Luz das Estrelas escrita por unalternagi


Capítulo 1
Capítulo Único – Você não sonha coisas impossíveis


Notas iniciais do capítulo

Essa one foi escrita para o Projeto One-shot Oculta.

Quero agradecer a todas as meninas do twitter que me incentivaram a postar essa história.

Para quem quiser me seguir: @unalternagi

Espero de coração que gostem!
A história é inspirada na música: Starlight da Taylor Swift



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Capítulo Único – Você não sonha coisas impossíveis?

—Edward, não precisa. Sai daqui – Irina demandou irritada e eu suspirei.

Decidi que o problema não era mesmo meu. Que bom que não era. Odiava quando ela estava sendo uma vadia sem razão. Normalmente nosso relacionamento era bom, éramos parceiros, mas – ironicamente – desde que eu disse que ficava para estar com ela em sua festa de dezesseis anos, a garota tinha pirado por completo.

Cheguei no salão do clube de iate do meu pai, enxerguei ele conversando com um acionista da empresa e bufei, sabendo que me juntar a ele e escutar todos os planos que ele tinha para mim estava fora da realidade. Passei por entre corpos sem ver, nem mesmo, um rosto conhecido.

Que caralha de festa era aquela?

—Ei, qual é a da face de quem acabou de comer merda? – escutei atrás de mim e virei dando de cara com Emmett e Rosalie.

Emmett era o meu amigo mais antigo. Eu genuinamente não lembrava da minha vida antes dele existir, a primeira memória da minha vida era eu o empurrando forte demais e ele saindo da frente, me fazendo cair e quebrar o braço.

—Irina está insuportável – bufei – E eu não posso beber aqui – reclamei.

Para todos os efeitos, eu ainda não tinha idade legal para beber.

—Imagina se seus pais abrem nosso refrigerador em San Francisco – o grandão riu.

Emmett e eu fazíamos faculdade no mesmo lugar e, desde o primeiro semestre, dividíamos um apartamento perto do campus. Rose chegou lá no começo do ano, estávamos em férias de verão então todos viemos para casa, os pais de Rose eram bem de vida e não era como se os meus e de Emm esbanjassem menos dinheiro, a prova estava nessa festa exagerada.

—Ei, eu vou falar com ela, sim? – Rosalie ofereceu – Aproveitem e tentem esconder algumas garrafas de algo interessante no banheiro ou algo assim, eu juro que não aguento mais cinco minutos andando nesse salão sem uma gota de álcool no sangue – ela disse alisando o vestido comprido.

Emmett beijou seu rosto e Rosalie saiu apressada para o andar de cima do salão, onde Irina terminava de se arrumar.

—E a vontade de fugir? – Emmett perguntou.

—Está gritando – jurei – Minha mãe nunca mais me convence a fazer nada de bom para essa garota infernal.

—Mano, todo mundo sabe que você é a maior cadelinha de Irina – Emmett zombou.

—Cala a sua boca – demandei andando a passadas largas até a cozinha.

Emmett e eu jogamos um charme aqui e outro ali antes de sairmos apressados com as garrafas embaixo de nossos ternos.

—Puta merda, aquela é a Kate andando para cá? – perguntei desesperado.

Eu adorava Kate, sempre gostei dela, mas a menina sabia ser boca aberta quando não podia.

—Leva as garrafas para os banheiros e eu já te sigo, aguenta firme – Emmett disse apressado se virando para mim, me ajudando a segurar todas as bebidas firmemente.

As duas garrafas de vinho, uma de champanhe e seis de long necks pareceram demais para eu carregar sozinho, mas não quis correr o risco de tentar realocar e acabar chamando a atenção de Kate. Aproveitei que ela sempre se distraia com Emmett e me apressei para o banheiro.

Enfileirei as garrafas na pia e corri para a porta, a forçando fechada, olhei ao redor sem ideia do que fazer para a manter fechada, então amarrei minha gravata firme na fechadura com uma barra na parede, provavelmente de acessibilidade.

Respirei profundamente encarando o espelho, meus olhos estavam brilhando com a rebeldia, além do cabelo completamente destruído e, agora, já até estava sem gravata. Eu torci para que Irina descesse logo para dançarmos e acabar logo com aquele circo todo. Se ela demorasse mais um pouco era capaz de eu já ter perdido o paletó também.

Virei a cabeça para as três cabines que tinham no banheiro. Eu trancaria a porta da última e sairia por cima da divisória, depois Emm e eu voltaríamos para pegar as bebidas.

