Os Mistérios do Amor escrita por AmanteSolitária


Capítulo 13
Algo completamente errado (Cam)


Notas iniciais do capítulo

Sabe... Fiquei em dúvida se deveria postar esse capítulo hoje, mas aí vai! Possivelmente o maior capítulo da história toda!
Boa leitura.



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POV Cameron

Eu e o encosto nos dando bem é algo que eu nunca havia imaginado. Na vida. E eu tenho os meus motivos para não gostar dela, antes que vocês me julguem.

Entretanto, o lado bom de estar em trégua com a Samantha, é que, finalmente, pude começar a entender porque a minha irmã gostava tanto dela. Sammy era forte, determinada, mas disso eu já sabia. O problema foi quando começamos a realmente nos acostumar com estarmos em trégua. Comecei a perceber o brilho que surgia nos olhos dela quando sorria de forma sincera, a capacidade que ela tinha de ser gentil com as pessoas, como ela mudava de temperamento e se animava exponencialmente mais quando ouvia as músicas que gostava.

Com o tempo, as coisas entre nós foram melhorando e fui me acostumando a tê-la por perto.

No dia da estréia, estava falando no telefone com Tyler, e ele me lembrou de algo muito importante: Eu teria que beijar Samantha naquele dia, em algumas horas.

Eu havia esquecido completamente. Merda. Logo agora? Isso arruinaria totalmente a amizade que estávamos construindo. Era inusitado para mim, mas depois do dia que ensaiamos na janela, as coisas pareciam ter ficado diferentes. Havíamos virado parceiros. Parceiros era uma boa palavra. Não éramos próximos o suficiente para chamarmos um ao outro de amigo, mas tínhamos um foco em comum. Isso, parceiros.

Decidi que falaria com ela antes do beijo para tentar manter as coisas como estavam.

Brigando menos com Samantha, eu conseguia ficar mais próximo de Emma, o que me deixava extremamente feliz e era uma coisa que eu tentava retomar há anos, mas a proximidade que as duas amigas tinham me impedia.

Durante a primeira cena, encostei ao lado de Samantha na coxia: 

—Eu lembrei de uma coisa e queria te dizer para pensar que não seremos nós dois nos beijando, mas nossos personagens.- Disse e logo percebi como aquela frase parecia muito melhor na minha cabeça.

—Jura, Cameron? - Ela respondeu com ironia, arqueando uma sobrancelha. Lá estava o encosto novamente. - Relaxa, nada será levado para o pessoal.- Ela relaxou.

—Foi isso o que eu quis dizer. - Retruquei e comecei a me afastar.

—Só não esquece. -Parei com o som de sua voz.- Você tem que fingir que está apaixonado por mim, por menos que a minha face te apeteça.

—Meu problema com você nunca teve a ver com a sua aparência.-Respondi com sinceridade.- Você é bem bonita, aliás.- Terminei a frase sussurrando perto de sua orelha logo antes de um sorriso. Eu não me reconhecia mais. Samantha realmente era bonita, mas isso não era uma coisa que eu normalmente falaria para ela.

Na hora do beijo, minha supresa não poderia ser maior. Parecia que alguém tinha soltado fogos de artifício e que o mundo havia parado apenas para nós. Os lábios dela eram macios e uma pequena chama passava dela para mim continuamente. Quando ela se afastou e deu a fala, demorei alguns instantes para me realocar, tanto onde estávamos quanto no texto.

Eu estava sedento para provar seus lábios novamente quando dei minha última fala antes do segundo beijo. Como aquela garota, aquele encosto, me fazia sentir assim? Dessa vez, mais por instinto do que por vontade ou pensamento, pedi passagem com a língua para explorar sua boca. O toque das nossas línguas foi ainda melhor do que eu imaginava, parecia eletricidade fluindo entre dois corpos.

Entretanto, eu não podia pensar nela desta forma. Deveria me manter em paz com ela pelo bem da minha relação com a minha irmã, e, vê-la desta forma, não ajudaria nisso. De qualquer maneira, consegui aproveitar seus beijos até o final da apresentação e nas seguintes, que ficavam ainda melhores conforme nos acostumávamos e nos encaixávamos ainda mais.

