Antares escrita por Tahii, éphémère


Capítulo 5
Se isso é um sonho, por favor, não me acorde


Notas iniciais do capítulo

[Tahii] OOOOOOOOOOI, GENTE LINDA! Tudo bem por aí? ♥

Primeiramente, obrigada por todos os comentários de vocês! Todo mundo está esperando esses dois se renderem ao fooooooooooooogo da paixão, não é? kkkkk Vocês são demais! ♥

Obrigada, muuuuuuuuito obrigada, Carol Foster, pela recomendação maravilhosa e por todo o carinho com a gente e com essa história ♥ ♥ ♥ Amamos os seus comentários analíticos/bíblias ♥ Digamos que esse capítulo tem um pouco do que você postou hoje no Junho Scorose rs rs rs rs


Eu comentei nos comentários [?] que gosto de pensar que eles tentam racionalizar as coisas e falham miseravelmente. Aqui, sem dúvidas, a força das marcas é maior do que a razão, então, eles vão ter que aprender a lidar com toda essa mistureba de sentimentos... Vamos manter isso em mente, ok?

Sem mais, espero que gostem do capítulo!

↕ Playlist: https://www.youtube.com/playlist?list=PLm_bv0SbG68WYLGfkT336Iuoi5xqBtFJR

Ps. "Kiss Me" e "Give Me Love do Ed Sheeran", definitivamente, são as músicas desse capítulo ♥



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 A semana que se seguiu passou relativamente rápida em comparação com as anteriores, talvez pela considerável falta de acontecimentos relevantes. A febre das marcas já não queimava tanto quanto na segunda-feira passada, e Alvo afirmava, saltitante, que talvez estivesse conseguindo amolecer as barreiras que Hubi tinha erguido. No entanto, boatos ainda eram combustível para o motor dos jovens repletos de hormônios que compunham o corpo discente, e o assunto da vez era a suposta conexão que as paredes da Torre de Astronomia presenciaram — isso, aliado ao fato de que Rose e Scorpius pareciam mais próximos que nunca e que nem Adam, nem Alvo sabiam mentir, acabou colocando o casal sob os holofotes.

Para a Weasley, não era uma tarefa difícil ignorar os burburinhos que a acompanhavam, principalmente porque tinha a sensação de que já tinha gasto todas as horas que tinha com sua alma gêmea. Quase explodiu de felicidade nas inúmeras vezes em que Scorpius lhe serviu de companhia silenciosa, ou quando ele se dispôs a ajudar com algum pergaminho ou outro, um relatório particularmente engenhoso… Mas aquela sensação enregelada, que persistiu uma semana inteira, a mantinha numa distância segura com relação ao rapaz.

O Malfoy, por sua vez, estava prestes a arrancar seus cabelos. Não parecia ser capaz de desvendar o que incomodava tanto sua alma gêmea — e nem precisava de uma justificativa astral para notar que algo estava errado, os anos de convivência mostravam que provavelmente tinha acontecido alguma coisa —, mas sentia-se ainda pior em dar tanta importância àquilo. Afinal, foi ele quem sugeriu que os dois não ficassem juntos e, contradizendo as próprias palavras, foi ele quem deu o primeiro passo para aquele primeiro beijo na bochecha, e se esse era o motivo, talvez fosse sensato de sua parte manter-se quieto. Por isso, durante uma semana inteira, foi incapaz de proferir uma palavra sequer, mas fez companhia para a ruiva, esperando que ela se sentisse confortável para conversar sobre ou que ele mesmo decidisse tomar alguma atitude. 

Scorpius sabia que, em partes, estava certo. Era confuso, conflitante, estranho pensar na situação deles: receberam a marca, tiveram uma conexão, o mundo parecia esperar um happy ending o mais rápido possível, ele sentia seu corpo se consumir em fogo ou sabe-se lá o quê quando olhava para Rose, sua mente deixava acesa uma placa em neon com os dizeres “vocês não vão dar certo” todas as noites antes de dormir, e ainda ousava produzir sonhos numa busca incansável pelo local da marca na pele dela. Como ele iria conseguir tomar uma atitude razoavelmente certa se, mesmo racionalizando tudo, voltava ao ponto de partida? Não estaria sentindo nada caso as marcas não tivessem aparecido, nunca teve nenhum sentimento por ela; seria mesmo possível estar se apaixonando por causa de um equinócio ou tudo não passava de um grande delírio? 

Para completar o show de angústias, não se via confortável em fazer nenhuma pergunta das várias que havia anotado para o professor Baldrick; todos pareciam estar atentos demais aos seus movimentos. 

Porém, mesmo não desejando pôr lenha nas histórias que circulavam, deveria contribuir com elas de alguma forma caso quisesse amenizar a complexa situação em curso. Foi pensando nisso que, antes do jantar, convidou Rose para lhe acompanhar no passeio à Hogsmeade, que foi reagendado para aquele sábado. Ela levou alguns minutos para responder. Longos minutos. Ficou em silêncio, encarando-o com uma feição sinistramente normal, como se ponderasse sobre o lado bom e o lado ruim de aceitar o convite. Scorpius se sentiu um pouco constrangido e exposto por ser alvo das dezenas de olhares da manada de alunos que seguia rumo ao Salão Principal; não estavam próximos nem nada, mas a aura que os rodeava se provou bastante auto-explicativa, e com as fofocas que já os circundava, era impossível não captar o tom sugestivo que aquelas feições, conhecidas e desconhecidas, lhes direcionavam. 

