Match-Point escrita por Cris Hilario


Capítulo 17
Quinze


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo é um pouquinho maior, mas é por uma boa causa!



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Obviamente todos já estavam sabendo da briga entre os dois, apenas não sabiam o motivo, algumas meninas que estavam no quarto me questionaram sobre isso, mas logo elas tiveram que sair pois também tinham que jogar a final do basquete, assim que a ultima fechou a porta, não consegui fazer nada a não ser chorar, queria minha casa, minha família ou pelo menos alguém que me desse apoio e acreditasse em mim.

Por que tudo tinha que ser tão injusto? Eu me sentia exposta com a situação, eu só precisava ir embora e foi pensando nisso que comecei a arrumar minhas coisas, bom não sei como voltaria mas daria um jeito, não conseguia mais ficar nesse lugar, estava me sentindo sufocada. Sequei minhas lagrimas pois não necessitava que mais ninguém me fizessem perguntas.

Assim que terminei de guardar minhas coisas, percebi um movimento no quarto, e ao me virar me deparei com Kevin, ele estava com um corte no supercílio e suas mãos estavam machucadas, tudo por minha culpa, se eu não tivesse insistido em vir, se eu não estivesse naquele corredor sozinha a noite, ou até mesmo minhas roupas como disse Mauricio, tudo poderia ter sido evitado.

— Mel! – ele exclamou mas me pareceu mais uma pergunta – Eu só queria checar se você ta bem?

— O que você acha? – debochei, mas logo percebi que ele só estava querendo ajudar mais uma vez, droga Mel não estraga tudo. – Desculpe, eu, eu não precisava falar dessa forma com você, o que você ta fazendo aqui? Não deveria estar no jogo ou até mesmo na enfermaria?

— Deveria, se eu não tivesse sido expulso, mas não se preocupe Bryan está no meu lugar! – ainda por cima tinha feito ele ser expulso, droga! – e minha dor pode esperar um pouco, precisava ver você!

— Não acredito que você foi expulso por minha causa desculpa eu não queria ter feito isso! – disse quase voltando a chorar

— Você pede desculpas demais, e por algo que nem é de sua responsabilidade! – ele disse cerrando os punhos, talvez se lembrando do momento! – Eu bati, e bateria de novo por você e por qualquer outra garota que passasse por isso, mas principalmente por você Mel – confidenciou, o que me fez voltar a chorar, ele fez menção em se aproximar, mas eu dei um passo para trás, não queria ter contato físico com ninguém agora, não queria que ele me tocasse, percebendo minha ação, levantou as duas mãos em sinal de rendição e voltou a falar calmamente. – Ei, sou eu Mel, o Kevin não vou te machucar, e não vou deixar ninguém fazer isso, ok?

— Você não estava lá para me proteger antes! –disparei sem pensar, me arrependendo logo em seguida pois vi sua feição passar de tristeza para raiva, eu não queria que ele ficasse com pena de mim, pois eu havia me defendido. – Me deixa sozinha, por favor! – falei me sentando com a cabeça entre os joelhos.

— Mel, ele já tinha tentado alguma coisa antes? Me responde por favor – perguntou se abaixando para poder olhar em meus olhos, eu apenas desviei para o outro lado e fiz que sim com a cabeça. – Desgraçado! – gritou me assustando – Por que você não contou para ninguém, porque não contou para mim? Foi aquele dia que te vi chorando né? – andava de um lado para o outro, ele agora parecia um pouco descontrolado, mas, como assim por que eu não contei, ele não é nada meu, na verdade nem gosta de mim, não ia fazer diferença nenhuma para ele saber. – Esse tipo de coisa você não pode deixar passar Mel, caralho!

— EU CONTEI! – Me descontrolei também, afinal não era só ele quem podia. – Eu contei ta legal, eu contei! – disse a ultima parte mais baixo – Ninguém ia acreditar em mim, ninguém acreditou.

— Mel! – ele disse respirando fundo tentando recuperar a postura – Eu ia acreditar, se você tivesse me contado eu ia deixar a cara daquele filho da puta ainda pior do que está agora, eu não acredito que eu não te protegi como disse que faria. – ele agora se lamentava.

