Um mar de distância escrita por Kacchako Project


Capítulo 6
Capítulo 6 - Humanos




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— Será que tem café nessa espelunca? — Katsuki perguntou ao se acomodar em uma das cadeiras do quiosque. Era cedo, a praia estava pouco movimentada e ele tinha certeza que era o primeiro “cliente” do dia.  

— Bakubro! — Eijirou exclamou felicíssimo, abraçando-o de maneira desajeitada por cima do guichê. — Parece que o campeão tá mesmo em casa. Bem-vindo de volta, Bro!

— Tsk… Já deu, Bro — falou, dando dois tapinhas nas costas do amigo, apesar da carranca matutina, ele estava contente por rever o amigo/irmão.

De maneira geral, Bakugou estava feliz por estar em casa novamente. Após passar um trimestre inteiro na América, entre treinamentos, competições e disputando a Championship Tour, ele precisava desfrutar de um ambiente familiar e de uma temporada de calmaria, afinal o atual campeão mundial de surf também merecia um pouco de descanso como recompensa. E que lugar melhor do que o paraíso que chamava de lar?    

— Ué… Cadê o resto do pessoal? — Eijirou perguntou ao perceber que ele estava sozinho. 

— Ficaram lá no Havaí — respondeu, indiferente. — A velha acha que é uma puta empresária, aí quis ficar pra resolver algumas merdas de patrocínios e outras porras que eu não tenho saco...      

— Hum… Pensei que gostasse de saber onde colocam sua assinatura… Não me diga que tava com saudade, Bro? — questionou em tom zombeteiro enquanto preparava o desjejum.

— Tsk… Não fala merda, Kirishima! — Desviou o olhar para o mar. — Só queria saber como as coisas estavam por aqui. E aí, vocês assistiram a final?

— Se a gente assistiu? — perguntou retórico, servindo um café para os dois. — Bro, essa pergunta não é nada máscula! Nós montamos um mega telão na praia! A cidade inteira veio ver, foi tipo um festival, montamos um palco, teve música ao vivo, teve comida e ainda fizemos...  

E enquanto tomava o café da manhã, ouvindo Eijirou falar sem parar sobre a festança que aconteceu no dia da final da Championship, sobre seu relacionamento estável com Ashido, mesmo ela cursando a faculdade na outra cidade, e sobre as últimas fofocas das redondezas; Katsuki perdeu-se na própria nostalgia. Nunca admitiria em alta voz, mas, sim! Ele estava morrendo de saudade de casa, assim como da empolgação do amigo. Era foda surfar as ondas insanas do Havaí, competir entre os melhores surfistas do mundo, bem como receber o título de campeão mundial. Sentia-se um puta vencedor fazendo o que havia nascido para fazer; porém, desde que se despedira de Ochako, há três anos, o único céu que aplacava a melancolia que vivia era o céu estrelado de Joudagahama.   

Isso mesmo! Fazia três anos que não via, não ouvia, não sentia ou tinha notícias de Ochako. Puta merda! Quando parava para pensar, nem acreditava que realmente se passara tanto tempo desde aquela merda de promessa; desde que concordara com uma ideia estúpida só por causa de uma lenda idiota; que se despediram com um beijo, ao pôr do sol, às vésperas do inverno; e três anos que sofria, silenciosamente, com a ausência de sua sereia. 

Se não bastasse a falta gritante em seu peito, à medida que ele mergulhava de cabeça no surf profissional, as doces lembranças de Ochako ficavam cada vez mais parecidas com um sonho distante. E ele não queria de jeito nenhum que isso acontecesse, na verdade, queria que permanecessem reais, como de fato eram, e que fossem quase tangíveis, exatamente como haviam sido; por isso, resolvera voltar sozinho a sua pacata cidade.   

