Obi Wane-Shots escrita por Pugamegold


Capítulo 25
Queda e Ascensão


Notas iniciais do capítulo

Hello There!!! Como estão? Espero que bem

Trago para vocês mais um capitulo fresquinho e também uma recomendação nas notas finais.

Essa imagem me trouxe uma enxurrada de sentimentos e eu soube que precisava escrever algo com ela. Então pensei: E se Obi Wan tivesse chegado a tempo de evitar toda essa desgraça? E se ele conseguisse puxar Anakin para cima?

Eu realmente espero que gostem de ler tanto quanto eu gostei de escrever.

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Correndo sem se importar com o ar que faltava em seus pulmões, Obi Wan não fazia ideia de que o prédio do Senado era tão longe do templo Jedi. Na verdade, a distancia não era tão grande, mas para um homem correndo literalmente contra o tempo, qualquer trajeto acima de 5 km era o suficiente para que o desespero aumentasse a cada segundo que passava.

Segundos esses que eram preciosos e que não poderiam ser desperdiçados. A vida de Anakin dependia de cada um desses segundos.

Se ele soubesse, pelo menos tivesse suspeitado do que estava prestes a acontecer, teria levado seu antigo aprendiz na missão para capturar Grievous.  O teria levado nem que fosse amarrado. O pior de tudo era ele mesmo havia negado sua companhia. Tolo!

Quando soube das suspeitas de Anakin sobre o Chanceler ser o Lord Sidious, ele ainda estava em Utapau e teve que deixar Cody no comando do resto da operação. Ainda havia muito a se fazer no planeta, mas ele não podia deixar Anakin sozinho. Ele e Palpatine eram muito próximos e o rapaz provavelmente estaria sem saber como agir e consequentemente, acabaria  tomando uma decisão precipitada, como costumava fazer quando encontrava-se sem saída, encurralado.

Assim que chegou a Coruscant e não encontrou Anakin na câmera de reunião do conselho, onde mestre Windu disse que ele estaria, Obi Wan sentiu seu mundo girar. Uma terrível sensação de mal estar o envolveu e ele sabia que o tempo para o seu amigo estava se esgotando.

Ciente de que o tempo não estava a seu favor, Obi Wan se questionava aonde havia errado. Havia treinado o garoto, como Qui-Gon pedira. Esforçou-se ao máximo para que Anakin aprendesse e absorvesse todos os seus ensinamentos. Nunca duvidou de que ele era o escolhido, mas agora, era difícil ter certeza diante dos acontecimentos recentes.

O que fizera de errado? A resposta talvez fosse mais obvia do que ele gostaria de admitir. Talvez o erro tenha sido achar-se capaz de treina-lo. Talvez ele nunca devesse ter prometido a seu mestre que cuidaria do garoto. Se Anakin caísse, a culpa seria apenas sua, de ninguém mais.

Tique taque.

Parou em frente ao prédio do Senado ofegante. Olhou para cima e identificou a janela do gabinete do Chanceler e para o seu espanto, o vidro estava estilhaçado.  Sob seus pés, ele notou, milhares de caquinhos espalhados pelo chão e uma multidão começava a se formar ao redor do prédio.

Tique Taque.

Com o coração acelerado, baixou a cabeça e procurou por aquilo que provavelmente havia sido arremessado pela janela, causando aquele estrago.

Não achou nada. Seria um bom ou mau sinal? O que ele estaria procurando afinal, um corpo? O corpo de Anakin?

Balançou a cabeça e voltou seu olhar para cima. Não conseguiria alcançar a sacada, era alto demais e arriscado, pois não sabia o que encontraria ao pousar na área externa. Teria que chegar até os aposentos de Palpatine do jeito tradicional.

Tique Taque.

Respirou fundo e desatou a correr para o interior do prédio. Empurrou algumas pessoas pelo caminho – teria pedido desculpas se não estivesse sem tempo – e entrou no elevador do saguão que estava prestes a fechar as portas.

Nas raras vezes em que esteve ali, Obi Wan nunca se importou muito com a lentidão do elevador. Mas naquela ocasião, ele precisava que fosse um pouco, não, bem mais rápido do que o de costume.

