Sai da casa que por tantos anos chamei de minha. Pode não parecer, mas eu estava completamente destruída por dentro. Eu não consigo acreditar nele agora por mais que eu tente, é muito difícil. Por isso pedi um tempo a ele.

Acredito que esse tempo será bom, para eu tomar uma decisão. A parte mais difícil será contar a Ash que nós não voltaremos para casa pelos próximos dias, semanas ou quem sabe meses.

Dirigir até a casa de minha mãe não foi fácil, quando cheguei estava o mais absoluto silêncio. Fui até o meu quarto e minha mãe estava lá com Ash, ambas dormindo  sobre a enorme cama. Entrei em silencio e fui até o banheiro.

Tomei um banho quente e as lagrimas não me deixaram um minuto se quer. Fiquei mais tempo do que o necessário no banheiro tentando me recompor. Quando retornei ao quarto deitei do outro lado de minha filha e como se soubesse que eu cheguei ela virou e jogou suas perninhas em mim.

— Se você está quer dizer que a conversa não foi boa. – Minha mãe sussurrou ao acordar.

Não consegui falar nada, apenas neguei com a cabeça segurando o choro que ameaçou descer.

— Amanhã conversaremos. – Respondei.

— Obrigada mamãe. – Agradeci por ela não ter insistido. Nem se quisesse conseguiria conversar agora.

Acho que todo o cansaço da viagem e o recente choro me fizeram dormir como uma pedra.

Acordei no outro dia com o choro de Ashley. Levantei rapidamente, lavei o rosto e vesti um robe e fui atrás dela.

Cheguei à sala e ela estava sentada no sofá com o rosto enterrado nas mãos. Minha mãe estava ao seu lado e tentava a consolar.

— O que aconteceu mamãe? – Perguntei chegando perto e as duas notaram a minha presença.

Minha filha me viu e já ergueu os braços na minha direção.

— Ela quer ver o Oliver. Acordou chamando pelo pai. – Respondeu. – Tentei ligar, mas ele não atendeu em momento algum.

—Filha olha para a mamãe. – Pedi.

— Cadê o papai? Eu quero ver meu papaizinho mamãe. Vamos pra casa. – Falou com o rosto no meu pescoço.

— A gente não pode ir pra casa filha. – Falei.

— Por que não? – Perguntou ela.

— Por que o papai não está lá. – Falei a única coisa pensei na hora. Não quero contar a minha filha que não voltaremos para nossa casa tão cedo dessa forma. Oliver tem que estar presente.

— Mas a gente mora lá. Vamos esperar ele lá mamãe. – Pediu.

— Oliver atendeu, disse que já está vindo. – Falou minha mãe retornando,  até então não tinha me dado conta que ela havia saído da sala.

— Viu só bebê, o papai vai ir te ver. – Falei tentando a animar.  – Agora você fica aqui com a vovó que a mamãe vai tomar um banho rapidinho. Já tomou café?

— Já mamãe. A vovó me deu cereal. – Respondeu.

— Tudo bem. Você espera a mamãe aqui?

— Sim.

Coloquei minha filha no sofá, liguei a tv e sintonizei em um canal  infantil. Fui até o quarto me arrumar. Depois de pronta peguei meu celular e vi que tinha algumas mensagens.

Sara Lance: Precisamos conversar Liz. Me liga quando puder.

Oliver Queen: Onde você está? Quero ver minha filha.

Vi que essas duas chegaram hoje mais cedo. Não me preocupei em responder Oliver á que ele estava vindo para cá. Respondi Sara e as outras mensagens não muito importantes.

Quando desci novamente vi Ash no colo do pai abraçada a ele, enquanto Oliver lhe abraçava de volta e parecia sussurrar algo em seu ouvido.

— Bom dia Oliver. – Falei um pouco receosa dele não querer olhar na minha cara.

— Bom dia Felicity.  – Respondeu sem nem me olhar direito.

— Mamãe o papai chegou, nós já podemos ir para casa? – Perguntou nossa filha olhando pra gente.

Não sei como falar sobre isso com a minha filha. Olhei para Oliver em busca de socorro e só agora ele me olhou. Soltou um suspiro e revirou levemente os olhos  antes de falar.

— Na verdade Ash vocês não podem ir para casa agora porque o papai mandou dedetizar. Ela estava cheia de baratas e aranhas e outro dia eu acho que vi um rato também. – Falou e eu não entendi o porquê dele ter mentido.

— Arg que nojo papai. Quanto tempo vai demorar? – Perguntou.

— Ainda não sei pequena, mas vou fazer o possível para que logo acabe. – Falou.

— Então você vai ficar com a gente aqui né papai?

— Não querida, o papai precisa ficar lá de olha. Para saber se todos os bichos e insetos vão embora para quando minha princesinha voltar não ter nenhum deles por lá. – Respondeu e eu vi o olhar triste deles um para o outro e foi inevitável não me culpar por isso.

— Mas enquanto isso o papai pode vir aqui à hora que ele quiser. – Tentei amenizar o clima.

— Isso mesmo Ash. Quando  você quiser ver o papai é só ligar que eu venho correndo, não importa a hora. Pode ser de manhã, de tarde, de noite ou de madrugada. É só você pedir para a mamãe me ligar. – Completou deixando claro que ele não sairia de perto da filha.

— Tá bom papai. Você já vai trabalhar agora? – Perguntou.

— Não! Hoje eu tirei o dia para passar com a minha garota. – Falou beijando seu rostinho.

— Não papai. Suas garotas.  Eu e a mamãe. – Falou meu bebê na inocência de criança.

Vi Oliver engolir em seco e desviar o olhar.

— Filha a gente precisa conversar. – Falei me aproximando deles.

Oliver olhou para mim como que suplicasse para eu não contar nada. Não entendi muito bem  porque disso.

— O que foi mamãe? – Perguntou.

— O que você acha de dar uma volta no parque mais tarde com o papai? – Perguntei mudando de assunto. Oliver pareceu ficar agradecido por isso.

— Você vai me ensinar a andar de bicicleta papai?

— Claro que sim bebê! – Concordou.

— Ebaaaaaaa.