Colorblind escrita por Liudi


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Hello people, minha primeira ficzinha desse casal que eu amo tanto. Espero que vocês gostem :3

PS: Essa eu dedico pra Nunah e pra Maeve por todo o apoio recebido, love u girls ♥



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  As cores nunca foram o que deveriam ser para Atena, desde o momento que em saiu da cabeça de seu pai soube que algo estava errado.

  Em teoria sabia o que era o azul, o amarelo ou o vermelho, mas na prática tudo o que enxergava além do preto e branco, era cinza. Alguns tons mais claros e alguns mais escuros.

  Sua primeira reação foi esconder aquele “defeito”, e foi o que ela fez. Havia apenas uma pessoa que sabia sobre aquilo, a deusa do amor.

  Atena temia que caso suas limitações fossem descobertas fosse deposta de suas atribuições e então fez Afrodite jurar que jamais contaria aquele segredo para alguém.

  Em uma visita a Apolo foi contemplada com a presença do oráculo de delfos.

  O oráculo lhe mostrou uma mulher parecida consigo, a mulher brigava com outra. A outra mulher tinha uma presença meio etérea e proferiu uma maldição. A criança que a mulher parecida com ela, sua mãe Atena deduziu, não enxergaria as cores e só poderia vê-las caso um dia fosse amada e amasse verdadeiramente alguém.

  Geralmente Apolo não possuía lembranças do que ocorria quando delfos o possuía e Atena agradeceu muito por isso.

  Aquela nova informação lhe incomodou por dias a fio. Mesmo sendo a deusa da sabedoria haviam algumas coisas as quais ela não compreendia muito bem, o amor era uma delas.

  Afinal o que era o amor?

  Segundo Afrodite, era um sentimento intenso e profundo e que proporcionava sensações intranscritíveis a quem se permita senti-lo.

  Amor era a emoção, sendo assim a razão era seu oposto, como a noite era o oposto do dia e o bem o oposto do mal. A coexistência dos dois era primordial.

  Só havia um problema naquela situação toda: Atena era a personificação da razão, sua racionalidade sempre à frente de tudo e todos, muitas vezes entrando em conflito direto com as emoções e tudo aquilo ao que representavam era o que lhe fazia tão diferente dos outros e tão única.

  A verdade era que sentimentos lhe assustavam, pois ao contrário da razão não possuíam uma lógica definida e muito menos estratégias a serem seguidas.

  O amor era ilógico e irracional, não tinha uma forma ou receita definida e seus caminhos não eram possíveis de serem rastreados com uma simples equação.

  Mesmo com pouco tempo de vida, viu seus familiares cometerem atrocidades em nome da emoção, desde negligenciar suas obrigações até machucar pessoas inocentes. 

  Se ceder a emoção era ser assim, jamais cederia a emoção pensou ela.

  Se convenceu que aquele era um preço alto demais a se pagar para enxergar as cores.

  Colocou então um ponto final naquela história e a soterrou no meio de sua mente.

  Seu juramento de castidade foi feito e com o passar do tempo a deusa da sabedoria foi se afastando mais e mais de tudo que emanava emoções complicadas demais para ela lidar, grande parte da sua família incluída.

  Foi assim que ganhou o apelido de princesa de gelo.

  Foi mais ou menos nessa época em que sua rixa com Poseidon surgiu.

  O deus dos mares era extremamente temperamental e Atena simplesmente não tinha paciência para lidar com aquilo. Não lidava nem com os próprios sentimentos, todos perfeitamente armazenados em caixas que a deusa escondia em um canto qualquer da sua mente e que jamais ousava visitar, quem dirá lidar com os sentimentos de alguém que só considerava seus próprios gostos válidos.

  Passaram éons assim, construindo um ódio mútuo que tinha reputação própria.

  Tudo mudou em um dos conselhos olimpianos.

  Aquela foi a pior briga, os outros deuses que normalmente ignoravam as picuinhas dois observavam a troca de insultos focando de um para o outro.

    – É irracional que troquemos todo o ataque só pra buscar por Perseu. Não há porque fazer isso. – Tentou pela décima vez em dois conselhos consecutivos.

  Annabeth e Percy haviam sumido sem deixar vestígios. Alguém estava sequestrando os campistas.

  Com muito custo os sátiros conseguiram reunir todos os campistas que sobraram no acampamento, mas mais da metade estava desaparecido.

  Annie e Percy sumiram procurando pelos outros e por mais que tentassem os deuses não tinham nenhuma pista de onde os desaparecidos estavam.

    – Não há porque? Perseu é o motivo de este lugar ainda estar em pé e de todos estarmos vivos. Sua filha está com ele, que tipo de mãe é você? – Sua voz já estava a muito elevada.

    – Sim, Annabeth está desaparecida, assim como quase metade dos outros campistas. Deslocar nossas forças para uma busca às cegas é tolice. Precisamos primeiro encontrar aonde os semideuses estão aprisionados e só então atacar. – Sua paciência estava se esgotando e a deusa tinha pleno conhecimento de que aquela discussão inútil não levaria a nada.

Sua cabeça doía, fazia muito tempo que a deusa não experimentava uma noite descente.

    – Cada minutos que perdemos aqui sentados é precioso, mas você não se importa com isso. Sentimentos são supérfluos demais pra você se permitir sentir algo por alguém não é mesmo? A deusa da sabedoria está ocupada demais sendo a dona da razão. – Desprezou.

    – Já chega Poseidon. – Afrodite Interrompeu.

    – Não, não chega. Ela fica aqui, posando como se fosse a criatura mais inteligente do universo e que sempre está certa, mas não tem a capacidade de sentir nada por ninguém. Aquela pilastra – Apontou. – Tem mais emoções que a princesinha de gelo.  As vezes a impressão que se tem é de que ela na verdade é um autônomo de Hefesto e tem uma válvula no lugar do coração, essa é a única explicação plausível. É por isso que nunca ninguém vai te amar.

   – Cala a boca Poseidon. Para de ser idiota. – Afrodite se intrometeu novamente.

   – Tá tudo bem Afrodite. – Mentiu a deusa da sabedoria. Algo parecia ter se quebrado dentro de seu peito, mas Atena jamais o deixaria saber daquilo. – Você debocha e esquece que eu sou sim a deusa da razão e se eu ainda não fiz nada quanto a essa situação é porque há um motivo. Se seguirmos o mesmo caminho que as crianças seguiram vamos cair na mesma armadilha que eles. – Se virou para os demais. – Sugiro que a reunião seja retomada somente quando tenhamos tópicos válidos a serem discutidos.

  Não esperou por uma resposta. A deusa sumiu sobre uma cortina de fogo.

  Uma coisa inesperada aconteceu, a deusa do amor se lançou na direção do deus dos mares e lhe deu um soco certeiro no rosto.

  O som de osso quebrando assustou a todos e um a um todos esvaziaram a sala dos tronos.

    – Ai Afrodite, que merda foi essa? – Poseidon reclamou estancando o sangue.

    – Eu é que pergunto. Você passou de todos os limites possíveis hoje Poseidon. – Avançou mais uma vez, mas dessa vez o deus se esquivou. – Você não tinha esse direito, NÃO TINHA!

    – A senhorita perfeitinha que não quer fazer nada e a culpa é minha? AI! – Berrou quando o punho da deusa do amor colidiu com seu peitoral.

