"Está nas estrelas

Está escrito nas cicatrizes do meu coração

Não estamos quebrados, só tortos

E podemos aprender a amar de novo"

Marie já era velha o suficiente pra entender o que significava dia dos namorados.

Cresceu com uma irmã que era a paixonite da escola. Victoria recebia muitos presentes nesse único dia do ano.

As pessoas aproveitavam o clima de amor para tomar coragem e declarar seus sentimentos. Marie achava isso bobo.

Se você ama de verdade a pessoa, qualquer dia no ano devia ser um bom dia pra você assumir a verdade.

Mas aquele dia naquele ano não era caso de de declarar. Marie tinha namorado. Tinha passado dessa fase.

Porém ter Laito como namorado implicava outras várias coisas.

Na última noite Marie não havia conseguido sair da cama. Laito tinha um poder de sedução que Marie odiava, mas não conseguia dizer não pra ele. Principalmente com coisas que ela sabia que queria.

E se tinha uma coisa que Laito era bom em ser, era amante. O Sakamaki tentava ser romântico. Ele conseguia muitas vezes. Era um ombro amigo surpreendentemente bom e tinha os conselhos de um barman, ou muito bons ou muito ruins.

Mas ele sabia o que estava fazendo quando o assunto era mais físico. Doía na alma de Marie admitir, mas ela sabia que ele havia aprendido tudo desde novo.

Esse era o único motivo que fez Marie hesitar tanto antes dos dois dormirem juntos pela primeira vez. Laito também hesitou.

Mas os dois tinham conexão. Tinha sentimento lá. Era diferente, e Marie conseguia ver isso nos olhos do seu namorado.

Entretanto, sexo não é uma base lá muito importante pra um relacionamento. E foi isso que fez Marie se levantar e pôr alguma roupa. Mesmo entendendo que talvez fosse inútil e que não ia ficar com ela por muito tempo.

Estava determinada a ter um dia dos namorados normal e fofo. E ia conseguir.

—Bom dia, minha linda.- Laito sorriu quando a viu descendo as escadas.

—Nem vem que não tem.-Marie prendeu os cabelos- Você não vai me levar pra cama de novo. Eu preciso me alimentar de verdade.

—Meu amor não te alimenta o bastante?- Laito brincou.

—Se eu me alimentar do seu amor, sinto muito mas sua fonte de afeição vai definhar.- Marie sorriu de orelha antes de dar um beijo nele- Feliz dia dos namorados.

—Feliz dia dos namorados.- Laito deu um selinho nela.- Algum plano pra hoje?

—Podemos ver um filme no cinema.- Marie sugeriu, os dois indo juntos pra cozinha. Laito fez uma careta- Nem vem, eu aposto que tem alguma coisa legal. E depois a gente pode ir pra um hotel.

Laito deu um sorriso pervertido.

—H-O-T-E-L.- Marie brigou- Hotel, pervertido.

—Eu não falei nada.- Laito serviu um café pra Marie quando os dois se sentaram na mesa.

—Eu sei que pensou. Valeu.- Marie pegou a xícara de café.- Mas eu digo isso porque Sofie e Ayato vão ficar por aqui hoje. Geral saiu.

—Até o Shu?- Laito questionou.

—Ele não. Ainda tá dormindo, eu acho.- Marie respondeu.- Mas acho que a Nikki saiu. Reijii e Vic também, mas não sei pra onde eles foram.

Laito deu de ombros:

—Hotel então.

E lá se foram os dois. Arrumaram as mochilas e deixaram tudo no quarto de hotel, antes de se arrumarem e resolverem ir pro cinema.

Chegando lá, ficaram até que chocados com o fato que não tinha uma fila enorme e vários casais se comendo enquanto esperavam a pipoca.

Marie entrelaçou seus dedos com Laito e os dois foram á frente.

—Eu pego os ingressos e você a comida?- Marie o ofereceu, e ele ajeitou sua fedora com um sorriso:

—Pode deixar. Pipoca grande?

—Você me conhece tão bem.- Marie sorriu.

Ela o puxou pra um selinho, que demorou mais que o planejado graças á Laito a puxando pra mais perto possível.

