Messy Valentine's Day escrita por Foster


Capítulo 1
Oh yeah, I'll tell you somethin'


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores!
Anunciei essa one relâmpago lá no meu Twitter (@caroolfoster para quem quiser me seguir), mas me enrolei toda e não rolou de postar no dia dos namorados certinho, mas em alguns países ainda é dia 12 de junho, então tá valendo haha
Escutem I Want To Hold Your Hand (escolhi a versão do filme Yesterday nesse link aqui https://www.youtube.com/watch?v=zJpnK35KvyA) enquanto leem (ou a música que vocês quiserem).
Espero que gostem ♥



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I think you'll understand

When I say that somethin'

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Scorpius estava nervoso. Havia planejado todos os detalhes, mas ainda não tinha contado para o melhor amigo, pois sabia que Albus não era lá muito bom de guardar segredo. Certamente o moreno deixaria escapar para Lily, que correria para Dominique e Roxanne, ao passo que James e Fred dariam um jeito de descobrir o que as primas e irmãs falavam tão animadas. Na sequência, tratariam de provocar Hugo que, por morrer de ciúmes da irmã, iria querer tirar satisfações. E pronto: Rose ficaria sabendo em menos de uma hora de toda a surpresa. 

Apesar da trabalheira, Scorpius sabia que aquilo tudo valeria à pena. Rose valia à pena, afinal. Por isso, não poupou esforços - muito menos dinheiro - ao reservar um dos restaurantes mais caros de Hogsmeade, solicitar um smoking aceitável para a mãe, comprar uma aliança singela, mas, na opinião dele, muito bonita, comprar um buquê de flores do campo - fugindo do clichê, pois Rose achava rosas óbvias demais - e encomendar cupcakes red velvet - os favoritos da futura namorada - com os dizeres “namora comigo?”. E, para fechar a noite, organizou uma serenata no meio do restaurante com uma das músicas dos Beatles favoritas da ruiva que dizia muito sobre os sentimentos do loiro: I want to hold your hand. Aí sim, o pedido oficial seria feito. Com todas as letras: “Rose, quer namorar comigo?”.

Mas para Scorpius fazer tudo aquilo era extremamente difícil, ainda mais por ser em público. Se tinha uma coisa que Scorpius não era bom, era em se expressar na frente de outras pessoas. Ou qualquer pessoa, na realidade. Seu corpo tremia, as mãos suavam, a voz sumia. Tudo dava absolutamente errado. Toda a vida fora assim.

Só o fato de pedir Rose em namoro já lhe assustava terrivelmente. Foram anos apaixonado por ela. Poderia dizer que fora à primeira vista, na plataforma 9 ¾, mas só se deu conta mesmo quando notou que passava mais tempo olhando pra ela do que anotando a matéria - e que isso começava a refletir negativamente em suas notas -, o que foi lá pro terceiro ano. A aproximação com ela para aulas de reforço - à pedido de Albus, evidentemente, ele jamais seria apto a dar um passo daqueles— só afirmou o sentimento que já estava ali.

Ele era tão ruim em absolutamente tudo relacionado à romances que Rose só descobriu o sentimentos dele por conta de Albus - sim, sempre ele mexendo seus pauzinhos - e isso só no sétimo ano. 

A verdade é que o Potter cansou de ver o amigo sem coragem de trocar meia dúzia de palavras - que não envolvessem matérias - com a prima sem que saísse correndo para vomitar no banheiro devido à ansiedade. E ele bem havia notado que a ruiva achava o amigo extremamente fofo — palavras dela própria - mais do que em um âmbito de amizade. E o mais importante: estava cansado de ver Rose se envolvendo com caras babacas e sabia que Scorpius a amava de verdade, diferente dos gartoos que só ficavam com ela por ser famosa e também a melhor artilheira do sétimo ano - além de muito bela e inteligente. 

Não foi necessário muito, só um “Pelo amor de Merlin, Rose, o Malfoy tá na sua desde que colocou os olhos em você. Mas se for esperar qualquer atitude dele, quem sabe daqui mais sete anos” para que a garota notasse ainda mais o garoto - o que não era exatamente necessário, pois ela já vinha admirando-o fazia um tempo. 

Scorpius ainda sentia as borboletas no estômago toda vez que se lembrava dos sorrisos mais abertos que ela começou a lançar para ele, quase que convidativos. E de certa forma eram, pois Rose silenciosamente o convidava para sua vida e se auto convidava para a dele. E era um convite diferente pois, mesmo que compartilhassem os mesmos amigos e até ficassem bastante tempo juntos, não eram exatamente íntimos, até as aulas de reforço do terceiro ano e até Rose desenvolver um interesse genuíno no garoto depois da ajudinha no último ano.

Ele quase caiu duro quando ela o beijou em uma ida à Hogsmeade na qual Rose admitiu que ter chamado-o para acompanhá-la para comprar uma pena nova foi um pretexto bem mixuruca para terem um encontro sem realmente parecer que se tratava de um, só para que ele não surtasse em antecipação. 

Scorpius amou a forma como ela teve esse cuidado com ele. E amou muitas outras coisas também. 

Amou a maneira como os lábios cheios e rosados de Rose, em contato com os seus, que apesar de serem bem mais finos, pareciam se encaixar perfeitamente. Amou perceber que ela corava facilmente, camuflando suas sardas na imensidão rosada que tomava conta de boa parte de rosto e, adoravelmente, de suas orelhas. Amou sentir a maciez de seus cachos ao escorregar os dedos por seu cabelo. Amou ver os olhos azuis cintilarem e suas pupilas dilatarem ao olhar para ele. Amou ficar com o cheiro de lavanda em sua roupa. 