    – Atena explicou no mínimo 5 vezes as razões pelas quais um ataque agora é precipitado. Todo mundo entendeu, menos você. Pode parecer cruel fazer aquelas crianças esperarem sabe se lá em que circunstâncias elas estão, mas é o melhor que podemos fazer agora.

    – Você vai ficar do lado da espertalhona agora?

    – Não se trata de escolher lados, se você parasse de ser um completo idiota por apenas 2 minutos veria que Atena está fazendo tudo que é possível nessa situação. Caso seguíssemos seu plano de invasão, me diz exatamente aonde invadiríamos.

  Os olhos verdes do deus se arregalaram e foi como se uma luz se iluminasse em sua mente.

    – Ok. Você tem razão. Acho que fui precipitado, é que Sally está desesperada atrás do Percy e ela já passou por muito mais do que merecia e eu sei que a culpa é minha, eu só perdi o controle. – Desabafou.

  Afrodite amoleceu um pouco, também estava aterrorizada pelos seus filhos.

    – Não é a mim que você tem que se justificar e sim a Atena. E por tudo o que você falou é melhor ter a desculpa das desculpas.

  A deusa do amor saiu pisando duro, precisava ir atrás de Atena.

  Era perceptível que a deusa da sabedoria possuía dificuldade em demonstrar suas emoções e caso compartimentalizasse aquela discussão só se fecharia ainda e Afrodite não permitiria aquilo, não agora.

  Depois de milênios estava quase conseguindo convencer a amiga a finalmente procurar o “amor de sua vida” e não só pela sua visão mas porque dentre muitos outros Atena verdadeiramente merecia ter alguém que se importasse com ela, alguém que a amasse com todas as suas particularidades e lhe ajudasse a enxergar que o amor não era uma sentença de morte, muito pelo contrário, era a chave para a liberdade.

  Afrodite encontrou Atena chorando. A deusa estava encolhida em posição fetal sobre a cama.

  Aquela imagem partiu o coração da deusa do amor. Determinada, se aproximou da amiga e se deitou com ela.

  Nenhuma palavra foi trocada, não foi preciso. Tudo o que Atena precisava saber era que não estava sozinha e Afrodite cumpriu isso muito bem.

  Ao contrário do que Atena pensava chorar aliviou um pouco o peso em seu peito.

  Ainda se sentia vulnerável de repente todas as caixas as quais armazenou durante sua existência se abriram de uma vez só.

  Era tudo demais para alguém que não sabia sentir. Passou mais uma noite em claro, já estava virando costume, ruminando ideias.

  Traçou um plano, era meio arriscado já que tinha apenas uma ideia de onde os semideuses estavam.

  Com a abertura de todas as caixas um sentimento arrebatador de medo pelos seus filhos veio à tona, concluiu que afinal Poseidon não estava de todo errado. Já faziam seus filhos passarem por coisas demais só pelo simples fato de existirem. Não era justo que quando finalmente podiam intervir não tratassem aquilo como prioridade.

  Preparou uma mochila com ambrósia e néctar, além de uma quantidade considerável de barrinhas de cereal e suco em caixinhas.

  Deixou para Afrodite adormecida em sua cama um bilhete pedindo que não se preocupasse.

  Assim que o primeiro raio de sol cruzou o céu ela desapareceu no ar e reapareceu a frente de um armazém abandonado. Ergueu sua espada e entrou em modo combate.

—---

  Aquele armazém era muito escuro e seu calcanhar torcido obrigavam Atena a tomar cuidado redobrado por onde andava.

  Pelo que pôde ver haviam dezenas de celas agrupadas lado a lado.

  Fosse por sorte ou destino a primeira na primeira cela que abriu deu de cara com Perseu.

    – Lady Atena, o que faz aqui? – O herói do olimpo tinha o semblante cansado.

    – Não é hora para formalidades criança. Onde está Annabeth? – Ansiava por notícias da menina.

    – Eu não sei. Num momento estávamos lá fora, apenas nós dois e no outro eu acordei sem ela nessa cela. – Apontou para os outros 3 semideuses atrás dele.

  Nenhum deles possuía mais de 16 anos e por um momento o coração de Atena se apertou.

    – Bem, logo descobriremos. Tem alguém machucado?

  O garoto menorzinho ergueu a mão. Seu ombro possuía três marcas feias de garra.

  Atena abriu a bolsa e retirou o néctar e a ambrósia. Separou alguns cubinhos e deu para o semideus, e as barrinhas de cereal para os outros. Com um pouco de néctar limpou suas feridas.

  Perseu optou por ficar para lhe ajudar, então entregou três pérolas de Perséfone para os mais novos e pediu que eles seguissem sua trilha para fora do armazém antes de poder usá-las.

  Percy e ela dividiram os suprimentos e foram em direções opostas.

  Estava na última cela quando conseguiu o barulho dos monstros voltando. Infelizmente levaram menos tempo que o previsto para conter sua pequena distração.

  Annabeth estava na última cela. Foi um alívio mútuo quando as duas se viram.

  Atena entregou a bolsa para Annabeth com instruções estritas de que tanto ela quanto Percy não voltassem para ajudar, em hipótese alguma.

  Desembainhou a espada e se preparou.

  A luta não foi fácil. Foi atingida no abdômen pela adaga afiada de um lestrigão.

  A lâmina estava envenenada, soube de imediato. Sabia que o golpe havia sido profundo, o corte ardia.

  Se inclinou pra frente, derrubando sua espada.

  Não tinha ideia de que aconteceria. O armazém estava sob um feitiço de proteção que restringia o uso de qualquer tipo de magia.

  Caiu de joelhos, as mãos apertavam o corte e já estavam encharcadas com seu sangue.

  Uma presença inesperada surgiu e em questão de segundos tudo foi pelos ares.

—--

  O chão duro foi a primeira coisa que a deusa sentiu.

  Uma mão espalmada em seu tórax lhe forçando gentilmente para baixo foi a segunda.

    – Não se mexa. Você está sangrando e isso só vai piorar o corte.

  Abriu os olhos e se deparou com a escuridão total.

  Achava que estava delirando, não podia ser Poseidon ali com ela. Ele lhe odiava, não era mesmo?

    – Poseidon? – Seus lábios estavam secos e Atena desejou ainda estar com a sua mochila.

    – Sou eu. – Sua outra mão segurou a dela. Sua mão era áspera e possuía alguns calos e também era bem quentinha.

  Poseidon também reparou como as mãos de Atena era delicada e macia.

  Nenhum dos dois falou, mas ambos repararam como suas mãos possuíam um bom encaixe.

  Atena culpou seu cérebro confuso pela perda de sangue e Poseidon interpretou aquilo como alívio por ela finalmente ter acordado.

    – O que aconteceu? – Sua voz saiu mais rouca de que esperava por causa do desuso.

    – Afrodite acordou o olimpo inteiro em pânico pele seu sumiço. Me senti culpado, fui até seu quarto e acabei encontrando seu mapa com as anotações e então fui atrás de você. – Havia remorso em sua voz.

  O deus lhe contou então como entrou a deusa já machucada e como acidentalmente explodiu o armazém com fogo grego.

  O plano não funcionou muito bem pois os monstros conseguiram reforços e pela explosão os destroços do armazém se espalharam por toda a área em volta, o que incluía a floresta e a caverna onde agora os dois se abrigavam.

  Com os poderes suprimidos e zero ideias de como tirá-los dali a caverna foi a única opção.

