Revolution of the Daleks escrita por EsterNW


Capítulo 10
Sinais de vida


Notas iniciais do capítulo

Ester:
Apenas uma coisa sobre esse capítulo: lancemos a braba.
Boa leitura ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/791967/chapter/10

A Doutora tentava entender como o plano havia começado naquele instante. Rani navegava pelas telas, se certificando de que tudo estava limpo, enquanto ela se perguntava como tudo iria prosseguir.

— O Mestre deve ter se adiantado — falou a cientista, notando as dúvidas. — O Monge e o Khayin iriam falar com ele para garantir sua parte no plano, mas não achei que fossem ir tão rápido.

— Tudo bem, mas agora apenas saímos? — perguntou a Doutora, abanando os braços. — Agora que eles estão fora do caminho, só abrimos as portas e seguimos pelos corredores até encontrar um jeito de deixar esse lugar? 

— Já debatemos isso, por que está se repetindo?

— Porque está me parecendo um tanto arriscado. Não achei que já fossem começar. 

Rani bufou e colocou as duas mãos nos ombros da outra.

— Olhe para aquelas telas e veja que é nosso momento, dificilmente conseguiremos outra oportunidade.

A Doutora focou para onde ela apontava. Em algum lugar escuro e restrito, vários guardas se amontoavam tentando conter alguma coisa, uma rachadura ou vazamento, aparentemente.

— Como ele pode ter feito isso?

— É o Mestre, eu não me surpreendo.

Rani voltou para os controles sob as imagens e procurou meios de abrir as tampas, examinar.

— Ah, deixa que eu te ajudo.

A Doutora usou a chave de fenda sônica com seu propósito básico e um emaranhado de fios e botões se revelou. Rani chegou a sorrir, a segunda vez naquele dia, talvez fosse Natal.

— Precisamos abrir as portas — disse com os dedos no queixo. —, só não tenho certeza de onde mexer para isso. 

A outra observou com ela, mas não era nada do que já haviam encontrado antes. Tecnologia de Shada modificada com algo a mais, algo que fazia tudo aquilo soar como uma língua morta.

— Talvez esse aqui — disse a Doutora, passando os dedos por um maço de cabos que se conectava a centenas de micro interruptores.

— Não dá para ter certeza, podemos acabar tirando todo nosso ar se tocarmos no lugar errado.

— Me parece que não é uma boa hora para improvisar, então.

— Não era, mas viemos aqui para descobrir como fazer isso e agora só temos de ser mais rápidas — Rani explicou.

Ela manteve-se concentrada, vasculhando entre o painel qualquer meio de obter sucesso, mas tudo ainda continuava estranho. 

— Eu posso usar isso — disse a Doutora, erguendo a chave.

— No sistema? É muito delicado, poderia acabar nos matando se mexer no lugar errado.

— Eu sei, e não funcionou em nada desse lugar até então, mas esse maquinário parece um tanto arcaico, tão quanto as câmeras.

Rani deu de ombros e abriu espaço para que tentasse.

A Doutora respirou fundo e se concentrou no que queria. Fechou os olhos, deu um beijo na antiga ferramenta e a guiou entre os circuitos. A luz mandava sinais para todas as partes, em busca de uma resposta positiva sobre qualquer engrenagem que quando virada, liberasse as portas. Uma luz amarela acabou acendendo, e então faíscas saíram de uma pequena caixa vermelha.

— Está funcionando — disse Rani surpresa, vendo as imagens nas telas. — As portas das celas estão abrindo, mas precisa se concentrar no pátio.

Ela prosseguiu no trabalho, mordendo um lábio e procurando algo que ajudasse naquilo, mas passaram-se vários segundos e não adiantou. Mesmo a porta da sala em que estavam abriu, mas não a do pátio com os prisioneiros. 

— Os guardas parecem estar terminando — disse Rani, de olho nas imagens. — Não vai adiantar, precisamos voltar.

— E deixar tudo isso ter sido por nada?

Rani passou a mão no cabelo e depois voltou-se para o painel. Olhava todas as engrenagens e fios que se estendiam ali, até parar os olhos em algo.

— Um motor Khartoum. 

— O quê? — disse a Doutora, parando o processo com a chave. — Não, é impossível.

— Está bem na sua frente. Veja só, deve ser o que nutre as luzes daqui, mas se puder aquecê-lo suficientemente...

— Ele irá explodir. Não tente isso, Rani, vai acabar apenas matando todos.

— Bom. — Inclinou a cabeça, pensativa. — Não seria uma explosão tão destrutiva. Ainda poderíamos nos regenerar.

A Doutora ficou no caminho entre ela e o motor.

— Não brinque assim com vidas inocentes.

A outra ergueu o nariz e a empurrou para o lado, desconectando o objeto dos fios. No mesmo instante todas as luzes se apagaram em todos os corredores e também no pátio. O que ainda permitia alguma visibilidade eram pontos brilhantes vermelhos, provavelmente de emergência.