E, acima de todas essas coisas, amou ver o sorriso único que a garota deu a ele, que nunca havia antes tal traço tão único. Tinha algo de diferente na curvatura dos lábios e nas pequenas covinhas que se formavam nas bochechas dela, bem como nas dobrinhas que se formavam em torno dos olhos e no leve franzidinho de nariz que compunham o conjunto do sorriso que ela lançava ao vê-lo. Scorpius gostava de pensar que aquele era um sorriso só para ele, responsável por iluminar seus dias todas as vezes que se encontravam e ela o recebia com aquela preciosidade estampada no rosto.

Foi em um dia qualquer, um dos vários em que Scorpius passara horas estudando para os NIEMs na biblioteca e tudo parecia horrível, que ele percebeu o quanto a amava. Ela chegou no ambiente e, com aquela oitava maravilha no rosto - era assim que ele gostava de se referir ao melhor e mais lindo sorriso do mundo -, fez com que o loiro esquecesse todos os problemas. Ele sentia que o mundo era muito mais colorido com Rose. E queria que ela se sentisse assim também quando estava com ele.

Scorpius até tentava, mas não era bom com gestos e muito menos com as palavras. Admirava todo os sentimentos que Rose conseguia passar nos poemas ou em simples resenhas de livros e filmes na aula de Estudo dos Trouxas. Ela era uma romântica incurável, Scorpius havia suposto. Já a pegara relendo Orgulho e Preconceito inúmeras vezes nos últimos anos e sabia que ela adorava a cena de 10 coisas que eu odeio em você em que o ator principal cantava I Love You Baby, pois quando passou as férias na casa dos Potter ela deu o ar da graça de sua presença e não parou de repetir o quanto aquele gesto era incrível, além de meia dúzia de elogios sobre como o ator era maravilhoso - mas que Scorpius nem deu bola, pois estava ocupado demais admirando com os olhinhos brilhando ela falar das coisas que gostava.

Parecia genial tentar reproduzir a cena de 10 coisas que eu odeio em você e mais alguns outros clichês trouxas, se era aquilo que Rose gostava. Não da mesma fora, é claro, pois não chegaria aos pés daquela performance. Scorpius não era romântico o suficiente todos os dias, mas se fizesse um esforço poderia ser ao menos uma vez. Rose merecia aquilo.

No entanto, Scorpius sentiu toda sua confiança - muito pouca, diga-se de passagem - ir pelo ralo quando Albus soltou uma risada alta bem na sua cara ao contar o plano perfeito que aconteceria no dia seguinte. 

— Scorpius, eu não sabia que você era piadista. — o moreno falou aos risos, segurando a barriga, como se doesse de tanto rir. Aquela fora a ideia mais idiota que o amigo havia falado pra ele, Al tinha certeza, pois, afinal, era o Scorpius medroso Malfoy  falando que faria um grande gesto público. Aquilo era absurdo!

— Não… Não foi piada. — ele estava sem jeito. Não havia ficado roxo de vergonha porque os dois estavam sozinhos no dormitório e também devido ao medo que estava tomando conta de seu corpo rápido demais, fazendo-o ficar mais pálido do que o normal. — Eu sei que a Rose é romântica… Quis fazer algo.

— Você não está falando sério. — Al relutava em acreditar, se recuperando dos risos. 

— Eu estou falando sério. Olha aqui. — ele mostrou o papel que comprovava a reserva, assim como smoking recém passado e a caixa de cupcakes. 

Al ficou estupefato. Nem em seus sonhos mais loucos imaginaria o amigo fazendo aquilo, ainda mais porque Scorpius morria de vergonha de sequer abrir a boca em público, quanto mais fazer um grande gesto. Ainda mais romântico! Ele quase infartava quando ia se encontrar com Rose, oras!

— Tá de brincadeira! — seu tom era de puro espanto, o que fez Scorpius engolir em seco. Esperou que, agora que o amigo tivesse entendido, Albus iria lhe dar tapinhas no braço e acalmá-lo. E também estava contando com a ajuda do Potter para a serenata e outras coisas. 

— E tem mais isso. — sacou a caixinha preta da aliança prateada do bolso e jurou que Al fosse desmaiar ali mesmo, como se fosse ele quem estivesse recebendo a proposta surpresa. 

— Scorpius isso é… Errado! — o loiro esperava qualquer palavra: loucura, precipitado, exagerado… Mas nada o preparou para a ideia de que aquilo que ele planejara com tanto esforço e carinho poderia ser errado. Onde ele havia se equivocado?

— Quê? Como assim? — sentia a ansiedade o consumir a cada segundo que se passava. Rose não gostava dele o suficiente e Albus sabia, por isso estava tentando poupá-lo? Rose queria terminar? Scorpius estava ofendendo Rose? Aquilo era patriarcal demais e Rose, como uma feminista assumida, iria achar ultrajante? A cabeça dele estava à milhão. Uma teoria pior que a outra tomava conta de seus pensamentos.

A mão no ombro veio, não para dar tapinhas de incentivo, mas sim para fornecer um afago característico de pena.

— Scorpius, sente-se aqui. — Al falou com toda a calma do mundo. Sabia que o amigo tinha problemas para controlar a ansiedade quando as coisas saiam do controle, então tentaria dar aquela notícia sem muito mais alarde do que já havia feito. — Quando você está pensando em fazer isso? Amanhã mesmo? 

