Limpando e seguindo em frente escrita por Maggie Simpson The Immortal


Capítulo 1
Diga onde você vai,que eu vou varrendo




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—Annie,você pode limpar o quarto do Sr. Shelby?-Perguntou a governanta da mansão,olhando para uma jovem alta,magra,pálida e loira,com 24 ou 25 anos de idade. Annie assentiu e foi pegar os produtos de limpeza.

Ao chegar no quarto dos Shelby,Annie não pôde evitar sentir inveja da finada esposa de Thomas,especialmente olhando para os quadros. Grace era uma mulher linda,sofisticada,de alguma família rica e influente lá pela Irlanda (o sobrenome Burgess era vagamente familiar). Ela tinha status o suficiente para se casar com um cigano(bonito e exótico,vale mencionar) sem que isso a derrubasse da alta sociedade (ela ter trabalhado com a coroa britânica também não era necessariamente prejudicial). Tudo bem que Shelby era podre de rico,mas nada daquilo importava,pois aquelas pessoas eram inferiores. Aquele tal de Arthur,por exemplo, era um completo palhaço!

Na mansão, haviam muitos rumores sobre os Shelby,e como eles subiram tanto,já que provavelmente pertenciam a uma gangue. Annie pessoalmente acreditava que a tia bruxa da família havia mexido com forças obscuras para tal fim, e ninguém a convenceria do contrário(Grace foi o sacrifício que tinha que ser feito). Porém, tudo era possível, menos aquelas pessoas terem astúcia e organização para ganhar tanto dinheiro e poder. Afinal,os Shelby eram uma mistura esquisita de irlandeses pobres e ciganos. Um bando de bêbados que não conseguem arrumar emprego e uma gentalha (gentalha, gentalha, prrrl!) que sequer tem a competência de escolher um local para morar por mais de uma semana. Mas essa mistura tinha dado muito certo para Thomas Shelby,pelo menos por fora. Primeiro, ninguém poderia ficar bem com aquele corte de cabelo(talvez seja outro sacrifício),só ele. Segundo, seus traços faciais,especialmente as maçãs do rosto e seus grandes olhos azuis. Terceiro, e esse ponto foi obtido por acidente, seu corpo forte e firme,com as tatuagens estranhas. Esse cara nem precisaria ficar contratando putas. "Eu mesma podia dar pra ele! Não sei muito bem que ardil Tommy fez pra conseguir casar com uma mulher daquelas,mesmo sendo cigano,mas quero que ele faça comigo!"

Annie Taft resolveu fuçar nas coisas de Grace. Tirando o fato de Annie ter menos curvas,elas tinham o mesmo tamanho. Experimentou as roupas,as joias,os calçados. Tudo ficava perfeito em seu corpo. "Porra,assim fica fácil ser bonita, sua puta!",pensava Taft,com mais raiva ainda. Entretanto, a raiva não durou,pois Annie estava se divertindo muito. Resolveu também tomar um banho,e percebeu que até os sabonetes e demais materiais eram melhores. A faxineira,então, decidiu furtar tudo que pudesse levar escondido para seus aposentos na mansão. "Ela não vai precisar de nada disso mesmo..."

Contudo,Annie não contava com um certo fator.

—Moça,porque você tá roubando? Isso é errado!-Taft escutou a voz de um menino de 3-4 anos de idade. Um muito inocente, por sinal,já que seu pai era de gangue, e fez um ritual aí pra conseguir tamanho poder. -Além disso,são as coisas da minha mamã. Eu quero ela de volta.

"Ainda tem mais esse caralho desse catarrento." Annie estava frustrada,mas percebeu que tinha um modo calar a boca do menino irritante e inconveniente.

—Chuck,essas foram ordens dadas pelo seu próprio pai.-Explicou Taft,com uma paciência artificial. -Ele tava de luto pela morte da sua mamã, e pediu para uma das empregadas doar para instituições de caridades que a gente conhecesse. Simplificando, ajudar as pessoas. Nem todo muito nasceu rico,Charlie. Você quer um doce da cozinha? Eu posso pegar para você!