— Tudo bem — aceitou por fim, num suspiro. Scorpius sorriu, ligeiramente aliviado e contente, mas percebeu que ela não compartilhava daquela mesma sensação. Ao menos, não era o que demonstrava. A ideia súbita e um pouco ridícula de que ela já teria, de alguma forma, se desapaixonado, o acometeu, preenchendo seu rosto de um calor característico quando olhou para o lado e focou nas teias de aranha no teto.

— Nos encontramos no Três Vassouras, então? — perguntou casualmente, escondendo as mãos nos bolsos pela apreensão; ela assentiu, os braços cruzados e os dedos inquietos mexendo no uniforme. Meio desajeitado, olhou-a, ponderando se devia ou não abordar o assunto naquele momento. Seria a última ida à Hogsmeade do ano letivo, e partindo do fato de que seria com sua alma gêmea, não queria que houvesse tensão nem nada. — Rose… Está tudo bem? 

— Sim — sua expressão foi tão pouco convincente quanto seu tom de voz. 

Scorpius se viu de mãos atadas; sabia que não era verdade, mas não a conhecia o suficiente, tampouco tinha a intimidade necessária para fazer algum apontamento. Sua única dedução era que estava sentindo-se mal pela forma que a narrativa do equinócio tomava. Ele chegou a dar um passo para frente, mas hesitou em beijar ou não sua bochecha. 

Mesmo com seu pensamento a mil e sua tentativa de achar uma solução racional — ou fuga — para ele e Rose, Scorpius sentia seu coração bater mais rápido perto dela, um imenso desgosto em não ver seu sorriso, um súbito incômodo de não sentir uma aproximação significativa durante a semana, uma mistura de sensações que o reacendiam e que o faziam não se importar menos com testemunhas e eventuais fofocas caso fizesse, ali mesmo, tudo o que desejava fazer.

— Se quiser conversar, estarei no corredor do terceiro andar na ronda — foi tudo o que disse antes de, fazendo força para que suas mãos não ganhassem vida própria, ir para o Salão. 

Rose levou alguns instantes para se mover, sentar-se à mesa da Grifinória e tentar, de alguma forma, participar da conversa de Dominique, Roxanne e Kira Perks, mas foi mentalmente impossível, visto que sua única ocupação era tentar organizar em sua cabeça o fato de não ter, nunca, pertencido à vida de Scorpius e de não ter o direito de fazer suposições ou exigências só porque tiveram uma conexão. Talvez o problema não fosse sua alma gêmea, já que ele parecia ser tão incrível em tantos sentidos, a ponto de fazê-la sorrir sozinha, de repente. Durante os jantares e até mesmo nas aulas compartilhadas, eles trocavam alguns olhares longos e até bastante significativos; Scorpius sempre sorrindo ao fim, ambos sempre tendo a atenção chamada por alguém. 

Naquela noite, aparentemente, todo o time de quadribol da Sonserina estava sentado junto, concentrados no que Megan Creevey dizia. Scorpius desviou os olhos de Rose ao sentir a mão de sua capitã no ombro, precedendo uma risada coletiva que ele não foi capaz de resistir; ele, por sua vez, acrescentou um comentário, pendendo o próprio corpo para o lado da garota risonha. Rose balançou a cabeça, tentando evitar pensar em qualquer outra coisa; já bastava todas as discussões com Lorcan sobre sua ex-namorada — que ainda nutria sentimentos por ele —, não precisava da participação dela em mais uma parte de sua vida.

No entanto, não conseguiu evitar olhar mais uma vez, sentindo aquelas risadas e toques compartilhados, tão naturais, despretensiosos e íntimos, servirem como catalisadores para o gelo voltar a preencher seu estômago e para o calor abrasivo consumir seu rosto.

Rose — chamou Dominique, um tom de consternação carregando o tom geralmente suave de sua voz. — Ouviu isso? A marca da tia de um primo de uma amiga de Kira simplesmente sumiu! E quanto tempo você disse que levou para isso?

— Dezoito anos, me contaram.

Dezoito anos! Dá pra acreditar?!

— Dominique, por favor — Roxanne interveio, limpando os dedos engordurados após terminar de comer a nona coxa de frango do jantar — Isso não existe. É baboseira! No mínimo, a tia desse não-sei-quem tinha uma sujeira com um formato específico, e acabou tomando um banho mais caprichado.

— Dezoito anos, Rox, esperando por sua alma gêmea, e de uma hora para a outra, puf, a marca desaparecer! — a loira não pareceu dar ouvidos ao que a morena dizia; havia se convencido fácil assim, com um boato. Rose não conseguia pensar logo no efeito que os boatos sobre ela e Scorpius exerciam. Será que alguém já tinha enviado uma coruja para o exterior do castelo, noticiando aquela mais nova conexão? Não tinha respondido às cartas de Hermione ainda, estava esperando o momento propício e as palavras certas, mas algo lhe acidificava o estômago quando pensava que seu prazo seria a Noite Estrelada, dali algumas semanas. 

— Não acredito nisso — Rose comentou ligeiramente pesarosa, beliscando o pedaço de bolo de carne que jazia em seu prato; aquela conexão que tivera com Scorpius era permanente, estaria ali pelo resto de sua existência, sabia disso — Quero dizer, a marca pode até ser uma magia desconhecida e tudo o mais, mas se isso de sumir do nada fosse possível, não acham que já teriam registrado?

Obrigada! — exclamou Roxanne, apontando para Rose enquanto encarava Dominique e Kira com olhos esbugalhados — Isso não é uma possibilidade nem no campo de Adivinhação, o mais instável que existe. E não adianta me olhar assim, Domi, porque se a marca de fato sumisse quando a alma gêmea de alguém morresse, minha mãe não teria mais a dela.