— Com licença, mas estou com um pouco de pressa.  — Ele anunciou sem rodeios para os três passageiros que o acompanhavam. Caminhou até o painel de controle do elevador e apertou uma combinação de botões que fez com a velocidade da maquina aumentasse consideravelmente.

Cerca de 5 minutos depois, chegou ao andar onde ficava o gabinete e pulou para fora do elevador, ignorando os gritos de repreensão dos passageiros assustados com a atitude do Jedi.

Tique Taque.

Não precisou andar muito para chegar à entrada para a sala do chanceler, pois o andar todo era a sala dele. Um longo corredor a sua frente  o levou diretamente para o interior dos aposentos. Ao chegar, deparou-se com os corpos de três Jedis caídos no chão, mortos por um sabre de luz.  

Nenhum deles era Anakin. Sentiu-se extremamente egoísta por constatar isso com alivio.

Seu alivio, porém, foi momentâneo. Quando levantou o olhar, em direção a enorme janela que dava para o céu congestionado de Coruscant, Obi Wan identificou os dois indivíduos que estavam na sala. Um estava ajoelhado aos pés do outro.

— ... Meu mestre. — Encerrou o jovem ajoelhado e de cabeça baixa.

— Anakin! — Sua garganta doeu devido a intensidade de seu grito.

Mesmo com o rosto desfigurado, o mestre Jedi foi capaz de reconhecer O Chanceler Palpatine por debaixo de seu manto negro e este tinha um sorriso maquiavélico no rosto. Era ele, Darth Sidious! Como os Jedi não perceberam antes?

— Mestre Kenobi. Chegou bem a tempo. — A voz do homem parecia ecoar por todo o recinto, o que causou um arrepio na  espinha do Metre Jedi. — Revele-se a ele, meu novo aprendiz.

Com um aceno positivo, Anakin ergueu-se devagar e se virou, encarando Obi Wan diretamente nos olhos. Uma aura maligna emanava de seu antigo aprendiz, mas ele sentia também uma enorme confusão nele.

— Obi Wan. — Anakin disse pacificamente. — O que faz aqui?

— Eu é que lhe pergunto: o que faz aqui? — Obi Wan adentrou ainda mais na sala e começou a rodear o jovem, que o seguia atentamente com o olhar.  — Anakin, o que está fazendo?

— Você é mais esperto do que isso mestre. — Disse Skywalker, sorrindo de uma forma sinistra e contida. — Sabe muito bem o que isso significa. — Ele olhou por cima do ombro, em direção a Palpatine. — Este é...

— Lord Sidious... Sim, eu percebi. — Kenobi engoliu em seco. Seu peito ainda doía devido ao extremo esforço que desempenhara para chegar até ali. — Mas você não respondeu minha pergunta. O que está fazendo ao lado desse Sith?

Uma gargalhada estridente ecoou por todos os lados, fazendo Obi Wan retrair-se momentaneamente.

— Não se deixe enganar Lord Vader, a ingenuidade dos Jedi é só uma mascara para esconder toda a corrupção existente dentro da doutrina extremista deles. – Sidious disse entredentes.

— Anakin. —  Kenobi disse devagar. — Afaste-se, deixe que eu cuido disso. — Ele parou ao lado de seu antigo aprendiz. Seu olhar fuzilando Lord Sidious. — A guerra acabou. Grievous está morto e é só uma questão de tempo até localizarmos os outros lideres separatistas. Você conseguiu Anakin. — Ele fitou o rapaz com ternura, torcendo para que assim conseguisse quebrar a muralha que havia crescido ao redor dele. — Conseguiu encontrar o responsável por tudo isso.

— Acha que eu vou cair nesse  joguinho de novo, mestre? — A voz de Skywalker era fria e indiferente. — Eu abri os meus olhos. Os Jedi são os responsáveis pela guerra, por tudo isso! — jogou as mãos para trás, revoltado.

— Do que está falando? – O desespero era evidente na voz do ruivo. – Anakin, é ele! – Obi Wan apontou para Palpatine  — É ele que estávamos procurando. Não percebe que fomos manipulados todo esse tempo por ele? O chanceler é Maligno Anakin! Ele é um Sith, nosso maior inimigo.

