mandar uma coruja aos meninos para que nos encontrem lá.

‒ Seria ótimo!

Eles foram até a sala de Neville, que ficava perto da saída para as estufas. A sala era arejada e espaçosa, contendo um armário e várias prateleiras preenchidas por livros e vasos de plantas. Dois sofás e a mesa do professor completavam o visual, além de uma flâmula com o brasão de Gryffindor logo atrás da cadeira.

‒ Aposto uma cesta de ameixas dirigíveis que você gostaria de ter montado seu escritório dentro de uma das estufas.

‒ Infelizmente não seria possível. – Ele riu. – Perturbaria muito as plantas. Essas que tenho aqui são algumas pequenas que posso ter por perto, com algum valor sentimental ou que precisam de cuidados especiais. – E então apontou para um tipo de cacto ao lado da mesa. – Aquela ali, por exemplo, é a mimbulus mimbletonia que ganhei aos 14 anos.

‒ Puxa, é daquela época? Está bem conservada.

Neville sorriu orgulhoso e indicou um dos sofás para Luna, sentando-se no outro.

‒ E então, o que Lorcan aprontou desta vez? Ele não costumava causar encrencas em sala de aula.

‒ Bom... – Ele coçou a cabeça, pensando em como contar. – Ele afanou uma planta de outra estufa durante a aula de Herbologia e causou pânico nos colegas.

‒ Céus, mas que tipo de planta?

‒ Nada menos do que um visgo do diabo.

Luna parou por um momento, tentando imaginar a situação.

‒ Mas como...

‒ Ele deixou debaixo da bancada. – Neville antecipou a pergunta. Ora, como uma planta que prefere ambientes escuros causaria problemas a alunos dentro de uma estufa? No ambiente seguro debaixo da bancada. – E como sei que foi Lorcan? Ele assumiu que só queria pregar uma peça.

‒ Gostaria de saber com quem ele anda aprendendo sobre pregar peças, tenho certeza de que eu e Rolf não encorajamos esse tipo de comportamento.

‒ Às vezes não se pode prever o comportamento dos garotos. Sério, trabalho com muitos deles e a cada ano aprendo algo novo.

‒ Oh, mas ele não poderia ter causado um dano sério aos colegas?

‒ Por sorte foi um vaso pequeno, da preparação dos alunos de sétimo ano para os N.I.E.M.s. Eu deixo a estufa trancada, mas o que um accio não consegue, não é? Pelo menos agora me lembro também de bloquear as estufas contra feitiços desse tipo.

‒ Achei que só ensinavam esse feitiço no quarto ano. Bom, é o que eu me lembro.

‒ Sim, sim... Mas alguns aprendem com os mais velhos.

Luna suspirou, olhando para as próprias mãos. Lysander era tão calmo e tranquilo, mas Lorcan sempre quis se mostrar mais, falar mais, agir mais... Ser mais.

‒ Será que errei com ele? Será que acabei atraindo muitos zonzóbulos para a cabeça dele e ele ficou tão confuso que agora gosta de atormentar outros colegas?

‒ Não! – Neville passou para o assento ao lado da amiga. – Claro que não. De onde eu estou, vejo bem quais são os garotos que realmente querem causar problemas e quais querem chamar atenção. Lorcan é claramente do segundo grupo. Desde que me tornei professor, tenho feito um trabalho pesado contra essas ocorrências e, convenhamos, tem dado resultado. Situações assim tem diminuído bastante.

‒ Isso é bom. – Ela sorriu. – Gostaria que tivessem feito isso na nossa época.

‒ Eu também, Luna... Eu também.

Os dois ficaram um breve momento em silêncio até Neville se levantar e ir até o armário. Tirou de dentro dele uma garrafa e ofereceu para Luna.

‒ Aqui, um presente para você e Rolf. Hannah e eu resolvemos experimentar fabricar nossas próprias cervejas artesanais para o Caldeirão Furado e estamos testando. Se gostarem, podem passar lá para comprar mais.

‒ Uau! Professor, ajuda os alunos, cervejeiro... Neville, tem alguma coisa que você não faça?

Ele riu.

‒ Esqueceu diretor de casa. – E apontou para a flâmula de Gryffindor pendurada atrás da mesa. – Sobre a cerveja, nós estamos fazendo totalmente sem magia. É uma legítima cerveja muggle. Poderíamos, inclusive, vender fora do Caldeirão Furado que ninguém perceberia a diferença.

‒ Cerveja muggle? Agora até eu fiquei surpresa. Algum motivo especial para isso?

‒ Bom, nós queríamos servir algo diferente e um dia experimentamos uma cerveja muggle deliciosa. Nunca pensei que fosse ser tão bom e resolvemos trazer essa experiência para outros bruxos. Realmente espero que você e seu marido aprovem.

‒ Um bom presente de um velho amigo. – Ela se levantou, dando um abraço em Neville. – Sabe... Vale a pena ter poucos amigos, mas verdadeiros, em vez de muitos que te esquecem no dia seguinte. Guardo vocês no coração.

Neville se lembrou da pintura no teto do quarto de Luna. No dia de seu casamento, ela mostrou aos amigos que transformou a pintura em um quadro para levar para sua casa nova.

Luna voltou a se sentar para calçar os sapatos de novo.

‒ Acho que já está na hora de encontrarmos os meninos. Nessa Páscoa vamos visitar o bisavô deles, acho que vou levar a sua cerveja para tomarmos juntos em família.

‒ Newt Scamander? Mande lembranças de Hogwarts. Vai ser um orgulho alguém ilustre como ele experimentando a cerveja que eu e minha esposa criamos.

Os dois saíram da sala e logo viram dois garotos se aproximando. Idênticos, um deles usava gravata azul e vinha com uma expressão não muito boa no rosto, enquanto o outro, que usava gravata amarela e um colar de rolhas de cerveja amanteigada, vinha com uma expressão leve e sorridente. Lysander foi logo abraçando a mãe.

‒ Que surpresa você ter vindo nos buscar! Quase não acreditei quando vi o bilhete do professor Longbottom.

‒ Não foi surpresa, Lys, ela avisou que viria duas semanas atrás. – Lorcan revirou os olhos.

‒ Lorcan, seja gentil com seu irmão. – Luna o repreendeu com certa suavidade. – E teremos uma boa conversa quando chegarmos em casa, mocinho.

Ela se despediu de Neville com mais um abraço e deu as mãos aos filhos para saírem juntos. Lorcan aceitou meio a contragosto e Lysander ainda acenou mais uma vez para o professor antes de saírem para o hall de entrada.

Neville ficou parado, encostado na porta de sua sala, lembrando dos velhos tempos. Quantas lembranças, boas e ruins, eles conservavam daquela época. Na sua opinião e, provavelmente na de Luna também, a melhor delas era a AD. Rindo para si mesmo, ele se dirigiu às estufas para verificar algumas plantas e, ao entrar, tirou os sapatos. Luna estava certa. Era bom sentir a terra.


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