  A deusa possuía mais de um ferimento e por ter saído às pressas do Olimpo Poseidon não possuía nada com o que tratá-los.

  Atena apenas olhou na direção de sua voz e analisou a situação. Ao contrário do esperado nenhum comentário sobre a impulsividade de Poseidon foi feito.

    – Minha ferida está envenenada, por isso não fecha.

    – Que? – Não conteve o espanto. – Digo, eu meio que desconfiei. Um bom tempo que eu tô tentando estancar o sangue e até agora nada.

    – Isso não importa agora. – Desmereceu com a voz cansada.

  Na verdade importava muito. Poseidon tinha certeza que a integridade dele dependia do estado em que Atena voltasse para o Olimpo.

    – Eu acho que te devo um pedido de desculpas. – Disse depois de um tempo. – Eu fui um idiota com você, não devia ter dito todas aquelas coisas.

    – Tudo bem. Você pelo menos disse na minha frente. – Disse cansada.

  Já estava acostumada a aquilo e ainda assim não deixava de sentir raiva.

  Sentia tantas coisas ao mesmo tempo que era até difícil conciliar.

  Um efeito colateral de ter se privado por tanto tempo de sentir, uma voz parecida com a de Afrodite soou em sua mente.

  Péssima hora para tudo desabar.

  O choro veio novamente e dessa vez ela não se conteve. Se deixou chorar, mesmo na presença de seu maior inimigo.

  Não sentir demandava mais energia do que o necessário. Estava exausta daquilo, finalmente chegara ao seu ponto de ruptura.

  Não podia e nem queria mais ser a pessoa perfeita que todos tanto necessitavam que ela fosse.

  Chegou a uma conclusão final, dali em diante se permitiria sentir. Não importava o que, sentiria.

  Também se colocaria como prioridade, pela primeira vez desde que nasceu.

  Não deixaria de se dedicar aos seus ofícios, isso nunca! Mas mudaria totalmente a forma de levar as coisas.

  A questão principal era que Atena fazia demais, seja tomando conta do Olimpo como se fosse seu ou lidando com as consequências das ações dos outros.

  Mas não dava mais, precisava de um tempo só pra si. Não conseguiria mais viver daquele jeito.

    – Você está chorando? – Poseidon estava meio em pânico. Nunca soube lidar com pessoas chorando, muito menos mulheres. – Seu corte tá doendo né? Foi muita idiotice minha não trazer nem um pedaço de ambrósia. Se quiser pode me dar um soco assim não sente dor sozinha.

  Atena soltou um pequeno riso em meio ao choro.

    – Embora o soco seja uma boa ideia, eu já aguentei dores piores que essa.

    – E porque o choro?

    – Eu só estou cansada. – Fungou e limpou as lágrimas.

    – Você quer, sei lá, conversar sobre isso?

    – Não mesmo. Err... Obrigada. – Primeiro precisava entender a imensidão de sentimentos dentro de sim, para só então compartilhá-los com alguém.

  Com uma coragem desconhecida Poseidon apenas apertou sua mão.

  Começou a chover lá fora e o barulho no teto da caverna estava entre confortante e assustador.

  Começou de forma sútil e logo todo o chão da caverna estava alagado.

  Poseidon levantou Atena às pressas e tateou às cegas por um local mais elevado.

  Conseguiram achar um lugar, era uma elevação na altura da canela de Poseidon, o único problema é que era muito estreita.

  Só caberia os dois ali caso se amontoassem e foi o que fizeram.

  Poseidon se acomodou primeiro e ajudou Atena a deitar sobre si.

  A deusa não sabia se era pela perda de sangue ou por ter se molhado um pouco, mas estava com frio.

  Seu corpo estava todo arrepiado, principalmente onde a camiseta molhada tocava.

  Poseidon também não estava diferente, a caverna possuía algumas rachaduras de onde pingava água.

  Se a chuva continuasse ficariam encrencados.

  Sem mais nem menos Atena sentiu os braços dele lhe envolverem.

  Seus braços estavam tão gélidos quanto ela, mas seu peito estava quente.

  Atena se viu assustada quando percebeu como se sentia confortável naquele abraço. Até pensou em se distanciar mas estava tão quentinho que não teve coragem.

  Poseidon também achou interessante o modo como o corpo dela parecia se encaixar no seu.

  Mantiveram-se conversando, dormir não era uma boa ideia.

  Como estavam com os tórax colados um no outro Poseidon conseguia sentir perfeitamente seu corte sangrando.

  O deus dos mares estava cada vez mais preocupado. A frequência cardíaca de Atena estava acelerada e suas mãos geladas.

  Ele sabia que sua temperatura não estava tão alta mas ao tocar as mãos de Atena sentiu um breve calafrio.

  Tentou ao máximo ficar acordado para monitorar a situação de Atena, mas sua situação também não era boa.

  Acabaram adormecendo.

  Semiconsciente, sentiu quando Atena foi tirada de seus braços e até tentou lutar contra, mas seu corpo estava muito pesado.

—--

  Três dias depois o deus retornava ao Olimpo com um buquê de lírios brancos em mãos foi atrás da deusa da sabedoria.

  Andou por todo o Olimpo, era como se a deusa tivesse evaporador. Como última tentativa foi até o templo da deusa.

  Na porta se formava um alvoroço. Escondeu as flores antes de se aproximar para poder entender porque o irmão gritava tanto.

  Quando descobriu o porquê ficou chocado como todos os outros.

  Atena estava de férias mas não era só isso. A deusa da sabedoria saiu e não deixou avisado pra onde foi e nem quando voltava, apenas que precisava de um tempo a sós.

  Em outros tempos o motivo de Zeus ter uma síncope seria muito apreciado mas agora Poseidon só conseguia se sentir como um balão murcho.

  Tinha a intenção de convidar a deusa para um jantar para pedir desculpas de forma adequada.

  Depois do resgate na caverna só conseguiu pensar em como a deusa realmente não merecia nenhuma daquelas palavras.

  Vê-la chorar lhe mostrou que Atena sentia muito mais do que até mesmo a própria se dava crédito.

  Para um ser de mais de 4000 anos já devia ter aprendido que jogar as inseguranças na cara dos outros era um golpe extremamente baixo.

  Percebeu também que se preocupava com Atena, aquele momento de sufoco também havia despertado em si a vontade de cuidar dela.

  Em uma análise mais profunda da situação, percebeu que sua “raiva” por ela não passava de irritação por não conseguir chamar sua atenção.

  Aquela informação teve o mesmo efeito de uma granada no cérebro dele.

  Não poderia ter sido tão infantil, poderia?

—--

  Da janela de seu quarto de hotel analisava quais seriam seus próximos passos.

  Após o final inesperado da missão de salvamento Atena decidiu tomar um tempo pra si.

  Delegou grande parte da sua pilha de atividades diárias para os verdadeiros donos das mesmas e desapareceu.

  Quando apareceu em Atenas seu primeiro reflexo foi rir. Teria sido óbvia demais?

  Sabia que assim que Zeus desse sua falta colocaria uma equipe de busca atrás dela e tentaria arrastá-la de volta.

  Por precaução preferiu mudar de lugar novamente. Dessa vez foi parar em Amsterdam.

  Caminhou um pouco pela cidade observando os mortais vivendo suas vidas simples.

  Estava esfriando um pouco, as roupas da deusa não eram muito apropriadas então ela resolveu fazer algumas compras.

