Daybreak escrita por Soyi


Capítulo 1
The Deafening Sound


Notas iniciais do capítulo

Já faz um tempo que não apareco, mas enfim, eu vim hoje com uma proposta nova. A Fanfic foi inspirada na música Daybreak da cantora chinesa Han Hong. Inicialmente conheci a canção cantada por Dimash Kudaibergen, tema e artista que também pretendo fazer fanfics sobre ele e a cultura Kazakh se vocês acharem interessante o tema (me contem no comentários hehe). Faz séculos que não posto então é provável que muita coisa tenha mudado em relação a minha escrita, mas espero que gostem. Sobre Watermelons, farei um jornal (nem sei como se faz isso ainda) explicando os motivos de ter parado, mas pretendo atualizar a fic pra fazer meio que um reboot. É provavel que essa fic (Daybreak) tenha entre 3-4 capítulos. Não será longa.

Sugestão de música para o capitulo: Daybreak na interpretação de Dimash Kudaibergen.

Bom sem mais delongas, boa leitura.



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Era um dia ensolarado. Acordei com os poucos raios de sol que vinham da janela e atingiram meu rosto. A brisa fria do outono era perfeita e eu adorava aquela estação, pois o clima era agradável e meus pais adoravam passear nessa época. Por mais que não quisesse acordar, o pensamento de um possível passeio me animou, porém, permaneci na cama ainda observando as folhas amareladas que caíam da ginkgo biloba que crescia ao lado da janela do meu quarto quando ouvi as leves batidas das mãos de minha mãe na porta do meu quarto. Ela a afastou com cuidado conferindo se eu ainda estava acordado.

 

— Yan, filho. Não vai levantar? — Ela falava da porta

 

— Sim, eu vou. Só estava olhando a ginkgo. Ela fica tão bonita essa época. 

 

— Elas ficam maravilhosas com essa coloração. Sabe, seu pai e eu estávamos pensando em dar um passeio na estação teleférica. Acho que seria um boa ideia para comemorar o Festival Lunar logo pela manhã, não acha? Pela noite vamos ter o jantar lunar, acho que seria ótimo se fizermos esse passeio só nós três. Seu pai finalmente não vai ao escritório por causa do feriado, então...

 

Meus olhos se arregalaram em felicidade. Tudo estava ocorrendo como pensei e finalmente poderíamos ver a nova  estação juntos. Só de pensar quantas ginkgos existiam no caminho percorrido pelo carro teleférico meu coração já se animou. Eu pulei da cama com rapidez e minha ouvi uma gargalhada de minha mãe em resposta. 

 

— A propósito, seu pai voltou ontem a noite do escritório. Ele está no quarto.

 

Um sorriso surgiu em empolgação imediata ao ouvir aquilo. 

 

Mama,  achei que ele só voltaria a tarde.

 

— Não, ele está alí na sala. Está esperando você, vamos tomar o café da manhã juntos e sair. 

 

Ela sorria sabendo o quando eu me empolgava com a notícia repentina que meu Baba estava em casa. Saí do quarto o mais rápido que pude mesmo com minhas pernas tão pequenas e fui em direção a ele. Estava despojado, sentado na sala ainda com as roupas simples de dormir. Apoiava um de seus braços no sofá enquanto assistia a tv. Uma de suas mãos seguravam o controle, mas quando me viu o largou e correu ao meu encontro. Seus braços fortes me seguraram em um abraço quente de saudade entre pai e filho. 

 

Baba!

Eu o abracei forte como sempre fazia quando o encontrava depois de uma semana inteira de tanto trabalho. 

 

— Como está filho? Não me diga que passou a noite toda acordado com o Chonglin. 

 

— Não, Baba. Chonglin está viajando com a família por causa do feriado. 

 

— Então quer dizer que estariam aprontando até tarde se não fosse o feriado, não é?! 

Ele me pôs no chão de bruços e começou um ataque de cócegas e parou só até ver que eu não tinha mais condições de me defender. Como eu senti falta disso! Mesmo tendo bons amigos como Chonglin, com quem sempre passava a maior parte do tempo livre e também na escola, nada me alegrava mais do que quando meu Baba estava em casa. Nós não tínhamos contato com familiares de qualquer umas das partes e eu nunca soube bem o porquê disso, meus pais nunca entraram em detalhes sobre o assunto e desde que me lembro sempre moramos em  Xingyi. Eu nunca ouvi falar de tios ou outros parentes por parte de minha mãe ou meu pai, por isso éramos muito apegados e nossa pequena família era a minha base para tudo. Certa vez, lembro que perguntei sobre meu avós para Mama, ela me deu um olhar sério e mudou de assunto então eu nunca a incomodei com relação a isso de novo. Como o feriado lunar era dedicado à família, a curiosidade sobre outros parentes sempre vinha a tona, mas eu sempre amei passar essa época com meus pais; pra mim eles eram mais que o suficiente.  Baba e eu paramos a guerra e cócegas repentina ainda ofegantes.

 

— Filho, sabe que vamos sair logo após o café, não é? 

 

— Sim! 

 

— Então corra para o banho e vamos rápido  antes que a noite chegue e sua mãe se ocupe querendo cozinhar pra nós e deixar tudo perfeito.

 

— Eu ouvi isso! — Mama falou da cozinha — Ser um pouco organizada nessas datas não tem nada demais!