Dominique abriu a boca para contestar, mas Rose já não escutava. Seus olhos travaram-se sobre o Malfoy, do outro lado do Salão, sentindo o peito se agitar com os resquícios de vermelhidão que restavam em sua bochecha, de tanto rir. Não sabia se tinha dado uma garfada forte demais contra a comida ou se seus sentimentos começavam a transbordar, mas no instante seguinte, seu prato quebrou ao meio, despejando bolo de carne sobre o tampo da mesa.

Pelo resto da noite, tentou esquecer o assunto. Não foi até o terceiro andar na ronda, dormiu sentindo-se uma idiota, e acordou pior ainda, totalmente nervosa. Scorpius tinha lhe convidado para darem uma volta juntos depois que saíssem do Três Vassouras, o que Dominique disse ser, basicamente, um encontro ao ar livre; e é claro que sua mente se esforçou ao máximo em sonhos muito bem elaborados e tentadores. 

No dia seguinte, Rose tentou agir como se não fosse participar de um grande evento — embora seu coração agisse como se estivesse numa balada ou numa corrida de hipogrifos —, conversou normalmente com as garotas, foram em passos lentos costumeiros até o Vilarejo de Hogsmeade, pediu para Roxanne comprar alguns sapos de pimenta-hortelã na Dedos de Mel e, junto com Dominique, ocupou uma mesa no Três Vassouras. Demorou um pouco até os rapazes chegarem; Alvo estava radiante, quase rasgando o próprio rosto com um sorriso cheio de expectativas, Zabini o acompanhava resmungando sobre o bom humor tóxico, Scorpius tinha uma expressão de incredulidade e divertimento. O Potter deixou uma cadeira vaga entre ele e Dominique, Adam ficou de frente para ele, restando um único lugar para Scorpius ao lado da Weasley. 

Mesmo que todos ali estivessem cientes e mais ou menos acostumados com a ideia deles serem almas gêmeas, pareciam maravilhados ao vê-los um do lado do outro; Dominique teve que conter um gritinho histérico ao ver o Malfoy olhar para Rose, sorrir, dizer “Oi” e beijar-lhe o rosto. Conversaram sobre a animação de Alvo, a chateação de Zabini ao descobrir que Lily Luna estava se envolvendo com um fracassado chamado Peter Corner e decidiram o que iriam beber. Ou tentaram. Alvo insistiu em esperar que Hubi chegasse, mesmo sendo assolado por uma incerteza típica. 

Por sorte — ou destino —, em alguns minutos a garota apareceu conversando com Alice Longbottom e Lysander Scamander na entrada do pub, um pouco atrás estava Lily abraçada à cintura do tal Corner. Alvo ficou olhando em direção a eles, querendo uma oportunidade para aterrorizar o dia da sua irmã mais nova e implorando aos céus para a Longbottom parar de falar; às vezes ela parecia uma matraca descompensada, principalmente quando se juntava a Lily para fofocar. Um pesadelo. Seus pensamentos tiveram fim quando a Spinnet se aproximou, ocupando o lugar ao lado dele, deixando-o com uma cara de bobo apaixonado. Era fofo. Não demorou muito para pedirem as cervejas amanteigadas, e o xarope de cereja que Rose tanto gostava. 

—… mas eu não sei. Quer dizer, só sou próxima da Alice porque ela já me ajudou muito com o professor Flitwick, mas não somos amigas nem nada do tipo, e o Lysander é muito discreto. Eu acho que eles estão ficando sim, parece que ele é um único. 

— O Lysander? — Dominique arregalou os olhos, fazendo a morena assentir. 

— Foi o que eu ouvi dizer. Nem todo mundo tem a sorte de receber uma marca, ou de encontrar a alma gêmea rápido… 

Rose estava concentrada demais no guarda-sol da sua bebida para ouvir a falação de Hubi, tentando evitar sentir-se abalada pela presença tão próxima de Scorpius; seus braços se encostavam às vezes e, no momento, ele tinha o cotovelo apoiado nas costas de sua cadeira, as mãos mexendo no próprio cabelo loiro, aparentemente tão entediado quanto ela. Apenas Alvo e Dominique se mostravam interessados nas fofocas de Hubi Spinnet. O Malfoy, por sua vez, fingiu não escutar a fala dela, e Adam se incumbiu de começar um assunto aleatório. 

Numa tentativa falha de esperar que o tempo passasse mais rápido, observava as mesas ao redor do estabelecimento e, por vezes, sentia alguns olhares curiosos em sua direção, além de uma consequente acidificação no estômago, um sinal de que estava mais do que ansioso para ter um tempo a sós com Rose. Crente de que sua ausência não seria notada pelos amigos, Scorpius esperou o momento oportuno para esticar o braço completamente na cadeira da Weasley e aproximar seu rosto do ouvido da garota; não sabia quais palavras usar, o ar subitamente se tornou escasso e seu juízo sofreu danos ao sentir o seu perfume mais forte. 

— Acho que é um bom momento para irmos — sussurrou, soando menos desajeitado do que imaginou, causando calafrios imperceptíveis aos seus olhos nublados de ansiedade. Estava nervoso. Estupidamente nervoso. — Se quiser… — sugeriu, parecendo ele mesmo incerto de suas próprias intenções. E talvez por esse mesmo motivo, Rose decidiu concordar e segui-lo bar afora.