  Cansada sempre dá mesmice decidiu inovar.

  Com a ajuda da atendente, escolheu várias peças de roupas mais coloridas e com estilo mais despojado.

  Cada peça de roupa possuía uma pequena etiqueta indicando a cor.

  Ficou um pouco frustrada pois tudo o que via eram tons diferentes de cinza e aquela foi uma das poucas vezes que se arrependeu de não ter tentado reverter a monocromacia.

  Com suas roupas novas decidiu que precisava também de um novo corte de cabelo.

  Os cachos que antes iam quase até a cintura agora não passavam dos ombros.

  Se olhando no espelho Atena se sentiu muito satisfeita com o resultado. Parecia que algo havia despertado dentro de si e que as mudanças eram necessárias pois ela já não era mais a mesma.

  Levou suas coisas para o hotel onde decidiu se hospedar e resolveu passear mais um pouco antes de ir almoçar.

  A casa de Anne Frank foi o destino escolhido.

  Estava prestes a entrar quando uma figura conhecida veio e lhe puxou da fila.

    – O que diabos você tá fazendo? – Tentou se soltar do aperto de Poseidon.

    – Finalmente eu te achei. Eu que te pergunto, o que te deu na cabeça pra sumir assim? – Falou enquanto caminhava apressado forçando a deusa a seguir seus passos. – Seu pai está pirando.

    – Mais fácil achar um momento da história em que ele não está pirando. Porque você estava aqui mesmo?

    – Seu pai iniciou uma busca por você. – Parou e finalmente lhe encarou.

    – Então você está aqui pra me levar de volta? – Foi presunçosa. Se quisesse poderia derrubá-lo antes que tivesse tempo de dizer Hallo.

    – Na verdade não, eu só precisava falar com você. – Coçou a nuca.

    – E porquê? – Desafiou com a sobrancelha erguida.

  No último segundo Poseidon conseguiu conter sua língua. As coisas já estavam estranhas o suficiente, dizer que tudo o que conseguia pensar ultimamente é se ela estava bem não ajudaria em nada.

    – Bom. É que eu queria. – Se atrapalhou escolhendo as palavras. – É que eu precisava te pedir desculpas. – A expressão de Atena dizia claramente que a deusa não estava comprando aquilo. – Isso, err... Você merece melhor do que desculpas dadas no meio de uma caverna alagada. Que tal um almoço?

  Atena lhe observava de forma inquisitória e o deus dos mares até se encolhera com a força do seu olhar.

    – Ok, eu aceito. – Respondeu após ponderar por um momento. – Mas eu juro que se isso for uma pegadinha estúpida quem vai precisar de ajuda para ser encontrado vai ser você. Te pico em pedacinhos e te jogo em direção aos quatro ventos.

  Desconsiderando a ameaça o deus dos mares a conduziu para um restaurante não muito longe dali.

  No meio da refeição Poseidon finalmente tomou coragem para questionar o que queria.  

    – Porque você sumiu? – Procurou soar o mais amigável possível. Não queria que a deusa se fechasse outra vez.

  Atena parou de comer.

    – Eu só precisava de um tempo pra mim. Acho que nunca tirei férias, estava pensando em apenas viajar por aí.

    – Tem certeza que está mesmo tudo bem? – Procurou com o olhar algum indício do contrário. – Você chorou aquele dia. – Disse baixinho, como a aquilo fosse um segredo.

  Atena riu.

    – Ao contrário do que a maioria pensa eu não sou um autônomo então sim, eu posso chorar. – Alfinetou.

  Poseidon deu um sorriso extremamente sem graça.

    – Ok, eu mereci essa. – Parou de comer. O deus então segurou a mão dela por cima da mesa. – Me desculpa mesmo. O que você planeja fazer nessas “férias”?

    – Eu não sei, geralmente vou a algum museu e outros pontos históricos para me divertir.

    – Isso não é diversão. – Franziu o nariz quase com nojo. – Férias são para se fazer coisas divertidas.

    – E o que você sugere? – Arqueou a sobrancelha.

    – Você está mesmo pedindo minha opinião? Estou honrado! – Levou a não ao peito. – Eu até tenho algumas ideias.

    – Mas?

    – Acho que eu deveria ir junto. – Completou. Não fazia ideia de onde aquilo havia surgido.

  A testa de Atena se enrugou. Tinha ouvido direito?

    – Como?

    – Eu deveria ir com você. Sabe, acho que você precisa de uma ajudinha pra se divertir direito.

    – Preciso? – Arqueou a sobrancelha novamente.

  Algo no íntimo de Poseidon o fez notar como ela ficava sexy como fazia aquilo.

  Sua primeira reação foi ficar espantado. Desde quando achava Atena sexy?

  Achá-la bonita era ok, afinal nenhuma deusa era feia. Mas sexy? Atena nunca fora sexy, suas roupas sempre recatadas e em vários tons de branco serviam muito bem o propósito de deixá-la menos atraente.

  Mas Atena não está mais assim, sua mente lhe lembrou.

  Seus olhos então fizeram questão de checá-la.

  O vestido azul com florezinhas brancas e o corte de cabelo mais despojado lhe davam um ar jovial.

  O decote do vestido permitia que seu colo ficasse a mostra e só então Poseidon pôde perceber que a deusa possuía várias pintinhas ali.

  Sua pele também parecia tão macia, uma vontade súbita de tocá-la ali lhe apoderou.

  A ideia lhe deixou zonzo.

  Soltou a mão que segurava a dela e passou pelos olhos.

  Algo de estranho estava acontecendo com ele, só não entendia ainda o que era.

    – Poseidon? – Atena lhe chamou.

    – Ah, bem. Quanto mais gente, mais diversão. – Retornou o assunto e você está sempre sozinha, acho que um pouco de companhia seria legal.

  Sua resposta pegou Atena de surpresa.

  Sua solidão era apenas mais um de seus fardos.

  Analisou bem Poseidon. O deus dos mares exalava sinceridade e até um pouco de preocupação, coisas que nunca pensou ver no rosto de seu “arqui-inimigo” direcionadas a ela.

  Eram inimigos ainda não eram? Ambos ainda se odiavam?

  Ódio, aquela era uma palavra forte. Seria mesmo ódio o que sentia por Poseidon?

  O deus adorava tira-la do sério com todo o tipo de piadinhas e comentários inconvenientes, mas em geral era só isso.

  Nunca foram próximos já que Poseidon raramente ia ao Olimpo e em mais de uma situação o deus se mostrou preocupado com ela e agora estava ali lhe pedindo desculpas e não tinha lhe dedurado para Zeus.

  Ok, talvez ele fosse confiável.

  Atena queria mudar suas atitudes, queria se abrir mais ao mundo e a outras pessoas e talvez aquela fosse a forma adequada de começar.

    – Certo, eu aceito. Pra onde nós vamos primeiro?

—--

    – Praia? Sério? – Reclamou Atena. – Isso é um baita clichê.

  Poseidon sorriu calmo. Pegou na mão dela e se pôs a andar na direção da pousada a beira mar.

    – Você já veio a praia por acaso?

    – Ok. – Parou abruptamente. – Talvez, só talvez você esteja certo.

    – Foi o que eu imaginei. – Deu de ombros. – Você quem disse que queria fazer coisas diferentes. Espero que tenha trazido roupa de banho.

  Puxou a deusa pela mão e voltou a andar.