Katsuki precisava renovar o fôlego e continuar remando, pois prometera esperá-la; era isso ou ter que começar a lidar com o fato de que, talvez, ela nunca mais voltasse. Mas a última possibilidade era uma bosta tão grande que ele preferia nem cogitar, e como não podia ceder aos impulsos de procurá-la pelos sete mares, restava-lhe apenas aguardar e enfrentava resoluto as noites saudosas. Mesmo que, por diversas vezes, o breu da saudade parecesse querer tragá-lo, como uma maldita tempestade em alto mar; Bakugou seguia resistindo contra a maré.  

Suspirou exausto diante do paraíso. Olhou para o mar calmo e o céu limpo, que contrastavam terrivelmente com seu espírito; notou a maresia suave, as ondas quebrando na praia… Cacete! Seria uma manhã perfeita, se não houvesse uma angústia dormente em seu peito, e um desejo insaciável por sua sereia bem ali, junto dele. Bom, pelo menos agora Katsuki estava em casa e ao anoitecer poderia contemplar o céu que tantas vezes dividira com ela, poderia vislumbrar os astros que brilhavam a milhões de anos luz, mas que faziam-no estar, momentaneamente, perto de Ochako outra vez. 

Fechô, Bro! — Kirishima confirmou satisfeito, tirando Bakugou dos seus devaneios. — Vou apresentar vocês então.

Cacete! — disse ao se dar conta do que havia feito. — Não tô afim de nenhuma Maria Parafina no meu pé. 

— Ah, Bro! Não é nada másculo dar pra trás… — reclamou chateado. — Além disso, a mina é da ora. Parece um peixe fora d'água, mas é sua fanzona! E quase teve um treco na sua final...      

— Mas que porra! — Katsuki exclamou tipicamente irritado, deixando o café da manhã de lado. Onde tava com a cabeça quando aceitou conhecer essa doida? Ok! Ele sabia onde estava, mas não tinha paciência nenhuma para lidar com tietes loucas hoje. — Desmarca essa merda! 

— Nem que eu quisesse — respondeu firme, fazendo Bakugou erguer um das sobrancelhas. — A Ura tá ajudando aqui no quiosque, cê sabe... a gente queria ajudar ela de alguma forma.

— Mas de que porra você tá falando, Cabelo de Merda? — perguntou desorientado e irritado por ter recebido um não.    

— Já te falei, Bro! — Eijirou ergueu as mãos em indignação. — A mina apareceu do nada na praia, desmaiada, mal sabia o nome, o dia, o ano... a Ryuko deu abrigo, nós demos um emprego… Não tava prestando atenção, né?  

Não, ele não estava prestando nenhum pouco de atenção, porque se estivesse teria logo associado aquela história bizarra à sua sereia. Mas qual era a chance disso acontecer? Qual era chance de ser realmente Ochako e não um bêbada qualquer? Não… não podia ser ela. E não deixaria seu coração tentar iludir o pingo de lucidez que ainda lhe sobrava, afinal, desde que se tornara relativamente famoso, brotavam admiradoras malucas de toda parte do Japão em Joudagahama, e todas diziam querer conhecê-lo e que eram suas fãs numero um. Por isso, Katsuki não ficaria nem mais um segundo naquele lugar.

— Eu vou nessa, Bro — disse Bakugou, levantando-se e dando um último gole no café. — Não tô a fim de outra Sta. Parafina na minha cola. 

— Ah, Bakubro… Qual é?! Ela não vai te morder! Segura a onda aí, ela já deve estar chegan… — Foi interrompido por um barulho estrondoso na parte de trás do estabelecimento. — Deve ser ela!

Kirishima saiu de sua vista e foi socorrer a garota. Mas que merda eles tinham na cabeça para contratar uma pessoa tão desastrada? Ela colocaria tudo a perder! Destruiria as mercadorias, espantaria os clientes… Se bem que do jeito que os figurantes de Joudagahama eram, deviam fazer questão de serem atendidos por ela. Bando de imbecis caridosos! Não podiam ouvir uma história triste que já ofereciam toda a típica hospitalidade de uma cidade do interior. E foi apenas para não destoar de tamanha gentileza que Katsuki resolveu ficar e dar um maldito autógrafo pra maluca, mas depois iria embora sem pensar duas vezes.

