Platônico? escrita por Camélia Bardon


Capítulo 1
Crush


Notas iniciais do capítulo

Alô gente bonita, hoje teve duas postagens porque esse mês de junho tá rendendo horrores pra escrita hihihi Hoje trago pra vocês uma songfic delicinha de "Crush", do David Archuleta. Veio lá da ideia da Nathalia do grupo Fanfics Amor Doce/Eldarya, para o Desafio Musical. Não conhece? Sem pânico, tem panfletagem aqui e nas notas finais!

Dito isso, boa leitura!



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E como vai a Delphine? 

Lysandre sempre fazia o favor de cutucar a ferida do amigo. Desde que Lynn terminou o relacionamento com Castiel para mudar-se de cidade sem um aviso prévio, bem como Lysandre para cuidar da fazenda dos pais, bem como a morte do cachorro que acompanhava-o há anos… ele sentia-se miseravelmente sozinho. Apesar de evitar verificar de cinco em cinco minutos o que os sites de fofoca publicavam sobre a Crowstorm, Castiel deparou-se com o comentário de alguém dizendo que ele "reclamava de barriga cheia sobre o ritmo da banda. Muitos matariam para ter o que ele tem". 

E… Delphine… bem, Delphine havia sido a única que, ao vê-lo, não havia dado um surto fangirl. Ao invés disso, ela ergueu um saco de lixo na altura de seus olhos e perguntou num tom cansado: "quer que eu leve o seu lá para baixo também?". Castiel não havia a tirado da cabeça desde então ⎼ pele bronzeada, cabelos castanho-acinzentados e olhos escuros, bem escuros. De trombadas ocasionais no prédio para trocas de lixo, cafés no apartamento dela, jantares no apartamento dele… já passaram seis meses sem que ninguém tomasse posicionamento quanto a nada. Estavam confortáveis. Ou talvez ela não quisesse mais que isso.

Bastou comentar dela uma vez com Lysandre para que Delphine já virasse palco de suas conversas mensais.

― Ué, vai bem. Com as pernas. A gente não tinha ligado para organizar o intercâmbio das letras?

E agora tem essa? ― Lysandre riu com delicadeza. ― Dê um oi a ela por mim.

― Tá bom. Sua internet aguenta mais tempo?

Uma pausa deu-se entre os dois telefones. Castiel pode imaginar com perfeição Lysandre retirando o celular da bochecha, grunhindo pelo suor e verificando o sinal. Foi o tempo exato para que ele lhe respondesse:

Não muito. Eu coloquei crédito para o mínimo, depois que você mudou para a capital a operadora está cobrando mais por minuto.

― Que merda de capitalismo… se quiser manda o boleto para mim, eu pago mais por um plano melhor.

Não precisa, nós não iríamos nos falar com tanta frequência de qualquer maneira, então seria dinheiro jogado fora.

Ai. Por mais que doesse, era palpável que as coisas haviam mudado desde o ensino médio até ali. Ambos não tinham mais tempo do que o necessário, e já passara da época de cobranças pela presença um do outro. O importante não era quanto tempo entravam em contato um com outro, era mantê-lo independente das circunstâncias.

― Tudo bem. Então já vou desligando, que eu sei que você acorda com as galinhas.

Literalmente… 

Foi a vez de Castiel gargalhar, espreguiçando-se em sua cama. Após os dois trocarem mais algumas palavras clichês de despedida temporária, Castiel suspirou pesadamente e deixou que os braços pendessem ao lado do corpo. Todos os finais de dias pareciam assim; a exaustão acumulava-se em suas veias, e apenas esperava o momento em que ele se deitava para se liberarem todas de uma vez. 

Quando estava prestes a cair no sono ⎼ esperado e merecido sono ⎼, Castiel sentiu o celular vibrar na coxa. Após respirar fundo ⎼ bem fundo, diga-se de passagem ⎼, ele abriu um olho de cada vez, lendo o nome da dita-cuja da ligação no visor. No caso, o nome que havia salvo seu contato: Dolphin, ao invés de Delphine. Resmungando, arrastou o dedo preguiçosamente para atender a chamada.

― Pronto?

Quem atende uma chamada falando "pronto"? Que ridículo ― Delphine desdenhou, como de praxe. Suas trocas de farpas sempre eram amigáveis e um sinal de que tudo ia bem. ― Tá bem aí?

― Sim, ora. Por que não tocou o interfone?

Porque você deve estar deitado e ia me atender xingando se eu ligasse pelo interfone. 

― … Touché.

Uma gargalhada generosa fez-se ouvir do outro lado da linha. Normalmente, Castiel teria se irritado com a demonstração de felicidade alheia; no entanto, vindo dela poderia tolerar. Pior: ele sorriu junto a ela, arrumando os fones de ouvido ao redor do pescoço.

― Mas então? O que deseja, madame?

Eu ia te chamar pra jantar amanhã… queria fazer alguma coisa diferente na semana, e para fazer só pra mim, fica meio caro, né? Aí pensei em te chamar, porque… ah, porque você tem cara de desnutrido, aí eu quis fazer uma boa ação.

― Desnutrido? É você quem parece uma tábua ― Castiel riu com maldade.

Uma tábua bem atraente.

Sim. Uma tábua muito, perigosamente atraente.

Digo… ah, esquece isso ― Delphine pigarreou, dando uma pausa. ― Quer vir ou não?

― Qual é o cardápio? 

Tentativa de tacos e guacamole. 

― Eu vou se caprichar na pimenta. 

Feito. Então, é um encontro.

Castiel engoliu em seco, quase deixando o celular cair. O resultado foi que o carregador, que estava conectado junto ao fone de ouvido, soltou-se da extensão. Só não caiu no chão pois o músico foi mais rápido em estender a mão e salvá-lo. Mal tinha acabado de pagar as parcelas, não iria deixá-lo se ir tão fácil assim.

Cas? Tá aí? ― ela indagava, do outro lado da linha.

― Foi mal. Ficou mudo, deve ter cortado a ligação. 

Não me ouviu, então? 

― Não, desculpe.

Delphine resmungou, batendo algo contra a panela. Mas o que tinha sido essa reação?

― Ah, o Lysandre te mandou um oi.

Ele é um fofo. Dá outro depois.

Ignorando o nó na garganta que o ciúme repentino lhe causou, Castiel assentiu com a cabeça. Daí, recordou-se de que ela não poderia ver o gesto, portanto arriscou:

― É um encontro?

Castiel não era dos que davam para trás. Uma decepção na vida a mais, que diferença fazia?

― Delphine?

Checando o celular, após o bipe característico da chamada encerrada, foi aí que ele teve vontade de deixar o celular cair voluntariamente no chão. Ele bem que tivera a impressão de que ela queria um passo a mais. Entretanto, como poderia confirmar se era apenas platônico ou paranoia da sua cabeça quando aquela merda de telefone não colaborava?

Eu deveria ter ido dormir quando tive a chance, pensou ele, reconectando o aparelho no carregador. Por coincidência, o peso nos ombros que estava antes de ela ligar havia sumido... misteriosamente.


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Notas finais do capítulo

Grupo: https://www.facebook.com/groups/366656323740414/
Música: https://www.youtube.com/watch?v=6J1-eYBbspA

Estou me aventurando aos pouquinhos aos contos curtos, o que acharam? Confesso que assim que escutei essa música só consegui pensar no Cas tentando se declarar e ficar naquela eterna dúvida, turrão do jeito que é xD
Um beijão procês, até mais ♥



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