—--

  Atena estava parada na beira do mar. A areia molhada abaixo de seus pés lhe causava uma sensação engraçada.

  A deusa observava as ondas quebrando na areia, a uma distância mínima de seus dedos.

  O mar estava calmo e ela se perguntou se ali era sempre assim ou se aquela era uma interferência de Poseidon.

  O sol de início da tarde batia em sua pele repleta de protetor solar.

  Poseidon lhe ajudara com as costas, foi uma experiência única sentir as mãos calejadas e ásperas dele passeando por toda a área das suas costas.

  Seria mentira se Atena dissesse que não se arrepiou.

  Seu maiô possuía uma grande abertura nas costas que ia até três dedos antes do cóccix, deixando toda a área das costas desprotegida do sol.

    – Você não vem? – Poseidon tirou Atena do transe.

    – Eu não sei. – Estava insegura. – É que eu nunca entrei no mar antes, principalmente por causa das nossas desavenças.

  O olhar dele suavizou.

    – Entendo. Vai ficar tudo bem, você sabe. Não deixarei que nada te aconteça. – Estendeu a mão a ela.

  Atena procurou a verdade de suas palavras em seu rosto.

  Sem querer seu olhar foi descendo pelo corpo dele.

  Poseidon estava sem camisa e seu peitoral e abdômen perfeitamente definidos chamavam muita atenção. O deus possuía uma trilha rala de pelos abaixo do umbigo que a perdiam dentro do calção de praia.

  Ao notar aonde seu olhar estava indo a deusa rapidamente o direcionou novamente para cima.

  Não teria porque negar que ficou impressionada, aquilo tudo ficava escondido debaixo daquelas camisas havaianas fora de moda?

    – Eu espero que sim. – Aceitou a mão do deus.

  Com muita calma Poseidon foi lhe conduzindo pra dentro da água.

  A sensação da mão de Atena na sua mais alta que tudo.

  Seria seu corpo todo macio assim como suas mãos? As costas pelo menos eram.

  Ajudá-la com o protetor havia sido um teste de autocontrole e tanto.

  Sentia uma vontade cada vez maior de tocá-la.

  Tratou logo de suprir tais pensamentos, Atena lhe afastaria em questão de segundos se soubesse.

  Se concentrou então no mar.

  O movimento suave das ondas quase que sincronizado com sua respiração.

  Já estavam com a água na cintura quando decidiu parar. Atena parecia meio em pânico e apertava sua mão.

  Numa tentativa de aliviar o clima Poseidon acertou em cheio o rosto de Atena com água salgada.

  Ela primeiro lhe olhou desacreditada e logo após retribuiu. Iniciaram então uma pequena guerrinha.

  Feito crianças correram um ao redor do outro.

  Pela primeira vez Poseidon ouviu Atena realmente rir, sua gargalhada feliz soando como música para seus ouvidos.

  Inesperadamente Poseidon ergueu Atena sobre os ombros e mesmo com ela reclamando foi para uma parte mais funda, largando-a ali.

  Pela diferença de altura dos dois apenas Poseidon conseguia manter os pés no fundo, Atena um pouco assustada se agarrou a ele.

    – Relaxa, você não vai se afogar. Eu não deixo. – Desgrudou o cabelo molhado de seu rosto. Com a outra mão segurava firme na cintura dela.

  Atena não tirou sua mão, apenas ficou ali, devolvendo o olhar de maneira profunda.

  Os olhos tão atentos quanto o de uma coruja, notavam cada detalhezinho sobre Poseidon. Desde as ruguinhas no canto dos olhos até os pelinhos rebeldes da barba por fazer.

  Cada vez mais Atena se pegava reparando nele, porém ainda não entendia o porquê.

  A sentindo incomodada com isso quebrou a proximidade atirando água nele outra vez.

  Ficaram no mar até um pouco antes do anoitecer.

  Poseidon insistiu para que vissem o pôr do sol. Então agora sentados lado a lado na areia observavam o céu.

  Poseidon parecia maravilhado, amava as cores que o céu adquiria explicou a Atena que demonstrava um pouco do seu desapontamento. O deus estava tão empolgado que em compartilhar aquilo com ela então acabou não notando sua falta de animação.

—--

  Os dois estabeleceram uma rotina, de manhã bem cedo decidiam o lugar onde passariam o dia e que deixariam apenas ao amanhecer.

  Eram cidades aleatórias, algumas com praia e outras não.

  A escolha dessa vez foi Santa Mônica. Em uma de suas conversas Atena acabou confessando nunca ter ido a um parque de diversões.

  Poseidon ficou quase que ultrajado e prometeu mudar aquilo o mais rápido possível.

  Ao entardecer se encaminharam ao píer da praia de Santa Mônica, como sempre o local estava cheio. Casais com ou sem crianças lotavam o lugar.

  Depois de uma breve discussão Poseidon conseguiu o direito de comprar os ingressos e os dois entraram.

  Resolveram primeiro andar em todos os brinquedos e depois comer.

  Aproveitaram bem o parque, com direito a cada um ganhando um prêmio para o outro no Stand de tiro.

  Poseidon ganhou uma girafa e Atena um elefante.

  A fome bateu um pouco antes de terminarem os brinquedos, Poseidon ficou fascinado com Atena com o rosto sujo de ketchup.

 Atena parecia uma criança que quase nunca tinha permissão para comer besteira.

  Achou adorável a empolgação da mesma quando provou o sorvete de sobremesa.

  O sorriso radiante causava arrepios em Poseidon e uma vontade imensa de mantê-lo sempre ali.

  Por último, foram na roda gigante.

  Acabaram apreciando o céu e toda a cidade de cima de mãos dadas e os corpos praticamente colados. Poseidon abraçava Atena de lado e seu casaco cobria a deusa da brisa fria.

  As coisas foram acontecendo de modo automático, quando se deram conta já estavam com os lábios unidos.

  Com seus movimentos em sincronia Atena sentiu seu peito explodir em sentimentos intensos.

  Sua mão livre passeava pela barba dele, enquanto a língua dele brincava em sua boca.

  O beijo foi longo, ambos explorando cada pedacinho da boca do outro com muita calma e ternura.

  Quando o passeio acabou os dois desceram do brinquedo com o sorriso mais pateta no rosto.

—--

    – Você tem certeza disso? – Poseidon perguntou por cima da deusa na cama.

  A pergunta era delicada. Atena estava em conflito. Estaria fazendo a coisa certa indo até o fim?

  Poseidon era a pessoa certa? Queria mesmo aquilo?

  Poseidon beijou novamente seu pescoço e subiu as mãos por dentro de sua blusa.

  Atena sentiu seu corpo reagir como nunca antes, queria muito aquilo. Decidiu ao menos uma vez não refrear seus desejos.

    – Eu quero. – Disse olhando diretamente nos olhos dele.

  Foi só então que Poseidon avançou.

  Com muito carinho e certa devoção despiu a deusa e acariciou cada pedacinho de seu corpo.

  Atena estava inebriada com a tempestade de sensações.

  Terminou a noite extasiada e com a garganta seca por tanto chamar seu nome.

  Poseidon possuía um sorriso carinhoso aninhado com o corpo da deusa também nu.

  Já de manhãzinha sentiu Atena tentando sair de seus braços

    – Fica. – Lhe abraçou. Atena fungou em resposta, Poseidon percebeu que algo estava errado e levantou imediatamente. – Você se arrependeu?