— Na minha opinião, os Jedi são malignos! Os Jedi são os manipuladores! —  Skywalker sacou seu sabre de luz e o ativou, apontando-o para seu antigo mestre. — Não vou mais acreditar nas mentiras que eles contam e você também não devia Obi Wan.

— Você está cego meu amigo — havia tristeza em sua voz e uma desolação em seus olhos azuis. — Está sendo manipulado por Lord Sidious. Mas eu não vou permitir que isso continue. — O ruivo apanhou o seu sabre de luz e o ativou também, adotando sua posição de ataque. —Isso termina aqui e agora.

Enquanto discutiam, Obi Wan percebeu que o recém-descoberto Darth Sidious tentava disfarçadamente enviar uma mensagem para um remetente desconhecido e naquela hora, ele percebeu que o plano do Sith ia  muito além do ele era capaz de supor.

Sem pestanejar, Obi Wan estendeu a mão e com a força, atraiu o aparelho comunicador das mãos esqueléticas do homem deformado. Com o aparelho na palma da mão, ele fechou os dedos ao redor do objeto com força, estilhaçando-o.

— Não vou permitir que chame reforços. — Ele disse rispidamente e o lorde sombrio riu de forma sarcástica.

— Não me obrigue a mata-lo Mestre. — Anakin disse, sem esboçar reação alguma. — Junte-se a mim. Nos dois poderemos trazer a paz para a galáxia, a paz pela qual lutamos por tantos anos. — Ele abriu os braços, como se chamasse o ruivo para um abraço, selando uma união malévola entre eles. — Você não tem opção. Esse é o único caminho.

Aquele não era Anakin. Seu amigo jamais o ameaçaria, jamais o forçaria a escolher algo que fosse contra seus ideais. Mas Obi Wan sabia que o jovem Jedi ainda estava ali em algum lugar, ainda tinha chance de ser salvo, ser libertado do envolvente e sufocante lado sombrio.

— Meu dever é com a Republica, Anakin! Com a democracia! —  O mestre Jedi exclamou e voltou a andar em círculos, mas dessa vez indo na direção contraria. — Eu jamais me entregaria ao Lado sombrio.

— Se não é meu aliado, então é meu Inimigo! — Gritou Anakin em resposta. — Acha mesmo que é páreo para mim Obi Wan? Acha que pode me vencer?

O ruivo desviou o olhar de Anakin rapidamente, focando-o no lorde sombrio que estava bem atrás. Sua expressão era sádica e parecia estar se deliciando com o conflito entre os dois, com o caos que os envolvia.

— Posso não ser forte o suficiente, mas sou mais experiente Anakin, e você sabe disso. — Obi Wan focou no rapaz novamente e estreitou os olhos. — Não precisamos fazer isso. Eu não quero fazer isso.

— Você tem razão, mas eu conheço todos os seus truques mestre. — Skywalker rebateu e sorriu, um sorriso quase tão cruel quanto o de Palpatine e isso atingiu Obi Wan em cheio. — Será fácil derrota-lo, ainda mais por que consigo sentir sua relutância em duelar comigo.

— Então sabe que não vou atacar primeiro. — Kenobi disse, engolindo amargamente as palavras desafiadoras daquele que um dia foi seu padawan.

Ele segurava o cabo de sua espada reluzente com força, para que Anakin não percebesse a tremedeira que se apossou de seus membros. Ele não queria duelar com seu amigo, não daquele jeito.  Ali, encarando-se como dois inimigos mortais, a luta só terminaria quando um dos dois morresse.

Anakin contraiu os ombros e avançou, brandindo o sabre de luz na vertical. Com um ligeiro movimento, Obi Wan protegeu-se do ataque. O encontro das duas laminas azuis proporcionou um contato mais próximo entre os dois e por meio do contato visual, Obi Wan tentou se comunicar com o que ainda restava de Anakin Skywalker.

``Anakin... Liberte-se Anakin!´´ — as palavras flutuaram em sua mente

O jovem empregou mais força sobre sua lamina, fazendo que o ruivo recuasse três passos. Não havia alternativa, teria que quebrar a conexão visual.