— É… Não é legal fazer isso no dia dos namorados?

— É que… — ele se mexeu desconfortavelmente na cama. Odiava a ideia de deixar o melhor amigo mal. — A Rose odeia demonstrações públicas de afeto.

— Mas… Ela ama tanto isso em filmes trouxas.

— Eu sei, eu sei. Mas um cara tentou pedí-la em namoro no meio do jogo de quadribol, não sei se você se lembra.

— Sim. — o tom saiu amargo. Odiava Córmaco McLaggen por ter encomendado uma série de poemas na caligrafia de Scorpius, que depois veio a descobrir que eram todos para Rose - e mais umas três garotas. — Mas achei que foi porque ele a distraiu da partida.

— Bom, também. Mas ela nos disse depois que achava tudo aquilo brega demais. E que deveriam ficar só nas comédias românticas. 

— Meu Merlin… — Scorpius já sentia o suor escorrer pela sua testa, encontrando-se sem chão, completamente perdido.

— E a aliança… Bem, a Rose vive reclamando do patriarcado e como homens tentam provar a todo tempo que são donos das garotas. E smoking é um pouco antiquado. Sobre os cupcakes… Bem… Talvez tirar a frase seja uma boa.

— Será? — ele puxou a caixa com tudo, tentando tirar a primeira sílaba de um dos cupcakes, mas sem sucesso. Ficou uma porcaria e agora parecia que ele estava perguntando “mora comigo?”. Patético

— Ok… Talvez não tenha sido uma boa. Mas é fácil você cancelar tudo. Não tinha muito mais coisa, né?

Os olhos de Al se arregalavam a cada detalhe extra que Scorpius revelava, à esta altura sem alegria alguma e com um terror genuíno estampado no rosto. 

— Caramba… Você pensou em tudo mesmo. 

— Sim, mas agora preciso dar um jeito de sumir com tudo isso. — ele se levantou, não aguentando mais ficar parado. Iria começar a hiperventilar, sabia disso. Reservar o restaurante já havia sido um sufoco pra ele, pois tivera que aguentar uma sessão, que parecia interminável, de elogios e um interrogatório sobre como eles se conheceram para o gerente que estava achando tudo aquilo absurdamente adorável. Entrar em contato para cancelar a reserva o faria passar o maior vexame e ele não queria nem pensar na quantidade de perguntas que seriam feitas.

E todos os músicos pagos? Scorpius não poderia simplesmente pegar o dinheiro de volta, pois eles mesmos já haviam informado que aceitavam cancelamento somente com 48 horas de antecedência, já que o dia dos namorados era uma data muito concorrida e muitas pessoas ficariam sem os serviços deles para que alguém cancelasse a serenata de uma hora para a outra. 

Ok, agora ele estava realmente no meio de uma crise de pânico. 

E se Rose descobrisse tudo e o achasse extremamente patético por ter planejado toda aquela breguice? E se ela o rejeitasse em público? Ele sequer havia cogitado aquela hipótese! Tinha ficado tão ocupado com o pedido em si que não pensou sobre como se sentiria se ela negasse ou aceitasse. Nem com o que faria diante dessas duas alternativas.

Naquele momento ele se sentia o cara mais idiota do mundo. Rose iria deixá-lo, ele tinha certeza. Estavam saindo mais ou menos desde novembro e, mesmo quando visitou a Toca no Natal, eles mantiveram as coisas em segredo, trocando olhares vez ou outra e um beijinho no final. Será que estava se precipitando ao pedí-la em namoro? 

Rose era tão incrível e o fazia se sentir tão confiante. Mas, ao mesmo tempo, ele sabia que não era o mais bonito, nem o mais inteligente, que ela já havia ficado. Talvez estivesse se apressando. Talvez estivesse confundindo as coisas.

— Ai, Scorpius. Talvez a Rose goste. — Al tentou incentivar o amigo ao perceber que havia sido duro demais - e talvez um tanto que equivocado - ao afirmar que Rose odiaria tudo aquilo. Ele sabia o quão a prima gostava de Scorpius. Ela jamais desdenharia do pedido de namoro do garoto, mas o estrago estava feito. Scorpius estava em pânico e Al não sabia como reverter aquilo.

— Talvez, Albus? Você mesmo que falou que ela iria odiar!

— Eu sou exagerado, você sabe.

— Você é sincero, Al.

— Eu nunca estou totalmente certo.

— Mas e se estiver dessa vez? Tão totalmente certo que eu estou prestes a realmente estragar tudo com ela. — ele se sentou na cama, colocando o rosto entre as mãos. Al engoliu em seco, querendo se bater por ser tão idiota em seus exageros a ponto de deixar o amigo à beira de um ataque de nervos. 

— Vamos dar um jeito.

Foram necessárias horas e mais horas de Albus garantindo que Rose gostava de flores do campo e sempre falava que estava louca para experimentar a comida do L'Accolade, prometendo que iria mais cedo até lá e falaria pessoalmente com o gerente, explicando a situação, bem como com os músicos contratados, para que Scorpius se acalmasse um pouco

A aliança, ficaria guardada à sete chaves na mesinha de Scorpius e ele comeria os cupcakes sozinho mais tarde, ou tentaria modificá-los de alguma maneira para não parecer tão idiota e acabar entregando a ideia original. Sabia que Rose os amava e não teria coragem de comê-los sem ela. Sobre o smoking, Scorpius não deixou o amigo terminar de falar, jogando uma toalha por cima da roupa recém passada para não ter que lidar com a vergonha ainda latente em suas entranhas. 

