In the end escrita por Deh


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Então pessoal (estranhamente) estou aqui de novo.
Antes de tudo, perdoem por não está atualizando minhas fanfics (Try again e Retratos de família), mas a ideia para essa história me veio ontem a noite e lógico que eu tive que ir madrugada a dentro para escrever, isso tudo após assistir minhas aulas u-u
Alguém reparou que ando retornando as minhas raízes dramáticas? Estranho não?

P.s -> Há uma citação de uma música, cujo nome coincide com o nome dessa fanfic. *-*



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Time is a valuable thing

Watch it fly by as the pendulum swings

Watch it count down 'till the end of the day

The clock ticks life away, (it's so unreal)

 

 

Eu iria morrer.

E já sabia disso há semanas e mesmo assim, lutei bravamente, alguns diriam que heroicamente. Mas havia sido o suficiente? Era lógico que se eu tivesse que morrer que fosse nos meus termos, entretanto, parece que eu ainda não estava pronta para isso. O frio que eu começava a sentir em um lugar quase tão quente como um deserto, como é o caso de Los Angeles é um presságio e infelizmente eu sei que selei meu destino.

Mas pensando bem, eu selei meu destino há muito tempo. Eu o selei quando deixei ele em Paris com aquela maldita carta.

Inevitavelmente quando pisco os olhos, a memória me vem a mente.

Eu o observava calmamente dormindo, enquanto pensava em que decisão tomar. A mais lógica e apropriada, seria aceitar a promoção que me foi oferecida, enquanto isso a mais idiota era voltar com ele para Washington.

Eu sabia qual deveria tomar, eu tinha um plano de cinco pontos no fim das contas. Mas por que a decisão idiota era tão tentadora? Mesmo que ele tenha dito aquela desprezível frase, quando eu confessei que o amava. Eu definitivamente só podia ser masoquista.

Por fim, eu me lembrei o porquê havia entrado para o NCIS, o porquê eu tinha que continuar, não era só o meu plano de cinco pontos. Era pelo meu pai, eu tinha o dever de limpar seu nome, era o mínimo que eu poderia fazer no fim das contas e assim apesar de difícil, ignorei meu coração e parti.

Claro, eu lhe deixei o casaco e uma carta. Pois apesar de tudo eu sentia que devia a ele ao menos uma explicação e essa explicação não seria cara a cara, já que eu tinha muito medo de mudar de ideia quando fitasse aqueles olhos azuis.

De repente estou tossindo, engasgando com meu próprio sangue. Como a morte de um ser humano pode ser tão medíocre?

Parece estranho, mas sou capaz de ouvir vozes, não, ainda não são as vozes do além, é familiar... No meu âmago desejo que seja ele, mas não é, é Mike.

Mike, que tenta fazer pressão no meu ferimento, enquanto sussurra desajeitado:

—Merda ruiva. Você teve o inferno de uma luta, mas vê se não morre.

Eu juro que quero responder, juro que quero, mas falar parece ser impossível em minha atual condição.

E inevitavelmente, quando pisco mais uma vez, me vem a mente:

São três meses desde que eu cheguei em Rota, o estresse e a mudança de hábitos me deixaram estranha, ao menos era isso que eu tentava me convencer. No entanto, minha mestruação, ou a falta dela, tentava me dizer algo.

E com três testes de farmácia eu com certeza tive o maior susto da minha vida, eu estava grávida.

Grávida e no estrangeiro.

Grávida e sozinha.

Perdida, com medo, indecisão e com um misto de sentimentos que eu nem sabia ao certo como nomear. Não vou negar, foi um dos momentos mais difíceis da minha vida, mas não o mais.

Logo após minha descoberta, eu sabia que tinha que dar um jeito naquela situação e estava determinada a isso.

Eu havia marcado, eu estava no consultório, eu fiz toda aquela entrevista e assinei todos  os termos de consentimento, sob uma identidade falsa é claro. Mas no último momento eu desisti.

Sim, eu Jennifer Shepard desisti!

Porque eu não podia tirar uma vida a sangue frio e Svetlana é a prova disso.

Eu não podia simplesmente matar meu próprio filho por mais que ele fosse do tamanho de um amendoim.

E assim, eu me encontrava novamente em uma encruzilhada, o que eu faria da minha daqui para a frente? Desistiria do meu plano de cinco pontos ou o adaptaria?

Adaptar? Isso me atrasaria demais.

Desistir era o correto, pois como eu havia de ser mãe solteira tentando subir tão rápido em minha carreira?