Alguém forçou a porta do banheiro e eu senti o sangue fugindo do meu rosto ao perceber que a gravata não aguentaria muito. Coloquei uma garrafa de vinho embaixo de cada braço, prendi as long necks nos meus dedos, três em cada mão e abracei a garrafa de champanhe.

A porta abriu uma boa fresta, então corri para a última cabine chutando a porta aberta.

Foi quando eu a vi pela primeira vez.

A garota estava com um vestido de renda branco e curto, agachada em cima da privada, abraçada a uma mochila, os olhos fechados com força, o cabelo bem ondulado e castanho, ela parecia bonita, tinha belas pernas. Não pude reparar mais porque a porta do banheiro se abriu, então fechei a porta da cabine com as costas.

—Emmett? – escutei a voz conhecida chamar.

Foi minha vez de forçar os olhos fechados e a minha cara se retorceu em uma feição que, penso eu, descreveria bem o: “fodeu e não foi pouco”.

Abri os olhos quando senti as mãos puxando meus ombros para me sentar na privada. A garota trancou a porta e se abraçou às minhas costas, colocou a boca no meu ouvido.

—Eu não falo nada e você também não, só fica quieto que ele vai embora – ela ordenou.

Eu pensei que seria melhor responder, mas não quis desobedecê-la, parecia que ela tinha um plano, então eu fiquei quieto. A menina retirou os dois vinhos debaixo do meu braço e senti o alívio.

Ouvi os passos por mais alguns minutos no banheiro antes de ele se afastar e eu ouvir a porta do banheiro fechar. Somente naquele momento eu percebi que a minha respiração estava presa, então soltei uma lufada de ar com o alívio que senti. Foi quando me lembrei da situação em que me encontrava, minhas mãos já doíam.

—Hm, vou me abaixar apenas para colocar essas garrafas no chão, sim? – avisei, já que a garota ainda estava abraçada aos meus ombros.

Não que eu estivesse incomodado com aquilo, muito pelo contrário, o cheiro dela era bom e estava me deixando ligeiramente embriagado por si só.

—Desculpa – ela disse me soltando.

Coloquei as garrafas no chão e movimentei meus dedos para fazer o sangue circular.

—É... Obrigada por não falar nada – a menina disse.

Virei tendo uma visão melhor dela. Seus olhos eram castanhos num tom bonito que lembrava chocolate, o nariz bem bonito e os lábios cheios. Ela estava bem vestida, mas não parecia realmente vestida para aquela festa, não que eu fosse um para julgar a vestimenta das pessoas, mas todas as outras mulheres estavam calçando saltos altos e essa menina usava uma bota que eu nomearia tipo aquelas militares?

—Obrigado por me ajudar – devolvi com um sorriso.

Ela assentiu, suspirando.

—Só preciso esperar uma pessoa, e... Bom, não se preocupe comigo. Se quiser deixar suas bebidas aqui, eu cuido delas – ela sorriu de canto.

—Está esperando um amante ou algo do tipo? – perguntei confuso e um pouco incomodado.

O que ela estaria fazendo no banheiro dos homens?

—Que? Não! – ela respondeu rapidamente.

—O que faz aqui? – indaguei curioso.

A menina deixou os olhos em fenda por um momento, pareceu me avaliar, então suspirou, sentando-se confortavelmente na privada enquanto eu continuava de pé na frente dela esperando que a desconhecida e peculiar garota me contasse sua história.

—Eu estou em uma missão...

—Missão?

—Sim, ué. Precisava de um lugar que ninguém suspeitasse – ela deu de ombros.

Comecei a rir da insana garota a minha frente.

—O banheiro dos homens não é suspeito? – ridicularizei.

—Não se quem eu espero é um homem – ela explicou como se fosse óbvio, o que não era.

—Então você está esperando seu amante – acusei sem entender o porquê ela teria mentido.

A menina fez cara de tédio.

—Eu acabei de dizer que não! – ela bufou.

Cruzei os braços esperando que ela continuasse sua história e, apesar de parecer relutante, ela acabou cedendo.

—Certo, estou esperando meu irmão para ele me apontar o irmão da aniversariante – ela contou e eu sorri ironicamente.

—O irmão da aniversariante? – perguntei sarcástico.

A menina me olhou por um instante antes de sorrir abertamente.