Apenas Adam, provavelmente, escutou o sutil aviso de Scorpius, não dando a mínima para tal; seu rosto desanimado aparentava ter cogitado a hipótese de dar o fora dali com eles segundos antes de ser atingido em cheio pela terrível alternativa apocalíptica de ser vela de almas gêmeas. Era melhor onde estava. 

Scorpius foi na frente, abrindo caminho entre alguns grupinhos de alunos, torcendo para respirar ar fresco o mais rápido possível. A brisa do Vilarejo foi revigorante, não mais do que segurar a porta para Rose e, finalmente, poder deixar seu coração bater mais rápido o quanto quisesse enquanto se prostrava ao lado da garota. Não tinham um destino exato, o único tópico relevante era o equinócio, e a atmosfera não parecia favorável a nada. Deram alguns passos em silêncio, Scorpius com as mãos nos bolsos, às vezes olhando a Weasley de soslaio; ela, por sua vez, estava cabisbaixa e com as orelhas extremamente vermelhas, os dedos inquietos tentando se ocupar com uma mecha de cabelo. E Scorpius sabia, devido aos anos de convivência, que aquilo não era um bom sinal. 

— O que vai fazer mais tarde? — perguntou numa súbita onda de adrenalina. Rose pareceu ponderar num suspiro.

— Ler um livro, talvez. E você? Algum plano com os seus amigos? 

— Acho que Alvo não vai querer jogar snap explosivo comigo ao invés de ficar com a Hubi, e o Adam não parece encorajado a nada além de dormir. 

— E o pessoal do time? — ela ergueu o rosto, não desviando a atenção do caminho. 

— Hm… Não sei onde estão, mas provavelmente vou acabar lendo alguma coisa também — Rose assentiu, ficando alguns instantes quieta. Ele deveria perguntar alguma coisa de biblioteca? Ou o motivo de seu rosto estar ficando gradativamente vermelho? 

— No jogo… Você foi muito bem. Quero dizer, não é como se eu estivesse olhando pra você ou-

— Imagino que deveria estar mais concentrada no Scamander caindo da vassoura — sorriu presunçoso. Era uma vitória para o seu ego sim. E devia tudo à birra infantil de sua capitã. 

— É, não teve como não olhar. Acho que foi uma boa prova de que o time da Sonserina é bem, digamos, unido, não é? Íntimos, consideravelmente. 

— Somos sim, nos articulamos bem em campo e a Megan é uma excelente capitã. Nem precisamos combinar nada muito elaborado antes para conseguir aquela jogada — talvez tivesse sido necessário um pouco de gritaria da parte da Creevey sim, mas era mais importante se exibir um pouco enquanto tinha a oportunidade. 

Imagino — Scorpius pigarreou, achando seu tom muito estranho. Ela andava mais sorridente desde o equinócio, e até mesmo dentro do Três Vassouras tudo parecia bem normal. 

— Rose — ele disse depois de um tempo, excessivamente cauteloso —, você está ficando cada vez mais vermelha. Não está passando mal, não é?

— Devo estar — retrucou, seca o suficiente para fazê-lo piscar vagarosamente. 

— Eu não sei que briba mordeu você hoje, mas claramente tem alguma coisa errada, então talvez seja melhor você falar logo o que está acontecendo — tentou permanecer calmo, mas ser convincentemente firme. 

— Muitas coisas misturadas.

— E você acha que eu não sei disso? — Scorpius parou de andar, assistindo-a continuar sozinha por alguns instantes. Sequer cogitava ter uma conversa ácida com Rose, mas um certo ressentimento lhe subia à cabeça na medida em que ela parecia estar muito nervosa por algo que ele também compartilhava. — Ou que eu acho tudo isso divertido?

— Você sabe de tudo, não é? Sabe que não daremos certo, que somos diferentes, que as marcas não significam nada, mas não perde a chance de ficar enroscado com a sua capitã — grunhiu num tom baixo e ameaçador, dando meia volta para aproximar-se dele, fuzilando-o com o olhar. — Talvez nós não daremos certo porque você está com outra pessoa e não abriu o jogo comigo. Sim, eu fiquei irritada, muito irritada; isso não é coisa que se faz. Você deveria ter pelo menos me dado uma dica mais sutil de que está com ela. Seria o mínimo. É uma escolha sua, entende? Sua. Você faz o que quiser. Mas eu preciso saber. Porque eu tenho uma vida para seguir. Não vou ficar atrás de você se realmente não quer dar moral para o que os astros dizem — Rose despejou, sentindo que era impulsionada por toda a vontade que teve de passar as coisas a limpo naquela semana particularmente silenciosa.

Scorpius ficou atônito, parado, sentindo uma estranha sensação congelar as pontas dos dedos e causar um sorriso de canto que, gradativamente, parecia fazer mais fogo saltar dos olhos de Rose. Ela estava com ciúmes. Da Megan. Era quase uma piada, além de ser extremamente satisfatório ver que ele não era o único que sofria com toda a história. Suspirou, os olhos atentos e brilhantes observando cada detalhe do quase colapso nervoso da Weasley, o coração no ritmo de um verdadeiro apaixonado. Sorriu ainda mais. 

— Rose — sua voz saiu melodiosa enquanto dava alguns passos em direção à ruiva —, eu não tenho nada com ela. Somos apenas bons amigos. 