Com toda a sua força e usando seu sabre de luz, Kenobi empurrou Anakin para trás. A distância entre eles aumentou alguns centímetros e embora a luta nem tivesse começado direito, arfavam como se estivessem duelando há horas

— Mostre a ele o poder do lado sombrio, Lord Vader — Palpatine exclamou. Sentia-se como um expectador, prestes a presenciar um massacre. — Mate-o, como fez com Conde Dooku.

Mais uma investida de Anakin, mas dessa vez segurando o sabre na diagonal. Obi Wan conhecia bem esse movimento e preparou-se para defender-se de novo, mas numa fração de segundos, tudo mudou. Anakin pulou e girou o sabre, junto com seu corpo. A alteração repentina pegou o mestre Jedi de surpresa, fazendo o recuar novamente e tropeçar numa cadeira caída atrás de si.

Deitado de costas no chão, apoiado em seu cotovelo esquerdo, Obi Wan Ergueu o sabre na horizontal de forma improvisada, conseguindo amortecer a espada de Anakin e impedindo-a de descer totalmente. Se tivesse acontecido, sua perna direita teria sido decepada.

O contato entre as duas espadas durou tempo suficiente para que o ruivo girasse sua perna esquerda e desse uma rasteira em Anakin, derrubando-o no chão ao seu lado.

— Já chega Anakin! —  Kenobi gritou enquanto ficava de pé, mas sabia que seu amigo estava sendo mentalmente controlado pelo lorde sombrio. — Isso não vai te levar a lugar algum, só vai causar a sua destruição.

Com uma pequena vantagem, Obi Wan conseguiu posicionar seu sabre de luz sobre o pescoço de Anakin, impedindo-o que levantasse.

— Você não sabe do que está falando! Não sabe do que está em jogo! — Anakin gritou a plenos pulmões.

— Então me diga! — Obi Wan suplicou —  Me deixe ajuda-lo. Eu posso...

— Não! —  Anakin gritou, distraindo o ruivo momentaneamente.

Movendo a mão direita com ferocidade, Anakin lançou sobre seu antigo mestre a mesma cadeira em que ele tropeçara. O impacto pegou o ruivo de surpresa e o deixou atordoado, fazendo-o soltar seu sabre de luz, que rolou pelo chão.

O encosto da cadeira acertara em cheio a nuca do jedi e por alguns segundos, sua visão tornou-se escura. Graças a sua intuição, ele foi capaz de se jogar para o lado, a tempo de evitar o contato com a lamina incandescente de seu oponente.

Vulnerável por causa da visão que agora se encontrava embaçada, Obi Wan tateava o chão em busca de seu sabre de luz.

— Veja como os Jedis são patéticos Lord Vader. — Palpatine pronunciou-se. —  No final das contas, não passam de vermes covardes que rastejam pelo chão.  — Sua expressão tornou-se sombria. —  Mate-o agora. Livre-se dele e considere isso como parte de seu treinamento. — A espontaneidade com que dizia aquelas palavras deixou o ruivo enjoado.

Anakin absorveu a ordem de seu mestre e olhou de relance para ele, torcendo para que não percebesse sua hesitação em levantar seu sabre de luz. Estava a poucos passos de Obi Wan e bastava um movimento simples para decapitar o ruivo. Rápido e fácil, como havia feito com Conde Dooku.

Mas, tratava-se de Obi Wan! Seu antigo mestre e seu melhor amigo, que em varias ocasiões agiu como um pai para ele. Esse seria o fim de Kenobi? Ele seria o responsável por mata-lo? Se fizesse isso, sua transição para o lado sombrio estaria completa. Não haveria mais volta e nada nem ninguém poderia salva-lo.

— Faça! — Ordenou Palpatine impaciente.

Anakin levantou a lamina e a paralisou no alto de sua cabeça. Olhava com atenção para o ruivo ajoelhado, que ainda procurava pelo sabre de luz perdido.

Embora ainda estivesse meio zonzo por causa do impacto, Obi Wan estava completamente consciente do que estava prestes a acontecer.

Tique Taque.

Seu tempo estava se esgotando.

Tique Taque.

Seu tempo havia se esgotado e assim como o tempo, os Sith não tinha piedade.

Uma duvida surgiu em sua mente tumultuada. Anakin havia caindo tanto assim de fato, a ponto de se tornar um Sith? A ponto de mata-lo a sangue frio? Sua resposta não demorou a chegar.