***

No intervalo do jogo de sexta-feira, descobri algo que me deixou completamente puto, ouvindo, sem querer, uma conversa no vestiário. Como aqueles caras podiam ser assim em pleno século XXI? Para piorar toda a situação, e sabendo que eu não tinha gostado nada daquilo, Nathan ainda me provocou durante o jogo. Meu sangue subiu a cabeça. Como ele tinha a pachorra de insultá-la daquela forma? Não aguentei e o empurrei com força, o que nos rendeu uma pausa no jogo e duas broncas muito bem dadas do treinador.

Depois que o treinador saiu do vestiário e terminei meu banho, decidi falar com Jason e Nathan sobre o que havia descoberto:

—Eu sei de tudo e isso tem que parar. - Disse encarando de pé os dois que estavam sentados no banco do vestiário.

—Você não tem nada a ver com isso, Woods. - Retrucou Nathan.- Não se meta onde não foi chamado.

—Eu não sei como eu pude me envolver com pessoas como vocês.- Eu estava extremamente bravo. - Vocês são nojentos. E você. - Disse apontando o dedo na cara de Jason.-Não vai encostar um dedo nela ou eu acabo com a tua raça, estamos entendidos? Isso acaba agora e eu não quero saber os motivos para ter começado. E você? - Apontava agora na cara de Nathan.- Nunca imaginei que pudesse ser tão baixo.

—Cam, eu nunca pensei que se preocupasse com elas dessa forma.-Retrucou Jason por fim. - Você falava mal delas até não poder mais, eu só quero aproveitar a carne.- Soquei com força o armário de metal para descontar a raiva.

—É da minha família que vocês estão falando.-Eu já gritava a esse ponto. -Vocês não vão encostar em nenhuma das duas nunca mais, não vão dirigir a palavra a elas, estão me ouvindo? - completei.

—E se elas quiserem? - Jason respondeu, desviando os olhos rapidamente para Nathan enquanto arqueava as sobrancelhas.- Não vai ter nada que você possa fazer. - Ele tinha um sorriso sacana no rosto.- Além disso, do jeito que fala, até parece que tem sentimentos por ela.- Apontou com o polegar para Nathan, se referindo a Sam, o que fez o outro fechar a cara e se levantar.

—Eu cansei dessa baboseira toda. -  Disse saindo do vestiário.

—Você sabe que eu tenho razão.- Retrucou Jason antes de sair também.

Merda. Merda, merda, merda. Estava decidido, eu precisaria proteger as minhas meninas a qualquer custo. Soquei o armário repetidas vezes, descontando a minha raiva, antes de pegar as minhas coisas e sair do vestiário.

Quando olhei para o final do corredor, avistei Sam, com os braços de Nathan ao redor dela, caminhando para a saída. Ela olhou para trás e seus olhos se cruzaram com os meus.

Mesmo sem vontade, fui para a festa de comemoração. Só assim garantiria que Em e Sam estariam sã e salvas. Entretanto, quando cheguei lá, não encontrava Sam em lugar nenhum. Emma estava lá, conversando com o irmão de Nathan, Nickolas, e algumas outras amigas. Relaxei por um momento, conversando com alguns colegas do time, mas mantive meus olhos alternando entre Emma e a busca por Sammy.

Depois de alguns minutos ,finalmente vi Sam descendo as escadas. Ela não parecia bem. Ela olhou para Emma e fez um gesto. Minha irmã pegou Nickolas pela mão e saíram de lá. O que será que Samantha fazia lá em cima?

Pouco depois que elas cruzaram a porta, vi Nathan descendo as escadas e me olhando com um sorriso idiota na cara. Esse moleque só podia estar de brincadeira comigo. Ele caminhou até Jason, que por algum motivo tinha aparecido do meu lado:

—Deu certo? - Perguntou o cara que até mais cedo eu chamava de amigo.

—Tudo certo. - Respondeu Nathan tirando o celular do bolso.- Tudo aqui.- Terminou de falar e balançou o aparelho no ar.