Não era somente uma boa explicação, era a verdade, mas pelos olhos quase estáticos de Rose, não parecia ser o suficiente. Passou pela cabeça do Malfoy, por alguns instantes, o que poderia estar passando pela dela. Por Merlin, eles eram almas gêmeas, estavam sentindo coisas estranhas e, no meio de tudo, um dever de ficarem juntos. Havia chegado a hora dele concluir que, de certa forma, não parecia ser algo tão ruim assim, nem tão desesperador. Por que o destino os marcaria a ferro quente se não fosse para ficarem juntos? Eles deveriam ter algo em comum ou, na hipótese mais louca, os astros se incumbiriam da missão de fazê-los se apaixonar. Como era o caso. Ali. Em Hogsmeade. Onde nada mais fazia tanto sentido quanto os batimentos descompassados de seu coração. 

Scorpius se atreveu a se aproximar mais de Rose, a ficar bem na sua frente, a tocar as mechas que ela ficara enrolando desde que saíram do pub e colocá-las atrás das orelhas vermelhas. Não importava quantas vezes uma placa neon piscasse em sua mente dizendo para parar de sorrir daquela forma, ele não conseguia; era impossível permanecer indiferente naquela situação singular. 

— Tudo o que eu disse naquele dia, eu mantenho — sua voz saiu baixa, lutando contra sua excessiva sede. — É praticamente impossível imaginar que nós daríamos certo… Mas, claramente, essas marcas estão tentando nos mostrar o contrário. Ou os astros. Então… Talvez só tenhamos que dar um passo de cada vez, o que é bem difícil, inclusive — riu, segurando o rosto cheio de sardas com as duas mãos, acariciando a bochecha avermelhada com o polegar. — Se você ainda estiver disposta, é claro. 

Rose não desviou dos olhos cinzentos um instante sequer, pela primeira vez parecia que algo racional estava acontecendo depois de tantos dias. Seria o grande momento de fazer uma escolha? Se fosse assim, o professor Baldrick deveria estar enganado. Não parecia que o destino estava se incumbindo de alguma coisa; na verdade, sentia um grande peso em seus ombros, poderia escolher não ficar com a sua alma gêmea caso fosse sua vontade… E escolheria, caso não sentisse uma grande certeza corromper todo o seu juízo. Provavelmente tomado pela mesma sensação, Scorpius passou o polegar pelos lábios trepidantes de Rose, encostando as testas enquanto sentiam compartilhar da mesma aura, segundos antes de beijá-la pela primeira vez. 

Quanto mais ele se aproximava, mais o tempo parecia desacelerar. Antes que suas pálpebras teimosas vencessem e, por fim, fechassem, Rose analisou cada detalhe com toda a minúcia que conseguiu: o sol contra os cabelos de Scorpius, que faziam-nos parecer fios de ouro e prata entrelaçados; a limpidez afiada de seus olhos, carregada de coisas demais para serem desvendadas num instante tão curto; seu cheiro inebriante, parecendo ainda mais forte que antes; aqueles lábios que ainda carregavam um meio-sorriso triunfante quando finalmente encontraram os dela.

E então, uma explosão de cores, essências e sabores a arrebataram, e os segundos passaram a correr, acelerando o ritmo que antes ditava sua circulação sanguínea. Nada mais importava no mundo além dos dois e daquele toque suave que os unia, nada além da maciez daquela boca instigante, da textura da nuca dele contra a ponta escorregadia de seus dedos, daquelas mãos, maiores do que ela pensava, que a puxavam para mais perto. As costas dela ardiam, como se brasa viva fosse pressionada contra a sua pele.

Numa relação de proporcionalidade, ela também queria mais, e quando entreabriu os lábios e mordiscou o lábio inferior de Scorpius, exigiu mais. Sem hesitar por um segundo sequer, ele a retribuiu, parecendo estar ainda mais ansioso para aquilo do que ela mesma. E estava; quantas vezes o rapaz tinha sonhado em um momento como aquele, em que aquela boca se faria sua, em que poderia segurá-la assim tão perto? Seu braço esquerdo queimava tanto que chegava a doer. No entanto, considerando que não poderia experienciar o mesmo desfecho que ilustrava seus sonhos, ele parou. 

Ao distanciarem suas bocas, Scorpius imediatamente distribuiu vários beijos no rosto de Rose, trilhando seu caminho até o pescoço, para acomodar-se por ali enquanto sentia que ela ficava nas pontas dos pés, abraçando-o mais forte. Ele soltou todo o ar dos pulmões, fechando os olhos para gravar em sua memória a inédita sensação de completude. Não havia palavras para serem ditas, tampouco vontade de se separarem. Foi um suspiro da parte de Rose, bem perto de seu ouvido, que o fez abrir os olhos; ainda próximo o suficiente para suas respirações entrecruzarem-se, ele se sentiu bastante tentado a retomar aquele beijo, principalmente ao ver a boca dela, vermelha pela intensidade, entreaberta, expirando um pouco ofegante.

— Acho que ainda estou disposta. Você não beija tão mal assim — ela sussurrou, levando as mãos ao tórax do rapaz, cujas mãos continuavam firmes em sua cintura. 

— Tão mal assim — ele repetiu, rendendo-se a uma risada calorosa. Rose ficou na ponta dos pés para conseguir mais um selinho. — Você ainda vai ler quando chegar no castelo?

— Depende. Por quê? 

— Queria praticar — disse falsamente despretensioso, olhando ao redor do Vilarejo estranhamente vazio —, ou talvez ensinar você o que é um beijo, claro. 

— Pode ser.

