MeliZoe e os Olimpianos escrita por Zoe


Capítulo 25
Deuses abençoem a rotina (leia-se: não tenho que lutar pela minha vida todos os dias)


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ♥



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Passei um mês muito tranquilo no Acampamento depois disso. Era, apesar de tudo, um acampamento. Tínhamos tarefas e dinâmicas. Todos estavam muito animados para a próxima captura a bandeira e agora que eu e Dimitri voltamos vitoriosos de nossas missões as pessoas brigavam para nos ter como aliados.
Andre me deu lições sobre os deuses e o mundo em que vivemos. Me contou histórias e eu descobri que muito do que eu aprendia na escola, na verdade era... Verdade. O conto que eu mais gostei foi o de “Romeu e Julieta” gregos. Eu entendia que era trágico, mas parecia a história de amor perfeita amar tanto alguém que não pode viver sem ele.
Vanessa me deu aulas de grego antigo e nós líamos muitos livros, atividade que fiquei surpresa de gostar. Nunca contei para ela sobre o livro em minha mochila. Agora estava escondido debaixo da cama com botas velhas que Laura me dara.
Quando os romanos vinham ao acampamento, sempre perguntava de Ariane, mas me disseram que ela não havia voltado da missão ainda. Sempre ficava muito preocupada com ela, mas os romanos não pareciam estar. Segundo eles, missões podem durar muito tempo e eles confiavam completamente em Ariane. Se demorasse muito mais eles se preocupariam. (Jason sumiu por meses e meses e quando voltou estava bem), não entendia essa referência.
Hadassa tentou me ensinar a forjar armas, mas eu não tinha muita coordenação motora. Ela se contentou em dar aulas a mim e Vanessa sobre autônomos e um pouco de engenharia, que era sua especialidade. Eu desisti cedo, pois não entendia muito de matemática. Aceitei aprender apenas o básico e deixar o especial para quem tem facilidade.
Felipe tentou me ensinar a jogar vôlei, outra atividade que eu desisti cedo ao perceber que minha reação ao ver uma bola vir em minha direção é correr e não bater nela de volta. Ele e Laura me ensinaram a atirar dardos, atividade que adorei e praticava muito.
Tinha aulas de navegação com Jeremiah, filho de Poseidon e de combate corpo a corpo com Niklaus, filho de Ares. Silvia me ensinou a andar de cavalo e em troca eu a ajudava a limpar os estábulos e capinava em volta do chalé de Afrodite. Suas irmãs adoraram quando plantei rosas nas janelas.
Treinava rastreamento e colhia morangos com Dimitri, Sr.D nunca me deixou sair para vende-los, mas fiz algumas tortas com os que amadureciam perto de mim. Ajudava Dimitri a cortar lenha para nosso chalé e plantamos mais ervas em seu jardim de fundos.
Em meio a isso tudo ainda arrumava tempo para arrumar o chalé e lavar minhas roupas, limpar minha armadura e minhas armas e ajudar Dimitri a inspecionar os outros chalés quando éramos sorteados.
De tudo, passei mais tempo com Matheus do que com todos. Ele me ensinava a caçar com arco e flecha e tinha muita paciência com meus erros. Me ensinou muito sobre medicina e fizemos alguns remédios com ervas que eu agora plantava no chalé. Ele me ajudava a cuidar dos girassóis perto de minha cama e as vezes dormia ali na beliche vazia. Tentou me ensinar a tocar violão, mas decidimos que era melhor eu ficar só no pandeiro e o ajudar com a voz. Fizemos o inventário do acampamento juntos algumas vezes e ele me levou parar ler livros de profecias antigas. Não podíamos olhar muitos, pois não podíamos interferir nas que ainda não aconteceram, mas ele me mostrou todas de Percy e seus amigos.
Eu tentava o ensinar a como sobreviver na floresta sozinho mas Matheus era muito barulhento e sempre pisava em galhos, o que no mundo real era como sirene para monstros. O mostrei como envenenar suas flechas para matar mais rápido e disse algumas técnicas de como saber se a planta é comestível ou toxica.
Passamos bastante tempo na praia, lendo e discutindo, treinando e, às vezes, nadando.