— A culpa não foi sua, eu é quem devia ter me cuidado mais, sei lá, evitar de sair sozinha ou – não pude terminar de falar pois fui interrompida por ele.

— Para de falar besteiras Ludmila, isso não tem nada a ver com a falta de caráter dele – ele estava bravo comigo?

— Não foi o que o treinador Mauricio me disse agora pouco! – encarei novamente – eu insisti para não jogar, mas primeiro ele disse que eu tava inventando, que não tinha como provar e que ia manchar a reputação dele, depois jogou a culpa em mim, nas minhas roupas, me fez me sentir um lixo Kevin!

— Não acredite em nada que aquele cara falar mel, é culpa não é sua, nunca foi! – disse derrotado – posso te dar um abraço? Não vou te machucar, prometo, nunca! – então ele sentou do meu lado e eu me deixei ser abraçada, a essa altura eu não tinha mais lagrimas para derrubar, então apenas aproveitei seu abraço meio desajeitado.

— Ele me agarrou, me puxou para dentro de uma sala, mas quando eu acertei seu rosto, ele, ele me bateu, três tapas, e me xingou não lembro bem do que agora! – contei sentindo Kevin acariciar o local que ele imaginou que o tapa tivesse atingido. – quando eu vi que ele estava abaixando a calça eu fiquei apavorada, eu juro que não queria Kevin, por favor acredita em mim! – implorei – Eu só consegui sentir nojo do meu próprio corpo, me senti violada, mesmo ele não tendo terminado o que pretendia fazer!

— Shiii, não precisa falar mais nada Mel, vamos esquecer esse assunto, uh? – ele me disse ao fitar meus olhos. Então continuei em seu abraço, apenas sentindo as batidas do seu coração irem se acalmando aos poucos, e acompanhando este ritímo eu adormeci.

Acordei sentindo uma mão fazendo carinho em meu cabelo, e inconscientemente o empurrei para longe não sei se ainda estava sonhando, mas logo percebi que era Kevin ali que me olhava um pouco assustado com minha reação.

— Desculpa, eu, você ficou esse tempo todo aqui comigo, alias que horas são? – disse tentando disfarçar o pequeno medo que senti ao ter um par de mãos sobre mim outra vez – Você devia ter ido fazer um curatiivo nessa mão, passar um remédio para não inflamar, sei lá!

— Eu posso estar machucado, mas a única pessoa que precisa de cuidados aqui é você ok! – ele falava calmamente, com se estivesse ensinando a uma criança – Eu vou ficar por aqui até você não precisar mais de mim.

— Pois eu não preciso, pronto, vai limpar esse corte! – disse o puxando para ficar em pé também.

— Se não precisasse não teria pulado para longe de mim quando sentiu meu toque. – ele me desafiou

— E você vai fazer o que sobre isso, porque até onde eu sei você não é psicologo ainda – falei cruzando os braços, afinal ele ficar ali do meu lado não ia me ajudar em nada em meu trauma recém adquirido – vai lá atrás do pessoal o jogo já deve ter acabado!

— Mel já passou das 4, os jogos acabaram faz um bom tempo, no máximo que vou conseguir é pegar a entrega das medalhas, mas eu não posso fazer isso sem você, vamos?

— Eu não posso ir assim, eu preciso tomar um banho, sei lá – eu realmente não tinha desculpa melhor, pensa Ludmila, mas no fim resolvi falar a verdade. – Se ele estiver lá? – disse mordendo os lábios – Ou e mais alguém viu o que ele fez e ficarem me encarando, não quero isso!

— Se alguma dessas coisas acontecer, eu vou estar do seu lado, confia em mim, ninguém vai te fazer mal enquanto você estiver comigo – ele estendeu sua mão para mim, olhei dele para a mão, que se bem me lembro é a terceira vez que ele me oferecia, e dessa vez foi diferente, eu resolvi segura-la.

Após escovar meus dentes e colocar um moletom, saímos em direção á quadra principal na qual ocorreria as premiações, procuramos nosso pessoal, e eu me toquei que nem sabia se tínhamos ganhado ou não o jogo. Olhei para Kevin e ele pareceu ler meus pensamentos pois logo respondeu.