— Você se machucou? — Ouviu Eijirou perguntar preocupado. Será que Ashido sabia desse cuidado todo? Sorriu maléfico e fez uma nota mental para importuná-lo mais tarde.

— Ah, não se preocupa, Kiri-san… Não foi nada! — respondeu serena e descontraída, fazendo com que todos os pelos de Katsuki eriçarem instantaneamente. Mas que porra era essa?

— Tem certeza? — perguntou mais uma vez enquanto parecia colocar algumas caixas no lugar.

— Tá tudo bem! — confirmou sorrindo. Puta merda! Ele conhecia aquele timbre açucarado. Mas como isso era possível? Como ela poderia estar ali? Esfregou os cabelos, sentindo o desjejum revirar no estômago. — E desculpa o atraso…

— Tá tranquilo, mas você não se perdeu, né? — Katsuki tentou espiar o que acontecia na parte de trás do quiosque, porém só conseguia ver metade das costas de Kirishima. Cacete, por que tinham que ficar de papo furado logo agora? 

— Não… — disse, acalmando Kirishima e deixando Bakugou cada vez mais ansioso do outro lado. — Mas eu encontrei a Sra. Shuzenji no caminho, o jardim da casa dela tava tão lindo, mas tão lindo, que eu acabei me distraindo com as flores… aí nós começamos a conversar, e ela disse que eu posso passar lá depois pra pegar umas mudinhas… Acho que a Ryuko-san não vai se importar, né?

A garota perguntou, e o amigo pareceu concordar já que, em seguida, ouviu-a sorrindo novamente, causando uma falha no seu ritmo cardíaco acelerado. Se ele estivesse pegando uma onda, podia jurar que estava sendo engolido, mastigado e depois cuspido em um looping infinito. Estava sendo ridiculamente torturado! Será que era mesmo ela? Ou estava sendo iludido pela saudade? E que porra eles tanto organizavam que não vinham logo para a recepção? Cacete! Bakugou sentou-se em um dos bancos antes que, enlouquecidamente, fosse atrás da dona daquela voz idiota, a pegasse pelos braços e a olhasse bem fundo dos olhos, só para ter a certeza se era ela

— Já tá bom, Ura — Eijirou afirmou, e logo Katsuki enrijeceu a postura. — Vem! Quero te apresentar uma pessoa.

E no segundo seguinte, viu o amigo entrar na recepção com uma mulher logo atrás. Bakugou teve que cobrir metade do rosto com a mão para disfarçar o espanto, porque mesmo com a pele bronzeada; os cabelos castanhos abaixo da linha dos ombros e menos bochechuda do que se lembrava; ele sabia que era ela. Jamais confundiria aquele olhar ou o esqueceria, saberia reconhecê-lo sob qualquer circunstância e, nesse exato momento, tinha a certeza que sua sereia agora era a mulher que estava diante de si.

Sem que Kirishima precisasse dizer qualquer coisa, Ochako chegou mais do que era permitido à pessoas que, supostamente, nunca se viram; repousou as mão sobre o balcão; esboçou um sorriso terno que, imediatamente, aqueceu sua alma e seu coração; e com os olhos marejados, mas extremamente alegres, disse:

— Eu tava louca pra te ver, Katsuki!

 

[...] 

 

Bem diferente do que imaginara, Bakugou só teve a oportunidade de ficar a sós com Ochako quando a mesma fora dispensada às três da tarde. Era uma puta sacanagem ele ter passado o dia inteiro plantado, feito uma palmeira, no quiosque; a todo momento tentando disfarçar a satisfação crescente em vê-la bem na sua frente, assim como reprimindo a vontade de arrancá-la detrás daquele guichê de atendimento, enquanto distribuía sorrisos e gentilezas a todos clientes. Cacete! Ele tinha tanta coisa para dizer, tanta coisa para perguntar, mas sentia-se fora de órbita toda vez que a olhava. Se não fosse o breve encostar de mãos na hora do almoço, ele poderia jurar que ela era apenas uma miragem, um delírio encantador e irresistível. Estava tão desnorteado e tão letárgico que, quando percebeu, já estava abrindo a porta da sua residência e permitindo que Ochako entrasse.

