Pátria Amada escrita por ninoka


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

manokkkkkkkkkkkkkkkkkk oi, tudo bom? comecei essa fanfic no final de 2019. não sou cadelinha do raiden e claramente não há nenhuma influência das minhas fantasias romanticas com ele nesta fanfic ok.

Espero que gostem!!!!



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Algumas horas depois de sair de Oslo, o avião já passava por cima do atlântico-sul. Raiden trajava um terno preto bem passado, como pedia a ocasião para o qual já vinha preparado. O destino de seu vôo? As belas e exóticas terras brasileiras. 

Já as tinha visitado uma vez, num verão ardente em Copacabana com a família, muito antes mesmo de entrar para a Maverick. Lembrava-se das praias lotadas, o calor, a água fresca, as músicas, John tentando cobrir seu corpo inteiro com areia e Rose com o maiô listrado roxo e azul-esverdeado. É… Rose…  

Bem. Mas naquele momento Raiden não estava com sua família, tão pouco de férias. Sua viagem desta vez era para negócios. Mas não simples negócios! Era um encontro com o próprio presidente brasileiro, Jair Messias Bolsonaro. Sabia que era um tipão, ultraconservador; uma figura totalmente indissociável da imagem que o remetia ao país tropical, com futebol, samba e biquínis cavados. 

O avião finalmente perfurou a costa brasileira e em pouco mais de uma hora aterrissava no Aeroporto Internacional de Brasília. Como parte do combinado, foi recepcionado por dois guardas costas que o encaminharam para um carro comum junto da sua bagagem. De lá, partiram para o Palácio da Alvorada. 

Raiden foi atenciosamente recebido por Bolsonaro em seu escritório, com um aperto de mão e um singelo tapinha no ombro. Juntos no aposento também estavam o ministro da defesa, Fernando Azevedo, e o general do exército brasileiro, Edson Leal, que o cumprimentaram com um aperto de mão e sorriso amigável. Quando todos já haviam se acomodado sobre os sofás bem revestidos, foi servido vinho francês. 

— Estive em um encontro diplomático nos E.U.A em março. Me falaram muito bem de você. — iniciou o presidente, com um ar carismático, sentado por trás de sua mesa de escritório, as mãos entrelaçadas apoiadas em cima do móvel. 

Raiden deu um gole na taça. Seu português não era exatamente fluente, tinha o sotaque estadunidense bastante forte também; mas sabia improvisar bastante e mesclava um pouco com que se lembrava de espanhol quando fugia a palavra.  

— Tive algumas experiências, sim. — brincou, sorrindo. 

— Ótimo, ótimo. — riu. E depois de uma pequena pausa, prosseguiu. — Acho que já te dei uma explicada sobre qual a minha ideia, quando fiz aquela ligação. 

— Sim, sim. 

— Estamos tentando dar um… upgrade nas nossas Forças Armadas. Não sei se você sabe, mas eu fiz parte do exército quando era mais novo e, olha...  — gesticulava nervosamente. — O Brasil nunca foi um exemplo de país bélico.  

— Entendo.

— Mas eu pretendo mudar isso aí, agora.

Fernando e Edson observavam o rumo da conversa, bebendo e repondo vinho na taça. 

— Durante as viagens que eu fiz ano passado, acabou que me falaram sobre essa “nova geração de soldados”, que já tem em muitos países, secretamente, principalmente na África. 

Raiden afirmou com a cabeça. 

— E então conseguimos um apoio sensacional dos Estados Unidos. Eles cederam a tecnologia pra gente. Peças, médicos, cirurgiões; tudo. Só que nós ainda íamos precisar de voluntários pro serviço. E, claro, de alguém pra vigiar todo o processo de teste, treinar o soldado; pra ver se vale a pena mesmo, sabe? Se a coisa funciona de fato. E eu, particularmente,  acho que você seria a pessoa mais adequada pra esse papel, já que além de ex-membro das Forças Armadas dos Estados Unidos, é ciborgue.  

— Entendi perfeitamente. 

Edson Leal inclinou-se sobre o assento, direcionando-se para Raiden:

— Desculpa se eu for indelicado, — pôs a mão no peito, a outra segurando a taça. — mas essa história toda… robô, ciborgue, androide… sei lá. Como isso funciona?  