Parecia que nada de ruim iria nos acontecer e eu poderia ter uma vida... Quase normal.
Alguns novos campistas chegaram, mas nenhum filho de Deméter.
Laura não foi escolhida como responsável e a vimos gritando com Quiron varias vezes. Eles sempre acabavam jogando poker. Acredito que não importava para a garota perder todos seus dracmas já que nunca saia do acampamento.
Ah, e Gavin tinha ficado bem. Estava sobre supervisão, mas teria outra chance. Aparentemente eu tinha sido a primeira semideusa que bateu nele e se ele não conseguisse salvar o próximo seria diminuído a (escravo? (parece que aqueles sátiros hipnotizados tinham razão em alguns pontos (se Hermione soubesse disso ela ficaria muito nervosa!))).
Estávamos no fim de novembro e me lembrei de como cheguei aqui numa noite do meio de outubro. Parecia que fazia muito mais tempo do que isso. Todos os campistas ali, mesmo os que eu não convivia muito, haviam se tornado minha família. A ponto de me jogar dentro de uma formiga venenosa para os salvar.
Mas provavelmente não faria isso.
De novo.
Na última noite de novembro, estava sentada com Matheus na escadaria do chalé tentando fazer algumas plantas crescerem deliberadamente, Dimitri já dormia em sua beliche, e nós dois conversávamos sobre o próximo ano.
“Então, quando é seu aniversário?” Matheus me pergunta enquanto puxa um pouco do meu cabelo tentando fazer uma trança.
“Na verdade faço 15 anos amanha.” Eu respondo a ele casualmente, ainda tentando focar em fazer aquele alecrim crescer.
“Amanha? Porque não disse nada a ninguém?” Ele para de mexer em meu cabelo e me pergunta. Seu rosto esta muito perto de minha nuca e eu consigo sentir seu halito quente em minha orelha. Achei que depois de um mês passando quase todos os dias com o garoto eu iria me acostumar a sua presença, mas não. Ele ainda tinha total capacidade de fazer meu coração parar.
“Acho que esqueci...” Eu disse um pouco ofegante, a proximidade dele me faz perder o ar.
“Vamos ter que comemorar de alguma forma.” Ele me diz, se afastando um pouco da minha nuca. Me sinto aliviada por conseguir respirar de novo e triste por ele se afastar.
“Quando é SEU aniversário?” Eu pergunto a ele tentando mudar de assunto, nunca gostei de comemorar aniversários, principalmente porque passei os últimos sozinha, chorando, em cavernas no meio de florestas... Sendo caçada por monstros.
“Faço 17 em janeiro.” Ele me responde, voltando a se concentrar em meu cabelo e nas tranças.
“Vamos começar a planejar sua festa agora, então.” Eu digo a ele, animada, e meu alecrim consegue crescer mais 2 centímetros em minha direção. 
“É estranho ter 17 e estar aqui... Nosso campista mais velho tem 19.” O tom de voz dele muda um pouco. Me viro para o encarar e ele parece um pouco triste, mas sorri de lado para mim.
“Dimitri?” Eu pergunto, lembrando que as meninas me falaram que ele era o mais velho daqui durante nossa missão.
“Sim. É difícil viver aqui depois dos 20, eu acho.” Ele responde e se encosta em um enorme vaso (em que plantamos trigo) atrás dele.
“Pode se mudar para Roma e fazer faculdade.” Eu digo a ele, mas meu coração se aperta. Não quero que ele se mude. Meus dias aqui são perto de perfeitos e ele é o maior motivo para isso. Eu adorava ficar perto dele, me sentia sempre calma e segura. O garoto nunca me julgava e sempre tentava me compreender e me ajudar, me aconselhando e ensinando muitas coisas, me acompanhando em atividades que ele não tinha interesse algum... 
“Gostaria de estudar medicina.” Ele me confessa, olhando para as estrelas. 
“Sinceramente, eu também.” Digo a ele. E é verdade. Não só porque ele vai estar lá, mas porque me interesso muito pelas plantas medicinais e ficar na tenda com ele tem sido maravilhoso, cuidar dos outros campistas era muito melhor do que caçar monstros (mas eu não diria isso a outro campista, imagina a audácia). 
“Podemos ir juntos.” Ele me diz sorrindo um pouco, mas sua voz admite que ele não acreditava nesse plano.
