Gemless escrita por Thalita Moraes


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Pensei em fazer uma versão maior no futuro, sobre como seria um universo onde o Steven não tivesse gem e quem cuida dele é sua mãe, Rose Quartz. Um AU, por assim dizer.
Mas por hora, fiquem com essa oneshot fofa ♥



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Steven olhou para baixo, percebendo só então, enquanto ele via o chão se afastar cada vez mais debaixo de seus pés, que tinha medo de altura. Ele sentia o vento frio balançarem seus cachos negros, fechando os olhos e ficando com medo do que estava prestes a fazer. Ele estendeu os braços e deu um passo para frente, sentindo o nada debaixo de seu pé. Ele sentiu seu corpo cair e seu coração acelerar cada vez mais.

Ele estava caindo.

Ele sempre achava que esses momentos duravam muito tempo enquanto assistia tv. Sempre parecia que esse momento em que sua vida estava em perigo durava muito mais do que o normal. Mas para Steven, tinha durado nada mais do que alguns segundos.

Ele colocou o pé para fora, caiu, e então, sua mãe apareceu para segurá-lo. Ela estava flutuando e caindo ainda, porém, suavemente e de forma que não ia machucar nenhum dos dois.

Steven abriu os olhos e viu sua mãe, tanto decepcionada, preocupada e brava.

— Steven, você está bem? — Rose perguntou, ainda com ele no colo.

— Estou. — Ele disse, baixinho.

— Porque você faria isso? — Perguntou e obteve como resposta Lars chegando perto e gritando.

— Cara, que máximo! É realmente como tu disse!

— O que? — Rose perguntou, sem entender muita coisa. — O que você disse para ele?

— Eu disse... que você me salvaria até mesmo se eu... — Steven disse e murmurou algo no final que Rose não entendeu.

— O que?

— Que você me salvaria até mesmo se eu pulasse do telhado de casa. — Steven disse baixinho, sabendo que seria reprimido.

— O QUE? — Rose perguntou, elevando o tom de voz e soltando Steven como resposta. Ele caiu de costas no chão, esticado. Ainda tinha uma certa altura entre o colo de sua mãe e o chão.

Lars começou a rir da cara de Steven. Parecia que o tombo tinha doído, então ele achou engraçado. Rose olhou para ele com cara de brava.

Ele não queria ficar perto enquanto tivesse uma gem brava.

— Te vejo amanhã na escola, Steven!

— Steven, porque você faria algo como isso? — Rose perguntou para seu filho. Ela olhava para ele e imediatamente pensava em Greg. Não tinha um momento em que ela não olhasse para ele e pensasse no seu amado. Ela pensava agora em como ele resolveria esse problema. Se é que Greg passaria por esse problema com Steven. — Você pulou dessa altura porque ele tinha dito para você pular?

— Não. — Steven disse com vergonha, sentando-se no chão da praia. Sentindo a areia entrar levemente dentro de sua calça. — Eu que disse que faria.

— Steven... — Ela disse já começando a ficar sem paciência. Quando é que humanos cresciam mesmo?

— Me desculpa! — Steven disse, fechando os olhos deixando Rose surpresa. Era uma das primeiras vezes que ele tinha que pedir desculpa daquela forma. — Eu só queria provar para ele que eu era legal e que eu tinha uma mãe legal.

O coração de Rose derreteu levemente. Ele queria provar para o amigo que ela era legal?

— É que ele tava tirando onda com a minha cara. Ficava dizendo que... — Ele disse começando a querer chorar de novo. — Eu não sou uma cristal gem de verdade. Só porque eu não tenho uma gem.

— Ah, Steven. — Ela disse e se sentou na areia junto com ele, abraçando-o. — Você é um cristal gem.

— Não, não sou! — Ele disse empurrando sua mãe e erguendo a camisa. — Eu não tenho nada aqui. Eu não tenho uma gem brilhante como você. Eu não consigo usar poderes, eu não sei fazer nada! Eu não posso ir em missões com você e com a Pérola e a Garnet e a Ametista! — Ele disse e finalmente as lágrimas escorreram. Ele não gostava de chorar na frente de sua mãe. — Eu sou um inútil.