Os dedos de Anakin tremiam, assim como todo o seu corpo. Ele não queria, mas seu corpo já não respondia aos seus comandos. Era como se seu corpo fosse uma marionete e estivesse preso a cabos invisíveis que eram controlados por Darth Sidious, do outro lado da sala.

Ele tinha controle apenas de seus olhos e os fechou quando desceu a espada em direção à cabeça de Kenobi.

O ruivo teve tempo apenas de agarrar seu sabre de luz antes de rolar pelo chão. A espada desceu tão rápido que ele sentiu sua bochecha esquerda arder por causa do contanto momentâneo da lamina contra sua pele.

Obi Wan ergueu o rosto afobado e encarou Anakin, que estava estático. Seus olhos estavam arregalados e cheios de medo.

— Anakin, liberte-se! Você pode se libertar do controle dele  — Obi Wan disse ainda apoiado sobre seu joelho esquerdo, atropelando-se com as palavras. — Você consegue, deixe me ajuda-lo.

— Você não entende. Só ele pode me ajudar... —  a voz de Anakin saiu num sussurro.- Só ele pode me ajudar a salvar Padmé e meu filho.

Obi Wan sentiu um soco em seu estomago. A noticia não era totalmente inesperada para o mestre Jedi, mas recebe-la assim, num momento tão critico como aquele em que estava, foi forte o bastante para deixa-lo ainda mais atordoado. Então era por isso?

— Acha que poderá salva-los desse jeito? — Urrou o Chanceler. — Você me decepciona, meu aprendiz. Achei que fosse capaz, mas vejo que me enganei ao seu respeito. Sua hesitação fede como um corpo podre.

— Mestre. — ANakin disse e Obi Wan não soube distinguir a quem ele se referia.

— Anakin, me escute.  — Obi Wan levantou-se — Padmé precisa de você, seu filho precisará de você. — Ele ergueu a mão direita, em um gesto de paz. — Eu preciso de você. — Seus olhos ficaram marejados. — Você é meu irmão Anakin e eu amo você. Por favor, lute contra ele, expulse-o de sua mente. Você é capaz!

— Eu não sou mestre... Eu não sou... — Anakin desativou seu sabre de luz e deixou o braço pender ao lado do corpo como o pendulo de um relógio. — Me desculpe.

De repente, não havia mais um homem, mas sim um garotinho assustado. Anakin tornara-se um padawan novamente, frágil e instável, sem saber por qual direção seguir, esperando que alguém o guiasse. O guiasse para a luz.

Vendo- tão fragilizado, o coração de Kenobi se retraiu, como se mãos invisíveis o apertassem. Anakin ainda estava lá, estava bem no fundo, mas estava lá e ele só precisava ser puxado para cima. Ele só precisava que alguém lhe estendesse a mão.

E era exatamente isso que Obi Wan faria. Não desistiria de seu amigo, mesmo que no processo, perdesse sua vida.

— Eu que peço desculpas pelo que terei que fazer. — Obi Wan disse, ativando seu sabre de luz.

Anakin era uma ameaça a si mesmo e principalmente, para o ruivo, por isso tinha que ser neutralizado. Obi Wan claramente não o machucaria mortalmente, apenas o suficiente para que tivesse tempo de atacar a verdadeira fonte de todo aquele mal: Darth Sidious. Para isso, tinha que tirar o rapaz de seu caminho.

Ele sentiu desprezo de si mesmo quando colocou em pratica o seu plano. Girando seu sabre de luz, ele direcionou o movimento para o braço robótico de Anakin, que era o mesmo que segurava o sabre de luz. Skywalker só se dera conta do que aconteceu, quando olhou espantado para o chão e constatou que seu braço fora cortado ao meio.

— O que? — Foi tudo o que o jovem conseguiu balbuciar antes de ser empurrado pela força que Obi Wan jogou sobre ele, lançando-o para trás.

Anakin rolou pelo chão e bateu com a cabeça, perdendo instantaneamente os sentidos. Enfezado, Palpatine olhou para o corpo inconsciente de seu aprendiz e depois fuzilou Obi Wan com uma raiva que poderia partir o mestre Jedi ao meio.