Raiden deu outro gole e repousou a taça sobre a mesinha de centro. Ele retirou uma das luvas de couro que cobria suas mãos metálicas:

— Eu não entrei nessa condição por vontade própria, mas me acostumei bastante rápido, até. Tive alguns ajustes ao longo desses sete anos, também; como a tecnologia evolui, eu preciso estar sempre me adaptando junto com o processo. A pele sintética mais realista, receptores de dor, gosto, calor, olfato. Bom... — deu um sorrisinho. — no final das contas, é como um corpo humano mesmo, que também muda ao longo da vida. Eu particularmente prefiro pensar dessa forma.

Todos o observavam atentamente.  

— Muito bacana. — disse o presidente, balançando a cabeça afirmamente. — Sobre a minha proposta… ficou tudo bem claro? 

Raiden assentiu. 

O resto da reunião foi papo de burocracia. Salários, benefícios, alojamento, horários; enfim, tudo necessário saber para que moldasse sua rotina a partir de então. 

Terminado o encontro, Raiden foi levado de carro para seu novo aposento, um prédio próximo ao Instituto Nacional de Meteorologia e o Memorial JK, há 10 minutos do Quartel-General do Exército, num bairro bastante arborizado, de ruas amplas e -- como toda a cidade -- visivelmente planejado. A forma que o bairro foi estruturado era bizarra: diversos prédios, apenas prédios, espaçosamente postos um ao lado do outro, completamente isolado de comércios e casas, como num grande condomínio cercado pelos limites do próprio universo. Lojas? Bancos? Sem qualquer sinal por perto. Era quase como ser um náufrago, cercado por uma selva de pedras. 

Depois de subir para o apartamento mobiliado no sétimo e último andar, Raiden começou a o processo de retirar e ajeitar tudo o que trazia nas malas; apenas algumas roupas e ferramentas para a manutenção do próprio corpo. Os cômodos já estavam limpos e organizados, portanto não seria preciso gastar tempo com isso. Em menos de uma hora concluiu o trabalho. 

Quando sentou-se no sofá para descansar, relembrou a ligação feita por Rose algumas horas atrás, quando ainda estava na Noruega. A discussão começou em tom pacífico, mas terminou em palavras duras. Rose e John estavam vivendo na Nova Zelândia há um tempo já; e, logo após encerrado o incidente Marshall, Raiden passou a viver junto de sua família. O convívio, no entanto, de repente se tornou sufocante; a vida de trabalho autônomo de Raiden próximo a sua própria casa trazia os conflitos para dentro do lar. Rose discordava com a prática; sentia que a atmosfera que Raiden emanava depois que cumpria seu trabalho era… violenta demais para que voltasse diretamente para casa. Temia que John o visse naquele estado. Ela também achava que era uma situação muito arriscada; trazia o risco para muito perto. As discussões e algumas palavras mal-pensadas fizeram Raiden supor a ideia de que, no fundo, Rose o considerava um monstro. E daí pra frente o conflito virou uma bola de neve. 

Por conta disso, Raiden estava há um mês em Oslo, tentando abrandar os ânimos das discussões entre ele e Rose, pensando e repensando o que faria da sua vida dali pra frente. Se continuaria como autônomo; se levaria a ideia de divórcio adiante. Mas e John, como ficaria? A Rose que conheceu e amou parecia no fundo sempre tê-lo visto como um monstro. E então? Onde estavam seus alicerces? Será que as coisas seriam mais simples caso não fosse quem era? Poderia ter um trabalho minimamente comum; uma vida minimamente comum. Sem se filiar a grupos de mercenários ou ter que lidar com terroristas niilistas. Sem ter que parecer um mal exemplo para John ou uma máquina de matar para Rose. Ou, talvez, quem sabe, ele fosse mesmo uma máquina de matar, um sanguinário que nunca seria capaz de recuperar a própria humanidade (se é que um dia ela havia existido em seu coração)?

Em meio à tantas as suas dúvidas, surge a proposta de ir para o Brasil. Seria essa mais uma das suas jornadas de auto-conhecimento? Ou, só um trabalho temporário, mesmo? O que faria depois que terminasse seus serviços? Regressar para a Noruega e esperar um chamado de Rose? Voltar para a Austrália numa tentativa de reatar? Raiden não sabia; e nem queria saber. Deixaria o fluxo das coisas o guiarem naturalmente.

Ele suspirou, exausto de tanto pensar, ajeitando a franja para trás. 

Cogitou assistir um pouco de TV, mas sabia que ocasionalmente cairia no ócio e voltaria a se inundar de perguntas. Uma caminhada seria mais adequada, nesse caso. Precisava ainda reconhecer o hábit à sua volta. 

Quem sabe, observando, entendesse um pouco mais sobre aquele país tropical. 


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Notas finais do capítulo

não levem a sério.... ou levem kikiki



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