— Uau! — Ela exclamou encantada. — Então, é aqui que você mora… Eu sempre fiquei imaginando como seria sua casa.

Ela parecia à vontade passando a mão por todos os móveis da sala, olhando pela janela, sentando no sofá, mas logo se distraindo com as fotos expostas em uma das prateleiras da sala.

— Você tem os cabelos dourados da sua mãe! — constatou eufórica. — Ela é linda, Kacchan.

Ele sentiu um arrepio ao ouvir o apelido. Puta merda! Ochako estava mesmo na sua casa, havia realmente virado uma mulher e tinha de fato voltado para sua vida. Inacreditável! Ainda parecia que seus olhos se abririam e ele acordaria.

— E esse é seu pai ou o David? — perguntou curiosa.

— Esse é… — Quase se engasgou com um pigarro na garganta. — Meu pai, aquela outra foto é que é o David.

Pegou a foto e mostrou a ela, que apenas assentiu satisfeita por estar ‘conhecendo’ a família Bakugou. Em seguida, deixou as fotos de lado e prosseguiu com seu tour pela casa.

— E foi dessa escada que você caiu e quebrou o braço quando tinha oito anos? — Subiu alguns degraus ao fazer a pergunta.

— Foi, Bochechas. — Sorriu com a lembrança e por enfim poder chamá-la pelo apelido infantil. Estava prestes a explodir de tanta felicidade, mesmo assim, ainda não parecia real.  

— Podemos subir? — Sim! Poderiam fazer o que ela quisesse pelo resto da vida! Mas, ao invés de dizer isso, Katsuki apenas deu um sinal positivo e a guiou até seu quarto.

Ochako não ficou tão surpresa ao ver tantas referências ao surf, bem como algumas pranchas na decoração do cômodo; porém não conseguiu segurar o gritinho de alegria quando viu um aquário enorme, na parede principal, com vários peixes, estrelas-do-mar, conchas e dentes de tubarão; todos que ela havia dado para ele ao longo do anos.

— Eu não acredito que você guardou todos eles, Kacchan! — exclamou, admirando o aquário.

— E eu não acredito que você está mesmo aqui, Ochako. — Retrucou, chamando sua atenção. Cacete! Devia ter sido mais gentil, porém estava cansado de apenas vê-la e ouvi-la, agora, precisava tocá-la.

Só que a mulher estava tão deslumbrada e tão feliz por finalmente estar se aventurando em uma parte da vida de Katsuki nunca antes vista por ela, que acabara esquecendo-se dos sentimentos dele em relação ao reencontro. Então, se dando conta que eles mal haviam se encostado desde a hora do almoço, Ochako aproximou-se lentamente, fitando-o determinada a extinguir a distância que existia entre eles; colocou uma de suas mãos sobre o peito dele e deslizou a outra até sua nuca. Katsuki sentiu todos os seus pelos eriçarem no trajeto daquelas mãos pequenas e macias, assim como sentiu uma corrente elétrica percorrer todo seu corpo após o toque. Ela devia ser uns dez centímetros mais baixa que ele, por essa razão, Bakugou teve que se curvar para aconchegar suas testas.

— Eu sou real, Katsuki — disse, acariciando suavemente o rosto do homem à sua frente, e apreciando o toque de olhos fechados. — E e-eu sinto muito por ter demorado tanto tempo, mas… — Suspirou ao sentir as mãos firmes de Katsuki na sua cintura. — Mas  eu prometi que seria a última vez, e eu… eu não podia voltar sem…

Bakugou, impaciente, não deixou que ela terminasse a frase e logo roubou-lhe um beijo. Apesar do primeiro contato ter sido suave e cortês, o que veio a seguir não podia ser outra coisa se não paixão. Enquanto a mão esquerda mantinha seus corpos colados, ele levou a direita a até a nuca de Ochako, aprofundando o beijo, redescobrindo o sabor tutti frutti dos lábios e da língua delicada da sua ex-sereia. Toda a saudade parecia se diluir conforme deliciava-se na sua boca e ao sentir o corpo feminino pressionado no seu.