Uma coisa era certa, eu teria de sacrificar algo: ou minha carreira ou meu filho ainda não nascido. Mas como poderia fazer isso?

Minha carreira foi algo tão difícil de se construir, tive que batalhar tanto para chegar onde estou.

Mas um filho é uma grande responsabilidade, não posso trazer uma criança ao mundo para negligencia-la. Se fosse para mim ter uma criança, que eu me dedicasse a ela.

No entanto, eu conseguiria me dedicar a uma criança? Conseguiria eu esquecer meu plano de cinco pontos e acima de tudo minha vingança?

 Minha mente estava cheia de perguntas e infelizmente sem muitas respostas, entretanto, uma coisa eu sabia o aborto estava fora de questão e com ao menos essa decisão tomada, eu tive que contar a minha supervisora.

Ela não estava nenhum pouco surpresa com minha novidade. No entanto, parecia curiosa em saber como eu faria dali para frente e foi quando enfim eu admiti:

—Eu estou tendo esse bebê Hetty, mas não sei se vou criá-lo.

O que eu disse pareceu intrigar a mulher, que misteriosamente me disse:

—Então quando tomar uma decisão Shepard, me conte. Eu posso ajudar.

E assim os dias passaram.

O trabalho foi ficando mais burocrático, a ação eu estava sendo deixada no banco de reservas, não sei como, mas Henrietta conseguiu deixar o meu “estado” fora da minha ficha oficial.

—Para quando é o bebê Shepard? –Ela me perguntou em um determinado dia.

—Depois do Natal. –Eu disse a ela.

—Já descobriu o que vai fazer? –Ela questionou intrigada.

Eu engoli em seco, respirei fundo, eu havia sim tomado uma decisão, entretanto, não me sentia muito orgulhosa ao compartilhar. Sendo assim, desviei o olhar enquanto mordia meu lábio inferior.

Isso foi o bastante para a grande Henrietta Lange deduzir:

—Você vai colocá-lo para adoção.

 Não sabia bem o porquê, mas ela dizendo em voz alta, me deixava um tanto quanto constrangida, um pouco envergonhada, por assim dizer. Diante disso, limitei a apenas assentir, não que ela houvesse me perguntado.

—Sabe eu não te julgo. Ninguém deveria na verdade, as escolhas que uma mulher faz, cabe a ela. –Ela quase que me tranquilizou.

—Espero estar fazendo o certo. –Foi a única coisa que eu fui capaz de dizer.

Ela então sorriu quase que melancolicamente:

—Isso minha querida, só o tempo dirá.

Eu assenti, enquanto ela tomava seu chá calmamente.

—Você já tem uma família em mente? –Ela quebrou o silêncio.

Fiz que não com a cabeça.

—Como eu disse no dia que você me contou Jenny, eu a ajudaria independentemente da sua decisão. Se você decidiu por coloca-lo para a adoção, deixe-me que eu cuido da família. –Ela disse serena, analisando minha reação.

Assim, eu encarei a pequena mulher, algo me dizia que ela tinha certa experiência no assunto.

 _Eu quero que ele tenha uma boa família Hetty, uma vida cheia de amor e atenção. –Eu disse e a observei assentir, por fim confessei –Eu quero que ele tenha a vida que eu não pude dar a ele.

—Eu o colocarei em boas mãos. –Ela prometeu.

E assim mais alguns dias se passaram até chegar o dia 24 de dezembro de 1.999.

Não era o dia, estava duas semanas antes do esperado, mas o bebê que as vezes eu fingia não crescer dentro de mim, decidiu que era um bom dia para nascer.

Eu passei boa parte da manhã ignorando as dores pré-parto, até mesmo fui trabalhar normalmente. Mas antes do almoço Callen, o irritante agente que passava a maior parte do tempo disfarçado apareceu.

—Shepard, se eu não conhecesse tão bem as suas caretas, eu diria que você vai parir hoje. –Ele disse com um sorriso zombeteiro, nada fora do comum.

E por mais que eu quisesse discutir com ele, eu me vi dizendo:

—Eu acho que vou mesmo.

E essa frase foi o suficiente para que seus olhos se arregalassem.

—Jenny não brinque com essas coisas. Eu não tenho treinamento para isso. –O agente Callen disse um pouco mais apavorado.

—Eu acho que você vai ter que me levar para o hospital Callen. –Eu disse enquanto me encolhia na minha cadeira com dor.

—Ai meu Deus, por favor me diga que você tá brincando. –O agente de olhos claros me perguntou.

—Eu queria estar. –Eu disse o olhando desesperada.

