O Passado do Lobisomem escrita por Heringer II


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

O segundo capítulo do dia, quem diria? KKKKKKKKKKKKK

Espero que gostem! ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/791677/chapter/10

Os vizinhos vieram correndo para ver o que estava acontecendo. Tinham ouvido barulhos de animais assustados e gritaria naquela fazenda. Por onde olhavam, haviam animais mortos e cercas destruídas. Imediatamente lembraram-se dos casos que aconteceram anteriormente.  Não podia ser! Será que a tal fera havia atacado? Será que toda essa lenda era real?

Quando se aproximaram da casa, viram no chão os corpos do dono da fazenda e de seu ajudante.

*

Já era uma da madrugada e eu não conseguia dormir. Eu só conseguia me lembrar do que aconteceu poucas horas atrás. Eu me lembrava de como Aldo havia jogado os dois homens com uma força descomunal a qualquer idoso. Depois, comecei a pensar na supervisora do asilo, e o que ela pensaria quando soubesse que não só Aldo havia sumido, mas eu havia desaparecido com ele também.

E para piorar, outra lembrança veio na minha mente...

Toda vez que eu tentava dormir, me lembrava do sonho que eu tive dias antes. Sim... Aquele do lobisomem. Eu não conseguia me lembrar do sonho inteiro, mas lembrava com detalhes da criatura que apareceu nele. Cada vez que eu fechava os olhos, flashes da imagem do lobisomem apareciam na minha mente.

“Amanhã eu vou dormir na aula de história de novo”, pensei.

Percebi, então, que eu não conseguiria dormir enquanto não falasse sobre isso com alguém. Decidi ligar para Jeanne, mas lembrei que ela provavelmente estaria dormindo àquela hora. Apesar de eu já ter conversado com ela naquele horário antes, fiquei com medo de ligar e acordá-la.

“E agora, será que tem alguém que com certeza está acordado a essa hora?”

Claro que tinha! Denis! Ele sempre passava a noite acordado, ia para a escola e passava a tarde dormindo. Liguei para a casa dele, então.

Denis estava jogando Ragnarök, um jogo que era muito famoso naquela época, e conversava via MSN com os amigos.

— Cara! Presta atenção! - dizia Denis. – É a quinta vez que você faz uma cagada dessas!

— Eu não tenho culpa! – respondeu um dos amigos do Denis. – Você que não me disse como usa esse poder aqui!

— Eu pensei que não precisava! É um dos poderes mais básicos do jogo, seu noob!

— Noob é a sua mãe!

Denis ficou calado por um tempo.

— É, tenho que admitir que ela não sabe jogar esse jogo mesmo.

O telefone da casa de Denis toca.

— Ô, vou desligar o microfone aqui para atender o telefone. – Denis deixou o microfone no mudo e atendeu a minha ligação. – Alô.

— Denis?

— Evelyn? Por que está me ligando... – olhou para o relógio do computador. – A essa hora?

— Preciso falar uma coisa com você.

— É bom ser rápida, eu estou no meio de uma coisa importante.

— Club Penguin?

— Não. Esse eu só jogo no sábado.

— Enfim, que seja. Preciso conversar com você.

— Evelyn? Você está doente?

— Não! Por quê?

— Você ouviu o que acabou de dizer? Quer conversar COMIGO?

— Denis, cala a boca! Preste atenção. Eu quero que você me explique essa parada do lobisomem.

— Evelyn me pedindo para falar sobre o lobisomem? Você deve estar mesmo doente.

— Denis, para de palhaçada!

— Tá bem, o que você quer saber?

— Primeiro, como foi que tudo isso começou?

Denis minimizou o jogo e pesquisou nos sites de notícias da cidade quando foi a notícia mais antiga sobre o lobisomem.

— O primeiro caso de todos aconteceu em janeiro deste ano. Desde então, a suposta fera tem aparecido uma vez por mês. Mas, neste mês de junho, foi quando ela apareceu mais vezes até agora. Já são três aparições desde as últimas semanas... Não, espera...

— O que foi?

— São quatro.

— Quatro?

— Cerca de uma hora atrás, uma outra fazenda da zona rural foi atacada.

— Qual delas?

— Parece que foi a fazenda Trevo de Quatro Folhas.

Quando eu ouvi aquilo, me lembrei que a fazenda Trevo de Quatro Folhas fica muito próxima à praça onde eu e Aldo estávamos conversando. Não apenas isso, ela fica exatamente na mesma direção para onde ele foi.

— Evelyn? Você ainda está aí?

— Denis, eu... Não sei nem o que dizer.

— Algum problema?

— Denis, me diga uma coisa, o que você pensaria se eu te dissesse que o idoso que eu estou cuidando... Pode ser... O lobisomem?

— O QUÊ? – Denis falou alto, mas logo controlou a voz ao lembrar que seus pais estavam dormindo. – Como assim?

— Lembra que você me disse que o lobisomem havia atacado por duas noites, e na noite ontem ele não havia aparecido?

— Lembro.

— A supervisora me falou que o idoso que eu cuido havia fugido do quarto dele durante duas noites, e na noite de ontem, isso não aconteceu.

— Pode ter sido só uma coincidência.

— Foi o que eu pensei. Mas...

— Mas...?

— Hoje ele me levou até uma casa de apostas...

— Como é que é? Casa de apostas?

— É, mas o mais estranho não é isso. Dois caras vieram se meter com ele, e o velho simplesmente venceu um deles na queda de braço, e o outro, ele levantou no ar e jogo para longe. Detalhe: ele tem idade para ser meu avô. A lenda do lobisomem fala alguma coisa sobre super força?

 - Na verdade, não. Mas ela também fala que o lobisomem só aparece em noites de lua cheia, e nós sabemos que o nosso lobisomem não obedece exatamente essa regra. Ao que tudo indica, o tal lobisomem que ataca as fazendas da zona rural não é exatamente igual ao que a lenda fala.

— E o que a lenda fala?

— Ela diz que o lobisomem é um ser humano normal, mas que nas noites de lua cheia passa por um processo chamado licantropia, que é, exatamente, uma metamorfose de humano para lobo. Existem várias versões da lenda, mas a mais difundida aqui no Brasil é a de que se uma mulher tiver sete filhos homens, e o oitavo deles também for do sexo masculino, este se transformará em lobisomem.

Fiquei um tempo em silêncio, me lembrando da conversa que eu havia escutado.

— Agora que você falou isso, Denis, eu me lembro de que uma vez eu o escutei falando com alguém no quarto dele. Não sei com quem era, ele estava sozinho, e não tem telefone no quarto dele.

— Falando sozinho, talvez. Eu faço isso sempre.

— Enfim, independente de com quem ele estava falando. O mais interessante foi o que ele falou por último.

— O quê?

— “Deles, eu era o oitavo”.

— Será que ele estava se referindo à família dele?

— Não sei, realmente não faço ideia. É estranho porque ele não me conta muito sobre o passado dele. Na verdade, ele não me fala nada sobre a vida dele. Mas, você não acha estranho como tudo se encaixa?

— Sim, é.

— Você tem algum plano do que fazer?

— Pra falar a verdade, tenho sim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! ^^