Green Light escrita por Tia Lucy


Capítulo 7
Capítulo 4 - Pammy & Nick


Notas iniciais do capítulo

Oilá diamantezinhos da tia, tudo bem com vcs? Espero q sim.

Então, eu meio q me esqueci de atualizar sdhdjkhdkja acontece nas melhores famílias.

Aviso do capítulo: Assédio, descaso com doenças mentais de acordo com os preconceitos da época, linguagem vulgar e menção de violência e sangue.

Boa leitura



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— Isso é ridículo — resmungou Nick, constrangido, sentindo os dedos espalharem espuma de barbear pelo seu rosto e pescoço.

— Quieto, Hamlet — Pammy o repreendeu, o que era engraçado, já que Nick tinha idade para ser seu pai. — E não é como se você pudesse encostar uma navalha na sua jugular.

Um dos efeitos colaterais das dosagens cada vez menores, era um tremor contínuo das mãos de Nick. Pammy pensou, que isso também era causado pela abstinência do álcool. Em todo o caso, ela contava com que o primo fosse cuidadoso, porque qualquer suspeita vinda de um dos enfermeiros, arruinaria todos os seus planos.

Nick piscou um pouco e tentou manter a calma, o que não era fácil, sabendo que tinha uma lâmina contra o seu pescoço. Pammy, por sua vez, estava relaxada e concentrada no seu serviço. Não era a primeira vez que fazia a barba de alguém, muito menos a barba de Nick, já era familiarizada com os contornos do rosto dele:

— Por que a porta tá fechada? — Henri entrou de repente.

No susto, a lâmina na mão dela escorregou, cortando a pele logo abaixo do lábio inferior de Nick. Ele mordeu a língua tentando não gritar, com os olhos lacrimejando:

— Olha o que você fez — Pammy exclamou nervosa, molhando o pano na água morna, limpando o local do corte.

— Um cortezinho não faz mal a ninguém — o enfermeiro deu de ombros. — Não é como se ele pudesse denunciar você — Henri percebeu que Nick olhava para ele, muito intensamente. Resolveu ignorar. — Você vai visitar o velho Johnson hoje?

— Não é da sua conta — ela respondeu mal-humorada.

— É sim, você é a minha noiva — Henri riu, se aproximando, até ficar do outro lado da cadeira de Nick, olhando diretamente para ela.

— Somos? — Pammy parou de cuidar do corte, e o encarou. — Eu não respondi nada.

— Responder? — ele riu mais. — Se eu disse que você é minha noiva, então você é minha noiva.

Henri apertou o queixo de Pammy e a beijou nos lábios, um beijo intruso e duro, que a pegou de surpresa. Nick deu um tranco na cadeira, fazendo a roda menor passar por cima do pé do enfermeiro. Ele se afastou e gritou com a dor, se apoiando na cadeira para massagear o pé por cima do sapato:

— Merda — Henri grunhiu. — Eu deveria colocar a sua cabeça no forno.

Pammy que tinha o olhar perdido, ainda se refazendo do susto, voltou seu olhar para Henri. Era um olhar mortal, quase assassino, e mesmo Henri sentiu um arrepio na espinha:

— Se você fazer alguma coisa contra ele... — ela tocou as costas do primo, sentindo a respiração alterada dele. As suas ações eram controversas, ao mesmo tempo que Pammy queria acalmar Nick, sua voz estava nervosa, carregada de ameaça e terror —, eu mato você.

Henri a encarou sem ação, até que Pattie apareceu na porta para chamá-lo. O enfermeiro passou por ela, deixando o clima estranho no ar:

— Tá tudo bem aqui? — Pattie perguntou.

— Está — Pammy abaixou o olhar, esfregando as costas de Nick.

Pattie deu um olhar suspeito, mas acabou saindo, fechando a porta atrás de si:

— Desgraçado — Nick resmungou.

— Você está bem? — ela perguntou, sua voz tremendo.

— Eu é que deveria fazer essa pergunta, afinal, não fui eu que fui beijado a força — Nick se levantou com dificuldade, sentindo como seus membros fossem peças enferrujadas de uma máquina velha. Ele a guiou para que Pammy se sentasse na sua cama. — Você não precisa passar por isso. Pode ir embora a qualquer momento.

— Eu prometi que ia te tirar daqui — ela falou segurando a sua mão. — E eu vou tirar. Não importa o que.

— Eu me importo com o que — Nick apertou a mão dela entre as dele, tentando dar algum conforto e passar a sua mensagem.

— Se importa?

Pammy quase desabou com isso. Era engraçado como Nick tentava parecer sério, com espuma de barbear pelo rosto inteiro, e com corte no lábio inferior minando sangue. Era tão familiar e aconchegante, e Pammy queria muito que Nick estivesse falando a verdade, queria que ele se importasse, nem que fosse um pouquinho só, com ela.

