Amar o Perdido escrita por DanizGemini


Capítulo 1
Amar o Perdido


Notas iniciais do capítulo

Originalmente, essa fanfic foi publicada no fórum Need for Fic, no concurso dia dos namorados, cujo tema foi Poem-fic. Para isso foi estabelecido que a fic poderia citar um poema, como ocorre aqui. Além disso, os seguintes termos obrigatórios deveriam ser utilizados:
QUOTE: "É necessário se apaixonar... nem que seja para fornecer um álibi para todo o desespero aleatório que você vai sentir de qualquer maneira." (Albert Camus)
PROMPT: Use essa ambientação: É no meio da manhã. Há névoa espessa. O protagonista está no coração de uma cidade. Há uma sensação pacífica no lugar.
O poema utilizado é Memória, de Carlos Drummond de Andrade.

Atenção: Há spoilers bem leves do Episódio G, mas se você não leu o mangá dá para acompanhar a fic sem problemas, basta saber que o Santuário estava enfrentando novos inimigos (os Titãs) e Mu enfrenta um deles em Jamiel.



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Amar o Perdido

Mu acordou cedo, como sempre. Já havia tomado banho, feito seu desjejum e agora observava a manhã um pouco fria, envolta em névoa.   Bebendo seu chá, aproveitava a sensação pacífica daquele lugar. Sua expressão serena não traduzia seu real estado de espírito. Sentia que tudo lhe havia sido tirado: O Mestre que amava, o respeito dos amigos e até mesmo o lar. Respirou fundo, balançando a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos.

Estava com um pressentimento estranho, sentia que em breve a tranquilidade daquele lugar estaria ameaçada, o que fazia seu coração ficar pesado. Respirou fundo, buscando se tranquilizar. Se sua intuição estivesse certa, mais do que nunca era preciso manter a disciplina e seguir com seu treinamento, Com essa determinação, começou suas atividades, .

Aquela era sua obrigação, sua sina, a cumpriria até a morte. Seu ego jamais poderia ser maior que a nobreza da sua missão. Seu Mestre confiou nele, portanto jamais iria esmorecer. Afinal, “não há nada oculto que não há de ser revelado.” Sabia que o dia de desmascarar o impostor chegaria.

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Havia sido um combate duro. Aldebaran tinha vindo com Aiolia. O leonino precisava que sua armadura fosse revivida. No meio do reencontro Mu enfrentara o Titã e agora praticava a misteriosa arte de restauração dos Lemurianos, usando seu próprio sangue.

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Terminou de limpar as feridas do amigo. Como Mu possuía um controle mental muito grande, havia conseguido conter a hemorragia por muito tempo e somente agora, com o ariano desacordado é que Aldebaran conseguia ver o real estrago seu corpo. Mu estava realmente bastante machucado. O taurino cobriu o colega e se pôs a velar seu sono.

Mu sentiu algo raro. Não era apenas uma sensação de paz. Era algo mais acolhedor, terno. Sentia que estava sendo cuidado, algo que não vivenciava há muito tempo. Abriu os olhos devagar, conseguindo distinguir, mesmo na penumbra, a forma de Aldebaran adormecido numa cadeira próxima. Sorriu. Sempre havia sido muito amigo do taurino, que era a pessoa com o maior coração que já havia conhecido.

Na manhã seguinte, Mu acordou instantes após o amigo.

— Desmaiei ontem?

— Sim.

— Vejo cuidou de mim. Obrigado.

— Você poderia deixar de ser tão teimoso e ter permitido que eu ajudasse.

Mu sorriu. Estava comovido com a preocupação do outro.

— Eu realmente aprecio sua preocupação, mas é uma missão minha.

— Então ao menos deite e descanse por algum tempo. Você realmente perdeu muito sangue. Permita-me ficar e ajudar a reparar os estragos feitos na sua morada pela luta.

— Não precisa, logo isso poderá ser facilmente reparado com a telecinese...

— Não poderia voltar sabendo que o deixei sozinho neste fim de mundo assim...

Mu riu. Já tinha passado por situações muito piores sozinho “naquele fim de mundo”.

—Não quero que tenha problemas com o Grande Mestre.

Aldebaran percebeu a mudança de expressão ao falar do Mestre. Era como se uma sombra passasse pelos olhos verdes.

— Não me importo.

— Ou será que também está em missão, espionando o traidor?

Aldebaran sustentou o olhar penetrante de Mu. Depois relaxou. Não deveria ser surpresa que nada escapasse à percepção do ariano. Então riu. O som de sua risada era tão puro que quase deixava Mu desconcertado.