—Merda. –Ele disse antes de me ajudar a caminhar até o seu carro. –Só por favor, espere até chegar no hospital carinha.

E assim G. Callen me levou até o hospital, onde fiquei internada por longas e dolorosas horas, por que essa criança tinha que me fazer sofrer tanto antes de nascer? Talvez devido as minhas decisões? Ou seria simplesmente por ser filho de Jethro?

A resposta eu não sabia, mas eram onze da noite quando após muitos gritos de dor e também após xingar Jethro em todos os idiomas que eu conhecia, eu finalmente senti um alívio instantâneo, sendo seguido por um choro alto.

—Ela tem bons pulmões. –Eu ouvi a enfermeira dizer.

Ela...

Era uma menina no fim das contas.

Todo esse tempo em que eu evitei saber o sexo, na esperança que fosse mais fácil na hora de entrega-la, acabou.

Eu havia dado a luz uma garotinha.

E eu sentia lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas, sem saber se eram alívio após o difícil trabalho de parto ou de felicidades por minha garotinha.

A enfermeira então a enrolou em um pano branco, após limpá-la e a trouxe para mim, eu queria abrir minha boca e falar para que não fizesse isso, eu não poderia segurar minha filha nos braços e a entrega-la para estranhos. No entanto, após tanto gritar e xingar por longas e dolorosas horas eu me vi muda e meus braços se ajeitaram imediatamente para acomodar o pequeno bebê.

Ela era tão pequena e ao mesmo tempo tão perfeita.

Ela ainda estava um pouco suja, sua carinha enrugada, praticamente não havia cabelos em sua cabeça e Deus, como ela berrava. Mas ela era minha, e por alguns minutos eu me vi encarando o que fosse talvez o meu maior feito e ela era perfeita.

Eu tracei o seu rosto com meu indicador, apesar de recém nascida eu já podia chutar que ela herdaria o meu nariz.

—Deixe-me leva-la agora mamãe. –A enfermeira disse retirando ela dos meus braços e um enorme peso me atingiu.

Ela era simplesmente perfeita e minha, como eu pude sequer cogitar interromper a vida dela há alguns meses? Eu definitivamente sou um ser humano horrível.

Naquela noite eu dormi como uma pedra.

Na manhã seguinte, eu acordei em um quarto, bastante dolorida, mas bem. Ao abrir os olhos, a primeira coisa que vejo é Hetty em meu quarto, conversando baixinho com meu bebê.

—Bom dia Hetty. –Eu digo.

—Bom dia Jenny. –Ela diz se aproximando de mim –Quer segurá-la?

Eu a encarei fixamente, era lógico que eu queria, era o mínimo após toda a experiência traumatizante que envolve o trabalho de parto, entretanto, a expressão em seu rosto indicava que era um teste.

—Qual o teste Henrietta? –Questionei.

Ela me encarou fixamente antes de dizer:

—Se o seu plano inicial ainda estiver de pé, consigo entrega-la ao casal ainda essa tarde e ainda consigo te liberar para um cargo de agente de ligação no Oriente Médio em no máximo duas semanas. –Ela disse e aguardou minha resposta, entretanto, permaneci em silêncio e ela viu como um sinal para continuar. –Se você decidir por ficar com ela, você deve estar ciente que Morrow decidiu por fim a nossa unidade, ele pretende redistribuir os agentes entre escritórios na Europa para missões disfarçadas e eu terei que relatar sua condição, então você provavelmente será rebaixada de cargo e provavelmente voltará para a sede.

Eu a encarei por um longo tempo, não era uma decisão fácil. Eu deveria de fato sacrificar algo, eu não poderia ter os dois, e se eu a escolhesse, isso significava que eu seria mandada de volta a Washington, eu seria mandada de volta para ele e eu não podia.

Ela finalmente me entregou minha filha.

—Pense nisso Shepard. –Ela disse antes de sair.

Quando ela estava prestes a abrir a porta, eu disse algo que com certeza um dia eu me arrependeria:

—Então providencie o que precisar, eu a entrego hoje.

Ela se virou e me deu um último olhar, que eu não consegui identificar muito bem o que era. Empatia? Decepção? Compreensão?

—Droga madame, não feche os olhos. Gibbs vai me matar –Fui capaz de ouvir Mike dizer.

Relutantemente eu abri os olhos e o encarei, mas eu sabia que não seria por muito tempo, eu sentia a vida se esvair do meu corpo.

—Você pensou em um nome? –Hetty perguntou-me enquanto esperava que eu entregasse o meu bebê a ela.

