Stiles queria entender em qual ponto seu plano começou a falhar; talvez tenha sido no momento em que subestimaram o poder da bruxa. Ou o plano em si já tinha grandes proporções de falhar, mas, infelizmente, era o único que tinham.

A questão era que Stiles se encontrava no chão, completamente dolorido. Suspirava só de imaginar o maldito hematoma que teria em suas costas. Erica, Boyd e Isaac tentavam distrair a bruxa, falhando miseravelmente. Alisson tentava acertar flechas nela, mas a própria usava um dos lobisomens como escudo. No fim o plano estava indo por água abaixo, nem mesmo Malia com a sua agressividade estava conseguindo deter a bruxa.

Por sorte, como último recurso, Stiles iria usar a sua faísca, a qual estava tentando aprender a usar com Deaton. Mas não era 100% seguro usá-la, mas agora, naquela situação, foda-se as probabilidades de sucesso.

Levantou-se do chão completamente determinado, atiçou as suas mãos, concentrando-se. Sentindo seu corpo tremer pelo poder, mas então tudo desandou no segundo seguinte; a bruxa sentiu o seu poder. Jogou o Stilinski contra a árvore passando a sufocá-lo com uma das mãos — sem estar perto dele. Tinha jogado todos os outros para longe, deixando-os completamente paralisados e focou-se no humano.

— Não será um usuário de mágica patético que vai me deter. — E com isso, sorriu antes de pronunciar: — Enquanto que aquele que habita o coração do amaldiçoado não proferir o seu amor por ele em voz alta, a rosa vermelha traçara pelo seu corpo, causando-lhe dor até a morte. — E antes que pudesse falar mais alguma, sua garganta fôra rasgada, fazendo com todos pudessem se mexer.

Stiles arfou em busca de ar e ficando surpreso quando viu Peter dando-lhe um sorriso divertido. Seus olhos foram de encontro com a bruxa que mantinha as mãos sobre o pescoço. Ainda foi possível ouvir suas palavras cobertas de ódio antes de perder a vida.

— Mas que diabos?! — proclamou Scott, que nem tinha reparado o Hale se aproximando pelas sombras.

— Bruxas sempre são complicadas de se deter. — Peter comentou casualmente, enquanto retirava de seu bolso um lenço, passando a limpar o sangue de suas garras. Ignorando os olhares surpresos dos demais. 

— Ok. — Stiles sibilou calmamente, respirando profundamente. — Valeu. — Estava aliviado, no fundo agradecia por Peter ter aparecido e se livrado da bruxa. Não queria imaginar o que teria acontecido. Sentia sua garganta ficar seca.

Mesmo com o corpo protestando por causa da dor, levantou-se do chão assim como os outros. Scott por incrível que parecesse não reclamou sobre Peter ter matado a bruxa — talvez entendesse a gravidade da situação. 

Mas fora isso, Stiles verificou se todos estavam bem, principalmente Liam que mal tinha entrado naquela vida e já teve que enfrentar uma lista de morte e Berserkers, bom, incluindo agora, uma bruxa. Ele era um pequeno filhote como Stiles gostava de chamá-lo. Certificou-se principalmente se Erica, Boyd, Jackson e Isaac estavam bem; afinal eles eram os antigos betas de Derek, que após tudo o que aconteceu no México, foi embora com a mercenária, Braeden. 

Stiles ainda se lembrava de como foi horrível vê-lo partir sem ter coragem de pedir para que ele ficasse. Meses tinham se passado e Derek nunca tinha entrado em contato. Stiles apenas esperava que ele estivesse bem, sem sequestro, tortura ou possíveis mortes. Com todos bem, suspirou aliviado, mas gelou ao sentir uma mão em seu ombro, virando-se rapidamente e ficando estranhamente aliviado por ser Peter. 

— Você está bem? — ele perguntou.

— Hum… Estou? — indagou, confuso, mas ficando apreensivo em ver a preocupação estampada no rosto do Hale; algo que ele nunca imaginava poder ver.

— Antes de eu matá-la ela estava pronunciando uma maldição, você está sentindo algo diferente? 

Isso foi o suficiente para deixar todos em alerta — principalmente Jackson. Scott já estava entrando em pânico que o seu irmão foi atingido por uma maldição. Com todo aquele sufoco com o bando lhe rodeando e sugando a sua dor, como se ele estivesse sofrendo por causa dela, sendo que era suportável, afastou-se abruptamente; conseguindo enfim respirar.

— Eu estou bem. — disse calmamente, como se estivesse falando com um bando de crianças, porque parecia que estava do jeito que eles estavam lhe olhando. — Eu tô me sentindo muito bem. — resmungou, conseguindo enfim acalmar todos.

— Vai ver ela não conseguiu concluir o feitiço. — falou Jackson.

— Espero. — murmurou Peter. Ninguém tinha lhe ouvido, todos estavam focados em Stiles — que já estava ficando irritado, pois era ele quem cuidava deles e não ao contrário —, no fundo, esperava que realmente a maldição não tivesse sido concluída.

—x-

Duas semanas se passaram e o bando ficou relaxado após o episódio bruxa, e Stiles pode enfim respirar. Já não aguentava mais todos lhe cercando e vendo se estava bem. Tudo o que o humano mais queria era ficar em sua cama, mais especificamente debaixo das cobertas. Mesmo com tudo o que aconteceu, os pesadelos continuavam a lhe atormentar e, ficar sendo vigiados por um bando de lobisomens estava lhe deixando estressado; tinha chegado no ponto de expulsar Liam com grosseria, mas no dia seguinte pediu desculpas, após isso todos resolveram se acalmar, como se tivessem percebido que estavam sufocando o outro. 

Sentia seu corpo extremamente pesado no decorrer daqueles dias, concluiu que fosse por causa das noites mal dormidas. Naquela manhã em particular, seu corpo inteiro doía, chegava de respirar com certa dificuldade, mas ainda sim, foi para escola.

Tentou fazer com que o bando não notasse sua dor, mas era quase impossível, já que toda vez que abria a boca para falar algo acabava ofegando pelas pontadas. E quando Erica tentou lhe tocar, desviou-se rapidamente, pois sabia que ela automaticamente sentiria e sugaria suas dores. E definitivamente não queria ficar sendo supervisionado de novo.

Logo estaria em casa era o que pensava o Stilinski, por isso se esforçava ao máximo para se manter neutro e ficar fugindo de todos, mas no momento em que Lydia começou a lhe fitar durante a última aula, com cenho franzido de preocupação, Stiles soube que ele deveria estar horrível.

Quando a aula acabou, queria ir correndo para o seu carro para poder chegar em casa e deitar-se na cama, esperando que aquelas dores parassem subitamente. Mas obviamente não iria acontecer. Tudo estava girando, conseguia até mesmo ouvir a sua própria respiração, seu corpo inteiro estava quente. Não escutava Lydia que parecia estar berrando e no minuto seguinte estava desmaiando; a última coisa que vislumbrou foi o bando entrar na sala.