— Nada escapa mesmo à você, não é meu amigo? Mas sim, o Grande Mestre pediu para alguém espioná-lo e eu me voluntariei. Porém, não era apenas isso. Ele também não queria deixar Aiolia sem supervisão,  não confia no garoto.

— Entendo... – Mu entristeceu. O lampejo de amizade que sentia teria sido só uma ilusão?

 Mas Mu... Eu realmente gostaria de fazer o sacrifício de sangue ou ao menos te ajudar. Também queria ajudar o Aiolia, pois não sabia se ele conseguiria chegar aqui sozinho. Mas, acho que entendo onde você quer chegar... Saiba que não compreendo totalmente o que acontece no Santuário nestes últimos anos, mas jamais acreditei que você fosse um traidor.

Mu arregalou os olhos, surpreso.

— Sabe que se alguém desconfiar disso você pode ser acusado de conspiração? Poderá ser considerado um traidor assim como eu.

— Não temo o poder do Santuário, Mu. Você sabe, juramos defender Atena, a Deusa da Justiça. Acredito estar do lado da Justiça. A Deusa me protegerá.

Mu cada vez mais ficava surpreso com aquele homem.

— Por que confia em mim? Faz mais de cinco anos que não nos víamos. Éramos pouco mais que crianças quando tudo aconteceu.

— A criança é o pai do homem. Éramos amigos. Nada mudou, somente crescemos.

Os olhos de Mu marejavam. Será que o taurino tinha ideia do efeito daquelas palavras? De como era se sentir aceito, depois de todos aqueles anos?

— Obrigado. E me perdoe por duvidar... Eu...

—Você não precisa me explicar nada. Teve que passar todos esses anos sozinho e não consigo nem imaginar como foi . Mas por ora, apenas aceite a minha ajuda. Em relatórios oficiais estou realizando minha missão, não serei prejudicado. Agora deixe de ser teimoso e me explique onde é a cozinha desse lugar. Vou fazer algo para comermos, estou morto de fome!

Aldebaran sustentou o corpo machucado do amigo e o ajudou a ir até a cozinha, onde ele adaptava suas habilidades culinárias aos exóticos ingredientes tibetanos.

A convivência entre os cavaleiros era incrível. Havia muitas lembranças e conversas para colocar em dia. O laço dos dois parecia se estreitar e isso enchia o coração do taurino de alegria.

Mu insistia em ajudar nos reparos no palácio usando a telecinese, mesmo sem estar totalmente recuperado. No primeiro dia ficou exausto e acabou dormindo cedo. Aldebaran ainda estava acordado, observando as estrelas pela janela do quarto.

Quando se deu conta, mirava o ariano. Ele ressonava tranquilamente. Não cansava de se surpreender em como Mu, com aquela aparência tão delicada, podia ser tão poderoso.

Amar o perdido

deixa confundido

este coração.

Respirou fundo. A quem estava tentando enganar? No início havia sido genuinamente desinteressado. Sentia falta do amigo de infância, em seu coração jamais acreditara em traição. Porém, quando colocou os olhos no ariano sentiu algo diferente . Julgou ser saudades. Havia tanto tempo que não se viam. Mas ao vê-lo lutar, aquele homem criar estrelas sentiu-se fascinado. “Assim como me sentiria ao ver qualquer golpe poderoso” – Disse a si mesmo. Mas a convivência só fazia aumentar mais e mais o sentimento em seu peito e agora ele não conseguia se convencer de que era apenas amizade entre companheiros de armas

Sentiu um aperto no coração. Era novo, doce e assustador. Lembrou-se de algo lido num dos livros de Camus: "É necessário se apaixonar... nem que seja para fornecer um álibi para todo o desespero aleatório que você vai sentir de qualquer maneira."

Eram tão opostos. Mu às vezes parecia pequeno, apesar do seu poder. Já ele sempre havia sido um gigante. Porém, o lemuriano era muito amável e gentil. Será que ele também poderia sentir...?

Decidiu deitar-se – ele repousava no chão em uma esteira no mesmo cômodo – apesar da insistência de Mu em acomodá-lo em um lugar mais confortável - Mesmo com suas inquietações logo foi tomado pelo sono embalado pela paz de Jamiel.

Naquela noite, foi acordado por um ariano agitado. Ele se debatia na cama e falava outro idioma. Aldebaran olhou preocupado sem saber o que fazer. Aos poucos o sonho parecia se tornar mais intenso. Mu gritava por Shion. Nesta hora, Aldebaran resolveu aproximar-se e tentar acordá-lo, mas não conseguiu. Mu ficava cada vez mais tenso, o suor escorrendo por suas têmporas. Depois gritou repetidas vezes o nome de Shaka e pareceu cair numa espécie de pranto. Não ouvia os chamados insistentes de Aldebaran e acabou despertando sozinho, assustado nos braços do desesperado amigo. Tudo havia durado no máximo 3 minutos, mas foi intenso.