Scorpius passou o braço pelos ombros de Rose, segurando a ponta de seus dedos enquanto caminhavam até Hogwarts, às vezes trocando mais alguns beijos, às vezes ficando num silêncio confortável a ponto de estabilizar as temperaturas corporais. Fazia um bom tempo que eles não se sentiam equilibrados

Quase chegavam num corredor do térreo do castelo quando, de repente, Rose se desvencilhou do abraço em que estava para se prostrar na frente do Malfoy. Ele pôde ver seus olhos verdes brilharem intensamente; ao ver-se distraído tentando adivinhar o que ela pensava, foi desperto ao senti-la entrelaçar suas mãos, aproximando seus corpos.

— Scorpius…

— Sim?

— Posso ver sua marca de perto? — o rapaz sorriu, beijando-lhe a testa, aproveitando a oportunidade para inspirar o cheiro suave dos cabelos ruivos. Ficou alguns minutos sem responder, quase se esquecendo o que lhe foi perguntado. 

— Contanto que eu possa ver a sua também — mesmo ponderando em seus sonhos sobre o misterioso lugar da marca de Rose, não tinha conseguido chegar a uma conclusão sequer, mas isso não impedia que algo estranho lhe tirasse o ar quando o assunto rondava sua mente. Ela se afastou um pouco, o suficiente para que ele pudesse fitar seus olhos, embora a repentina vermelhidão em seu rosto passou a ocupar a atenção do Malfoy. Os instantes silenciosos, combinados com Rose mordiscando os lábios numa expressão confusa, fez com que ele arqueasse uma das sobrancelhas. — O que foi?

— Talvez… Talvez nós devamos... — riu sem jeito, soltando uma das mãos para passar pelo próprio rosto. — Não sei como dizer. 

— Ir para um lugar mais reservado? — ele arriscou, com o coração tropeçando em seus próprios batimentos. Rose assentiu, rendendo-se a uma risada envergonhada. Naquele instante, assistindo sua alma gêmea ser a pessoa mais fofa que os astros podiam ter escolhido para ele, Scorpius abaixou o rosto para lhe roubar mais um beijo, logo passando o braço pelos seus ombros. — Você tem alguma ideia?

Sem responder, Rose os guiou para o quinto andar do castelo num caminho muito conhecido. Andaram lado a lado, quietos, enlaçados num abraço carregado de ansiedades; por cima de sua camisa azulada, Scorpius conseguia sentir as mãos geladas de Rose segurarem sua cintura, da mesma forma que o corpo dela parecia acompanhar o ritmo dos dedos inquietos dele na curva de seu ombro. Ao abrirem as portas do banheiro dos monitores, Scorpius já não tinha tanta certeza se conseguiria voltar ao seu estado normal de sobriedade

Conforme Rose adentrou o local, ele enfeitiçou a fechadura como costumava fazer nas vezes em que passava um tempo por ali. A aura mágica do banheiro parecia estar ainda mais forte, se possível; a sereia penteava os cabelos no gigante vitral, o chão de marfim reluzia a luz do sol, e uma certa mágica pairava no ar, deixando tudo mais aconchegante. Scorpius deu passos incertos, observando Rose fazer o mesmo enquanto mexia no próprio cabelo com os braços erguidos, enrolando os fios como se fosse fazer um coque enquanto parecia encantada pela sereia, cuja cabeleira também se apresentava alaranjada. Virando-se para Scorpius, ela soltou os fios e, buscando uma resposta do que deveriam fazer exatamente, encarou o rapaz, seguramente distante para evitar os impulsos elétricos de tomarem seu corpo num ato de insensatez. Ou talvez o nome mais apropriado fosse, simplesmente, desejo

A forma de agir das marcas nunca foi muito clara, embora fosse sabido que eram poderosas o suficiente para embalar suas vítimas num complexo de paixão, incendiando-as em fogo ardente de desejo para sacrificá-las numa idealização de amor perfeito, não necessariamente deixando corações intactos; seu compromisso não era com a carne, apenas com o destino. E naquele banheiro, ele parecia estar se escrevendo de uma forma sequer cogitada, usando duas pessoas aleatórias num enredo desconhecido pelos olhos humanos. Isso passou pela mente de Rose, brevemente, quando o ar começou a lhe faltar apenas por olhar para a sua alma gêmea. Não era como se não soubesse que Scorpius era bonito, mas ele parecia ainda mais lindo sob as partículas mágicas daquela luz que fazia seus olhos quase reluzirem, seduzindo até a última gota de juízo restante pós-equinócio. Ele parecia perfeito demais, uma hipérbole nada mais que adequada para definir aquela sensação de completude, sensação essa incapaz de alcançar e arrebatar seus desejos cada vez mais insaciáveis. 

Como se lesse seu pensamento, ou percebesse a paixão que transbordava de seus olhos brilhantes, Scorpius lhe estendeu a mão para que se sentassem à beira da banheira vazia. Um de frente para o outro, com as pernas cruzadas, continuaram se encarando até o momento em que Scorpius começou a puxar a manga de sua camisa para cima, deixando todo o antebraço exposto. 

— Qual a probabilidade de aparecer uma rosa no seu braço e ser o nome de sua alma gêmea? — Rose perguntou, segurando a mão aberta de Scorpius antes de tocar delicadamente o desenho da imensa flor perto de seu pulso. — Poderia ser a flor de um primeiro encontro, um desenho de infância, ou a estampa de camiseta preferida de alguém. 

— Não posso negar que só pensei em ser o nome de alguém. O seu, é claro. Mas eu pensei que seria muito óbvio ela se referir à minha colega de monitoria, então fiquei com o pé atrás. 

— É, poderiam ser outras coisas, eu acho. Vou enviar sugestões mais criativas para os astros.  

— O que acho estranho é o fato de ser um caule cheio de espinhos e de ter doído feito o inferno. 