Eles mal viram a hora passar com todo o gerenciamento de crise que Albus propôs e de repente já eram duas da manhã. Todavia, Scorpius não conseguiu pregar o olho. Apesar de Albus ter repetido inúmeras vezes que Rose aceitaria seu pedido, ele estava com medo dela rejeitá-lo. E pedí-la em namoro no dia dos namorados parecia algo estúpido, parando para analisar. Quando perguntou ao amigo, no entanto, não obteve resposta, o que foi o suficiente para ele entender que Albus concordava com ele. 

Adormeceu quando já tinha sol entrando pela janela, com o pensamento de que não teria coragem de pedí-la amanhã, por mais que tivesse vontade de chamá-la de namorada e de poder andar tranquilamente de mãos dadas com ela pelo castelo. Era algo que fazia seu corpo ter vários calafrios, mas parecia tão certo, que ele não se via ligando para os olhares dos outros sob eles. Talvez Scorpius precisasse aprender a se importar menos com as coisas. Mas, naquele momento, tudo que ele estava fazendo era se importar, mais especificamente com Rose e a reação dela diante daquilo tudo.

— Merlin, estamos atrasados! — Al jogou o travesseiro em Scorpius, que saltou da cama assustado, buscando os óculos. Eram meio dia e meia! E ele havia combinado com Rose onze e meia! 

— Eu não acredito, eu não acredito! — o loiro se vestiu na velocidade da luz, sem ouvir direito o que Al falava sobre o L'Accolade. Só tinha pego no ar que o amigo correria para o restaurante e que Scorpius precisava enrolar Rose em alguma loja até que ele chegasse, mas os detalhes ficaram distantes em sua cabeça. Só se importava em se vestir logo e chegar até Rose.  

Ele correu o mais rápido que podia e, ao alcançar o Pátio, sentiu que os pulmões iriam cair de tanta dor. Os anos fugindo dos exercícios estavam cobrando-o agora. Scorpius não conseguia controlar a respiração para retomar o fôlego. O susto do atraso o fez ficar ainda mais agitado, o que tornava tudo pior. E a cara de Rose não ajudava muito. Ela não gostava de atrasos, mas ao ver o garoto tão pálido ela se assustou. 

— Scorpius, você está bem? — ela estendeu as mãos para segurar as deles e o loiro sentiu um arrepio se apossar de seu corpo instantaneamente com o contato. Ela tinha esse efeito sobre ele com um toque mínimo.

Foram necessários uns cinco minutos para que ele se recuperasse totalmente e olhá-la havia ajudado e muito. Seus cabelos ruivos ondulados estavam soltos e reluziam em um tom de cobre bonito oriundo do reflexo da luz do sol - que naquela tarde brilhava fracamente. O vestido floral era adorável, assim como a blusa leve que havia colocado por cima, e Rose usava um sapato vermelho com um leve saltinho. A maquiagem não era muito forte, mas seus lábios se destacavam em um tom de rosa bem claro e extremamente convidativos para um beijo. Estava linda. Estava definitivamente preparada para um encontro. 

De repente Scorpius olhou para baixo, se xingando ao perceber que tinha colocado dois pés diferentes de sapato e que havia pegado uma calça que estava levemente furada perto do bolso. Queria se enfiar em um buraco. Ela estava tão linda e ele tão… Desleixado.

Mas, com um aceno da varinha, Rose fez com que um dos pés errados se transformasse na cópia idêntica do outro, deixando mais tranquilo. No entanto, o que realmente teve efeito sobre ele foi o sorriso amável dela, garantindo que ele poderia ficar calmo e que ela também havia se atrasado. 

— Não precisava ter corrido tanto, eu acabei me atrasando, por mais que odeie atrasos. Te enviei um bilhete. — ela mordeu os lábios, olhando para ele. — Mas acho que você não recebeu. Desculpe. 

— Não! Eu é que peço desculpas! — falou atônito, fazendo com que ela desse uma risadinha pela sua reação. — Acordei tão no susto que só pensei em sair correndo, nem pensei que pudesse ter um bilhete. Não queria te deixar esperando. Não podia fazer isso. — ela sorriu para a declaração dele, olhando para os próprios pés. Com o movimento, os cabelos dela caíram sobre os olhos e Scorpius fez menção de afastá-los gentilmente. Rose alcançou a mão dele, fazendo um carinho agradável que fez com que Scorpius se inclinasse ligeiramente na direção dela. No entanto, um barulho próximo o fez dar um passo para trás, pigarreando e afastando-se do toque da ruiva.

— Bom, acho melhor irmos logo. Sei que ficou responsável por escolher o restaurante, então estou curiosa demais. — ela estendeu a mão para ele, sorrindo, e ele a tomou de bom grado, tentando afastar os pensamentos sobre outras pessoas observando a cena. Antes que pudessem sair, no entanto, ele a puxou levemente. 

— Você está linda. — e lá estava novamente: o sorriso único de Rose Weasley para Scorpius Malfoy.  

No caminho Rose não parava de falar, como sempre fazia. Scorpius gostava de ouví-la e vez ou outra soltava alguns comentários pontuais. Os olhares que ela lançava quando ele dizia algo eram tão cheios de significados e excitação que Scorpius se sentia instigado a falar mais. Com ela tudo ficava mais fluído. Ele se sentia verdadeiramente pleno e feliz. 