    – Não! Eu só não entendo o que estou sentindo.

  Seu olhar se equiparava ao de um cachorrinho que caiu da mudança. Poseidon sentiu uma enorme vontade de lhe abraçar e proteger de tudo, e foi o que ele fez.

  Puxou a deusa pro seu peito e se deitou novamente.

    – Seja lá o que for que está te afligindo você não vai passar por isso sozinha, eu tô aqui com você e vai ficar tudo bem.

  A deusa sentiu firmeza nas palavras dele, se sentiu segura em seu abraço. Naquela posição, com as mãos de Poseidon lhe esfregando as costas e recebendo beijinhos aleatórios no cabelo Atena se acalmou.

  Dormiram mais um pouco, estavam tão confortáveis juntos e nenhum dos dois queria se levantar.

  Novamente Atena acordou primeiro dessa vez. Com o rosto próximo ao pescoço de Poseidon ficou alguns minutos aspirando seu cheiro. Ele cheirava como maresia, era refrescante e acalentador.

  Começou um carinho de leve com a ponta dos dedos pelo rosto dele.

  Só conseguia pensar em como ele era lindo e em como seu sorriso lhe fazia sentir coisas, assim como sua voz rouca em seu ouvido.

  Analisou a forma como o deus lhe tratou mais cedo, todo o seu carinho e paciência deixaram-na derretida.

  Seria ele carinhoso assim com todas as mulheres com quem dormia ou aquilo havia sido especial?

  Seu âmago queria muito acreditar na segunda opção.

  Quando a deusa deslizou os dedos pra perto da boca dele Poseidon os agarrou com os dentes.

    – Você está pensando tão alto que consigo te ouvir daqui. – Murmurou depois de lamber seus dedos. Flashes do que a língua dele havia feito na noite anterior se espalharam pela mente dela.

    – Desculpe por ter te acordado.

    – Na verdade já estava mais que na hora. – Apontou para o relógio. – Estou com fome. Você está melhor?

    – Sim, um pouco.

    – Você se assustou porque lembrou do seu juramento? – Foi cauteloso com o assunto.

    – Não, não foi por isso. Nunca jurei perante o Estige, esse foi só um boato que eu criei pra dar um pouco de veracidade na história. Então ficaremos bem, nada de punição.

    – O que te incomodou então?

    – Na verdade nem eu sei. Sentimentos são complicados para mim, nunca sei interpretá-los de primeira.

    – Entendi. Caso queira, te ajudo com isso sem problemas. Mas primeiro vamos comer alguma coisa.

  Naquele dia não trocaram de cidade, ficaram no hotel o dia todo.

  Atena resolveu seguir seus instintos e se deixou aproveitar daquele momento.

  Não deixaram os braços um do outro para nada e até repetiram mais vezes as atividades da noite anterior.

  Também conversaram e muito, ambos trocaram segredos e desmentiram alguns fatos sobre si.

  Atena lhe contou sobre a sua visão e ao contrário do olhar compadecido que esperava, recebeu um olhar de admiração.

—--

  Estavam em Las Vegas, a cidade do pecado.

  Poseidon fez questão de visitarem um dos melhores cassinos.

  Também convenceu Atena a comprar um vestido de noite. Verde esmeralda, pelo que ele lhe contou.

  O deus dos mares estava de smoking. Podendo muito bem se passar por um dos 007’s.

  Naquela noite dançaram e beberam aos montes do champanhe mais caro.

  Antes do amanhecer saíram pelas ruas da cidade.

  Atena tinha as bochechas coradas e a fala mais embolada do que Poseidon.

  Estavam perdidos numa bolha só deles.

  Voltaram pro hotel pois manter as mãos pra si estava ficando Impossível.

  Atena se viu viciada em tocar e ser tocada por ele. Ainda não entendia o que estava acontecendo, só sabia que estar em sua companhia lhe enviava uma sensação de pertencimento, como se nos braços dele fossem seu lugar.

  Na noite seguinte, por muita insistência dele acabaram indo até o Hotel e Cassino Lótus.

  Foi ali que tudo desmoronou.

  Tudo o que Poseidon queria era mostrar o Casino para Atena e se divertir na companhia dela como na noite anterior.

  Poseidon não sabia direito o que estava sentindo por ela, só entendia que era forte e especial e que não queria que aquilo acabasse de jeito nenhum.

  Seu plano era focar totalmente em Atena, até lhe apresentou alguns velhos amigos.

  Estavam na mais perfeita paz, Atena até riu de suas piadas, quando uma de suas ex-amantes apareceu.

  Poseidon não se orgulhava nem um pouco de sequer lembrar o nome dela. Já a ninfa se lembrava muito bem dele, passou a noite toda os interrompendo para se oferecer mais uma vez ao deus.

  Em certo momento, talvez o mais importante, onde Poseidon finalmente assumiria ter sentimentos por Atena, a ninfa fez questão de derrubar bebida na deusa para afastá-la.

  Poseidon tentou apartar a situação, mas não adiantou.

  Atena saiu pisando duro, e se embrenhou no meio da multidão.

  Poseidon até tentou ir atrás dela, mas a ninfa lhe distraiu e ele perdeu Atena de vista.

  Perdendo todas as estribeiras e a educação deixou bem claro para a ninfa que sequer lembrava seu nome e que o que tiveram jamais se repetiria.

  Procurou Atena por todo o cassino e talvez por toda a cidade mas ela já não estava mais ali.

  Quando se afastava de Poseidon, Atena deu de cara com Apolo no meio da pista de dança.

  O deus havia sido mandado para procurá-la mas acabou achando mais produtivo ir fazer outra coisa.

  Fizeram um acordo mútuo que ninguém mais saberia as circunstâncias em que os dois se encontraram e partiram para o Olimpo.

  Era hora de voltar a realidade, pensou Atena. Não tinha mais nada para ela ali.

—--

  O sermão de Zeus se estendia por mais de meia hora.

  Atena não fazia a mínima ideia sobre o que seu pai dizia, sua cabeça estava longe.

  Um certo deus, de mãos grandes e ásperas com um gosto duvidoso por camisas havaianas era o alvo de sua mente.

  Metade dela se arrependia de ter deixado-o para trás, aquele quase um mês que passaram juntos lhe mostrou um lado totalmente novo de Poseidon.

  Contudo a presença da ninfa havia lhe revelado algumas coisas, a deusa não se via capaz de abrir tão livremente seus sentimentos e suas vontades, de demonstrar claramente o que sentia.

  Sabia que o deus havia se aberto completamente a ela, assim como ela tentou se abrir para ele, e tinha plena consciência de que Poseidon não merecia tamanho descaso.

  Sua racionalidade, sempre ela, lhe mostrou que aquilo era o melhor a se fazer. Mesmo que estivesse aberta a mudar quanto o quesito sentimentos, aquela era uma mudança que demandaria certo tempo e muito esforço a ainda assim não possuía garantia nenhuma de que conseguiria.

  Para a deusa Poseidon não merecia nada incompleto e neste quesito ela se via ainda muito incompleta.

  Ao perceber isso entrou em pânico, não podia prendê-lo a alguém que nunca estaria na mesma página que ele.

  Poseidon merecia alguém que lhe dissesse sem ressalvas ou barreiras o quão importante ele era, que demonstrasse sem medo algum que correspondia seus sentimentos e Atena sabia que não poderia lhe dar isso.

