O Passado do Lobisomem escrita por Heringer II
Notas iniciais do capítulo
Espero que gostem! ^^
Após pintar o carro, voltamos para o quarto. Eu conversei pouco com Aldo pelo resto daquela noite. O medo que eu comecei a sentir por aquele homem começou a me dar náuseas.
- Qual é o problema? - perguntou ele.
- Problema? Nenhum, por quê?
- Você está quieta.
- Eu sou quieta.
- Não. Não é. - Aldo se aproximou de mim. - Você está pálida. Está se sentindo bem?
- Devo ter comido alguma coisa que me fez mal. Estou um pouco enjoada, com vontade de vomitar.
- Mas você estava muito bem quando chegou.
- Provavelmente a comida decidiu me fazer mal agora.
Aldo continuou olhando para mim, me olhava fixamente nos olhos.
- Está mentindo para mim.
- O quê? Por que você diz isso?
- Está desviando seu olhar. Está olhando muito para o chão, como se não tivesse coragem de me dizer o que está dizendo olhando nos meus olhos.
- Eu não estou mentindo, Aldo. - falei, desta vez tentando olhar fixamente para os olhos dele.
- Não sei se consigo acreditar em você, garota.
Aldo voltou para a cama e deitou-se nela.
- Já são 23h. - disse ele. - Está na hora de você ir, não está?
- Está.
- Então, o que está esperando?
- Bem, até mais.
- Boa noite, garota.
Quando eu ia saindo, ele me chamou de volta.
- Evelyn!
Voltei para a porta do quarto dele.
- O que foi?
- Você não precisa esconder nada de mim. Como posso ter confiança em você?
Como assim? É ele que esconde um arsenal no armário e vem perguntar para mim como ele pode ter confiança? Me poupe! Eu queria dizer algumas coisas ali naquele momento, mas eu não estava emocionalmente pronta para isso. Então, simplesmente respondi.
- Tudo bem, Aldo. Até amanhã.
Apaguei a luz do quarto e saí.
*
23h05min
Do lado de fora, Jeanne e Denis me esperavam no carro dele.
- Denis, tem certeza que seu pai não vai se irritar por você ter pego o carro dele? - perguntou Jeanne.
- Claro que não.
- Como você sabe?
- Porque ele não sabe que eu peguei o carro dele.
- E ele não vai sentir falta se o carro não estiver na garagem?
- Ele já está dormindo numa hora dessas. Normalmente ele acorda para fazer um lanchinho da meia noite. Mas claro que ele não faz esse lanchinho na garagem, não é?
- Olha! - Jeanne apontou para a entrada do asilo, onde eu estava acabando de sair.
- É a Evelyn.
Procurei por eles, mas não conseguia reconhecer o carro do pai de Denis. Denis havia me dado uma descrição detalhada do carro do pai dele, e eu mesmo já o tinha visto anteriormente, mas como estava escuro, não consegui identificar o carro rapidamente. Então, ele buzinou e eu pude vê-los. Me aproximei até o veículo.
- E então? - perguntou Jeanne.
- Se a nossa teoria estiver certa, Aldo deve sair em poucos minutos. - respondi.
23h10min
- Calma, ele vai sair já já.
23h15min
- Ele deve sair em alguns instantes.
23h30min
- Tenho certeza que ele vai ser daqui a pouco.
23h45min
- Só precisamos esperar mais um pouco. - falei já com voz de sono.
23h57min
Eu, Denis e Jeanne estávamos dormindo. Eu estava com a cabeça encostada no banco da frente, Jeanne estava totalmente deitada no banco de trás, enquanto Denis permaneceu sentado, mas com a cabeça baixa e os olhos fechados.
Acabou não suportando e deixou sua cabeça cair de sono bem em cima do botão de buzinar.
Com o barulho da buzina, nós três acordamos simultaneamente.
- Gente, essa foi a pior ideia que vocês já tiveram. - disse Jeanne. - Onde já se viu? O idoso que Evelyn cuida ser o lobisomem.
- Acho que Jeanne tem razão. - falei. - Acho melhor...
- Olha! - Denis me interrompeu, apontando para a calçada em frente ao asilo. Estava ali parado um homem.
- É o Aldo! - respondi.
- Alguém viu ele chegando? - perguntou Jeanne.
Nem eu, nem Denis havíamos visto.
- Certamente ele não passou pela porta. - falei. - A supervisora teria proibido ele de sair.
- Parece que está esperando alguma coisa.
Começamos a olhar atentamente para Aldo.
De repente, o celular de Jeanne começa a tocar:
"Telefonezinho tocando... Uhul! É telefonezinho tocando... Fone, fone, fone, fone, fone, fone, fonezinho, é o celular, é o fone fone tocando..."
- Alô. - Jeanne atendeu. - Não, mãe. Sim. Eu sei. Claro. Por que eu não diria? Ah, claro. Pode deixar. Mãe! Por favor. Ok. Estou na casa de Evelyn. Isso. Tá bom, tchau.
Quando Jeanne desligou, viu que eu e Denis estávamos olhando para ela.
- Que foi?
- Que toque ridículo de celular é esse? - perguntei.
- Tava na promoção.
Quando viramos novamente, vimos que Aldo não estava mais lá.
- Eita. - disse Denis. - Cadê o velho?
- Como ele pode ter sumido assim do nada? - perguntou Jeanne.
- Talvez da mesma forma que apareceu. - respondi.
- Legal. - Denis falou. - Um lobisomem que se teletransporta.
Eu estava intrigada com aquilo.
- Denis, dirija um pouco por aí. Ele deve estar por perto.
Denis rodou o bairro todo atrás de Aldo, mas não o avistamos em lugar nenhum.
- Gente... - disse Jeanne. - Vocês não acham que isso tá muito estranho?
- Com certeza está. - falei.
- Então vocês vão concordar comigo que é melhor irmos para casa?
- O que você acha, Denis?
- Não sei, Evelyn. Se você quiser, podemos ir agora.
- Bom, nós já o perdemos de vista mesmo... A não ser que...
- Evelyn, por favor, não! - Jeanne falou. - Chega de ideias malucas por hoje.
- Boca calada, Jeanne! Denis, você disse que três fazendas que não foram atacadas ainda?
- Exatamente.
- E se fôssemos até elas?
- Evelyn, não! - Jeanne gritou. - Você já não acha loucura isso tudo?
- Loucura seria a gente não continuar depois de toda essa espera. Se conseguirmos estar lá quando ele atacar uma das fazendas, pronto! Fim do mistério.
- Evelyn tem razão. - Denis falou.
- Pois vocês podem ir sozinhos! Eu vou pra casa!
- Tem certeza? - perguntei.
- Tenho sim. - disse Jeanne, saindo do carro.
Quando Jeanne saiu e viu aquela rua deserta, iluminada apenas pelas luzes dos postes, mudou de ideia.
- Pensando bem, acho melhor eu ir com vocês... Sabe, para garantir que vocês não vão se machucar. - disse entrando de novo no carro.
- Ok. - eu disse. - Vamos atrás desse lobisomem, então.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Curiosidade: o toque do celular de Jeanne existe de verdade:
https://youtu.be/gGgQNDDgkFc
Espero que tenham gostado! ^^ (do toque e do capítulo kkkkk)