A sensação de plenitude, no entanto, logo deu lugar ao desespero ao notar que o horário que havia reservado se aproximava e Al ainda não tinha aparecido. Talvez tivesse comentado algo sobre o uso da passagem secreta, que o levaria mais rápido até Hogsmeade, mas o loiro não tinha certeza. Logo precisaria ir até o restaurante com Rose, que havia ficado animada ao saber onde comeriam, e tinha medo de chegar lá e todo o circo ainda estar armado. Não saberia o que diria para se justificar e isso lhe tirava o apetite.

— Estou ficando com fome. — a indireta de Rose foi recebida com sucesso, mas Scorpius limitou-se a sorrir amarelo. Não tinha mais desculpas. Precisaria ir até lá. — Vamos indo devagar, tá bom? — ela pegou a mão dele, entrelaçando firmemente seus dedos. Novamente, a sensação de quentinho no coração que Scorpius amava, juntamente com as velhas borboletas no estômago. 

Estava andando de mãos dadas com Rose em Hogsmeade e no dia dos namorados! Era a realização de tudo o que ele vinha sonhando recentemente quando o assunto era a ruiva.

Os dois nunca haviam ficado dessa forma tão publicamente assim. Gostavam de se beijar perto do lado negro ou na Torre de Astronomia e vez ou outra trocavam beijos rápidos nos intervalos das aulas, mas Scorpius podia contar nos dedos quantas pessoas haviam visto os dois verdadeiramente juntos. Óbvio que muitos sabiam que eles estavam ficando, mas daí sair como um casal, aquilo sim era novidade. 

Rose sabia que Scorpius era mais reservado, então não ligava de ficar se esgueirando pelos corredores para se beijarem. Ela mesma havia dito aquilo para ele, então o loiro fazia questão de surpreendê-la em momentos aleatórios do dia com beijos. Às vezes arriscava alguns bilhetes, que geralmente costumavam ser autoria de Rose. E amava ver o sorriso dela quando ela os lia. 

Ao chegarem no belo restaurante não demoraram a pegar suas mesas, para desespero do loiro. O local estava incrivelmente cheio e não à toa, afinal toda Hogwarts estava tendo encontro ali. Scorpius torceu que, por isso, o atendimento fosse demorar, mas a equipe estava muito bem treinada e em menos de dez minutos a comida havia chegado. 

— Está sem fome? — Rose perguntou enquanto mastigava o pato ao molho de laranjas. Scorpius mantinha os olhares oscilando entre Rose, seu prato de macarrão ao pesto, o gerente e os músicos, que tocavam de mesa em mesa. Logo seria a vez deles, ele sentia. A imagem da humilhação estampada em seus olhos o fazia não conseguir respirar direito. E pior: a imagem de Rose rejeitando-o parecia correr seu coração. — Hey. — ela pegou a mão do garoto de uma forma gentil. — Vamos, me conte como foi sua aula com o professor Slughorn.

Falar sobre o semi estágio que estava tendo com o professor de poções ajudou a aliviar um pouco a tensão, mas a mente de Scorpius não o deixava parar de sofrer.

— Ele acha que posso me tornar um bom mestre de poções e na realidade torce pra isso. Falei que quero ser curandeiro, mas Slughorn diz que a idade está o alcançando e eu seria um excelente substituto. — se permitiu sorrir um pouco, tendo em retribuição um sorriso e um aperto na mão por parte de Rose. 

— Slughorn que não me venha querer roubar você de mim! Até parece que eu iria suportar ficar um ano inteirinho esperando para te ver. — Rose talvez não soubesse o efeito que ela afirmação havia surtido em Scorpius. 

Ela sorria brincalhona para ele, mas parecia falar verdadeiramente. As batidas no coração de Scorpius estavam descompassadas e ele tinha certeza de que havia se esquecido de como se respirava. Rose estava falando do futuro. E o melhor: estava falando que não gostava da ideia de um futuro afastada dele.

Não conteve o sorriso ao perceber que ela havia pensado o mesmo que ele a respeito da oferta de Slughorn, da qual já haviam comentado uma coisa ou outra antes. Scorpius não era o maior fã de um cargo para dar aulas em Hogwarts, pois de fato queria ser curandeiro. E a ideia de ficar longe de Rose, que ficaria presa ao treinamento para aurores por meses em Londres, não parecia nada agradável. Afinal, se formaria dali poucos meses, e queria continuar vendo a garota que ele desejava mais do que tudo que fosse sua namorada - ainda mais depois de tal declaração. 

— Você… Não aguentaria mesmo ficar sem me ver? — perguntou para ter certeza de que ouvira certo. Rose corou um pouco, mas sustentou o sorriso, revirando os olhos por pura graça.

— Você ouviu o que eu disse. Mas sim, eu precisaria arranjar alguma desculpa para vir para Hogwarts no meio da semana. Talvez inventasse que algum criminoso anda ameaçando invadir Hogwarts e eu precisaria fazer guarda. Coisas assim.

— Eu iria adorar ser protegido por você.

— Eu não ligaria nadinha de te proteger. 

Talvez fosse a mão dela segurando a dele com precisão, ou o contato visual que estavam sustentando há vários minutos, bem como a troca de sorrisos, as frases que ela disse ou todo o conjunto de coisas que estavam acontecendo naquele instante em acúmulo as lembranças afetivas que Scorpius tinha dos dois. Mas o fato é que ele sentiu que era a hora. 