— Maldito! — Gritou Ele e apontou suas mãos cadavéricas para o ruivo. Raios azuis saíram de seus dedos e voaram em direção ao Jedi, que se defendeu como pode com seu sabre de luz. A ultima vez em que fizera isso, em sua luta contra Conde Dooku em Genonosis, o resultado não foi muito positivo para Obi Wan.

As descargas elétricas eram intensas demais. Palpatine lançou uma segunda carga de choque e dessa vez, Obi Wan não conseguiu dispersar os raios. Envolvido pela descarga elétrica, o Mestre Jedi foi erguido no alto e lançado em direção ao parapeito da janela.

Rolou pelo chão e parou ao lado de Anakin, cuja lucidez retornava aos poucos.

— Obi Wan. — Ele murmurou.

— Acho que é o nosso fim, meu amigo. — O ruivo estava de barriga para cima e respirava com dificuldade por causa do esgotamento físico. — Eu sinto muito, Anakin. Eu falhei com você...

— Não sinta, Mestre... Ainda não.

Anakin conseguiu sentar-se. A partir dai, tudo aconteceu muito rápido. Ele gesticulou com a mão humana – fez um movimento de abrir e fechar os dedos – e puxou o braço para trás, puxando uma espécie de corda invisível.

Uma luz cintilante atravessou o peito do Lorde Sidious, que mesmo tendo sido perfurado, ainda mantinha um sorriso maldoso nos lábios. 

O sabre de luz de Anakin caiu no chão apagado e os dois Jedi olharam para o buraco recém-aberto no corpo do Sith.

— Acham que isso é o suficiente para me derrotar? —  O sith gritou desdenhoso.

Anakin desabou no chão, desacreditado. A ideia de apunhalar um Sith lhe parecia ser muito boa, mas provou-se ser um fracasso.

— Talvez seja mesmo nosso fim. —  Disse ele pausadamente.

— Pelo menos estamos juntos e é isso que importa Anakin. — Obi Wan levantou metade do corpo e soltou um leve gemido de dor. — Pelo menos você libertou-se do lado sombrio.

Vagarosamente, Sidiou caminhou até os Jedi caídos e parou bem próximo a eles. Seus dentes podres estavam à mostra, mostrando claramente seu contentamento com a derrota dos dois.

— Tanto potencial desperdiçado jovem Skywalker. Juntos, poderíamos conquistar a galáxia. Juntos, você teria poder suficiente para salvar sua mulher e o bebe que ela carrega. — Ele chutou a perna direita de Anakin, que soltou um rosnado em resposta — Agora, não me resta alternativa se não mata-lo e procurar outro aprendiz.

Ele estendeu seu braço e de sua manga, desceu um sabre de luz cuja lamina vermelha se ascendeu imediatamente.

Com apenas um golpe, ele poderia eliminar os dois e Obi Wan sabia muito bem disso. Deu uma ultima olhada ao redor e percebeu com certa melancolia, que não havia salvação para ele, nem para Anakin.

Ou será que havia?

Tique Taque. Ainda havia tempo.

Com o canto do olho, Obi Wan avistou um objeto metálico familiar. Estava tão próximo, que bastava esticar um pouco a mão e os dedos para agarra-lo.

Era tudo ou nada. Um pensamento muito rápido surgiu na mente de Obi Wan e ele soube que Anakin saberia o que fazer em seguida.  Bastava ele dar o primeiro passo.

Esticando-se o máximo que pode, Kenobi alcançou o sabre de Mace Windu. O posicionou na frente do peito e o ativou no exato momento em que Lorde Sidious inclinava-se sobre ele, pronto para arrancar-lhe a cabeça.

— Eu já disso, isso é inútil... — Disse o Sith, estreitando os olhos quando a lamina roxa atravessou seu corpo ao lado do furo anterior. — Seu desespero é comovente Jedi...

— Não conte com isso!  — Gritou Anakin, erguendo-se do chão com um salto.

Sem que Sidiou percebesse  –mesmo que ele quisesse, não conseguiria a captar a transmissão de pensamento que houve entre os dois – Anakin  atraiu seu sabre de luz novamente, agarrando-o no ar quando levantou-se do chã.  Com rapidez, abaixou a lamina fluorescente o mais forte que pode, decapitando instantaneamente o lorde Sith.