— Nós vamos voltar lá e destrancar a porta assim — disse Rani, indo até o túnel, segurando o motor como se fosse um recém nascido. — Ainda podemos usar alguns daqueles idiotas como escudo. Afinal vão ser úteis, veja só! 

— Não se atreva!

Ela a ignorou e começou a caminhada pela passagem.

— Poderia me emprestar sua lanterna? — perguntou, parando subitamente.

A Doutora guardou a chave no bolso do casaco e deu um passo para trás.

— Muito bem, acho que isso é um não. Nesse caso, nossos caminhos se separam aqui.

Ardilosamente Rani puxou com a ponta do pé a tampa do túnel e deixou a Doutora para trás. Aquilo não a impediria, mas por um instante ela percebeu que não iria querer segui-la. Se perguntava por qual razão aquele sentimento estranho a tomava, mas só então se deu conta da porta aberta à sua frente, um portal para todas partes da prisão de Shada. Poderia esclarecer muita coisa se explorasse o lugar brevemente.

Deu um passo e saiu para o corredor que se estendia em voltas dos dois lados. Estava mesmo fazendo aquilo? Acabara de deixar uma das Senhoras do Tempo mais perigosas partir com uma potencial bomba? Não, nem mesmo sua curiosidade poderia bater de frente com isso.

Recuou, pronta para segui-la, mas a porta de repente voltou a fechar. O que quer que tenha feito com os controles fora temporário, e agora se via sozinha no escuro da prisão. Sua única opção era explorar, então.

— Vamos lá, Doutora, apenas seja rápida — disse enquanto escolhia um lado para seguir. Acabou escolhendo ir pela esquerda e correu como nunca, esperando encontrar qualquer coisa.

Haviam portas, que agora voltavam a se trancar também, e eram dezenas. Podiam muito bem ser apenas celas, mas não reconhecia aqueles corredores. Se perguntava se haviam prisioneiros ali, se algum de seus aliados dormia tão perto da sala das câmeras, mas não havia chances de responder essa questão.

Afinal achou que poderia ser proveitoso tomar aquele caminho, pois conseguiria explorar novos ambientes ao passo em que se dirigia para o pátio. Se tivesse sorte conseguiria chegar lá antes de Rani explodir tudo, e talvez pudesse abrir a porta. A potência da liberdade corria por suas veias e nada a distrairia. Exceto...

— Espera, isso se parece com...

Parou diante de duas portas altas, pelas quais passou antes de fecharem e as deixou entreabertas com a chave de fenda sônica bloqueando. Havia reconhecido o interior através do vidro no alto e o adentrou com calafrios a percorrer as pernas, os braços e a coluna. Finalmente encontrara algo de familiar ali.

— Shada… — disse quase em um sussurro, como se apenas agora aquela palavra representasse algo real. – A Shada de verdade!

Desceu as escadas pela sala e se dirigiu para as centenas de câmaras que se estendiam ali. Mal conseguia enxergar o final e se perguntava quantas haviam. Podia contar até duzentas e vinte e oito, mas deveria ter mais.

Era assim que Shada deveria se parecer. Uma prisão para Senhores do Tempo onde eles ficavam suspensos em câmaras de êxtase. Todo o lugar deveria ser nesse formato, com alguém para apenas coordenar tudo. Mas desde que chegou ali, nada era como se lembrava. Ao menos agora sabia que uma parte do lugar se mantinha como antes.

Passou as mãos pelas câmaras, altas e imitando o formato de geladeiras. Os rostos das pessoas podiam ser enxergados com alguma dificuldade, ela se assombrou ao reconhecer alguns.

— Corsário!

A sua antiga amiga jazia ali, inerte para sempre até que alguém intervisse. Quis tentar fazer aquilo naquele mesmo instante, libertá-la, pois sabia que podia ser uma ladra ou um ladrão com certa frequência, mas não achava que seria capaz de cometer algum crime que merecesse tal punição. Porém, não houve ainda tempo para isso, pois outros rostos lhe chamaram a atenção.

— Romana... Drax... Oh, meus antigos amigos, o que fizeram a vocês?

Não conseguia entender como mesmo os mais inocentes estavam ali. Parecia que alguém desejava uma coleção de seu povo, e reunira todos que conseguiu encontrar. Sabia que era impossível todos terem cometidos crimes terríveis o bastante para estarem ali.

Mas não havia tempo para tentar fazer algo agora. Eles estavam bem enquanto continuassem ali, supunha, mas os demais prisioneiros podiam ser usados como escudo por Rani. Precisava impedir tamanho derramamento de sangue.

Subiu as escadas, pegou a chave de fenda e saiu rapidamente de volta pelos corredores. Tentou uma coisa enquanto caminhava, um contato. Contudo, não havia ninguém por perto, nem o Mestre. Se esforçou mais um pouco enquanto virava pelos lados aleatoriamente. Achou ter ouvido algo.