—Sim!-Disse Charlie Shelby,uma alegria tranquila estampada em seu rosto. -Papá é uma pessoa tão legal! E não esquece do doce!

Aliviada pelo fato do garoto ter acreditado em suas mentiras e aceitado seu suborno, Annie continuou seu furto,por fim levando tudo o que conseguiu esconder em suas roupas para seu dormitório. Tratou de esconder tudo bem. Em seguida, filou doces na cozinha e mandou alguns para o catarrento tapado.

Durante a noite,havia o banho semanal de Thomas Shelby, e Annie Taft não queria perder aquilo. Então, ela tratou de esconder-se em um lugar que permitisse a vista do ato,e que permitisse alguns movimentos. Ela também sabia que Tommy iria fumar ópio (chineses e ciganos são farinhas do mesmo saco,pensava) e dormir,seria fácil escapar daquele quarto despercebida.

Ver Tommy Shelby ensaboando seu corpo musculoso era colírio para os olhos verdes de Annie Taft. Então, a faxineira colocou uma mordaça na própria boca(em caso de barulhos),e começou a fazer consigo mesma o que queria que seu patrão fizesse com ela. A imaginação da jovem empregada estava a mil por hora,ela tinha várias fantasias em sua cabeça loira,entre elas uma na qual ela se juntava ao chefe gostosinho.

Ao terminar o banho,Tommy resolveu usar apenas cueca para dormir, já que aquela era uma noite quente,deixando seu belo torso à mostra. Annie queria ter uma câmera para registrar todo aquele dia. Especialmente as últimas horas. Porém,Tommy saiu de sua cama,pois percebeu algo de estranho no ambiente,já procurando um revólver em seu criado-mudo.

Aquele foi o momento que Annie tirou sua mão de dentro de sua roupa,e a limpou em uma camada inferior de seu uniforme. Por um momento, procurou rotas de escape viáveis,tentando suprimir seu constrangimento. Entretanto, a faxineira percebeu que poderia fazer algo melhor: fingir que havia sido vítima de algum ladrão que roubara as coisas. Taft amarrou seus pulsos e tornozelos com pedaços da própria roupa. Em seguida,começou a chorar de modo que fizesse Shelby acreditar que ela estava assustada por um bom tempo. Além disso,gritou por socorro através da mordaça,emitindo sons fracos. Esses ruídos atraíram o dono da mansão,ainda segurando a arma. Pouco tempo depois, achou a empregada.

Thomas Shelby logo cortou as amarras e mordaças de sua empregada com um canivete (quantas armas aquele cara carregava?). -Ainda bem que o senhor me encontrou.-Annie Taft soava amedrontada,aliviada e um pouco envergonhada (essa última era de verdade,por quase ter sido pega),e deu um longo e apertado abraço em seu chefe. "Homens são facilmente enganados por donzelas em perigo", pensava,secretamente amando aquele momento. -Um ladrão invadiu esse quarto para roubar as coisas de sua finada esposa,Sr. Shelby. Quando o bandido entrou aqui,eu estava limpando as coisas. Então, ele chegou de surpresa,me dominou,me amarrou e me amordaçou. Eu pensei que eu iria morrer naquele momento, mas o ladrão simplesmente foi embora e me deixou amarrada!

—Não tem ninguém aqui além de nós dois,você está segura e não está ferida. -Thomas Shelby dizia aquelas palavras com um tom de voz tranquilizador, gentil e firme. Em seguida,ele saiu do abraço. -Caso você se sinta bem o suficiente, pode falar sobre a pessoa que fez isso,srta...