—Emmett, não te conheço, mas algo me diz para confiar em você – ela falou e, antes que eu pudesse a corrigir, ela voltou a falar – Meu nome é Bella, sou irmã do namorado de Irina e vim aqui dar laxante para o irmão dela e chutar o nariz do pai escroto – a tal Bella contou e eu não pude deixar de notar que ela parecia orgulhosa daquilo.

Mas minha mente se prendeu na parte do “namorado de Irina” por meio milésimo antes de focar toda a atenção nas bochechas vermelhas de Bella.

A garota era um poço de incoerência, eu reparei nos últimos minutos. Entre se esconder no banheiro dos homens para não “chamar atenção” e corar enquanto tagarelava sobre seu plano maquiavélico, eu me esforçava para achar sentido em tudo o que ela me dizia.

—E os que os Masen fizeram para você? – pedi curioso, encostando minha costa contra a porta fechada da cabine.

Eu realmente não me lembrava daquela menina.

—Para mim nada, mas para o meu irmão-

Bella foi cortada pela porta do banheiro abrindo e fechando numa rapidez surpreendente.

Novamente meu coração acelerou, só faltava ser meu pai de novo. Empurrei as garrafas, o mais silenciosamente que pude para trás da lata de lixo quando escutei um assovio diferente. Bella pulou da privada sorrindo.

—Sossega, garoto, é o meu irmão –  ela avisou sem tentar conter sua voz.

Bella abriu a porta da cabine e o garoto à nossa frente franziu o cenho, parecendo confuso com a minha presença na cabine de banheiro. Para falar a verdade, não poderia julgá-lo.

—Bella? – o garoto indagou confuso.

Bella não tinha nada a ver com o irmão dela. A pele pálida dela contrastava com a pele negra do irmão, os olhos dele eram mais claros que o dela, um tom bonito de mel e desde o formato do nariz, até a boca mais carnuda que a da garota, o irmão era o oposto dela, parecia mais novo que ela também – certamente alguém com a idade de Irina.

—O que você... – ele começou completamente confuso.

—Relaxa, Lau, ele parece ser gente boa, não me delatou agora a pouco... Você encontrou o mauricinho? – ela indagou séria.

O irmão dela arregalou os olhos, assentindo devagar. Acho que ele sabia que eu era quem eu era – sim, eu tinha certa certeza de que “o mauricinho” a quem Bella se referiu era eu.

—Então vamos, onde ele está? – Bella indagou saindo da cabine.

O garoto sorriu amarelo olhando para mim sugestivamente.

Pelo espelho do banheiro eu vi a feição de Bella passar de confusa para compreensão e culpa em um segundo.

—Que-

O irmão de Bella virou a cabeça para a maçaneta do banheiro. Vi minha gravata no chão e pensei que Emmett teria que me entregar a dele para eu dançar com Irina. Logo o irmão de Bella nos empurrou de volta para a cabine e colocou o dedo na frente da boca para ficarmos quietos.

Bella parecia mortificada, subiu na privada e eu também sentei levantando as pernas.

—Edward – escutei Emmett sussurrando.

—Ele está aqui? – Rosalie perguntou logo depois, antes de eu escutar a porta fechar – Eca, ele está, olha a gravata do podre.

Levantei-me respirando tranquilamente.

—Está tudo bem – falei abrindo a porta.

Emmett levantou as sobrancelhas como quem perguntava o que estava acontecendo e reparei em Rosalie fechando a porta da mesma forma que eu tinha feito um momento mais cedo com a gravata.

—Se importa em explicar? – Emmett pediu risonho.

—Eu estou tentando entender... – comecei.

—Laurent? – Rosalie me cortou, parecia surpresa com o garoto ali.

—Conhece eles? – perguntei surpreso.

A loira sorriu.

—Acabei de conhecer Laurent lá no quarto em que sua irmã está se arrumando... Aparentemente ela tinha motivo para te expulsar do lugar – Rosalie sorriu maliciosamente.

Encarei o garoto que se retraiu, logo Bella se colocou na frente dele.

—Ei, ele é o namorado dela goste você ou não. Eles realmente se gostam e, em nossa casa, nunca fomos menos do que extremamente simpáticos com Irina, a acolhemos e-

—Opa, espera aí – pedi levantando as mãos – Irina já esteve na casa de vocês? – indaguei surpreso.

—Você é tapado? Eles são namorados! Gostem vocês ou não-

—Calma, garota – pedi confuso, sem conseguir entender o porquê de ela parecer tão defensiva – Eu nem sabia que minha irmã estava namorando – falei voltando para a cabine.