— Doeu? — encantada, o sorriso da garota se alargou. — Se a minha tivesse doído, eu não teria achado que era uma única. 

— Não é tão divertido quanto parece — ele disse baixinho, fazendo-a rir. — Um pouco romântico. Como diria o professor Baldrick, tragicamente bonito

— Também não é divertido pensar que é uma alma única no meio de tantas… metades

— Você teria o privilégio de ser inteira, não é tão ruim assim. Quero dizer, o seu privilégio de ter uma metade como eu é realmente muito melhor — Scorpius riu divertido, inclinando-se para beijar os lábios de Rose. — Meus pais deram o jeito deles como únicos, eu meio que estava me preparando para ser também, mas nada se compara a essa… 

— Essa…?

— Nada se compara a nós dois, aqui, desse jeito, à essa coisa que me consome e só coloca você na minha cabeça. Vinte quatro horas por dia, todos os dias da semana — com a mão livre, ele acariciou a bochecha macia de Rose, aquietando-se por alguns instantes apenas para admirá-la, sentindo os efeitos colaterais do toque em sua pele conforme ela subia os dedos pela sua marca, em direção aos limites da manga arregaçada. 

— Ela continua? — Scorpius assentiu, vendo-a recuar. Por alguns milésimos de segundo, ele sentiu seus nervos se acalmarem, tudo indo por água abaixo quando ela começou a desdobrar sua manga, deixando a camisa esticada. — Posso ver? — Os dedos de Rose agora seguravam o segundo botão da camisa dele, esperando por algum sinal de permissão para abri-lo. 

Ele balançou afirmativamente a cabeça, apoiando-se no chão de marfim com os dois braços. Não pôde deixar de acompanhar o olhar de Rose enquanto abria os botões de sua camisa, parecendo buscar nele algo capaz de acalmar toda a agitação eminente em seu corpo. Às vezes, os dedos gelados roçavam contra a pele quente do seu tórax, da sua barriga, mas nada foi mais estimulante do que vê-la inclinar-se sobre si para deslizar a camisa por seus braços. Merlin, ele pensava, contraindo os músculos para conter qualquer atitude ávida demais, sedenta demais. 

Rose, de joelhos à sua frente, sentou-se sobre as panturrilhas, suspirando demoradamente ao ver a malha no chão e toda a pele de Scorpius exposta ao seu olhar de cobiça. Não queria tocar apenas o caule cheio de espinhos que aparecia pouco abaixo do ombro, serpenteando toda a parte interna da pele alva do Malfoy; queria gravar em sua memória cada detalhe da sensação de senti-lo fervente pelo toque compartilhado. Pensar que aquela grande rosa apenas o deixava mais atraente a fez borbulhar de satisfação: ela permaneceria ali para sempre, era a sua marca gravada contra o corpo do rapaz pelo qual se via apaixonada. 

— Rose — num sussurro, seu corpo inteiro estremeceu, fazendo-a ficar ereta novamente. Aproximou-se mais de Scorpius, levando-o a esticar as pernas para que ela pudesse se encaixar sobre a esquerda, curvando as costas para alcançar sua boca. Ele sorriu, mordiscando o lábio inferior dela, afastando o próprio rosto com uma expressão instigante. — E a sua marca? 

— A minha? — repetiu, um pouco desorientada, tentando manter a lucidez. Scorpius assentiu, não tendo como processar o que começou a acontecer em sua frente.

Rose puxou a barra de sua blusa para cima mais rápido do que Scorpius teve o prazer de ver, revelando o próprio corpo imaculado à visão enamorada do rapaz, cujo fôlego fora tomado como se tivesse dado um passo em falso e caído num precipício, o próprio sangue sentindo as falhas das batidas de seu coração. Fechou a boca entreaberta, buscando um pouco mais de alento para conseguir absorver todos pormenores deslumbrantes. Ela era linda, absurdamente linda; seu cabelo, bagunçado, caindo sobre o busto, apenas tornava impossível não desejá-la mais. E talvez Scorpius não tivesse conseguido se controlar, mas Rose interrompeu seus devaneios ao erguer os braços para prender seu cabelos num coque, dando-lhe alguns instantes para procurar sua tão quista marca. No entanto, a frustração recaiu sobre os seus ombros; o desenho não estava em lugar algum. Ele percebeu-se mais ofegante, principalmente ao buscar uma resposta nas orbes verdes e encontrar apenas um sorriso. 

Com o cabelo preso, ela o beijou castamente antes de virar-se de costas, sentando no chão de joelhos. O coração de Scorpius, descompassado, parecia prestes a rasgar seu peito conforme analisava a extensa marca desenhada do lado esquerdo das costas de Rose, delimitando o caminho que a constelação de escorpião trilhava, dando destaque à Antares, bem ali. Sua primeira reação foi abrir as próprias pernas, cercando o corpo da garota para tocá-la mais de perto; levou a mão trêmula até a lombar, onde ficava a base da marca e, crédulo que entraria em combustão, prendeu a respiração quando ela fez menção de abrir o fecho do sutiã, que atrapalhava o trajeto à visão integral. No instante seguinte, as alças finas escorregaram pelos braços de pele tão macia, e Rose permitiu que a peça caísse no chão; apenas a provocação que aquele gesto implicava fez com que Scorpius expirasse todo o ar que tinha nos pulmões, sem conseguir controlar o trepidar incessante que fazia seu corpo todo tremer. 