Estavam famintos! Ambas mãos não aguentavam mais ficar paradas, precisavam participar da exploração aflita, mas extraordinário pelos corpos humanos. Por isso, ao mesmo tempo em que Ochako percorria, agilmente, as costas largas e másculas, apertando-o, mimando-o e cravando suas unhas nele; Katsuki embriagava-se com a fragrância de maresia que ela ainda possuía, e perdia-se ao distribuir pequenos beijos pelo pescoço desnudo, tornando-se cada vez mais irracional ao ouvir os suspiros desejosos de Ochako. Puta merda, estava à beira da loucura! Não podia mais segurar seus instintos, nem a ânsia que pulsava incessante em seu coração e entre suas pernas.

Arrastou Ochako urgentemente até sua cama, enquanto mantinha-se mergulhado nas curvas e, mais uma vez, nos lábios dela. Não resistiu quando ela arrancou-lhe a camiseta, passeando seus dedos pequenos, carinhosamente, pelo seu tórax, abdome e por fim, abraçando-o pelas costas. Sempre a achara ousada, mas ela começava a superar suas expectativas. Isso era simplesmente maravilhoso! Estavam sincronizados, desejavam-se na mesma intensidade, e Bakugou não via a hora de poder encaixar perfeitamente seus corpos; porém, antes que pudesse fazer qualquer movimento Ochako afastou-se.

— Espera, Katsuki… — sussurrou sôfrega, empurrando-o o mais gentil possível. — A gente precisa conversar…

— Mas que porra, Ochako. — Separou-se bruscamente e sentou na cama tentando se acalmar. — Desculpa, eu... 

— Não! — cortou-o antes que ele entendesse tudo errado. — Não é isso… Eu também quero... mas eu preciso te contar uma coisa, na verdade, preciso te mostrar… Só que não é tão fácil pra mim… 

— Pode me dizer qualquer merda, Ochako — afirmou, abraçando-a pela cintura, apoiando o queixo em sua barriga e olhando para cima. Ele quase suspirou quando notou o jeito que o cabelo dela caia sobre o seu rosto. Parecia um anjo!

— Eu sei… — Afagou carinhosamente os cabelos loiros, devolvendo o olhar apaixonado. Respirou fundo. Ela lhe contaria tudo. — É meio óbvio, mas depois de meses procurando eu encontrei elas, Katsuki, eu encontrei as selkies. E elas são seres incríveis! Nadam pelos mares despreocupadas, conhecem todo tipo de lugar e de pessoas... Elas simplesmente tiram a cauda e podem andar livremente em terra firme, a vestem e podem nadar como uma sereia. Só que... elas nascem selkies, e para se tornar uma, não é tão simples assim…

Ochako desviou o olhar para a janela do quarto, notou que o sol estava prestes a se pôr. Era sempre uma imagem de tirar o fôlego e ela estava feliz por poder dividi-la mais uma vez com Katsuki. E ainda contemplando aquele espetáculo, continuou:

— Eu tive que esperar por uma lua especial, a segunda lua cheia que aparece em um mesmo mês: a lua azul. Em parte, foi por causa disso que eu demorei, essa lua só acontece a cada dois anos. E acho que o destino nos queria mesmo juntos, porque eu encontrei as selkies um mês antes da lua azul… — Sorriu com a lembrança, mas logo substituindo por uma expressão de pesar. — E foi numa noite linda de lua azul, que eu engoli um fio de cabelo selkie e tive que arrancar minha cauda.  

— Cacete, Ochako! — exclamou, apertando o abraço.