Abri uma cerveja e tomei um longo gole.

Emmett comemorou baixinho e foi para dentro da cabine quando eu saí. Passou uma cerveja para Rosalie e ofereceu uma para Bella que parecia tão necessitada de uma bebida quanto eu. Laurent, educadamente, negou a dele.

—Agora sim, acho que estou preparado para escutar a razão de eu quase ter tido um desarranjo intestinal hoje? – pedi sentando-me na pia do banheiro.

Bella bateu a tampa da cerveja na quina da pia, abrindo sua garrafa e tomando um bom gole, Emmett riu cuspindo um pouco da sua.

—Emmett! – Rosalie repreendeu desgostosa.

—Como é a história? – Emmett pediu curioso, ainda rindo.

Bella suspirou se recostando na pia. Laurent foi se sentar na privada, parecia preocupado demais para alguém que não estava fazendo nada errado – além de, claro, estar sozinho em um quarto com a minha irmã apenas de roupão. Putz. Virei mais um bom gole da cerveja, desgostoso ao imaginar coisas que eu não queria.

—Olha, a Irina convidou Laurent para ser o acompanhante dela essa noite há meses, isso era importante para os dois e você chegou cheio de marra para cima de todo mundo e até mesmo suspender o convite de Laurent vocês suspenderam? Quem vocês pensam que são? Meu irmão é a melhor pessoa desse mundo inteiro e vocês saberiam disso se dessem a chance para ele – Bella acusou irritada.

Emmett parou de rir na mesma hora, mas eu ainda estava confuso com as acusações.

—Eu não sabia! Minha mãe me convenceu a estender minha estadia aqui, eu já tinha que ter voltado para a Califórnia, fiquei porque ela pediu para eu ser o acompanhante de Irina, dançar a valsa com ela... Eu odeio tudo isso, estava fazendo isso pela minha irmã e apenas isso, minha mãe disse que ela não tinha escolhido quem a acompanharia – contei sinceramente, era o que tinha acontecido e Rosalie e Emmett embasariam minha fala.

Mas eu me perdi ao pensar no porquê minha mãe mentiria para mim.

Bella não deixou de me olhar.

—Você não sabia? – ela perguntou desconfiada.

—Olha, poucas pessoas detestam mais esse bando de gente arrumada e mesquinha tanto quanto eu – eu disse descendo da pia.

Bella estava com os olhos em fenda.

—Eu te disse! Falei que não ia dar certo – escutei Laurent reclamar.

A feição de culpa voltou para o rosto da bonita garota em minha frente.

—E qual era o plano? Me deixar morrer de cagar por uma coisa que eu não fiz? Meio extremo, não acha? – perguntei ofendido.

—Irina precisaria de um acompanhante e Laurent poderia fazer o que estava combinado há tempos – Bella explicou dando de ombros.

O plano não era de todo o ruim.

—Não acho que Elizabeth permitiria isso de qualquer jeito – Rosalie falou parecendo irritada e eu entendi que perdia algo.

—É só ele falar que está aqui e-

Eu estava tentando racionalizar toda essa história, mas as feições de Bella, Emmett e Rosalie me fizeram calar a boca.

—Edward, seus pais não aceitam Laurent – Rosalie rosnou.

Minha mente ficou completamente branca.

—Ahn?

—Eles são uns racistas fodidos – Bella cuspiu, virando o resto de sua cerveja – E é por isso que vou sair daqui e atacar essa garrafa na cabeça deles – ela disse andando em direção a porta.

—Epa, calma – pedi a puxando para trás pela cintura – Vamos conversar – pedi – Meus pais têm muitos defeitos, mas racistas...

—Edward, apenas seja sincero consigo, brother – Emmett pediu sério.

Minha feição caiu.

Claro que sim. Fechei os olhos, soltando Bella, minhas mãos se enterraram em meu cabelo e eu me abstraí por um momento. Escutei Emmett e Rosalie falando com Bella e percebi a feição triste de Laurent e senti ódio e nojo pela forma que aquele garoto tinha sido tratado por conta do tom da pele dele, não tinha sentido. Eu fodidamente odiei meus pais naquele momento, mas logo me recompus... Apenas uma pessoa importava naquele momento.

—Olhe para você, preocupado com coisas que não pode mudar – falei chamando a atenção do meu... Cunhado, aparentemente – Meus pais são escrotos, nunca neguei.