Eu estava relutante em entregar minha filha a ela, por meses eu evitei pensar nesse momento. Eu não quis saber o sexo para não me apegar. Não pensei em nomes, para não dificultar ainda mais as coisas.

No entanto, um nome sempre esteve lá.

A memória de um lugar mágico.

Um amor épico.

O ambiente capaz de me tirar daquela escuridão em que eram os meus dias.

E assim, enquanto eu a entregava meu bebê, eu disse com toda a minha força para não fraquejar naquele momento:

—Ruiva, a cavalaria está vindo. Aguenta, o novato não pode perder você também. –Por mais estranho que pareça eu acho que Mike Franks me suplicou.

Pela última vez eu abri meus olhos e o encarei, definitivamente morrer nos braços de Mike Franks não estava nos meus planos.

Mas eu morreria de qualquer jeito e eu não vivi minha vida do jeito que vivi para acabar sofrendo de uma doença degenerativa. Então se eu fosse morrer, que fosse do meu jeito, que fosse para proteger Gibbs. Uma última forma de tentar reparar meus erros, era isso o que eu estava fazendo, eu só espero que se algum dia ele descobrir, o que eu acho difícil, que ele me perdoe.

—Marseille. –Foi a última coisa que eu disse antes de fechar meus olhos permanentemente.

Logo que eu descobri meu fatídico diagnostico, eu a procurei.

Deus eu precisava vê-la, se era para algum alívio de consciência ou saber se eu havia feito o certo eu não sabia, só tinha uma coisa em mente: eu precisava vê-la.

E com esse pensamento, entrei em contato com Hetty por meio de uma linha segura eu implorei.

Sim, eu Jenny Shepard implorei, porque não bastava ser a diretora e mandar, Hetty nunca foi muito adepta a seguir ordens.

Relutantemente ela me deu as informações que eu precisava e assim em um belo dia de sábado eu fingi uma reunião na base de Los Angeles e fui vê-la.

É claro que eu a vi, mas vi de longe, por algum motivo eu não conseguia me aproximar, não que eu ache que a pequena mulher que estava ao meu lado fosse deixar.

Inevitavelmente, eu deixei um sorriso me escapar, enquanto eu observava a garotinha de sete anos brincar com as outras crianças. Ela exibia um grande sorriso, que eu não sabia a quem favorecia e seu cabelo, ah sim esse ela herdou de mim, seu cabelo vermelho brilhava na luz do sol.

—Ela é bem cuidada, ela está no ballet e tem um poodle que se chama Snow. –Hetty comentou.

E ali observando aquela garotinha sorridente, estranhamente eu senti como se havia feito o certo. Afinal, que vida eu poderia dar a ela? Eu estive os últimos anos consumida por um desejo de vingança, eu não estava em bons termos com seu pai e eu ainda era alérgica a cachorros.

—Como ela se chama? –Perguntei receosa.

—Eles decidiram manter o nome. –Ela confessou.

E ali eu senti meu coração apertar, se era por ela, se era pelo fato do pai dela não saber ou se era pelo próprio fato do que eu havia feito eu nunca vou saber.

Mas eu estava feliz, ela estava bem e era o que importa.

Eu posso ter falhado em várias coisas, entretanto, duas coisas boas eu fiz com minha vida: eu dei a ela uma boa família, família a qual eu não seria capaz de dar, e eu o mantive vivo.

Infelizmente, ele permanece ignorante ao fato de ter uma filha por aí, entretanto, nada na vida é perfeito.

E assim chego ao meu fim, com uma vida de altos e baixos, uma carreira invejável, amores épicos, mas definitivamente nada é mais importante, quanto ao fato de que nós sempre teremos Marseille. 

 

 

I tried so hard and got so far

But in the end, it doesn't even matter

I had to fall to lose it all

But in the end, it doesn't even matter

 

In the end - Linkin Park

            


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Muito melodramático?
Para quem me conhece, sabe mt bem que eu tenho uma forte teoria que há sim uma criança JIBBS perdida em algum lugar do mundo e ainda tenho fé de que irá cruzar os caminhos do NCIS algum dia. Sim, eu sei, sou mt louca, mas .....

Sobre os "mistérios" que ficaram em aberto aberto nessa fic, vulgo se Gibbs vai ou não encontrar a garota, não vou mentir, há um certo rascunho por aí, entretanto, não me vejo postando tão cedo. Então encare isso como uma história aleatória, fruto de uma mente que deveria estar se focando em terminar suas histórias ;)


Um grande abraço e até qualquer hora ♥



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