—Annie Taft. -Disse,com um leve soluço. -Enfim,o ladrão era mais ou menos da nossa altura,mas não consegui identificar nada além disso em termos de aparência, a pessoa tava usando um capuz e uma roupa muito larga. Mas tenho algumas informações dos empregados daqui,e muitos têm motivos para cometer o crime. Joe Adams,um dos jardineiros,tá atolado em dívidas de jogo,a lavadeira Mary tem um gosto por ópio, um dos caras responsáveis pela manutenção da casa adora puta...

—Não acho que rumores vão me ajudar,srta. Taft. -Respondeu Tommy,meio que frustrado. -Vai dormir, eu vou lhe dar o fim de semana de folga!

*********

No dormitório das empregadas,duas mulheres jovens conversavam silenciosamente.

—Porra Annie,tu foi olhar pro Tommy Shelby tomando banho de novo? -Perguntou Olivia,a melhor amiga da ladra. -Esquece o cigano,menina! Tu nunca vai ter chance com ele,até as vadias que ele come são quase riquinhas. Além de tudo,acho que aquele pau é amaldiçoado, e que ele fez algum sacrifício para conseguir essa casa.

—Não só isso,ele me confortou quando eu estava assustada. -Annie contou toda a história, de forma detalhada.

—Caralho,Taft! Não sei se rio da sua cara,te parabenizo,se te mato na porrada ou se me preocupo pela sua vida!- Olivia falava em um tom baixo,porém exasperado. -O que a gente faz com esse monte de joias,roupas e sapatos de granfina?

—Vende tudo nesses bazares de gente que quer se fazer de rico,joalherias e tal,sua bocó sem imaginação! - Annie virava seus olhos verdes.-Talvez eu use alguma coisa dessas no jazz amanhã, depois de vender as coisas. Ah,e ganhei um dia de folga! Você vem comigo para o jazz?

—É óbvio que sim! - O rosto de Olivia era puro entusiasmo. -Posso chamar mais umas três mulheres? Prometo que elas não vão ser estraga-prazeres. Mais uma boa notícia,vai ter muito cara gostoso lá. Então, você pode tentar alguém que iria te querer,pra variar,ao invés de tentar algo com ciganos metidos que fingem ser da alta sociedade.

—Seria legal fazer aquilo com outra pessoa,ao invés da minha mão. -Refletiu Annie. -Amanhã cedo,estou indo para a cidade,já que ganhei folga. Volto só à noite.

—Ok,compre algo para mim!-Pediu Olivia.

**********

Annie passeou por butiques de toda a cidade,procurando lojas cuja clientela consistia de mulheres bem de vida,mas muito pobres para serem da elite inglesa. Como previsto,obteve uma boa quantia com aquilo(mais ou menos £470). As roupas e calçados de Grace Burgess-Shelby eram feitas dos melhores materiais,muitos sob medida. Quanto às joias,Taft decidiu vendê-las para um cara que tinha contatos com o mercado negro. Naquele mesmo dia,às 6 da tarde,a ladra foi paga por seus esforços (aproximadamente £790). Isso porque Annie ficou um um sapato e um par de brincos.

Aquilo era bem mais dinheiro que ela podia esperar. No final daquele dia,comprou um vestido e um colar para Olivia. Annie Taft estava com grandes expectativas para aquele fim de semana. Teria dinheiro para bebidas,"Tóquio"(um pó branco que ela queria experimentar),roupas bonitas,e pegaria vários caras atraentes.

Naquele momento, era só entregar os presentes de Olivia,partir para o clube e esperar as outras três mulheres.

Tudo estava dando certo para Annie Taft. Dinheiro, festas,drogas caras,homens bonitos. E tudo isso porque ela teve a coragem de se desfazer de alguns itens desnecessários de maneira inteligente. Ela poderia não ter a beleza,o glamour ou as origens de Grace,mas era esperta e sabia aproveitar as oportunidades que a vida lhe dava.


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Notas finais do capítulo

Isso aqui é culpa da pandemia!



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