—Nunca mesmo – Emmett embasou me fazendo sorrir e Laurent também.

—Não sei tudo o que eles te falaram ou fizeram, mas isso acaba aqui. A minha irmã gosta de você o bastante para tentar lutar contra meus pais e, até mesmo me tratar que nem um lixo... – inclusive, eu me sentia mais leve por entender o motivo – Quer saber o que vamos fazer? Melhorar o plano de vocês dois – falei animado.

Emmett sempre caçoava de mim dizendo que eu não poderia ver um jeito de irritar meus pais que eu já corria para o fazer. Além de sempre me nomear “a cadelinha número um de Irina”. O plano juntaria o melhor dos dois mundos.

Meu amigo era muitas coisas, mas não era um mentiroso.

.

Bella estava encostada no canto do bar com Rosalie, Emmett saiu como um armário na minha frente e de Laurent. Abracei os ombros do meu cunhado.

—Só me segue e não para se escutar meu nome – falei e ele assentiu.

O garoto era bonzinho, realmente tímido, mas parecia ser gente boa.

Andamos apressados e conseguimos seguir pelo salão sem nenhum empecilho. Corremos de volta para o quarto de Irina.

—Toc, toc – chamei ela que estava sentada na cadeira em frente ao espelho.

—Edward, ainda temos tempo...

Ela levantou seu olhar para o meu no espelho e foi quando reparou que Laurent estava ao meu lado. Irina virou seu corpo para nos encarar, parecia embasbacada – ao mesmo tempo que seus olhos brilhavam.

—O que... – a voz dela morreu.

—Não creio que eu fui afastado da posição de parceiro no crime – brinquei, forçando uma feição decepcionada, enquanto fechava a porta.

Minha irmã se apressou para o nosso lado, ela já estava vestida para a valsa e estava completamente estonteante, reparei que Laurent pensava o mesmo já que ele parecia abobalhado.

—Certo, só lembre de respirar senão sua irmã vai chutar a minha bunda – brinquei fazendo Laurent pigarrear.

—Bella está aqui? – Irina perguntou surpresa.

—Tentei te contar mais cedo, mas... – Laurent pareceu sem graça de repente e reparei que Irina sorriu tímida, abaixando a cabeça.

Decidi que não queria saber do que eles falavam.

—Edward, escuta... – Irina tentou quando se lembrou que eu estava no quarto.

—Não, Nina, escuta você – demandei – Eu sou o seu irmão mais velho, nada nesse mundo é mais importante  para mim do que a sua felicidade plena. Você entende isso? Somos parceiros, caçula, nada muda isso. Nem mesmo nossos pais e seus preconceitos repudiáveis – falei sério e ela sorriu de canto.

Ela me abraçou com cuidado para não amassar sua roupa.

—No fundo, eu sabia que você ia me apoiar... Eu só tive medo – ela murmurou ao me soltar.

—Está tudo bem, eu entendo, apenas saiba que não era necessário. Eu te amo – jurei a fazendo sorrir docemente – Por isso, quero que a pessoa que você sonhou dance essa valsa com você. Essa é uma festa onde nossos pais te “apresentam para a sociedade” – falei com as aspas no ar e revirando os olhos –, mas apresente-se a eles também. A mulher determinada que não deixa ninguém a fazer ir contra seu coração – pedi beijando a testa dela.

Irina sorria brilhantemente para mim e então ouvimos batidas na porta.

—Está na hora – Rosalie comemorou entrando no quarto – Sua mãe confia muito em mim.

—Decisão horrorosa – caçoei a fazendo rir e concordar.

—Enfim, eu disse a ela que vinha chamar vocês porque ela tinha que ficar lá embaixo com o pai de vocês para as fotos e para ver a entrada triunfal dos dois. Eu em defesa, eu nunca disse que "os dois" eram os filhos dela – minha amiga disse sorrindo diabolicamente.

—A porra de uma genia – comemorei.

—Você bebeu? – Irina indagou desconfiada.

—Uma garrafa de cerveja e um pouco de vinho – dei de ombros.

Irina riu um pouco negando com a cabeça, então abraçou o braço de Laurent que sorria sem parar desde que montamos esse novo plano. Minha irmã segurou minha mão.

—Eu te amo tanto, Eddie, muito obrigada por tornar isso especial para mim— minha irmã disse docemente.