— Não, Steven. Você é humano. — Rose disse, calma e paciente. Steven virou a cara e cruzou os braços, birrento. — Steven, seu pai escolheu deixar a forma dele para fazer você viver. Para te dar uma escolha nesse mundo. Você acha que ele ia ficar feliz em ver você abrindo mão disso? Para ser... como eu?

Steven olhou para sua mãe, esperando ela terminar. Ele provavelmente correria para seu quarto e choraria na cama, mas seu quarto ainda não tinha porta.

— Steven, você não vai querer ser como eu. Acredite. Essa gem... — Ela disse passando a mão na barriga. — Vem com grandes consequências e responsabilidades. Não é justo de mim pedir que você lide com os meus problemas. Se eu te desse minha gem, eu deixaria de existir. E você teria que lidar com as minhas... coisas. É isso que você quer?

— Bom... — Ele chorou e fungou. Passou a mão cheia de areia na cara para limpar as lágrimas e o ranho e teve de passar de novo e de novo para tirar a areia da cara. — talvez! — Steven disse e levantou-se da areia, correndo para ir para sua casa. Rose não se levantou e não foi atrás. Steven foi sozinho e bateu a porta de casa, Rose escutou da distância.

Rose suspirou. Ah, Greg. Será que você cuidaria dele melhor do que eu?

***

Steven estava chorando e correndo, sem saber exatamente para onde iria. Imediatamente, pensou em ir atrás de outras gems como sua mãe, mas assim que parou no portal, lembrou-se. Ele só usava aquele portal com sua mãe, ele não sabia usá-lo. "Droga!" Se xingou e voltou a olhar para seu quarto, sentindo a sua respiração ficar cada vez mais ofegante. Ele estava quase suando e não era por causa da corridinha que ele fez para subir as escadas e entrar em casa.

Era porque Steven sentia que se ele não resolvesse isso, ele poderia... bom, algo muito ruim iria acontecer com ele. Ele não sabia descrever exatamente o que. Ele só sabia que ele precisava fazer alguma coisa, mas não sabia o que. Então, ele começou a rodear sua casa, procurando por algo para fazer.

Foi então que Pérola apareceu na sala de Steven, provavelmente procurando Rose. Steven aproveitou.

— Pérola! — Gritou, fazendo Pérola se assustar. Ela pulou como um gato e estava prestes a fugir quando viu que era apenas Steven. Ela se aliviou. — Você pode me dar a sua gem?

Pérola olhou para ele novamente tentando entender se ele estava falando sério ou não. Ela viu que sim, então, imediatamente começou a rir. Se forçou a acalmar quando viu que aquilo não tinha divertido Steven.

— Ah, Steven... — Começou, limpando uma lágrima de canto de olho. — Humanos não podem ter gems.

— Porque não?

— Da mesma forma que um humano é frágil e macio por definição, nós, gems, temos... — Pérola foi interrompida. Steven ainda estava procurando uma resposta específica.

— E se eu pedir para a Garnet? Ela me daria a gem dela? Ela tem duas, não tem?

Pérola estava começando a ficar irritada. Ela não gostava de passar tempo com aquele... humano. Era o passatempo preferido de Rose, mas isso não significava que ela gostava muito dele.

— Olha, Steven. O que eu estava querendo dizer é que nossa gem é nossa essência. Nem eu e nem a Garnet poderíamos dar para você a nossa gem.

— Então porque meu pai me deu a vida e minha mãe não pode me dar a gem dela?

Pérola ficou em choque. Ela não sabia como responder.

— É complicado...

— Eu vou encontrar uma gem que consiga me ajudar! — Ele disse e começou a correr para fora de casa. Pérola gritou para ele.

— Boa sorte! Acredito que você não vai encontrar ninguém que possa ou saiba fazer o que você quer.

Steven resmungou e esperou Pérola sair da sala e voltar para o seu quarto para voltar para casa. Do lado de dentro, Steven deu uma olhada para a areia da praia, procurando sua mãe. Ela não estava lá.