“Claro, vamos arrumar um pequeno apartamento em Nova Roma e nos esconder dos monstros para sempre.” Eu digo a ele, sentando ao seu lado e apoiando minha cabeça em seu ombro. Podemos ver a constelação de Artemis hoje daqui.
“Parece um plano para mim.” Ele responde e suspira.
“Em 2 anos então.” Digo a ele e seguro sua mão, a apertando para mostrar confiança e que esse plano é real para mim. Ele aperta minha mão de volta e ficamos assim por um tempo.
“2 anos.” Ele fala baixo, entre respirações. “Tenho medo de sair daqui e minha vida acabar. Parece que a vida de semideuses é ficar vivo na adolescência caso os deuses precisem de um herói. Quando não se é mais um adolescente nossa personalidade se esvai.”
“Se a sua se esvair pode pegar um pouquinho da minha, Vanessa tem reclamado que tenho em excesso.” Eu digo a ele, tentando o fazer rir, mas ele não faz isso, só continua a olhar para o céu com sua expressão emblemática. 
“Voce é uma estudante muito melhor do que eu.” Ele diz, simplesmente.
“Cuidado quando formos estudar medicina então, não vai querer ficar atrás de mim nas classes.” Continuo brincando, querendo desesperadamente que ele se sinta melhor e ria comigo. Não gosto de o ver assim.
“Eu não me importaria. Se for você na frente, eu não ligo de seguir.” Ele responde, ainda sem sorrir, e respira fundo.
“Nunca estive tão feliz.” Confesso a ele, sendo o mais sincera que eu ja fui em toda minha vida. Se eu pudesse parar o tempo aqui poderia viver a vida inteira com esse sentimento. Tranquila, completa, em ótima companhia, com uma familia maravilhosa.
“Odeio atrapalhar o casalzinho ai. Luna, você vai em uma missão que sai amanha de manhã para buscar novos semideuses encrencados.” É a voz de Quiron que nos assusta. Nós dois pulamos rapidamente e ficamos de pé, ficando um pouco vermelhos por ter sido pegos fora do horário e abraçados. Meu coração parece que sai do corpo e volta.
“Quem vai me acompanhar?” Eu pergunto, confusa com a situação. Tinha ouvido falar dessas missões, mas enquanto eu estive aqui todas as crianças chegaram com sátiros ou com sua família. E porque eles me mandariam? Ainda sou novata e pouco conheço do Acampamento, e principalmente da nossa cultura.
“Hadassa e Gavin. De manhã cedo, não se atrase.” Quiron me responde. Sua voz é alta e forte, mas tem um toque de preocupação.
“Quão em perigo?” Eu indago, pensando em que tipo de monstros eu teria que lutar. 
“Lembra quando Gavin te encontrou da primeira vez?” Quiron me pergunta, enquanto se vira para ir embora.
“Da primeira vez?” Matheus repete atrás de mim confuso.
“Sim” Respondo para Quiron, lembrando que Gavin me encontrou presa debaixo de uma árvore, incapacitada de me mover e sangrando quase até a morte.
“Talvez... Pior. Essa é uma missão importante, não estrague.” Quiron me diz e vai embora.
“Sim, senhor.” Eu digo, mas ele já esta longe. Um arrepio passa pela minha espinha.
“Parece que você tem que ir dormir.” Matheus me diz, colocando a mão nas minhas costas.
“Quer ficar aqui?” Pergunto a ele, esperançosa. Gosto de quando ele dorme aqui no chalé, principalmente quando ele deita comigo e me conta histórias dos heróis gregos e romanos até eu dormir.
“Não... Vou para meu chalé.” Ele me responde e eu paro de sorrir no momento. Não consigo disfarçar minha decepção. É sempre assim quando ele vai embora. “Feliz aniversario adiantado, Luna” Ele diz, me dá um beijo no rosto e vai embora assobiando uma das canções de fogueira do Acampamento. 
Tenho um mix de sentimentos. Me sinto feliz, envergonhada, triste, preocupada, desesperada, animada, cansada, (apaixonada?). Com sono. Então tento acalmar meu coração, deito na minha cama e fecho os olhos, orando para Deméter me dar forças para o que for que eu vou enfrentar amanhã.


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Notas finais do capítulo

Leia com a voz da Luna: Não posso ter UM MINUTO de PAZ nesse ACAMPAMENTO, TUDO É EU AQUI TUDO É EU PORQUE DEUSESSSSSSS.
Comentem pessoal, não tem mais muita coisa pela frente... Amo vcs ♥



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