Engoliu em seco, sentindo o frio na barriga se alastrar para seu corpo todo. O suor começava a escorrer, a boca estava ficando seca. Mas Scorpius não se aguentaria mais. A amava demais para não pedí-la oficialmente para ser sua namorada. 

Mas antes que pudesse abrir a boca, ouviu os acorde de I want to hold your hand.

— Agora, com vocês, a declaração do senhor Scorpius Malfoy para a senhorita Rose Weasley! 

Scorpius gelou. Sentia a morte perto. Sabia que eram os últimos minutos de vida do seu breve relacionamento com Rose. Viu Albus posicionado perto do gerente o olhando com pena. Não havia chegado à tempo, mas aparentemente havia tentado, pois estava sem ar. 

Ele arriscou olhar para a ruiva, mas ela estava boquiaberta, olhando para a banda com olhos arregalados. Scorpius soltou a mão dela como se estivesse queimando. Havia começado a tremer e a suar frio. Os olhares de todos estavam sobre eles. 

— Parem. — tentou falar, mas a voz estava rouca. — Por favor. — ele fechou os olhos, tentando acertar sua respiração. Não muito tempo depois ouviu a voz de Albus soar perto dele e o som da música cessar. Quando tornou a abrir os olhos tudo estava embaçado. Engoliu em seco. Todos estavam olhando para ele, agora apreensivos.

— Scorpius… — a voz de Rose era um fio. — Você… 

— Me desculpe. — despejou em um fôlego só, se levantando. Estava zonzo. Não queria olhá-la. Não conseguiria ouvir a rejeição. — Eu vou… Eu… — ele tentou se guiar pelas mesas, querendo alcançar o banheiro. Sentia um calor enorme devido ao tanto que havia suado nos últimos minutos. Achou que sequer fosse humanamente possível suar tanto.

Conseguiu chegar até o banheiro com muito esforço e mergulhou a cabeça debaixo da torneira.

— Scorpius! Você está igual um fantasma! — Al adentrou no banheiro quase na sequência, com um olhar preocupado. 

O horror preencheu o rosto de Scorpius quando ouviu Rose bater na porta. Ele virou-se para olhar para Albus, atônito. O amigo compreendeu, dizendo que iria falar com Rose lá fora. 

A acústica do banheiro era horrível, ao passo que ele podia ouvir claramente o que os primos estavam falando do lado de fora.

— O que é que deu no Scorpius? 

É isso. Rose havia odiado e provavelmente gastaria os próximos minutos queixando-se com o primo. Quando ele saísse talvez os dois tentassem disfarçar, mas ele saberia o que havia sido dito. E todas as pessoas lá fora… Scorpius precisava agir rápido. Agradeceu imensamente quando viu que a janela do banheiro era larga o suficiente para que ele pudesse passar, apesar de alta. Mas valeria o risco. Não conseguiria lidar com a rejeição naquele momento.

Precisou de muito esforço para chegar até lá, mas não pensou duas vezes, mesmo quando viu que, se caísse errado, se machucaria feio. Se jogou como sua vida dependesse daquilo. Assim que atingiu o chão, viu tudo ficar preto devido à dor que tomava conta de seu tornozelo, soltando um grito horrorizado que certamente fora ouvido de longe. 

Tentou mexer o pé, mas se assustou ao ver a fratura exposta. O pior foi quando viu que as pessoas dentro do restaurante haviam escutado seu grito e agora se reuniam ao seu redor, bem como outros passantes. 

A dor e a vergonha eram tantas que não percebeu quando desmaiou. Só se deu conta quando acordou na enfermaria de Hogwarts, com Albus e Rose encarando-o aflitos. Queria fingir que ainda estava desacordado, mas era tarde. No segundo seguinte os dois já estavam colados na cama. 

— Meu Merlin, Scorpius, que susto você deu na gente! — Rose praticamente berrava, tocando no braço do garoto e no rosto para certificar-se de que ele estava bem.

— Como você achou que poderia pular aquela altura, seu doido! 

— Você tem noção do perigo? E se precisasse amputar?

— Senhorita Weasley, não foi para tanto. — Madame Pomfrey negava com a cabeça, um pouco afastada.

— E se você ficasse manco?

— Menos, senhor Potter.

— E se você precisasse de fisioterapia?

— Família de exagerados. — a enfermeira resmungou, afastando-se com a bandeja. 

— Eu estou bem. — Scorpius garantiu, mas ao se ajeitar na cama sentiu a dor. Encarou o tornozelo, agora suspenso e envolto de um gesso que ia até seu joelho. Engoliu em seco. 

— Está, é? Então agora você vai me ouvir! — Rose bateu com o que ele reconheceu ser o buquê de rosas do campo que o gerente do restaurante entregaria para ela ao final da serenata. O horror voltou a tomar conta dele. — Você. — ela levantou o dedo indicador para ele, com o semblante sério. — Que ideia foi essa do pedido de namoro?

— Você contou tudo à ela? — Scorpius parecia que ia ter uma síncope. Al engoliu em seco e sorriu amarelo, afastando-se da cama. 

— Eu contei sim… Mas… — ele lançou um olhar para a prima, que não esboçou reação. — É melhor vocês conversarem. 

Scorpius não teve tempo de implorar para que Albus ficasse, pois o amigo já estava fora. Ele virou-se com medo para Rose, aguardando o que seria o fora do século.

— Primeiramente, me desculpe. Albus disse que você não gostava de tudo isso. Tentei cancelar, tentei mesmo, mas não consegui a tempo.