E ele se despediu com uma piscadela e um sorriso, indo pra fila do lanche.

Marie ficou uns cinco minutos esperando na fila dos ingressos antes que fosse atendida.

Cerca de mais cinco minutos depois, eles se encontraram. Laito estava tendo dificuldades carregando a garrafa de água, uma pequena sacola e a pipoca grande, então Marie o ajudou.

—Comprei churros também.- Laito comentou- Eu imaginei que você ia querer uma coisa doce. Pegou ingressos pra qual filme?

—Ah, uma comédia romântica lá.- Marie deu de ombros e já pegou um monte de pipoca.

—Bom começo. Você nem sabe o nome.- Laito riu.

—Até parece que você vai me deixar prestar atenção no filme de qualquer jeito.- Marie revirou os olhos.

—E você, Mah-chan, me conhece tão bem~ - Laito cantarolou.

Quando a sala foi liberada, Laito fez questão dos dois ficarem bem no fundo. Marie nem quis retrucar, ela já esperava aquilo.

—Você vai me deixar ter um momento de paz pra ver o filme?- Marie prendeu os cabelos.

—Não.- Laito respondeu.

—Legal. Gosto da transparência e da Honestidade mesmo.- Marie segurou a risada.

Laito pegou uma pipoca e tentou colocar na boca de Marie, que quase mordeu o dedo dele:

—Por favor, não me faça tornar o que eu mais temia e sermos aquele casal chato do cinema que fica se comendo.

—Eu não disse nada.- Laito tirou a mão de perto da boca da namorada.

—Eu sei o que pensou.- Marie revirou os olhos.

Durante as duas horas de filme, Marie ficou surpresa de verdade por quão comportado Laito foi.

Tirando os pequenos beijos na bochecha, a cabeça apoiada em seu ombro e a mão que gostava de ir pro seu joelho ou pra sua coxa, ele não fez nada humilhante demais.

Por isso Marie fazia questão de dar uns beijos nos fios vermelhos dele durante todo o trajeto do filme.

Que por falar nele, era bem chato.

Quando os dois saíram, já com estômagos cheios e até com um pouco de sono pelo filme, Laito se ofereceu de passar em alguma loja pra comprar algo pra Marie, que recusou instantaneamente:

—Eu já falei que não era pra você gastar seu dinheiro comprando coisa pra mim!

—Se eu não te mimar, qual será meu trabalho como namorado?- Laito dramatizou.

—Eu já te falei. Se eu precisar de alguma coisa, eu te falo e você gasta seu dinheiro.- Marie suspirou- Mas não é o caso de hoje, e eu não quero que compremos uma coisa pelo triplo do preço só porque estamos em certa data.

Laito olhava meio admirado pra Marie:

—Você é uma mulher maravilhosa, sabia disso?

—Ah, ouvi por aí.- Marie riu.

Os dois demoraram meia hora no trajeto cinema-hotel.

Marie brigou com Laito por querer usar teletransporte e acabar com sua energia, então preferiu chamar um Uber pelo celular mesmo e lá eles foram.

Chegando no quarto de hotel deles, Marie percebeu que Laito parecia mais alegre do que de costume.

Ela já havia se jogado na cama, e Laito foi rápido em acompanhar ela.

—Boa noite.- Ele ironizou, dando um selinho nela.

—Se você quiser ficar em cima de mim só me avisa antes, não precisa só se jogar.- Marie brincou.

—Eu tenho esse direito, me comportei muito bem no cinema.- Laito tirou o chapéu e jogou no chão.

Ele então beijou Marie com força, com desejo. Como se estivesse querendo fazer isso a muito tempo.

O que era estranho, mas Marie não duvidava nem um pouco.

Laito passou as mãos frias por debaixo da blusa de Marie. Ele tirou o cinto preto que ela usava pra facilitar o acesso, e depois se deu o prazer de desabotoar botão por botão da blusa branca com listras pretas dela.

Ele só se satisfez quando o busto de Marie só estava coberto por um sutiã de renda preto e um colar dourado.