Meu sangue ferveu. Porque Sam? Sério…esse cara? Eu peguei o celular da mão dele e joguei com força contra a parede. Ele se espatifou em diversos pedaços, caindo no chão logo em seguida. Eu encarei Nathan novamente.

—Melhor pra mim. - Respondeu dando de ombros.- Vou ter que fazer mais uma vez.- Ele não tirava aquele sorriso filha da puta dos lábios.- E ela é boa… Se é que me entende. - E piscou para Jason.

Foi nesse momento que eu não aguentei mais. Dei um soco em Nathan. Ele cambaleou para trás e eu me aproximei mais uma vez, socando-o várias vezes. Ele tentou revidar e me acertou algumas vezes, o que só aumentava minha fúria e me fazia querer continuar. Depois de um tempo, senti alguém me segurando e vi Jason segurar Nathan. Fiz força para me soltar e soube quem estava me segurando quando não consegui. Respirei fundo algumas vezes e levantei os braços em rendição.

Tyler me soltou. Olhei para Nathan com raiva. Ele estava quase desmaiado. Foi quando percebi que aquela festa tinha acabado para mim.

Apesar de não ter bebido uma gota de álcool, sabia que seria perigoso voltar para casa,  irritado daquela forma, de carro. Por isso, voltei correndo, buscaria o carro no dia seguinte.

Cheguei em casa e sentei, ainda no escuro, no banco do balcão da cozinha, com o rosto entre as mãos. Fiquei alguns minutos tentando entender o que havia acontecido naquela noite. Fui despertado dos meus pensamentos quando alguém acendeu a luz da cozinha. Era Sam. Ela estava linda, como sempre, mesmo que estivesse de pijama e um pouco descabelada:

—Ai meu deus, Cameron, o que houve com você? - Ela começou, abrindo o congelador e colocando gelo em um pano de prato.

—Você tinha que ver o outro cara. - Disse me lembrando da cara de Nathan quando eu saí da festa. Não contive o sorriso de deboche. Sam me deu um soco e me entregou o gelo.- Ai.- Retruquei antes de colocar o gelo na minha própria face. A garota era mais forte do que parecia.

—Isso foi por entrar em brigas. - Ela tirou o gelo da minha mão e aplicou logo abaixo do meu olho esquerdo.- Você vai ficar todo roxo.

—Se eu te contasse o motivo, você me daria razão.- Disse pronto para abrir tudo o que sabia para ela.

—Você é o que? Um homem das cavernas?-Ela não gostou nada do meu comentário- Não sabe conversar, não?

—Nesse caso não adiantaria. Acredite, eu tentei. - Estava mais uma vez me preparando para contar tudo a ela.

—Não vai me dizer que foi por causa da Ashley. -Ela fez uma careta, o que me fez sorrir.

—Não… Essa aí já é passado faz tempo. - Disse olhando em seus olhos. Samantha esboçou um… Sorriso? Talvez fosse apenas a escuridão ou algo da minha cabeça.

—Segura assim.-Ela pegou a minha mão e posicionou no lugar correto, segurando a bolsa de gelo improvisada.

O toque dela me fez arrepiar, me peguei lembrando da peça. Ela foi até o armário de copos e se esticou, mas não alcançou nenhum. Coloquei a bolsa de gelo na mesa e me aproximei para ajudá-la. Ela pulou antes que eu a alcançasse, quase me chutando. Coloquei uma mão em sua cintura para que ela parasse e estiquei a outra para pegar o copo para ela.

Nossos corpos ficaram colados, o que fez uma onda de calor percorrer meu corpo e ela se virou para mim, deixando nossos rostos a poucos centímetros de distância. Por mais que eu negasse e tentasse evitar, precisava beijá-la novamente. Precisava saber se aquilo que eu senti era apenas parte da atuação. Aproximei meu rosto lentamente, mas ela se virou de forma sutil, o que me deixou um pouco frustrado:

—Cameron, eu tenho namorado. - Samantha sussurrou. Ouvi-la dizer meu nome completo só enaltecia a forma que estávamos mais distantes do que eu gostaria naquele momento.