  Não agora pelo menos, talvez um dia e isso era uma incerteza tão grande que não achava justo prendê-lo a si até que este dia chegasse.

  Precisava deixá-lo livre para encontrar alguém que realmente o merecesse e foi o que fez.

  Sabia que Poseidon não desistiria fácil, então se preparou. Precisava de toda a sua força para desencorajá-lo de seja lá estivesse em sua mente.

  Mais meia hora de falatório e finalmente estava livre.

  Embora todos estivessem curiosos com seu sumiço repentino ninguém se atreveu a lhe fazer perguntas, sabiam como Atena era reservada nesse quesito.

  A única que teve coragem foi Afrodite. Atena desconversou do assunto com respostas vagas em um tom desinteressado, mas por dentro brigava consigo mesma.

  Só queria conforto do colo da amiga lhe dizendo que tudo ficaria bem, porém não podia. Afrodite jamais aceitaria sua decisão.

  Suas visões opostas entrariam em conflito e possivelmente brigariam, Atena não podia se dar ao luxo de perder sua única amiga.

  Três horas depois Poseidon apareceu.

  Seu rosto marcado pelo cansaço e pela preocupação apertou o peito da deusa.

    – Foi alguma coisa que eu fiz? – Seu rosto ansiava por respostas.

    – Não, não foi nada disso. – Se esforçou para continuar firme.

    – Então o que foi que aconteceu?

    – Finalmente cai em mim. Foi muito bom enquanto durou, mas isso nunca daria certo.

  Sua voz fria e monótona soando insensível até para ela.

  O olhar dele faiscou. Poseidon travou o maxilar e cerrou os punhos.

    – Você não pode estar falando sério! E tudo que compartilhamos na viagem, aonde fica?

    – Não fica. Foi tudo muito divertido, mas não se encaixa aqui. Estamos no mundo real agora, as coisas são completamente diferentes.

    – Então tudo não passou de uma aventura? Não pode ser, eu não posso ter sido o único que sentiu diferente. Eu sei que você sentiu! – Seu desespero e desilusão tiravam o ar de Atena.

    – Lamento, mas não sei mesmo do que você está falando. Receio que tenha suposto demais, não há nada mais entre nós. Se você vai se importa gostaria de ficar sozinha agora, tenho coisas mais importantes a fazer.

  Sua feição caiu de um jeito catastrófico.

  O peito da deusa se apertou mais. Aquilo era necessário, repetia para si em uma vaga tentativa de se convencer de que estava fazendo o certo.

  Poseidon nada lhe disse, apenas lhe deu as costas e desapareceu pela porta.

  O estrondo da porta se fechando foi o suficiente para trazê-la a realidade.

  Conseguiu, afastou a única e possivelmente a última pessoa que se interessou por ela.

—--

  Dizer que tudo voltou a ser como antes era um eufemismo e talvez um dos grandes. Tudo estava pior, muito pior.

  Poseidon fazia questão de ignorar veemente a presença de Atena e tudo que fosse relacionado a ela.

  As poucas interações entre os dois foram forçadas e mais frias do que a maior das geleiras de todo o ártico.

  A cada novo encontro que terminava de forma desastrosa o coração de Atena se partia um pouco mais.

  Poseidon também não saia bem de aquilo tudo.

  Seus sentimentos estavam uma bagunça. Poseidon ainda tentava entender onde as coisas tinham dado tão errado.

  Atena seria mesmo tão fria ao ponto de usá-lo daquela forma? Estaria ela se vingando pelas coisas rudes que ele lhe disse diante de todo o conselho?

  Parte de si queria muito acreditar no contrário. Naquele mês em que passaram juntos nada lhe pareceu tão certo quanto todas as carícias que trocaram.

  O jeito como um se encaixava nos braços do outro ou como quando se olhavam pareciam parar no tempo.

  Tinha certeza de que tudo aquilo não era invenção de sua mente, de Impossível Atena não ter sentido o mesmo.

  Foi por isso que ele ficou incrédulo quando Atena decidiu terminar o que tinham.

  De início ele sentiu raiva, muita raiva pelo tom e pelas palavras que ela usou. Seu ego também foi bastante ferido, afinal ninguém nunca havia lhe despachado daquela forma. Quem aquela coruja metida a enciclopédia achava que era?

  De cabeça quente, a solução que ele encontrou foi o desprezo. Seu ego ferido fez questão de não demonstrar o quanto aquilo tudo havia lhe afetado.

  Com o passar das semanas sua raiva foi se dissipando, mas seu orgulho ainda falava mais alto, assim como a decepção.

  O Olimpo nunca foi seu lugar preferido, contudo agora o deus o evitava mais do que nunca.

  Não funcionava muito já que a situação com os monstros ainda não havia sido resolvida por completo.

  Os semideuses estavam a salvo, contudo o mandante de tudo ainda era desconhecido.

  O conselho se reunia frequentemente tentando achar uma solução para a situação.

  O deus dos mares tentava não reparar muito na deusa da sabedoria nos breves momentos em eram forçados a conviver.

  Assim que as reuniões acabavam ele era o primeiro a correr da sala dos tronos.

  Outro motivo para as suas saídas apressadas era Afrodite.

  A deusa do amor parecia ter lhe escolhido como próximo alvo. A última coisa que Poseidon precisava era de Afrodite dando uma de cupido pra cima dele.

  Em seu escritório particular em Atlântida o deus observava o nada com um copo de uísque na mão. 

  “Como foi que as coisas chegaram nesse ponto?” Se perguntava intensamente.

  Foi tirado de seus devaneios pela voz estridente da deusa do amor.

  Através de uma chamada de Íris a deusa resolveu colocar o deus contra a parede.

  Poseidon desviou de todas as perguntas, deixando bem explícito que seus assuntos não eram da conta dela.

  15 minutos depois a deusa pareceu desistir e se despediu. Poseidon não muito interessado apenas acenou de qualquer jeito e voltou a fitar o nada.

  Foi quando ouviu uma voz, aquela voz.

  Sua cabeça chicoteou em direção a mensagem de Íris ainda aberta.

  Afrodite parecia repetir o mesmo interrogatório, agora em Atena.

  De início o deus até pensou em desfazer a mensagem, não queria saber de nada relacionado a deusa por no mínimo uns 2 séculos. Contudo seu interesse foi despertado quando ouviu seu nome.

  Devido a posição da mensagem só era possível ouvir as deusas, ambas estavam afastadas mas não o suficiente pois Poseidon lhes ouvia claramente.

  Sua curiosidade falou mais alto do que seu medo de ser pego e ele apenas ficou ali ouvindo Atena contar tudo o que havia acontecido entre os dois no mês que se passou.

    – E porque vocês não estão mais juntos? – Afrodite tinha a fala mansa, quase como se não quisesse assustar Atena talvez fosse isso mesmo.

    – Porque eu não valho a pena. – Houve um momento de silêncio.

    – De onde você tirou isso? – Afrodite estava chocada.

    – Apenas observei as evidências. Poseidon merece alguém que se entregue por inteiro e eu não posso ser essa pessoa. Não quando eu sequer posso dizer que gosto dele de volta. Eu não sei amar Afrodite, a razão é tudo o que eu sei. Eu sou incompleta e ele não merece isso.

  A convicção em suas palavras deixou o coração do deus apertado.

    – De onde você tirou tudo isso?