Mu sentiu o coração acelerado e os olhos molhados. Após alguns segundos situou-se. Havia anos que não tinha aquele tipo de pesadelo e agora tinha novos detalhes. Porém sentia-se aquecido. Braços fortes o protegia. Controlou a respiração, até que os batimentos cardíacos voltassem ao normal.

— Obrigado, Deba, já estou bem. – O taurino olhava-o transtornado.

— Eu tentei acordá-lo, mas você não me ouvia. Sinto muito Mu. Pelo que quer que o esteja fazendo sofrer.

Mu forçou um sorriso.

— Obrigado. Foi só um sonho, não se preocupe.

— É impossível, você estava gritando, parecia apavorado. E no final... Você chorava também.

Mu fechou os olhos, envergonhado Lembrava-se nitidamente do sonho.

— Gritei o nome de Shion?

 Sim, e de Shaka também.

A menção do indiano fez Mu se contrair. Suas reações eram cuidadosamente estudadas pelo taurino.

— O que o está incomodando?

— Eu... – Era uma resposta delicada. Não podia contar toda a verdade. Ao mesmo tempo, Aldebaran estava sendo o único amigo fiel desde que tudo acontecera. Estava há quase duas semanas consigo no Tibet. Achava que merecia uma explicação, ao menos a que fosse possível.

— Tenho sonhos com Shion. Eram mais intensos quando eu era mais novo. Mas talvez com a sua vinda, nossas conversas sobre o passado, muitas lembranças vieram à tona e com isso o sonho... Eu temia que algo de mal acontecesse a ele e era com isso que estava sonhando... – Mentiu Mu, que não podia contar que estava revivendo mais uma vez os momentos finais de seu Mestre. A mensagem que ele o passara por telecinese pouco antes de morrer.

— Entendo... – Respondeu, acariciando os cabelos de Mu que ainda estava em seus braços. – Mas e Shaka...? Não entendo porque parecia tão desesperado...

Mu estremeceu levemente e respirou fundo, parecia estar escolhendo as palavras.

— Eu... Quando saí do Santuário... Ele foi o único com quem pude ter uma rápida despedida... – Fez uma pequena pausa, perdido em memórias distantes. – Eu passava muito tempo com ele, Shion me obrigava a fazer longas horas de meditação. Shaka me ensinava a meditar e atingir certos estados mentais. Depois isso era usado nos treinos que Shion fazia comigo...

— E qual o problema? – Perguntou imaginando como seria ter Shaka como uma espécie de Mestre. O virginiano definitivamente não parecia ser uma pessoa fácil.

— No início eu odiava. Shaka era até mesmo mais rígido que Shion! E pela Deusa, como era arrogante! Sempre obedeci Shion, mas às vezes cabulava os treinos. – Riu – Mas era pior, pois tinha que aguentar o castigo de Shion e o treino com Shaka no dia seguinte. Mas com o tempo, aprendemos a nos tolerar, a nos dar bem até... Mas você me disse que Shaka se tornou Conselheiro do Grande Mestre, certo?

— Sim, mas...

— O Mestre anunciou que sou um traidor. Shaka está convivendo com o Mestre e crê nisto, não é mesmo?

— Mu... – Aldebaran podia sentir sua dor. Obviamente não era fácil ser visto como traidor.

— Me diz, na reunião do Conselho, alguma vez Shaka já se manifestou contrário a isso?

— Veja bem Mu, é muito difícil ir diretamente contra o Mestre...

— Eu sei. Mas Shaka jamais faria algo que vai contra suas convicções. Se ele apoia o Papa é porque o considera a Verdade. A Verdade que sou um traidor.

Lágrimas tímidas ameaçavam surgir nos olhos de Mu.

— No sonho... eu retornava ao Santuário. Ia em direção ao Templo de Atena. Mas Shaka me barrava em Virgem, me chamava de traidor. Eu tentava explicar, mas ele não ouvia... Enfim.... Foi só um sonho, não tem importância.

— Como não tem importância? Há muito mais nessa história do que quer, ou pode revelar, não é Mu?

— Eu... eu só lembrei de muitas coisas, coisas que já estava acostumado a esquecer. Que deveriam ter saído do meu coração. É bobagem, nada disso tem real importância...

