Ochako era mesmo imprevisível.

Imprevisível o bastante para deixar Katsuki louco. Já estavam juntos a seis meses e o fato de que a garota era imprevisível nunca havia o incomodado. Pelo contrário, ele gostava. Pediu a Ryuku para que lhe desse uma semana de folga. Para ficar com o namorado. E ela arrumou planos para essa semana. Um deles, incluía ir ao cinema.

O namoro dos dois era secreto. Ninguém, a não ser os amigos mais próximos e a família sabiam. Uraraka não queria ser conhecida como "a namorada do Ground Zero" e ele também não queria isso. Alguns fãs provavelmente fariam perguntas sobre o início do relacionamento e coisas do tipo, mas a maior parte dos fãs de Uravity ficariam chateados. Para eles o comportamento considerado inadequado do loiro era uma péssima influência.

Por isso preferiam manter em segredo. Eles até se divertiam um pouco com as teorias criadas pelos apoiadores do casal. Mas derrepente sair em público e não poder realizar nenhuma demonstração de carinho ou amor era um desafio enorme para Bakugo. Ele não via a hora daquele segredo ser revelado e ele finalmente sair gritando por aí que Ochako era sua mulher.

Quando a mesma lhe contou sobre a ida ao cinema como colegas ou desconhecido, o garoto quase caiu da cama. Aquilo seria demais para ele.

Se fosse no começo do namoro, Katsuki não teria se incomodado tanto, já que não demonstrava afeto em público por timidez. Ela era sua primeira namorada e ele tinha medo de fazer algo errado em público.

Mas, agora, achava aquele seu comportamento ridículo.

Até que o plano teve um bom começo. Caso alguém perguntasse,haviam escolhido o mesmo filme e cadeiras lado a lado por pura conhêcidência. Como toda sala de cinema, o local era escuro, sendo a grande tela a única iluminação. 

Ao decorrer do tempo, Bakugo pensou: "por que não beijá-la? Estará escuro,ninguém verá". E assim ele fez. Se inclinou para a frente e beijou Uraraka desesperadamente, o que acabou fazendo um barulhinho, algo como "slplish splash", alto o suficiente para que todos desviasem sua atenção para os dois. Em seguida,gritinhos e comentários desnecessários.

A situação precisava ser revertida, e a única solução encontrada por Ochako,foi dar um tapa no rosto do namorado. O som reproduzido também foi um "splish splash" bem alto,seguido por um gemido de dor vindo do loiro. Mas,em compensação,todos acreditaram na encenação feita pela mulher e voltaram a ver o filme como se nada tivesse acontecido.

Menos o casal. O homem esfregava o rosto com força, e olhava emburrado para a namorada,que por sua vez o ignorava,fingindo estar prestando atenção na tela do cinema. Estava chateada e não queria ter feito aquilo.

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— Porra,Ochako! - resmungou enquanto se jogava no sofá da sala, no pequeno apartamento que dividiam.

Sua bochecha esquerda estava levemente avermelhada por conta do tapa recebido na mesma. Uraraka bufou colocando sua bolsa de lado.

— Isso foi para você aprender a não descumprir mais nossos acordos! - gritou.

— Eu não tenho culpa de ser viciado em você.

Ela sorriu. Essa era uma das vezes a qual ela não conseguia ficar brava com ele. Se aproximou e sentou -se ao seu lado, que por sua vez repousou sua cabeça no colo da mesma.

— Ué? Você não 'tava puta comigo? - perguntou.

A mulher achocolatada balançou a cabeça de leve com um sorrisinho no rosto.

Ela era de fato imprevisível.