— Você realmente encomendou cupcakes?

Scorpius achou melhor abrir o jogo. Havia tentado esconder tudo, mas seria melhor expor tudo e se livrar de uma vez daquela situação.

— Sim. Eles diziam “namora comigo?” e eram de red velvet.

— Meu sabor…

— Preferido. É. — ele coçou a cabeça, não conseguindo encará-la. Rose suspirou, pegando uma cadeira para se sentar. 

— E o que mais?

— Pedi para minha mãe um smoking. E… Eu também… — a última parte era a mais humilhante. — Eu comprei uma aliança de compromisso. — a garota o ouvia atentamente enquanto mordia a bochecha internamente.

— E como você pretendia fazer tudo?

Ele contou como se levantaria ao final de I want to hold your hand e realmente pegaria sua mão, estendendo o buquê para ela, falando baixinho em seu ouvido para que ela olhasse o que seria a sobremesa. Depois, ele lhe estenderia a aliança e faria o pedido formal. 

Rose não estava respondendo e nem demonstrando emoção. Scorpius imaginou que ela estivesse tão enojada que não conseguia expressar. Sentiu seu coração ficar miúdo e, com o silêncio ficando cada vez mais torturante, resolveu abrir o jogo.

— Rose eu não sabia que você odiava tudo isso. Fiz porque… Porque você é sempre tão romântica. Torce tanto pra Lily e seu irmão ficarem juntos, pois acha a relação dos dois um… Como você mesma fala...

— Um poço de fofura? — indagou, rindo pelo nariz.

— Isso. E também… Você escreve poemas tão incríveis e ama livros e filmes de romance… Eu não fazia ideia de que eu estava tentando reproduzir tudo aquilo que você mais odiava. Me desculpe.

— E por que você fez tudo isso? — ela agora mordia os lábios nervosamente. A falta e expressão dela fazia com que Scorpius quisesse explodir em angústia, mas ele respirou fundo e a respondeu.

— Porque eu quero namorar você. E sei que não sou minimamente tão amoroso quanto você. 

— Eu sou amorosa?

— Em cada detalhe, Rose. Em cada gesto… Nos bilhetes que me manda… Eu sou um poço de frieza comparado à você.

— Claro que não! — a primeira reação que ela teve foi raivosa, assustando um pouco o loiro. — Scorpius, você sempre me oferece a laranja descascada, porque sabe que eu amo comê-las, mas odeio tirar a casca. Você sempre pega as torradas mais queimadinhas e me deixa as menos tostadas, pois sabe que eu não gosto. Quando visitamos sua casa no seu aniversário você pediu pra sua mãe me dar o pedaço do canto pois sabe que eu amo glacê e essa é a parte que ele fica mais concentrado. Você guarda meu lugar nas aulas de Aritmância desde que eu falei que estava com dificuldades para ouvir o que a professora estava falando por conta da perda de audição que eu tive após receber um balaço na orelha naquele jogo contra a sua casa de baderneiros. — ela soltou uma risada, segurando a mão de Scorpius. Ele não estava entendendo aquilo. Esperava que fosse ser massacrado, mas Rose estava… Chorando?

— Rose, você está chorando? — a preocupação que cresceu em seu peito o fez tentar sentar na cama, esquecendo-se da dor.

— Não se mexa! Seu corpo deve estar dolorido também. Não estou chorando, estou emocionada. — ela limpou as lágrimas, inclinando-se para colocá-lo deitado novamente. — O que eu quero dizer é que você é extremamente amoroso em todos esses momentos. Sempre foi. Nunca precisou demonstrar com grandes gestos, pois eu sentia que era amada mesmo antes de sermos ficantes. 

— Está dizendo que eu não precisava ter feito um pedido exagerado. — ele suspirou, preparando-se para o que estava por vir.

— Scorpius, deixe eu terminar de falar! — ela o advertiu, mas soltando um pequeno sorriso. — Eu realmente detestava coisas grandes e exageradas. Mas isso… Isso foi até você fazê-las para mim. 

O brilho que tomou conta do olhar de Rose fez o coração de Scorpius perder uma batida. Ela conseguia expressar tanto por meio daqueles olhos que ele poderia se perder tentando analisá-los. 

— Eu nunca soube que precisava ouvir minha música favorita dos Beatles no meio de um restaurante, até você fazer isso. E a aliança… Eu nunca achei que quisesse ter uma até ouvir você falar que comprou uma! E olha que eu nem a vi ainda. 

— Eu… É sério mesmo? Al foi tão convicto quando disse que você afirmou que odiava tudo isso. Quando o McLaggen fez aquilo no jogo…

— Ah, Scorpius, é diferente! — ela soltou uma risada, passando a mão pelos cabelos do garoto, que agora sorria para ela, mas ainda vacilante. — Ele não queria nada comigo e pior, ou melhor nesse caso, eu não queria nada com ele. Mas com você… Eu quero tudo com você.

Aquela frase fez com que ele a puxasse para perto, beijando-a com firmeza. Não queria soltá-la. Sabia que tinha que terminar de ouvir o que ela tinha a dizer, mas ele também queria tudo com ela e justamente por isso tinha se arriscado ao fazer os grandes gestos. Queria mostrar que Rose havia se tornado tudo para ele, algo que, na realidade, ela já era há muitos anos. 