Marie já estava quente. Fervendo, na verdade. Sentia que suas entranhas estavam no meio de um incêndio.

—Você é absolutamente linda.- Laito beijou sua clavícula e seu pescoço, e depois raspou suas presas só de levinho no seu decote.

Marie achou que podia morrer bem ali.

As mãos de Laito foram ágeis e começaram a desabotoar a calça jeans rasgada dela. Com delicadeza, ele se levantou e tirou cada um dos saltos pretos dela, beijando as panturrilhas. Depois, escorregou o tecido azul escuro pelas pernas dela, até ela ficar seminua.

—Não...- Marie reclamou.

—Não o que?- Laito pareceu brevemente preocupado.

Marie se sentou na cama e puxou ele pra mais perto dela. Ela praticamente arrancou o casaco de pelo dele e o jogou num canto da cama.

Depois o puxou pra mais perto, sentindo seu cheiro preencher ela por completo, até que suas bocas se encontrassem perfeitamente.

As mãos de Laito não paravam quietas. E eram um alívio gelado para o incêndio que estava a pele de Marie.

Marie tentou tirar a blusa dele a passando pelo pescoço.

Ela fez uma careta quando não conseguiu de primeira.

—Quer ajuda?- O tom de Laito era zombeteiro.

Marie tentou mais uma vez, mas ficou meio envergonhada ao perceber que a blusa de botões era apertada demais pra ser tirada pelo pescoço.

—Eu consigo.- Marie tentou não rir- É só usar mais... força.

Marie não viu direito o que aconteceu.

Nem sabia direito o que aconteceu.

Só soube que deu um puxão forte pra cima na blusa, e vários botões praticamente explodiram do tecido branco.

Laito pareceu exasperado, e caiu com o susto da explosão de botões.

Caiu de cara no chão.

—Ai...- Laito estava reclamando.

A primeira reação de Marie foi rir, é claro.

Mas depois ela ficou preocupada com o namorado que nem havia levantado do chão, só estava choramingando e reclamando.

Agora que o tecido estava sem botões, ela conseguiu tirar da cara dele e...

Viu sangue.

O tom mais agudo que sua voz conseguia alcançar foi solto num grito.

Ela virou o rosto do rapaz pra cima, e ficou assustada quando viu a face do Sakamaki sangrando.

—Eu não...- Laito pareceu meio desesperado- Consigo respirar... Pelo nariz.

—Tá.- Marie entrou em Pânico- Tá. Pera aí. Só um segundo. Aguenta firme.

Marie foi até o pequeno frigobar do quarto e pegou uma compressa fria.

Depois disso, foi até o banheiro e molhou a toalha de rosto. E foi até seu namorado pra limpar o sangue todo.

—Ai...- Laito reclamou de novo- Não mexe.

—Relaxa, menino.- Marie brigou- Não é como se você tivesse que fazer uma rinoplastia por causa disso.

Depois de limpar todo o sangue do rostinho dele, ela conseguiu colocar ele na cama e o pediu pra pressionar a compressa fria contra o nariz.

—Dez minutos devem adiantar.- Marie ainda estava de lingerie- Eu vou ligar pra farmácia pra pedir um anti-inflamatório.

—Eu quebrei meu nariz?- Laito achou estranho.

—Pelo jeito que seu rosto tá roxo, eu acho que sim.- Marie segurou um pouco da risada.

Laito então riu.

—O que foi?- Marie estava seria de repente.

—Nunca imaginaria que meu dia dos namorados seria assim.- Laito sorriu- Uma mulher de lingerie cuidando do meu nariz quebrado.

—A "uma mulher" é sua namorada, mais respeito.- Marie estava com o celular na mão.

—Eu sei.- Laito sorriu- Felizmente.

Marie se sentou ao lado dele, e Laito segurou a mao dela:

—Obrigado por tudo, Marie.

Marie sorriu:

—Eu que agradeço.

Era sinceramente um jeito estranho de passar a noite. E inesperado.

Mas os dois estavam até que felizes. E sorrindo.

Isso é o que importa.

"Enfim

O meu amor chegou

Acabou meus dias de solidão

E a vida é como uma canção"