Trêmulo, tentou seguir a linha das estrelas com a ponta dos dedos, mas ao chegar no meio das costas, não pôde se segurar de encostar os lábios por cima de cada detalhe da marca, deixando beijos demorados, ardentes e sedentos até a nuca de Rose, sentindo-a arrepiar por inteira. Esticou seus braços sobre os dela, apoiou o queixo em seu ombro, tentou gravar contra a pele a sensação de tê-la. Estavam, portanto, completos. O problema era que seus corpos formigavam, ansiando por mais, estranhando a completude sentida no âmago do fragmento astral que lhes descompassavam. 

Scorpius acariciava as mãos de Rose com as pontas dos dedos, embriagando-se do perfume que sua pele exalava, controlando o ímpeto de seu desejo. Qualquer passo poderia ser demais, e sua última vontade era distanciá-la. Por querê-la tanto daquela forma, ali, junto a ele, seus olhos vidraram ao sentir Rose se mexer; estava pronto para implorar que permanecessem mais alguns minutos juntos, mas perdeu os próprios pensamentos quando ela se virou para ele, tomando seus lábios num beijo desesperado. Com a ansiedade consumindo suas veias, Scorpius a abraçou forte, colando-a o máximo que pôde em seu corpo, esparramando as mãos pelas costas desnudas para poder conhecer cada parte ainda inexplorada e sentir seus efeitos colaterais. 

Aos poucos, viu-se deitado no chão, com Rose em cima de si, cada perna de um lado da sua perna esquerda, deleitando-se num beijo urgente, que libertava o — até então contido — desejo. Rose sentia-se latejar conforme Scorpius lhe tocava, esforçando-se para recuperar o ar sem quebrar a superfície de contato de suas peles, querendo mais. Para a sua satisfação, Scorpius delicadamente manejou seus corpos, invertendo suas posições e colocando-se no meio das pernas dela, apoiando as mãos acima dos ombros de Rose, erguendo o rosto para conseguir respirar. Ele a fitou, atento, durante alguns instantes, e se permitiu recuperar o fôlego enquanto beijava-lhe o pescoço, descendo pelo colo até o vale dos seios, onde se demorou; tocou um dos seios com a mão, absorvendo com zelo a reação da garota que acariciava seus fios de cabelo curtos entre os dedos, logo envolvendo o mamilo rígido em seus lábios, sentindo-o com sua língua, percebendo a aprovação de Rose numa respiração mais profunda; fez o mesmo com o outro seio, segurando forte o que havia deixado, brincando com as pontas dos dedos. 

Poderia permanecer ali se não desejasse tanto mais contato, o que lhe motivou a continuar seu caminho de beijos até a barra da calça jeans dela. De joelhos, Scorpius desabotoou a peça e a tirou, deslumbrando-se com a visão desimpedida de Rose. Naquele momento de redenção a todos os pecados que provocaram seus pensamentos por tantos dias, diante de cada centímetro de pele da sua alma gêmea ao alcance tão imediato, Scorpius não só queimava; ele formigava, tremia, ofegava, e nenhum toque parecia ser suficiente.

Aproveitou para abrir a própria calça antes de voltar a se encaixar entre as pernas da ruiva, não contendo um suspiro de satisfação ao sentir a fricção de suas intimidades por cima das roupas de baixo. Não sabia dizer se era o calor dela ou o dele mesmo que atravessava as finas camadas de tecido que sobraram entre os dois; sabia apenas que aquele era o único obstáculo que remanescia entre os dois, e que o calor que aumentava apenas enuviava suas ideias. Só mais aquelas peças de roupa, só mais aquelas... Retomaram o beijo com voracidade, Scorpius acariciando um dos seios, Rose arranhando levemente as costas dele, mordendo os lábios do rapaz, tentando mover-se por debaixo de seu corpo para sentir mais. Talvez percebendo sua urgência, o Malfoy saiu de cima de Rose para poder correr sua mão pelo resto do corpo. 

Num selinho, ele distanciou seus rostos, descendo a mão para a calcinha da garota. Admirou-a fechando os olhos ao ser tocada, e conteve seu prazer em sentir a umidade. Ele mexeu os dedos, em lentos movimentos circulares, logo atrevendo-se a tocar-lhe diretamente. Ao ouvir o primeiro gemido ecoando pelo banheiro, tomou um dos seios com a boca, por vezes mordiscando-o de leve, intensificando o movimento do toque. Na medida em que Rose ficava mais ofegante, Scorpius esticou o pescoço para alcançar a boca vermelha, entreaberta, por onde ainda escapavam suspiros altos e gemidos cortantes; quando a beijou, sentiu as mãos dela procurarem seus ombros, apertando-os com força enquanto gozava.

Demorou alguns instantes para que as orbes verdes lhe fitassem novamente, com um brilho característico de satisfação; beijaram-se mais, e mais calmamente, Scorpius aos poucos envolvendo Rose num abraço apertado, onde poderia ficar pelo resto da eternidade. 

 


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Notas finais do capítulo

[Quldditch] PARO PARO PARO
Que que é isso Brasil?! E esse final inconclusivo, meu Deus do céu? O que dizer não é mesmo, é simplesmente a magia das marcas acontecendo, o destino se escrevendo, as pontas soltas se unindo hihihih
Espero que tenham gostado! Obrigada Carol Foster pela maravilhosa recomendação, e obrigada a todos vocês que têm favoritado, comentado e acompanhado Antares! Espero que estejam gostando tanto quanto gostamos de escrever, e que vocês tem um espaço reservado em nossos corações ♥ ♥
Nos vemos nos comentários, mil beijinhos pra vocês e até o próximo capítulo, pois estamos entrando nas rotas finais ♥ ♥ ♥