— E você não precisa me provar nada. — acrescentou após o término do beijo, selando-o castamente nos lábios, com um sorriso estampado constante. — Eu nunca pensei que fosse gostar dos grandes gestos, mas sou plenamente satisfeita com suas pequenas demonstrações. São tantas… 

— Não sei se tudo isso exprime suficientemente o que eu sinto.

— E ainda diz que não é romântico! — ela segurou o rosto do garoto, depositando outro beijo. Aproveitou a deixa para sentar na beirada da cama, debruçando-se ligeiramente sobre ele e com cuidado para não machucá-lo. 

Scorpius a envolveu com os dois braços, sentindo a maciez de seus cabelos. Se sentia a pessoa mais feliz do mundo, mas ainda faltava um detalhe. Quando se separaram novamente, ele a observou. De repente não se sentiu tão ansioso, apesar do calafrio estar presente e uma gota de suor ter escorrido. Estava nervoso, mas tinha confiança de que ela estava na mesma página que ele.

Ele não conseguiu falar nada por vários instantes, na realidade. Ficou apenas observando-a como um bobo apaixonado. Rose sorria abertamente, devolvendo os olhares na mesma intensidade.

— E sabe, eu meio que esperava um pedido hoje. — confessou, fazendo círculos na mão do garoto, distraidamente.

— Estava?

— Bem, você me chamou super nervoso para ir à Hogsmeade no sábado do dia dos dos namorados e disse que onde comeríamos seria uma surpresa. — ela revirou os olhos, rindo. — Era um pouco óbvio. Só não imaginava todas as outras coisas. Isso realmente foi uma baita surpresa. Mas não foi à toa que eu estava toda linda.

— Que bom que sabe, pois você realmente estava. Aliás, está. — corrigiu-se, encarando a garota à sua frente. 

— Mas então… Por mais que eu soubesse… Acho que… Né. — ela movimentou as sobrancelhas, mas Scorpius estava um pouco confuso. Ela revirou os olhos, rindo, e o encarou com divertimento. — Já que você não fala, eu falo. Namora comigo? 

Scorpius era possivelmente o cara mais feliz da face da terra, ele tinha certeza. Poderiam existir vários outros casais começando a namorar naquele dia, mas ele definitivamente era o mais apaixonado e o mais feliz. Não resistiu à roubar um beijo antes de responder. 

— Vou ter que ficar esperando sua resposta, é? Olha que eu não peço duas vezes não. 

— Eu aceito. — ele sorriu, percorrendo os dedos por seus cabelos. — Bem, espero que começar um namoro no dia dos namorados não seja algo brega demais. 

— É um pouco. — ela riu pelo nariz, olhando o relógio. — Mas acaba de passar da meia noite. 

— Você ficou aqui todo esse tempo? — Scorpius se surpreendeu, ao mesmo tempo preocupando-se ao pensar em Rose pulando o jantar por conta dele, afinal ela mal conseguira terminar o almoço por conta da confusão.

— Sim. Só fiz uma pausa para jantar. Eu e Albus intercalamos e eu exigi para que a McGonagall me deixasse ficar aqui. Ela reclamou falando que eu, como monitora, deveria dar o exemplo, mas Minerva sabe que não adianta discutir comigo. Eu sempre bato o pé a respeito das minhas decisões. 

— Você é incrível. — uma risada leve e gostosa tomou conta de Scorpius, que encarava Rose sem acreditar que ela havia realmente peitando a diretora por ele. 

— Eu sei. — sorriu convencida, depositando outro beijo. — Mas tem uma coisa que eu quero realmente saber. A mais importante de todas. — ela ficou séria de repente e Scorpius gelou, pensando se teria esquecido algo. — O que você fez com os cupcakes?

— Bem. Eu tentei tirar as letras, mas ficou um “mora comigo?”. Então eu só ia comê-los sozinho. 

— Não acredito! Você não teria essa audácia! — ela o acusou, mas Scorpius não conseguia ficar sério, estava rindo feito um idiota. — Scorpius Malfoy, ou você me entrega eles amanhã pra gente dividir ou vamos ter nossa primeira briga como namorados! 

Scorpius assentiu, ainda aos risos. Rose se aconchegou perto dele, sorrindo também. Ele se sentia à beira de um precipício com a proximidade dela e com a adrenalina dos acontecimentos recentes muito presente em seu corpo. Mas Scorpius não trocaria aquela sensação por nada, pois ela lhe transmitia uma calma que não havia presenciado ainda. Era certo estar ali com Rose. Era certo namorá-la. Assim como era mais do que certo fazer planos e ter vontade de demonstrar seu amor. Não necessariamente com grandes gestos, mas com coisas que ele sabia que arrancariam aquele sorriso genuíno e tão especial que Rose só lançava para ele. 

Scorpius Malfoy não estava ligando para o corpo dolorido e o pé engessado. Nem mesmo a lembrança dele acordando atrasado e a imagem do restaurante inteiro olhando para ele o fizeram vacilar. Aquele era o melhor dia da sua vida e não tinha dúvidas. Após sete anos Rose Weasley era sua namorada. Mas ele não teria feito absolutamente nada diferente. Faria tudo de novo se fosse necessário. Inclusive quebrar o pé pulando da janela de um restaurante. 

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And when I touch you I feel happy inside

It's such a feeling that my love

I can't hide

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Notas finais do capítulo

A intenção não era ser exatamente uma songfic, mas até que a música casou bem com os feelings do Scorpius haha
Espero que tenham gostado! Foi relâmpago, tá atrasada, foi rapidinha e simples, mas foi feita de coração ♥
Beijos e até a próxima!



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