—Eu gostava mais quando você me chamava só de Cam. - Ela me olhou e seus olhos penetraram os meus. Não queria me afastar.- Porque não me chama mais assim? - Lembrei de quando ela brigava comigo me chamando pelo apelido. Por menos que eu gostasse de admitir na época, mostrava uma certa intimidade entre nós. Suplicava por tê-la perto de mim novamente.

—Eu… acho que fiquei com raiva quando você entrou na peça e desacostumei a usar seu apelido. - Ela falava pausado, olhando nos meus olhos, como se descobrisse a explicação a medida que as palavras saíam de sua boca.

—Você ainda tem raiva de mim, Sammy? - Eu estava sussurrando e, por menor que fosse, a distância entre nós ainda parecia muito grande.-Por causa disso? -Completei e ela balançou a cabeça em negativa.- Então me chame com carinho, por favor?- Eu puxei seu queixo para perto de mim e rocei meus lábios nos dela. Era o mais próximo que conseguiria de um beijo. Mesmo assim, arrepiei com a sensação.- Eu gostava bem mais daquele jeito.

—Ok, Cam. -Ela não pareceu perceber, mas, mesmo sussurrando, sua fala saíra como um leve gemido. Fechei os olhos. O que ela estava fazendo comigo?

—Assim que eu gosto. -Apertei um pouco mais sua cintura. Eu precisava dela. Por completo.

Ela fechou os olhos e abriu levemente a boca. Estava se entregando. Sorri levemente com isso. Entretanto, aquele não era o momento para tê-la, ainda. Não enquanto a história dela com Nathan não tivesse acabado. Não seria certo. Além disso, eu a odiava até meses antes e a suportava até o dia da estreia da peça. Algo assim não podia acontecer entre pessoas nessa situação, certo?

—E mesmo que você tenha um namorado, -Continuei.- não acho que ele seria o cara certo para você. -Ela abriu os olhos e me olhou incrédula.

—E quem seria o cara certo para mim? Você? - Ela me questionou com sarcasmo.

Abri os olhos. Ela me encarava com a sobrancelha arqueada. Não, eu não poderia responder que sim. Ela era melhor amiga da minha irmã, era o encosto da minha vida. Apenas dei de ombros em resposta.

—Só estou dizendo que, mesmo que tenha perdido a virgindade com o cara, você não é obrigada a ficar com ele, se não achar que é o cara certo.- Tentei desviar o assunto desse possível colapso. Ela colocou a mão em meu peito e me afastou. Mesmo por cima da blusa, aquilo me fez arrepiar.

—Não que seja da sua conta, mas eu não transei com Nate. - Como não? Mas na festa ele havia dito que… Agora eu entendi. Ele queria apenas me tirar do sério, não tinha feito nada com Samantha. - E, a não ser que tenha algo pra me contar, a minha vida amorosa continua sendo preocupação única e exclusivamente minha.- Não sabia se teria algo ou não para falar, mas aquele não era mais o foco da nossa conversa.

—Não transou? Mesmo? -Perguntei tentando conter o alívio. Ela arregalou os olhos e balançou a cabeça. Aqueles olhos castanhos maravilhosos.

—Agora que você já está atualizado sobre a minha vida sexual e muito bem cuidado, eu vou dormir. - Ela respondeu se virando de costas e começou a se afastar.

—Tudo bem. - Respondi sorrindo.- Boa noite, Sam.

—Boa noite, Cam.- Retrucou ela dizendo mais uma vez o meu apelido.

Da forma que ela saiu da cozinha, até tinha esquecido o motivo para ir até lá em primeiro lugar, deixando o copo vazio para trás.

Era errado, completamente errado. Um passo em falso poderia estragar completamente a parceria que estávamos construindo e, de quebra, levar a minha relação com a minha irmã gêmea para dentro do ralo. Eu precisava pensar com a cabeça e afastar qualquer emoção que poderia vir a crescer por Samantha Vermond.


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Notas finais do capítulo

Capítulo passado joguei várias bombas em vocês e ninguém me disse qual foi a reação! Hoje tivemos mais algumas e eu quero saber: O que estão achando? Gostam dos capítulos de POV do Cam? Com quem preferem a Sammy?
Vejo vocês na quarta.



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