Não houve sangramento, pois a lamina cauterizara o corte profundo e preciso. A cabeça cujo rosto estava marcado por uma expressão de raiva e pavor quicou algumas vezes pelo chão e parou há alguns centímetros do corpo, desfalecido no carpete.

O silencio tomou conta do gabinete destruído. Havia apenas a respiração dos dois Jedi, incrédulos pelo que tinham acabado de fazer.

— Conseguimos? — Perguntou Anakin cuja respiração estava irregular. A adrenalina correndo pelas suas veias.

— Acho que sim.  — Respondeu Obi Wan, levantando-se e indo de encontro ao seu amigo. —Espero profundamente que sim.

Anakin largou sua espada e caiu de joelhos ao lado do corpo decapitado.

— O que foi que eu fiz Obi Wan? — Lagrimas surgiram em seus olhos e ele as limpou com a mão.

— Você trouxe o equilíbrio Anakin. Cumpriu seu destino. — Kenobi ajoelhou-se ao seu lado. — Salvou a todos nos.

— E as coisas que eu fiz? As pessoas que eu matei? — O rapaz olhou desolado para a janela estilhaçada. —  Mestre Windu, eu... Eu o matei Mestre! Eu o matei!

Obi Wan o encarou assustado e depois olhou em direção a sacada do recinto. Balançou a cabeça e colocou a mão no ombro do jovem.

— Algo me diz que nem tudo esta perdido, meu amigo. Tenho a impressão de que a partir de agora, as coisas irão melhorar.

Anakin não respondeu. Entregou-se as lagrimas e foi amparado pelo abraço de seu antigo mestre.

— Estou aqui.  — Obi Wan apertou os braços ao redor de Anakin. — Não importa o que aconteça, estarei aqui.

 

 

Obi Wan tinha razão no final das contas. Após a morte de Darth Sidius, a nuvem negra e maligna que parecia pairar sobre a galáxia desaparecera e um alivio coletivo surgiu em seu lugar, dando a todos uma nova perspectiva sobre o futuro.

Mace Windu não havia morrido de fato, mas estava gravemente ferido e precisou passar bastante tempo submerso em um tanque bacta, para que pudesse se recuperar. Levou algum tempo para que ele conseguisse assimilar tudo o que havia acontecido, e levou mais tempo ainda para perdoar Anakin. Mesmo assim, toda vez que se encontravam, a desconfiança era evidente no olhar do mestre.

Em compensação, todo o jogo criado por Darh Sidious fora descoberto e todos os seus apoiadores e aliados foram condenados. A guerra finalmente encontrou o seu fim. Não haveria mais mortes, não haveria mais perdas. A galáxia poderia prosperar e quem sabe, alcançar a tão sonhada paz.

Apesar das influencias do lado sombrio que sofreu durante praticamente toda a sua vida, Anakin superou as expectativas e conseguiu-se libertar, mesmo tendo chegado tão perto de ser totalmente controlado pelo lado negro da força.

Graças a isso, e ao fato de ter derrotado Darth Sidious, ele foi considerado inocente de todas as acusações ao seu respeito. Se não fosse pelo `` pequeno detalhe´´ de que ele havia ido contra o código Jedi e se casado e ter tido gêmeos, ele teria sido convidado a participar do alto conselho Jedi, dessa vez como mestre de verdade, apesar dos protestos nada discretos de Mace Windu.

 

 

— Obrigado por não ter desistido de mim Obi Wan. —  Disse Anakin. Ele segurava uma pequena Leia adormecida em seus braços e Obi Wan tentava fazer um agitado Luke juntar-se a ela no mundo dos sonhos.

Encontrava-se no apartamento de Padmé agora. Alguns meses haviam se passado desde a épica luta travada contra o Lorde Sombrio, mas o rapaz ainda tinha pesadelos recorrentes e isso o impedia de dormir adequadamente. Se não fosse pelos gêmeos, ele suspeitava que poderia ter enlouquecido.

— Não precisa me agradecer Anakin. Eu jamais desistiria de você. Fiz uma promessa, há muitos anos, lembra-se?