—O prazer é meu... – jurei – Vou ver vocês daqui de cima, você vai saber quando é a sua entrada – eu falei piscando e ela assentiu.

—Concordei com a música para ela concordar com Lau e quase perdi isso – ela murmurou beijando o rosto do namorado.

Rosalie e eu os ajudamos nos últimos detalhes então nós quatro saímos do quarto, Rosalie me puxou para uma parte mais escura do andar superior, tinha um tipo de sacada que nos dava visão do salão inteiro e encontramos com Emmett e Bella ali com algumas taças e o champanhe aberto.

—Vocês estão perdendo a diversão – Emmett disse nos esticando nossas taças.

—Daqui vai dar para ver perfeitamente os Masen – Rosalie comemorou sentando-se com o namorado.

Bella ria abertamente, parecendo muito mais tranquila do que a menina que estava escondida no banheiro.

Bati minha taça contra a dela em um brinde silencioso e recebi um olhar confuso.

—Comemorando que eu não vou passar o resto da noite sentado na privada – falei brincalhão antes de entornar todo o líquido da taça em um gole. Bella gargalhou.

A entrada de Irina era uma das únicas coisas que eu me lembraria daquela noite, além dos profundos olhos cor de chocolate.

Minha irmã estava radiante, Laurent ao lado dela parecia orgulhoso. Bella, Emmett e Rosalie ficaram fazendo barulho, mas eu estava mais concentrado na feição chocada dos meus pais muito mal disfarçadas em sorrisos amarelos e desconforto. Eu amei cada segundo.

Depois da valsa principal, Irina tinha preparado uma dança com suas amigas na qual Laurent logo foi incluído e Rosalie se levantou dançando.

—Vamos que eu quero comemorar a face dos seus pais NO CHÃO – ela gritou virando o resto da garrafa de champanhe.

Terminei minha cerveja e levantei sentindo minha coordenação já comprometida.

—Eu fiz seu irmão ganhar um par para dançar, então você está me devendo um – avisei para Bella enquanto corríamos escada abaixo, ansiosos para chegarmos perto de nossos irmãos.

A garota gargalhou alto, fazendo eco na minha cabeça junto com a batida animada da música que eu não me lembro qual era.

—EU AMO ESSA MÚSICA – Bella gritou em resposta.

A próxima coisa que eu lembro era eu pulando no meio de Irina e Laurent, abraçando os dois pelos ombros e gritando o refrão da música desconhecida.

—MELHOR NOITE DE TODAS – Emmett gritou perto de nós.

Então me lembro dos meus braços rodeando Bella que se mexia em uma coordenação combinada ideal comigo. Ela se jogou para trás enquanto eu segurava sua cintura e ela fez uma feição surpresa ao olhar para o teto, me fazendo levantar o olhar também.

—EDWARD, O CÉU ESTÁ NO TETO – ela gritou apontando para a claraboia que tinha bem no meio do teto do salão.

Eu gargalhei alto a puxando de volta ao meu encontro, colando nossas testas.

—Eu não imaginava que a noite seria maravilhosa assim – ela confessou abraçada ao meu pescoço.

—Quando a noite está boa assim, eu tenho uma teoria – contei sorrindo – Gosto de sonhar com coisas, aparentemente, impossíveis... Como se fossem pedidos ou qualquer coisa assim – falei e Bella gargalhou.

—Você está falando coisas malucas – ela avisou.

—Eu queria que fôssemos feitos com a luz das estrelas – comentei distraído, então meu olhar caiu no rosto com sorriso doce – Acho que meu primeiro sonho é beijar você – confessei sem pensar quando ela abraçou meu pescoço depois de me escutar dizer das estrelas.

—Beijar-me é impossível? – ela ridicularizou – Então meu sonho impossível é nos casarmos.

A voz dela era debochada, sequer tínhamos nos beijado, mas como um maldito emocionado eu senti meu coração errar uma batida.

—Poderíamos ter dez filhos – sugeri sorrindo chegando mais perto dela.

Bella sorriu esfregando seu nariz contra o meu.

—Você vai ensiná-los a sonhar? – ela perguntou e eu sorri segurando o cabelo de sua nuca.

—É uma promessa – falei tomando seus lábios em um beijo, realizando ali o primeiro sonho.


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Notas finais do capítulo

Gente, é uma história leve mesmo, espero que tenham gostado (principalmente você, Carla, a pedidora número 1 de one-shots hahaha)

É isto! Comentem para eu saber o que acharam.

Um beijão!



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