Somebody That I Used to Know escrita por Fanny Tanlakian


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Olá gente!
Espero que gostem, a música escolhida traz uma energia melancólica, partiu meu coração vendo esse ship acabar assim mas nem sempre tudo acaba em flores, não é mesmo?
Boa leitura!



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Ele acordou encarando o teto, permaneceu um bom tempo apenas sem vontade para levantar. As roupas empilhadas na parede e os sapatos amontoados perto da porta deixavam nada organizado aquele quarto. Respirou fundo enquanto ouvindo o ponteiro ecoar um barulho repetitivo que tanto odiava, espreguiçou-se resolvendo sair da cama, caminhou indo até a cozinha onde despejou café na caneca. 

Passou os dedos nos cabelos escuros, tentando esquecer que dia seria hoje, tomou dando longos goles do líquido quente. Ouviu a campainha tocar várias vezes, irritado encostou sua cabeça na mesa e cobrindo com os braços em seguida. Porém, o barulho prosseguiu insistente, resmungando resolveu ir atender. 

Rin entrou no apartamento com várias sacolas, sabia muito bem que a mulher iria falar. Revirou seus olhos tentando evitar o discurso na qual viria, somente sentou desajeitado entre as almofadas do sofá. Ligou a televisão alto para não escutar ela falando, brava por ser ignorada entrou na frente segurando um terno preto.

— Enquanto mais tenta negar é pior - afirmou a morena.

— Bom dia para você também.

— Como se quisesse desejar isso mesmo.

— Qual o problema de querer ver minha amiga bem.

— Não sou o foco aqui Obito. 

— Nem eu, aliás já sabe minha resposta. 

Rin sentiu pena do amigo, fazia um ano desde seu término com Kakashi e dois meses que descobriu o casamento do homem. Lembrava de como ele era, sempre animado, energético, disposto a tudo. Foram cincos anos junto ao Hatake, viveram momentos de tensão, ciúmes mas muito amor. Poucos casais presenciados na sua vida transmitiu tanto carinho, tinham uma conexão incrível. 

Conheceram-se através do curso ministrado por Minato, fez amizade primeiramente com o Uchiha e logo após Kakashi, desde os primeiros momentos trocaram olhares. Não demoraram para se aproximarem e iniciarem um relacionamento. 

Algumas vezes até a irritava devido ao grude deles, quando saiam para o cinema ou jantar num restaurante entre amigos ficavam cochichando baixinho e rindo, completamente alheio em um mundo somente de ambos. Mas nem tudo é perfeito, haviam muitas brigas, discordavam sem acordos de desculpa. Isso foi desgastando o namoro, chegou num ponto que nem se falavam mais. 

— Tenho dois convites então vai sim.

— Acha que não sei, você pegou  escondido - exprimiu segurando o papel amarelado. 

Analisou aquela folha, letras cursivas pretas marcava o nome do antigo companheiro, além da data e horas. 

— Olha vai ficar ótimo nessa roupa consegui por um preço bom.

— Por que eu teria que ir?!

— Ele tem uma importância na sua vida e antes de tudo era nosso amigo.

— Já viu como seu amigo seguiu em frente? Me baniu completamente, nunca existi. Excluiu as fotos, mudou o número e nem deixou os outros falarem qual era. Conheceu Kurenai há quanto tempo? Uns seis meses? Na verdade desde quando ele sente atração por mulheres?! Agora está lá vendendo a imagem do homem mais apaixonado desse planeta - esbravejou jogando o convite, as lágrimas lutavam para escorrer pelas bochechas quentes - Levamos cincos anos e Kakashi nunca se interessou em sequer tocar no assunto de casamento. Dois meses, acha mesmo que é o suficiente para firmar um matrimônio?

— Está apenas ferido eu entendo mas vê-lo todos dias tão deprimido me dói.

— Nós decidimos sermos amigos apesar de tudo entretanto não hesitou em me esquecer. É somente um estranho, outra pessoa.

Ela baixou sua cabeça depois pegou as mãos do sujeito, envolveu os dedos chocando contra a pele quente. Rin deu um sorriso fraco, desejava aquele sorriso contagiante no rosto dele novamente, queria escutar as piadas sem graça, ver o jeito atrapalhado. 

— Promete pensar? 

Obito acenou triste posteriormente a observou ir embora. Passou o dia inteiro deitado na cama, assistiu vários seriados aleatórios no qual não passavam de sons não identificáveis, estático comendo algumas batatas fritas, o gosto do alimento também sumia. Sentia uma profunda culpa fitando a roupa escura, não queria ter frustrado as expectativas da amiga. 

Kakashi podia ser um amor, possuía uma personalidade magnética incrível. Na primeira vez que o encarou seus batimentos cardíacos bateram acelerados. Havia se encantado pelos cabelos prateados, olhos escuros hipnotizantes, andava com a face na maioria coberta devido ao sua constante tosse, desde criança tinha imunidade baixa então era fácil ficar engripado, a máscara acompanhou portanto seu cotidiano. Mas teve ótimas lembranças do rosto bem delineado, traços marcantes, boca com lábios pequenos porém bem feitos. Os beijos doces e as carícias trocadas, tudo parecia tão distante agora, ele vivia nas sombras que um dia foi seu namoro. Recordou das brigas, tinham faíscas de desejo no qual incendiavam os dois entretanto também conseguiam ser diferentes como gelo e fogo, para Rin num era que isso os aproximavam, igual a imãs se atraindo por pólos opostos.

