Annabeth Chase sempre foi uma mulher romântica. Mesmo com a personalidade meio "pé no chão", a loira sempre sonhou em viver um grande amor. Mas depois de todas as suas experiências desastrosas em namoros e até mesmo um noivado ("eu sempre tentei negar, Anna, mas eu sou gay" disse Perseu Jackson, seu noivo e melhor amigo, depois de beber todas no aniversário de sua irmã mais nova), Annabeth sentenciou chateada: o amor era lindo, mas não para ela.

Mesmo tendo se passado anos desde esse acontecimento traumático, a mulher de quase trinta anos se fechou para todo e qualquer tipo de relacionamento amoroso que não passasse de transas casuais, focando todo seu tempo em arquitetar casas e ser bem sucedida profissionalmente.

E sua rotina não passava de algo como trabalhar doze horas por dia, dar atenção ao seu gato e dormir o máximo que conseguisse para, no dia seguinte, repetir as mesmas ações, menos no fim de semana, dias esses que passava sentada, se entupindo de sorvete e assistindo filmes românticos, isso enquanto reclamava com Dédalo (seu gatinho rajado) o quão injusta era sua vida por não ter nenhum príncipe ou princesa encantada para chamar de sua.

Mas mesmo com toda a sua convicção de nunca mais se apaixonar ou entrar em um relacionamento, Annabeth trombou com um empecilho que mudou todo o rumo da coisa, empecilho esse mais conhecido como Piper McLean, a moça bonita que havia se mudado para a casa ao lado da sua no mês passado.

Tudo começou com a Chase acordando atrasada em uma quarta-feira, os dias em que geralmente era obrigada a ir até a empresa em que trabalhava para dar um relatório geral dos projetos e apresentar os já terminados, o que a fez surtar e levantar correndo com tudo da cama. E foi aí que a primeira desgraça de seu dia ocorreu: a loira dando de cara no chão depois da perna se prender por entre as cobertas e ela tombar com tudo pra fora da cama.

Depois disso foi desastre atrás de desastre, o chuveiro ter queimado no meio de seu banho, o borrão de batom que não conseguiu tirar, pois ele era matte, o café sendo derrubado manchando toda sua camisa branca, e, para finalizar sua lista de vergonhas passadas, Annabeth tropeçando em uma pilha de caixas prostradas em frente ao seu carro. A sua sorte (ou azar) foi ter sido acudida pela mulher mais bonita que já colocou os olhos em toda sua vida.

Os cabelos castanhos escuros com algumas tranças, os traços mais acentuados e os olhos puxadinhos a encarando preocupada foram quase sua morte.

— Você está bem? – perguntou a moça, a voz melodiosa soando doce aos ouvidos de Annabeth.

— Bem? Eu... Eu acho que sim? – respondeu envergonhada. A Chase sentia o rosto pinicando, provavelmente estava vermelho, agora não sabia dizer se apenas de vergonha ou também de raiva.

Tantas quartas-feiras para passar vexame e ela escolhe justo a que a vizinha linda se muda? Os deuses só poderiam estar de brincadeira com a cara dela, francamente.

Após ter levantado e se recomposto, Annabeth encarou o rosto da mais baixa com uma falsa expressão controlada, pedindo desculpas por ter amassado suas coisas.

— Não precisa se desculpar, moça, está tudo bem. – respondeu risonha — Eu é quem devo pedir perdão por espalhar essas caixas pela calçada, foi erro meu, devo ter me confundido com a mudança. Inclusive, meu nome é Piper McLean, sua nova vizinha.

Depois das apresentações serem feitas, as duas ainda conversaram por um tempo, marcando um jantar na noite seguinte para se conhecerem melhor, e nem precisa ser dito que Annabeth surtou internamente ao ouvir as palavras de Piper, um sorriso pequeno despontando em seus lábios.

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Durante o resto do dia Annabeth permaneceu nas nuvens. Nunca tinha tido uma queda tão grande e de primeira por alguém como sentiu por Piper. A Chase até mesmo estranhou a situação toda, como era possível ficar caidinha por uma pessoa por causa de um sorriso e meia dúzia de palavras? Anna desconhecia, mas se sentia completamente encantada pela morena.

Quando voltou pra casa, olhou para a casa ao lado e sorriu. Estava ansiosa para o jantar e torcia para que tudo desse certo.

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Quando a noite seguinte chegou, Annabeth se encontrava arrumando a mesa pela décima vez em menos de meia hora. Logo Piper chegaria e o nervosismo já estava a consumindo. Será que ela ainda a achava uma desastrada? E se a tivesse espantado ontem? Esperava com todas as suas forças que não.

Outra coisa que a preocupava era como estava vestida. A loira havia posto uma roupa simples, não muito formal, calça jeans, tênis e um suéter branco longo combinavam com a maquiagem leve, os lábios rosados de gloss, as bochechas coradas de blush e rímel nos olhos junto com os cabelos presos em um rabo de cavalo e pronto, estava terminado. Torcia para que a morena não a achasse ridícula daquela forma.

Cinco minutos antes da chegada de Piper, Annabeth pôs a comida na mesa, o cheiro gostoso de strogonoff se espalhando pelo cômodo, e assim que terminou de servir o suco nos dois copos, ouviu a campainha tocar, e junto com o som estridente, seu nervosismo voltou com força total.

Este que foi se dissipando aos poucos após abrir a porta e encontrar uma McLean alegre e com um vestido florido bonito dizendo o quanto a Chase estava bonita.

O jantar seguiu com um clima maravilhoso, as conversas seguiam animadas e as gargalhadas foram garantidas pelo lado brincalhão de Piper que a loira adorou conhecer. E ao final daquela noite perfeita aos olhos de ambas, um beijo suave na bochecha da mais alta e sorrisos trocados foram suficientes para deixar os dois corações acelerados.

Annabeth ainda achava que o amor não era para si, o medo ainda estava presente em sua mente, de amar e ser deixada por alguém que gostava como em todas as outras vezes, mas depois desse jantar e de todos os outros que vieram depois, talvez a Chase se deixasse arriscar novamente se isso significasse estar ao lado de sua vizinha sorridente, brilhante e brincalhona McLean.