 

— Claro, querida! “Um pouco”, hm? — Babba sussurrou pra mim, mas Mama tinham uma audição muito boa para ouvir todas as brincadeirinhas que fazíamos e logo reclamou:

 

— Eu ouvi isso também! 



 

Estávamos saindo de casa e o vento soprava forte através das árvores fazendo um alto e lindo barulho das folhas de outono. Minha mãe me ajudava a calçar uma de minhas botas e observava se eu estava bem aquecido. Mama e Baba pegaram em minhas mãos e durante todo caminho eu estava entre os dois, pulando algumas poças de água com ajuda de ambos e sentindo a brisa bater em meu rosto junto com a paisagem das folhas já amareladas de ginkgo que caíam no caminho, indicando que estávamos chegando à estação. Me sentia cercado por uma sensação maravilhosa de conforto que eles me traziam. Observei Baba beijar Mama algumas vezes em seu rosto e falar o quanto ela era linda e que a estação realçava a cor castanha dos olhos dela. De fato, Mama  era uma mulher muito bonita com cabelos castanhos claros e um sorriso cativante que conquistava a todos, sempre dedicada e preocupada conosco e principalmente comigo. Eu amava observar os detalhes de cada coisa que acontecia em nossos passeios, mas naquele dia, eu estava tão fascinado com os dois. Eu observei atentamente meu Baba, desta vez. Era alto com braços fortes e cabelos negros. Seu olhar era alegre com alguns traços de cansaço do trabalho árduo que enfrentava toda a semana, mas sempre parecia esconder toda a exaustão quando estava comigo.

As folhas amareladas foram se destacando mais ao longo do caminho e eu pude ver a estação teleférica logo de longe. Baba, foi na frente para comprar nossas passagens e logo entramos em um dos carrinhos para iniciar a viagem. Estávamos sentados com vista para a janela do carrinho e a paisagem amarelada me deixava completamente hipnotizado. As folhas de ginkgo cresciam junto com o verde das montanhas. Elas estavam tão vivas apesar de estarem caindo devido ao outono e o vento atingia meu rosto com uma força estrondosa. Eu observa tudo com um sorriso no rosto e por diversas vezes passamos perto o suficiente de umas das árvores de ginkgo biloba para que eu pudesse pegar uma das folhas com a ajuda do Baba. Eu gargalhava nos braços do meu pai com a irregularidade do percurso quando passamos por trechos onde um arrepio em meu estômago me tomava, quando ouvi um barulho devastador.

Eu não sabia bem ao certo o que estava acontecendo, mas estava nos braços do meu Baba então me senti mais seguro, porém, vi seu olhar alegre se transformar em uma expressão desesperada quando eu ouvi novamente o estrondo. Foi nesse mesmo momento que senti o toque de suas mãos fortes se tornar mais intenso em minha pele como se me segurar fosse quase que vital, ao passar todo o nervosismo que ele tentava evitar em seu rosto. Eu não pude me controlar ao ver todo o desespero das pessoas alí. Um arrepio percorreu meu corpo enquanto eu segurava os ombros de meu Baba com mais força na mesma intensidade que recebi seu primeiro toque, como se aquilo pudesse aliviar toda a tensão do momento. Por um momento eu acreditei que aquilo não passava de um pesadelo e que logo eu acordaria com a voz e o toque matinal de minha mãe, porém, o medo e o barulho persistentes não levaram minha mente para fora daquele carrinho. Foi então que eu chorei.  Algumas pessoas que estavam no carrinho começaram a gritar e Mama,  que estava a alguns centímetros nós, foi empurrada bruscamente para perto de nós pelo movimento de queda repentino do carrinho. Enfim consegui entender que de fato estávamos caindo. O barulho ensurdecedor atingiu novamente a todos alí quando já estávamos prestes a acabar a trajetória pelas montanhas. Novamente identifiquei de onde se originara o barulho, cabos se soltando. A gravidade nos puxando para baixo simultaneamente ao ouvirmos o som.  O carrinho continuava a se movimentar em direção ao final da estação onde todos supostamente deveríamos descer, mas a medida que ele se movimentava nós também caímos. Eu pude ver algumas pessoas do outro lado das montanhas em desespero, gritando e apontando para nós. Eu comecei a chorar e a abraçar Mama e Baba. Estávamos chegando ao fim da trajetória e a esperança de chegarmos ao final a salvo cresceu dentro de mim, mas outro estrondo nos atingiu e eu senti todos nós descendo ainda mais até o carrinho parar novamente. Mama, segurava forte minhas mãos e nós três estávamos abraçados quando Baba me separou dela e disse: 

 

— Temos que jogá-lo! 

 

— O quê?! — Mama quase gritou em desespero.

 

— Temos que jogá-lo, ele vai conseguir.

 

Baba olhou para mim com os olhos desesperados, mas tentando me passar um pouco de confiança: 

— Filho, preste atenção, ok? Eu vou jogar você quando chegarmos perto do fim. 

Outro estrondo. Eu gritava e chorava. 

 

Baba, não vou conseguir! Baba, Mama

 

Eu senti ele me afastado de perto de minha mãe, quando ouvi o último estrondo ao senti os braços fortes do meu Baba me jogarem para fora do carrinho. Eu os observei cair junto com todos os outros em meio a floresta amarela de ginkgo. Uma escuridão tomou conta de minha vista. Eu só pude ouvir algumas pessoas gritando ao meu redor. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ^^



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