    – É a verdade Dite. Nunca estaremos no mesmo patamar emocional. Prendê-lo a alguém que não vai retribuir o que ele sente da forma que ele merece é injusto demais. É como esse negócio com as cores, ele é o mais rico tom de ouro e eu sou daltônica. Nunca iria funcionar.

  O coração de Poseidon pulava em seu peito. Sua mente se forçava a entender.

  Atena mentiu pra ele.

  Estava eufórico. Não era tudo coisa da sua cabeça afinal, ela realmente sentia o mesmo.

  Uma pontada de decepção também o atingiu. Atena agiu por suas costas, ela decidiu por ele sem antes considerar sua opinião.

  Um alarme soou. Aquele alarme em específico estava conectado com o Olimpo e só era ativado em casos de emergência.

  Ainda meio desorientado pelas informações recentes seguiu para o Olimpo.

  A cidade dos deuses estava sob ataque.

—--

  A batalha não foi muito difícil. O exército inimigo, composto por vários monstros, estava bem desfalcado. De certo modo, foi fácil controlar a situação.

  O líder dos monstros era o responsável pelos ataques, seu plano era acabar com todos os semideuses. Sem os semideuses não haveria ninguém para crer nos deuses e ele poderia assumir o poder.

  Sujeito ambicioso demais.

  Com sua base destruída, o ataque ao Olimpo foi sua última cartada.

  Chegava a ser engraçado como a única coisa capaz de unir verdadeiramente aquela família era uma boa guerra.

  Com uma sincronia impecável um a um os monstros foram sendo derrotados, sobrando somente o maior deles.

  Com o corpo recoberto por escamas e garras enormes que injetavam veneno, o monstro deu uma certa canseira aos olimpianos.

  No fim das contas o monstro caiu pelas mãos dos deuses da guerra. Atena e Ares o emboscaram de forma fenomenal.

  Diante da fúria implacável dos dois tudo o que sobrou do monstro foi uma de suas garras.  A deusa da sabedoria se pôs de isca e em um de seus ataques o mostro conseguiu fincar uma de suas garras no tórax da deusa da sabedoria.

Com o foco do monstro todo em Atena ficou fácil para Ares finalizar o monstro. Tudo o que restou do monstro foi sua garra presa ao tórax de Atena.

  Os outros deuses correram em direção a eles.

  Poseidon não tinha mais o controle do seu corpo. Toda aquela adrenalina misturada a sua impulsividade tomaram o melhor dele e sem muita demora o deus encarava agora Atena frente a frente.

    – Mas que ideia idiota foi essa? O que você tem na cabeça?

    – Agora você está falando comigo é? 

  Atena segurava a lateral direita do corpo, em cima das costelas.

    – Deixa de ser sonsa. Você se machucou. – Estava exasperado.

  A cada argumento os dois se aproximavam mais.

    – Meu pai tá bem ali e não tá fazendo todo esse escarcéu. Porque você se importa afinal?

  Estavam agora face a face. Mesmo recoberta de suor, sangue e um pouco de poeira, Poseidon conseguiu reparar em como ainda assim Atena era linda.

  Era agora ou nunca.

    – Porque eu estou apaixonado por você, eu te amo sua idiota!

  Praticamente berrou no meio do Olimpo. Com uma rapidez invejável, suas mãos foram parar na cintura da deusa da sabedoria e puxavam o corpo dela pra si.

  Poseidon tomou seus lábios de forma faminta. E ele achou que poderia explodir quando Atena retribuiu o beijo.

  Ao fundo, alguém batia palmas e assobiava. Assim como Zeus resmungava.

  O beijo foi perdendo intensidade e Poseidon o finalizou com um selinho.

  Os deuses encostaram suas testas. Um sentindo a respiração do outro por causa da proximidade.

  Quando Atena finalmente abriu seus olhos algo estranho aconteceu.

  Sua visão não era mais uma variação entre tons de cinza. Haviam agora várias e várias cores.

  A que chamou mais sua atenção foi a cor dos olhos de Poseidon. Era tão viva e brilhante. Atena sentiu que poderia facilmente se perder ali.

     – Seus olhos. – Murmurou.

  Poseidon não chegou a saber o que ela queria dizer com aquilo pois instantes depois Atena desmaiou em seus braços.

—--

  Ao acordar, Atena foi atingida novamente com uma explosão de cores.

  Ficou um pouco atordoada e fechou os olhos novamente. Foi só então que sentiu a mão grande e áspera segurando a sua.

  Por reflexo apertou a mão.

    – Oi. – Poseidon endireitou na cadeira ao lado da cama com um sorriso frouxo enfeitando os lábios.

    – Oi. – Atena devolveu o sorriso.

    – Você me surpreendeu sabia? Quer dizer, eu sempre soube que causava certo efeito nas mulheres só não sabia que era nessa intensidade.

  Ambos riram.

    – Onde está todo mundo?

    – Cuidando de seus próprios negócios. Menos o seu pai que tava aqui me enchendo o saco agora a pouco.

    – Hera o tirou daqui?

    – Com certeza. Afrodite também ajudou. Segundo ela precisamos de um tempo de casal, pra poder conversar.

    – É isso que nós somos, um casal?

  No fundo era tudo o que ela mais queria e o desejo dele também, que fez questão de deixar isso bem claro.

    – Somos o que você quiser. Eu só tenho uma condição.

    – Qual?

    – Que você seja sincera comigo. Você mentiu pra mim quando disse todas aquelas coisas. – Segurou a mão dela entre as suas.

    – Como você sabe disso?

    – Bom, é que eu meio que ouvi sua conversa com Afrodite. – Atena arregalou os olhos, Poseidon continuou antes que ela pudesse dizer algo. – Eu não estava espionando, eu juro. Aquela doida estava falando comigo por mensagem de Íris antes de você chegar e não desconectou.

    – Provavelmente foi de propósito.

    – Provavelmente.

  Atena analisou as mãos deles unidas por um momento.

  As cores eram a certeza que precisava. Seu sentimento era recíproco, porém tinha plena consciência de que relacionamentos precisavam de muito mais que aquilo para dar certo.

  Diálogo era uma daquelas coisas.

  Ali, no meio da enfermaria, tiveram uma conversa mais do que necessária. Onde expuseram seus medos e incertezas um ao outro.

—--

    – Agora eu entendi o porquê você comentou dos meus olhos naquela hora. – Comentou Poseidon depois de ouvir toda a história sobre a maldição de Atena.

    – Isso não te assusta?

    – O que? O fato dos meus sentimentos por você serem correspondidos? Nem um pouco!

  Os dois estavam deitados juntos na cama do deus em seu templo no Olimpo.

  De mansinho Poseidon passou seus braços envolta da cintura de Atena e lhe abraçou apertado, plantando um beijo no topo de sua cabeça.

  Atena respirou mais aliviada, praticamente se derretendo nos braços dele.

    – Que cor é essa afinal?

    – Verde.

  A deusa da sabedoria se virou na cama e acabou encima dele.

  Sua mão brincou com a barba do deus dos mares.

  Atena adorava a sensação de tocar no rosto dele. Se encararam por alguns segundos antes de Atena beija-lo gentilmente.

    – Acho que encontrei minha cor favorita. – Sussurrou entre os lábios dele.

  Poseidon segurou sua cintura e ambos se deixaram perder em uma série de várias carícias.

  Quem diria que no final de tudo, sua história começaria assim?


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Notas finais do capítulo

*Hallo é olá em holandês.

E então? Me contem se gostaram!



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