— Não olha para mim, não sei se você percebeu mas eu tava ocupado salvando a donzela aqui! – debochou a única coisa que eu sei é que hoje você vai ganhar uma medalha, pela menor participação dos jogos de todos os tempos – disse rindo da minha cara enquanto andávamos por entre as pessoas tentando avistar alguém. – Mel você ficou o que trinta segundos dentro da quadra depois que o juiz apitou? Com certeza isso merece um prêmio! – riu enquanto lhe acertava um soco no ombro.

— Não é engraçado Kevin! – choraminguei. – foram os trinta segundos mais demorados da minha vida, pelo menos agora eu posso falar que sei a textura da quadra – ri também afinal ele não estava mentindo.

Encontramos Bryan primeiro, ele fez menção de se aproximar de mim mas dei um passo involuntário para trás o que o fez estranha um pouco, e então se direcionou para Kevin

— Posso saber o que deu em vocês dois hoje? O Mauricio ficou louco, primeiro Kevin quebrando o nariz daquele escroto, e depois você saindo correndo mel, se queriam uma desculpa para se encontrarem depois era só ter me dito que eu dava um jeito de ajudar vocês – disse rindo.

— Cala a boca Bryan, o Kevin quebrou o nariz dele? - desacreditei

— Sim se não fosse o resto do time separar ele estaria com a cara toda quebrada, mas se como Kev aqui bateu é porque teve motivo, certo? – direcionou seu olhar para ele, os dois então começaram a rir da situação e eu também, mesmo achando que só o nariz foi pouco, nos disse também que ele foi para o hospital e não retornaria para escola. Seguimos então para a área destinada aos jogadores, confesso que achei chique com cadeiras e um pódio assim como nos jogos profissionais, sentei ao lado de Kevin e tentei evitar olhar para os lados para não encontrar com os dele, mesmo sabendo que ele não estaria aqui.

Descobri que nosso tinha tinha ganhado o jogo, apesar do desfalque, o que fez com que Bryan se gabasse de ter “levado o time nas costas” o que eu duvidava que era verdade. O organizador do evento começou a chamar os alunos para receberem suas medalhas de acordo com suas colocações, quando chegou a hora da medalha de ouro, eu estava ansiosa apesar de não ter jogado, só de olhar para meus colegas e ver seus semblantes de felicidade de dava um quentinho no coração.

Assim que o organizou começo a chamar cada um dos alunos, eles se levantavam, pegavam a medalha e se posicionavam para bater uma foto. Pelo menos por um minuto pude esquecer o quão conturbado foi essa semana, era aquilo que buscávamos quando saímos de casa e agora poder contemplar aquele momento era perfeito. Kevin foi chamado, e assim só restava o meu nome. Mas isso não aconteceu, de novo.

Tudo bem que eu não havia jogado, mas foi por culpa do Treinador que não me escalou para nenhum jogo, eu era parte do time também, não? Me senti deslocada, ao acompanhar a felicidade deles em cima do palco improvisado, então me levantei pronta para sair dali e voltar para meu quarto e esperar o momento de ir para casa. Já havia dado alguns passos quando escutei meu nome sendo chamado.

— Mel, onde você pensa que vai, você faz parte do time também! – exclamou Kevin sem entender.

— Parece que não, eu nem joguei Kevin, eu não mereço subir no pódio com vocês! – disse desanimada, me virando para ir embora. Ele então segurou minha mão me fazendo voltar meu olhar para ele.

— Pois para mim você é a parte mais importante! eu não estaria aqui se não fosse por você ! – disse me olhando profundamente. – Não é ouro de verdade mas, eu prometo que um dia será, e quando esse dia chegar ela será sua também Mel - disse ao tirar a medalha do próprio pescoço e passa-la para o meu.

Estava tão presa em meus próprios problemas, que não aproveitei a semana como deveria, mas naquele momento, aquele momento encarando seus olhos fez tudo valer a pena!

— Vem, vamos tirar a foto do time, do nosso time! – e saiu me guiando, em direção ao pódio. Não sei bem como sai na foto, mas tenho quase certeza que estava com um sorriso bobo no rosto.


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