Basil, é você?

Ela reconheceu a voz em sua mente. Era Khayin. Não conseguia imaginar como conseguiu manter uma conexão, justamente com ele, estando tão distantes, mas de todo modo ajudaria.

Preciso que fique comigo — disse em resposta. — Posso seguir seus pensamentos até o pátio.

O quê? Mas onde está?

Rani não te contou?

Ela ainda não apareceu. Achei que estavam juntas.

Nos separamos. Ela quer abrir a porta e libertar todos de um jeito que pode custar muitas vidas. Por favor, não a deixe prosseguir, eu vou conseguir abrir por fora.

Ele passou um tempo sem falar. Ela prosseguia a lançar-se pelos corredores em disparada, quase tropeçando, mas finalmente encontrando uma direção pelo contato, a sua bússola. Esperava que ele não a abandonasse.

Tudo bem, vou fazê-la esperar por você, mas a qualquer sinal dos guardas eu deixo ela tomar as rédeas. Não vou passar mais nem um dia aqui!

Era o bastante para ela, alguma esperança. 

Continuou andando, os corações martelando na garganta e quase saltando. Estava determinada a continuar e nada a pararia. 

Porém, não podia contar com o que a esperava no final de um corredor, após uma curva para a direita.

— Ah... Olá — disse para três guardas que se viraram e a encararam.

Suas pernas por um instante tremeram e tentou pensar em alguma solução, mas não havia mesmo contado com surpresas.

— Exterminar — disse um dos guardas.

Estenderam suas mãos e das palmas brotaram armas, assim como das testas saíram olhos, ambos idênticos aos usados pelos Daleks. Já havia encontrado aquele tipo de soldado antes, pessoas parcialmente convertidas para servirem e lutarem pelas máquinas mais mortíferas do universo. No entanto, não contava mesmo que os reencontraria ali. Também não teve tanto tempo para pensar nisso quando os disparos se lançaram sobre ela.

... 

Os prisioneiros estavam levemente inquietos, mas permaneciam com sua alienação habitual. Um tanto afoitos apenas pelo escuro, provavelmente. Khayin e Monge, contudo, eram um destaque na multidão.

— Perdeu ela? — perguntou o Monge, após o outro contar que mantinha contato com Basil.

— Sim, ou foi pega ou simplesmente abandonou a conexão.

— Ou o barco, meu chapa.

— Ela não faria isso.

O Monge deu de ombros. Ele podia pensar que ela era uma traidora em potencial, mas Khayin havia começado a notar quem ela realmente era.

Enfim pelo túnel surgiu Rani, arfante. Segurava o motor de Khartoum, ainda com muito cuidado, e ignorou as tentativas dos outros dois de saber o que pretendia fazer.

— Apenas abram espaço — ela disse, caminhando até a porta.

Abaixou-se e começou a abrir o objeto. Os outros Senhores do Tempo olhavam com curiosidade e aflição, mas antes que ela pudesse concluir qualquer coisa, passos ecoaram. Vinha alguém, apenas uma pessoa, mas ninguém deixou de supor que fosse um guarda.

Khayin fez com os lábios as palavras "saia daí!", mas ela se apressou e permaneceu lá, na esperança de armar aquilo em tempo. Não contava, contudo, que a porta abriria bruscamente e que um pé chutaria para longe o motor de Khartoum.

— Acho que não precisará tomar essa atitude — disse o Mestre.

Todos se levantaram e ficaram em expectativa, os que orquestraram o plano mais atentos. Antes que pudessem dizer qualquer coisa, entretanto, um batalhão de guardas surgiu a passos militares, todos com armas Dalek nas palmas das mãos, prontos para o ataque. Pararam por um segundo, ninguém se mexeu, até que abriram caminho e pelo centro se moveu um ser dourado, revestido de esferas e armado. Era um Dalek, mas em uma versão pior do que nenhum Senhor do Tempo já imaginou encontrar, mesmo durante a Guerra.

— Exterminação máxima — ordenou o ser de metal, tomado por seu ódio natural. 

Os guardas ergueram as mãos e não tiveram piedade. 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Finais:
~esfregando os dedos maleficamente~
E aí, se surpreenderam? O que acham que vai acontecer agora? Alguma teoria caiu por terra ou se confirmou?

Ester:
Finalmente os daleks apareceram. Já era de se esperar, a levar pelo título da fic, agora esse suspense... Aguentem mais uma semana só xD
Até mais o/

CENAS DO PRÓXIMO CAPÍTULO:

[...]

— Alguém quer mais chá?
[...]

— Você! — ela soltou entredentes.
— Eu! — Ele riu com seu jeito quase maníaco. — Olá. — Acenou, os dedos brincando para frente e para trás.
[...]

Certo, uma coisa de cada vez.
— Não é como se eles contassem pra gente o que querem fazer... — a outra começou.
[...]

— E ele não contou o que acontecia lá?
[...]