— É, mas acontece que eu quase o matei. Eu quase destruí tudo.  —  Ele fitou Obi Wan angustiado. — Eu o decepcionei Mestre e sinto muito por isso. Se eu pudesse voltar no tempo e consertar tudo isso...

— O que está feito, esta feito padawan. — Luke soltou um bocejo e se aninhou nos braços do mestre Jedi. — Não se torture com isso, faz parte do seu passado agora, de quem você é. — Ele fechou os olhos e começou a ninar o menino. —Tenha orgulho Anakin. Orgulho de ter vencido o lado sombrio e de poder estar aqui e aproveitar ao lado de sua família.

— Eu fui expulso da Ordem Jedi... Quase matei um mestre... Quase me tornei um Sith  —Anakin deu de ombros e Leia choramingou por causa do movimento. — Como pode me dizer para ter orgulho?

Obi Wan olhou com carinho para o bebe em seus braços e sorriu do jeito caloroso e acolhedor de sempre.

— Eu tenho orgulho de você. Padmé tem orgulho de Você — Ele indicou o queixo barbudo em direção ao menino que aos poucos ia entregando-se ao sono. — E seus filhos terão orgulho de você, quando forem mais velhos e conseguirem compreender o que significa. A vida é feita de escolhas Anakin e nenhuma delas e fácil. Nos cometemos erros e devemos aprender com eles.

— Será? —  O rapaz perguntou depois de dar um longo suspiro.

— O que?

— Será que eles sentirão orgulho de mim também quando descobrirem o que eu fiz?- Anakin sentou-se na poltrona mais próxima, cabisbaixo.

— A resposta esta em seus braços meu amigo. —  Obi Wan falou baixinho.  — Consegue ver?

O rapaz olhou para Leia e um ponto de interrogação surgiu em sua face.

— Esse sentimento que os Jedi passaram tantos anos tentando oprimir, esse sentimento chamado amor. —  Ele assobiou o começo de uma cantiga de ninar. É a sua resposta. Ao mesmo tempo em que ele pode ser perigoso, pode ser a salvação e você experimentou os dois extremos. — A expressão de duvida ainda continuava no rosto de Anakin e Obi Wan gaguejou — O que eu quero dizer é que o amor possui sua própria força. Enquanto houver amor entre vocês, todo o resto não importa. Seus filhos já o amam tanto que eu tenho certeza de que nunca o julgarão pelas suas falhas, pelo contrario, irão admira-lo por sua coragem e determinação.

Anakin baixou a cabeça. Um silencio assustador tomou conta do ambiente.

— Obrigado mestre. — A voz do jovem saiu embargada. — Obrigado por ter me puxado para a superfície. Sem você eu não teria conseguido.

— De fato — Obi Wan sorriu de forma travessa. — Estamos quites agora, eu suponho.

— Que tal simplesmente pararmos de contar quantas vezes um salvou o outro? — Anakin bocejou. — Não tem graça brincar com você.

A noite aproximava-se devagar dos céus de Coruscant. E seria assim a partir de agora. Não havia mais necessidade de ter pressa. As coisas aconteceriam no tempo certo, do jeito certo e enquanto estivessem juntos, tudo ficaria bem.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Me contem hahaha
Desculpem qualquer erro viu, estou meio sem tempo, mas estava muito ansiosa para compartilhar com vocês e por isso, mais tarde, vou dar uma revisada novamente e corrigir eventuais erros kkkkk

Eu já tinha escrito esse conto há alguns dias, mas depois de achar uma oneshot, eu me senti revigorada e inspirada, então esse é o resultado final. Sempre pensei que se Obi Wan estivesse por perto, talvez nada disso tivesse acontecido. Ele não teria caído e nem se tornado Darth Vader por completo. Mas infelizmente, não foi desse jeito kkkkk

https://archiveofourown.org/works/26865346

eu amei essa historia. É tão rica e me deixou pensando sobre ela durante vários dias, então eu super recomendo para vocÊs lerem, garanto que não vão se arrepender. É tão tocante e envolvente que me deixou sem palavras

Obrigada por acompanharem e até o próximo.
Que a força esteja sempre com vocÊs...
Bjs e abraços.



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