— Doeu, mas não foi tão ruim… — disse, tentando acalmá-lo. — A lua azul, de alguma maneira que eu não sei explicar, teve um efeito anestésico, como se eu tivesse tomado uma poção de alívio. Só que... eu danifiquei minha cauda no processo, Katsuki,  eu tava tão ansiosa que acabei não sendo cuidadosa… Por causa disso, eu nunca mais vou poder ser uma sereia novamente...

— Eu sinto muito, Ochako — confessou compadecido, vendo-a secar uma lágrima solitária. Ele não via a hora de poder compensá-la por todo sacrifício.  

— Além disso, meu corpo não ficou perfeito, Kacchan. — Desvinculou-se do abraço, enfim lhe mostraria o resultado de sua aventura. — As marcas do meu descuido ficaram feias e eu…

— Eu não me importo com essas porras, Bochechas! — interrompeu-a firmemente, a encorajando a mostrar, já que aquilo parecia ser realmente importante pra ela. 

E foi sentindo toda a confiança que exalava de Bakugou, que Ochako tomou coragem,  desamarrou, sutilmente, a saia longa cor-de-rosa que vestia, fechou os olhos para não ver a reação do homem, e expôs as cicatrizes. Eram um pouco mais grossas do que estrias comuns, se espalhavam na vertical por todo quadril de sua ex-sereia, pareciam recentes e sensíveis. Por esse motivo, Katsuki não hesitou em distribuir beijos molhados na pele outrora maltratada.

Seu corpo é o país das maravilhas, Ochako!¹ — concluiu entre os beijos, enquanto a ouvia segurar um gemido de prazer.

Ainda sentado na cama, encaixou Ochako entre suas pernas, segurando sua cintura de maneira possessiva, enquanto trilhava um caminho de beijos úmidos do quadril até o umbigo. Em seguida, subiu lentamente as mãos por dentro da camiseta de alças dela, percebeu que a mulher não usava nada, apesar de estar vestida com a parte de baixo de um biquíni. Não havia sinal de brânquias ou escamas, e tal fato ficou ainda mais notório quando Katsuki finalmente a despiu, e começou a lhe beijar entre os seios. Puta merda! Estava perdendo a noção novamente, mas não queria de maneira nenhuma retornar ao juízo, preferia mil vezes navegar por aquele desconhecido mar e afogar-se naquelas ondas.

Impulsionado pela cobiça mais uma vez ardente, levantou-se, girou Ochako, deitou-a em sua cama, posicionando-se por cima do corpo sexy e pequeno de sua mulher. Cacete, ela era muito linda! E ao se afastar minimamente para admirá-la, viu os olhos nublados de desejo de Ochako dando permissão para que ele continuasse a explorá-la intimamente. Katsuki teve a certeza que aquela seria a primeira de muitas outras vezes que se entregariam um ao outro, mas antes que consumassem o amor que os preenchia e os ocuparia a noite toda, ele confessou:

— Eu te amo, Ochako. 

Em resposta, ela o beijou apaixonadamente. 

Agora, não experimentariam apenas carícias ao pôr do sol ou sob as estrelas, mas sim todos os deleites e prazeres de serem, emocionalmente e carnalmente, complementares. Experimentariam um vida juntos, exatamente como tinha que ser.

 


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Notas finais do capítulo

¹ Your Body Is a Wonderland - Música do LINDÍSSIMO do John Mayer! ♥

Então, o que acharam?

Gente, eu tô muito feliz por finalizar essa fic! ♥
Foi um desafio, e eu tive que me superar em vários aspectos pra escrever cada uma dessas palavras, mas estou muita satisfeita por ter chegado até aqui. ♥

Quero agradecer novamente à @kuriyama_nyah por ter feito essa capa tão linda, e à
@dilophosaurus_ por ter betado todos os capítulos com tanto carinho. ♥
E claro, ao KacchakoProject por propor todas essas parcerias! ♥

Gente, muitíssimo obrigada por acompanhar minha fic, por todos os comentários e favoritos. Parte da culpa de estarmos aqui, também é de vocês!

Obrigada e nos vemos por aí! ♥



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