Ela deu um beijo no ombro dele, encostou a sua testa lá, fechando os olhos.

 

 

 

Já havia algumas semanas que Nick tinha retomado a consciência, ou como ele mesmo dizia, ter voltado ao mundo dos vivos. Agora tudo estava tranquilo, mas naquela noite, a noite que Nick despertou, foi o dia mais difícil de todos. Pammy tentou explicar a situação o melhor que pode, entre exclamações iradas e sussurros nervosos:

— Que quantidade? — Nick perguntou, na noite que acordou.

— O suficiente para entrar num "coma de olhos abertos" — ela respondeu.

Ambos estavam sentados na cama de Nick, de frente um para o outro. Estava no meio da madrugada, e só se ouvia passos uma vez ou outra, que até chegavam a passar pelo corredor, mas ninguém se atrevia a abrir a porta do seu quarto:

— Não estou no Perkins, estou? — ele olhou ao redor, tentando ver alguma coisa na penumbra.

— Não, está no Sanatório Waterloo, em Illinois — Pammy respondeu. — Você está aqui a um bom tempo.

— Quanto?

— Desde 1926 — ela suspirou nervosa, se lembrando da felicidade do pai no jantar daquela noite, depois de receber uma ligação. — E estamos no final de abril, de 1942.

Nick começou a ficar ofegante, seus olhos inquietos iam para todos os lugares, seus ombros começaram a tremer:

— Você não tá sozinho, eu vou te ajudar — ela ofereceu.

— Quem é você? — Nick perguntou nervoso.

— Pamela Fitzgerald — Pammy mordeu os lábios, ela não fazia ideia de como explicar, sem contar toda a verdade. — Um pouco depois de começar a trabalhar aqui, descobri sobre você, e decidi te ajudar.

— Por qual motivo?

— Sem motivo, só por justiça.

— Não existe justiça — ele disse amargo, e Pammy tentou ignorar isso. — Se existisse justiça, ele...

— Eu só quero ajudar — ela insistiu, sentindo sua voz quebrar. Não era assim que ela imaginou o seu primeiro encontro real com Nick.

— Ninguém pode me ajudar.

Pammy fechou os olhos, respirando fundo tentando conter as lágrimas. Ela tentava não levar para o pessoal, Nick deveria estar muito confuso com tudo, meio tonto, meio bravo. Toda aquela raiva não era para ela, pelo menos era nisso que ela queria acreditar:

— Você tem certeza de que estamos em 1942? — Nick perguntou meio atordoado. Pammy assentiu. — Você tem um espelho?

— Vai ter que usar a janela.

Pammy ajudou Nick a se levantar da cama, ligou a luz quarto e se aproximaram da janela. Nick ficou visivelmente perturbado, com o que via no reflexo do vidro. Estava velho, bem mais velho do que imaginava, e seu cabelo bem mais branco do que era normal para uma pessoa na sua idade:

— Dizem que as pessoas que sofrem, ficam velhas mais cedo — Nick ergueu os olhos para o reflexo de Pammy, que assim como ele, encarava o vidro. — Eu acho que isso é mais mentalmente, do que fisicamente.

Ela abriu o trinco da janela e ergueu o suficiente para entrar uma brisa fria no quarto. A brisa da madrugada, passava pelo jardim e trazia o cheiro fresco das folhas e flores para o quarto, que de alguma forma acalmando os nervos. Nick colocou sua mão do lado de fora, relaxando com a sensação. A primavera era sempre tão acolhedora, que ele desejou que fosse primavera para sempre.

Nick virou o rosto e foi surpreendido com o sorriso de Pammy. Um sorriso doce e sincero, quase familiar para ele:

— Qual é o seu nome mesmo? — ele perguntou envergonhado, por não lembrar de um nome tão simples.

— Pamela. Mas pode me chamar de Pammy.

Os olhos de Nick vagaram pelo rosto dela, por algum momento, pensativo. E Pammy se encolheu, tentando manter a fachada segura. Ela foi egoísta desde o primeiro minuto. Pammy nunca pensou se era isso mesmo que Nick queria, se valia a pena para ele viver num mundo desconhecido. Um mundo que avançou sem se importar com sua ausência ou a ausência de Gatsby. Por isso, ela estava pronta para pedir desculpas, e dar o poder de escolha a Nick, quando ele deu um sorriso de volta:

— Eu quero ser ajudado. Você me ajuda?

Na próxima folga, Pammy foi a cidade começar os preparativos para a sua folga conjunta com Nick.


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Notas finais do capítulo

O começo de um grande problema, é bem fofo.

Obrigada por ler, e até a próxima :)



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