Obito gostava mais de ficar em casa, assistir filmes, atrapalhado chegando sempre atrasado até mesmo no seu próprio aniversário. O ex companheiro ficou nervoso porque havia planejado a semana inteira, ainda mais pelo homem ter vindo tarde devido estar dormindo após passar a noite assistindo jogos. Confuso e inocente, assumia algumas vezes comportamento infantil, existiam ocasiões que Kakashi levantava para acordá-lo para trabalhar ou ficar avisando acerca dos deveres da casa. 

O Hatake estava longe de ser perfeito, orgulhoso e convencido não permitia contrariedades nas suas falas. Sempre tão exigente, inflexível, não deixava o outro seguir as vontades dele. 

Apesar de tudo tiveram ótimos momentos, afinal como qualquer casal tinham seus problemas mas possuíam uma química que sobressaía sobre isso. Colocou o vídeo para rodar no notebook, assistiu as risadas alegres e os abraços apertados iluminados pelo sol radiante do verão. Desde o fim da relação, em vez quando vinham imagens deles se divertindo, instantes de amores confessados.

— Estou tão feliz, a cada dia você me faz mais realizado - afirmou o homem sorrindo.

— Espero ouvir isso sempre - disse o Uchiha. 

— Nos conectamos de uma maneira especial, acho tão incrível - exprimiu dando beijos curtos no pescoço do moreno.

— O amor faz isso. É algo tão intenso, consome você rapidamente.

Escutou seu celular tocar jogado na cama provavelmente seria a Nohara questionando porque não compareceu. Atendeu a ligação ouvindo uma voz alta e aguda, ela ainda estava na festa.

— Está tudo bem?

— Sim, acho que não temos mais como voltar atrás, então seguirei em frente.

— Bom, isso é melhor do que ficar aí deitado triste. 

— É….. vamos comer fora um dia desses.

— Claro. Vou desligar agora, tchau!

Despediu-se suspirando cansado pegando uma pequena agenda, segurou a caneta batendo levemente na mesa. Tocou no papel pensativo depois escreveu uma carta do final daquela melancolia, ali ele transformaria, seria outra pessoa.

''Caro Kakashi

Eu precisava colocar isso para fora, está há muito tempo entalado em mim, acreditei no nosso amor mesmo sendo reprimido. Fui feliz e vivi dias inesquecíveis, desejei profundamente dar certo, doei cada parte de mim. Hoje faz um ano, esse tempo serviu para refletir sobre os momentos que jurei estar sempre contigo. Aqueles minutos, segundos e horas não vão retornar, mas tudo bem.

Estava decidido quando terminamos, você foi bastante presente era duro não ter sua companhia. Mesmo assim me dispus a vê-lo alegre, te apoiar nas escolhas, querer boas vibrações porém quis matar nossa ligação, esqueceu completamente o que representamos, isso sim acabou comigo.

Aceitei seu jeito, mudei para uma casa maior porque dizia ser melho. Lembro quando vinha cedo levantando minha coberta dizendo estar lindo o dia. Dava-me sermões pois eu agia errado, além de resmungar como possuo um péssimo gosto. Mas estava ótimo, cuidava de mim, amor não é somente flores há as discórdias, nós conseguíamos resolver. Já briguei tantas vezes acerca do seus hábitos ruins, odiava quando trazia amigos tarde da noite, pessoas sem rostos no qual me forçava conhecer. 

Sentimentos trilhando entre paixão e frustrações, suportava pela nosso namoro, com certeza fazia o mesmo. Sentia poder fazer qualquer coisa e você era a pessoa certa, preenchendo-me de tal forma que te escutaria sempre achando estar certo. Bastava uma palavra para mim se dar por vencido, não reclamava porque adorava ouvir você. 

Confesso às vezes ficar solitário na sua presença, porque desejava ser  compreendido, apesar disso nunca toquei no assunto, encará-lo dormindo abraçado ao meu corpo consolava-me, o amor nos faz fazermos ações incríveis.

Tem ideia do vazio provocado quando foi embora? Eu acabei viciando nisso, questionar como deveria prosseguir após terminarmos. Acostumei com a tristeza, tornou-se parte de mim. Remoendo depois desse tempo todo? Você certamente diria. Pois é, durou bastante precisou um casamento para acordar e perceber o estado que eu estava levando minha vida. 

Iria te dar a mão, podíamos ter sido amigos, não necessitava ser assim contudo quis cortar e jogar fora o que tivemos. 

Finalizo essa carta tranquilo, mesmo eu a guardando aqui em casa, apenas minha pessoa vai saber sua existência. Escrevo isso pelo nosso passado e não mais o afeto no qual tínhamos, mas pela a relevância que desconsiderou. É realmente uma pena você ter se transformado num estranho. 

Alguém que costumava te conhecer, Obito.''


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :)



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