— Nada que possa mexer tanto com você é bobagem! Se quiser falar estou aqui. Você já passou muito tempo sozinho...Aldebaran o abraçou. Tudo que  queria era poder tirar dele aquela dor. Mu deixou-se abraçar, retribuindo o gesto. O taurino sentia o coração descompassado dele, algumas lágrimas que agora molhavam o seu ombro. Mu encarou os olhos bondosos do amigo:

— Eu acabei me apaixonando por Shaka, Eu sei, é ridículo. Éramos só crianças, mas... Meu sentimento não era meramente infantil. Meu mestre percebeu. Eu pensei que iria ouvir um sermão, sobre os deveres dos cavaleiros e como não havia espaço para isso entre nós. Ele pareceu refletir bastante e depois apenas disse para eu acreditar no amor. Que foi o amor que o manteve vivo por todos aqueles séculos...

— Entendo... – Respondeu, sentindo seu coração despedaçar com cada palavra.

— Quando fiquei sozinho, continuei alimentando esse amor de criança. Sei que fui tolo. Mas no fundo havia uma esperança idiota que Shaka fosse acreditar no garoto que ele conheceu... mas, não é só isso... além da traição, o Shaka tem sua missão, ele é um monge, ele... você sabe, nós nunca poderíamos...

— Ele te feriu Mu. Jamais imaginei que vocês tivessem sido tão próximos... – Falava no seu tom tranquilo de sempre, mas com a cabeça fervilhando, constatando que ironicamente ambos sentiam a mesma dor por não serem correspondidos.

— Mas ficou no passado. – Mu enxugou os olhos. – Perdoe-me por fazê-lo presenciar esta cena patética, eu...

— Você não é patético Mu. É um homem forte. Com sentimentos nobres.

— Obrigado.

— Agora é melhor voltarmos a dormir. Precisa descansar. Amanhã continuaremos os reparos.

— Sim. – O ariano forçou-se a sorrir. – Mais uma vez obrigado, não só por essa noite, por tudo. Perdão tê-lo acordado.

— Boa noite.

Permaneceu imóvel e acordado enquanto Mu dormiu novamente, agora tranquilo. Levantou-se, tudo fazendo sentido. Os treinos longos de Mu e a personalidade do virginiano que se tornava menos fechada à medida que foram crescendo. Depois o desaparecimento do lemuriano e o virginiano cada vez mais recluso, irascível e reservado. Era impossível saber exatamente o que se passava com Shaka, mas agora compreendia que aquelas mudanças tinham sido causadas pela ausência de Mu. Talvez o virginiano jamais admitisse, mas sentia algo também, nem que fosse uma forte amizade.

Fosse o que fosse, Aldebaran jamais se colocaria entre eles.

Nada pode o olvido

contra o sem sentido

apelo do Não.

As coisas tangíveis

tornam-se insensíveis

à palma da mão

As moiras* eram mesmo cruéis. Sorriu amargo. Novamente acariciava os cabelos de Mu, enquanto lágrimas tímidas eram libertas.

Porém não era homem que se deixava tomar pela tristeza ou amargor. Sabia que amor verdadeiro era acima de tudo desejar a felicidade do outro, por mais difícil que isso fosse,

Logo Mu estava totalmente recuperado e o Santuário exigia o retorno imediato de Aldebaran.

Em frente ao Palácio restaurado, Mu entregava à Aldebaram alguns momos* que havia feito para ele comer durante a viagem.

— Jamais poderei agradecer por tudo, Deba.

— Não precisa agradecer. Sei que faria exatamente igual se fosse a situação oposta.

Mu abraçou apertado o amigo. Aldebaran sentia o coração acelerado. Misto inexplicável de tristeza e alegria,

— Haverá um tempo em que poderei voltar ao Santuário. Será uma época de grandes mudanças. Talvez ainda demore anos. Mas irá chegar.

— Tenho certeza que sim. Até lá, se cuide. E Mu... Torço para que encontre sua felicidade quando voltar.

Mu entendeu. Lutava para perder as esperanças, mas algo teimoso em seu coração não permitia que esquecesse o indiano.

— Obrigado.

Aldebaran seguiu pela difícil trilha montanhosa. Nunca sentira tanta coisa ao mesmo tempo: Alegria, dor, talvez contentamento. Mas tinha a certeza que Mu trazia-lhe ternura e paz. Guardou para sempre em sua mente a lembrança daqueles dias.

Mas as coisas findas

muito mais que lindas,

essas ficarão.

 


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Notas finais do capítulo

Nota: Moiras: Divindades gregas que segundo os mitos traças o destino dos homens.

Momos: Bolinhos assados no vapor com recheio de carne ou legumes, muito comuns na China e no Tibet.

Muito obrigada por lerem! Vou ficar muito feliz se alguém quiser deixar uma review! Vocês não fazem ideia de como isso incentiva a gente e também nos ajuda a melhorar!

Beijos



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