Ele queria chorar. Tudo que ele queria era uma coisa que... ninguém poderia dar à ele.

Ele deitou em sua cama e resmungou alto no travesseiro. Chorando. Remoendo sua existência. Ficou assim por horas. Pérola conversou com Rose e falou para ela o que ele tinha falado. Nenhuma das duas sabiam como ajudá-lo. Pérola, na verdade, nem fazia questão.

Ametista tentou fazer uma graça com shapeshifting para tentar agradar Steven, mas ele apenas a ignorou. Garnet tentou conversou com ele, mas Steven ficou em silêncio, fazendo até ela desistir por hora.

Em algum momento, Steven dormiu. A melhor forma de curar aquele machucado que nada conseguia sarar.

Steven não conhecia nenhuma outra gem além delas. Ele sabia que Garnet não era só uma única gem, e sim uma fusão. Ele descobriu isso no seu aniversário de quatorze anos. Descobriu bem recentemente também toda a história de seu pai.

A história era de que Rose e Greg se amavam muito e queriam ter uma família juntos. Mas, eles não conseguiriam ter um filho. Rose era uma gem, uma alienígena de outro planeta e Greg era... apenas um humano. A existência de Rose era baseada em sua gem, e sem isso, Rose não existiria para dar a atenção e cuidar de Steven da forma como queria.

Rose sugeriu dar sua forma e sua gem para Steven inicialmente, mas, quando Greg ficou sabendo que teria que cuidar de Steven sozinho, ofereceu outra opção. Steven não entendeu muito bem o conceito, mas eles conseguiram o que queriam. Um filho deles, que não era exatamente dos dois juntos.

Alguns anos depois que Steven nasceu, Greg morreu em um acidente de trânsito, deixando Rose para cuidar de seu filho sozinha.

Foi então que Steven desenvolveu o complexo da gem. Ele sempre via suas... — como ele poderia chamar elas? Tias? Ele sempre via as outras gems usando aquele poder mágico para convocar suas armas e outros itens, principalmente Pérola. Direto, Pérola retirava algum item de sua gem, e Steven se perguntava como ela fazia isso. Ele se perguntava como era ter uma cabeça cheia de objetos que eram facilmente removíveis a bel prazer.

Ele queria ter uma. Não somente para guardar objetos e também não somente para ter uma arma. Ele queria ter uma gem porque ele era o único naquela família que não tinha. Lars, principalmente, tirava sarro de Steven por fazer parte de uma família mágica e não ter poderes.

Steven se sentia fora.

Ele percebia a forma como Pérola conversava com ele, como se ele não fosse mais nada do que apenas um incômodo. Já tinha escutado-a falar com alguém chamando ele de “animal de estimação”.

Garnet era difícil de lidar. Ela quase não conversava, e quando falava com ele, era pouca coisa. Ametista era a única com quem ele conseguia manter uma conversa boa. Mas ainda assim, ela sempre usava shapeshifting para se transformar em alguma coisa engraçada enquanto Steven ficava... de lado.

Steven acordou quando sentiu alguém sentando em sua cama. Era Rose. Ela sentou-se ao lado dele, seus cabelos caindo no nariz de Steven.

— Desculpe. — Steven apenas levantou o olhar e coçou o nariz. — Quando eu e seu pai pensamos em você... pensamos em quem você iria ser, quais caminhos você iria tomar... Suas cores favoritas e quem você puxaria mais... — Disse, nostálgica, com sofrimento em sua voz. Steven não sabia que ela se sentia tão triste assim com a morte de seu pai. Ela não conversava muito com ele a respeito dessas coisas. — Nunca conversamos muito sobre... isso. — Encostou suas mãos em sua barriga.

— E porque não?

— Não era importante. — Rose suspirou. — Steven, eu quero que você entenda que isso — apontou para a sua gem — é extremamente importante. Não é apenas um brinquedo.

— Eu sei disso. — Ele disse emburrado.

— Então porque você saiu correndo para a Pérola pedindo a gem dela como se fosse seu direito de pedir? — Rose perguntou e Steven ficou em silêncio. — A gem de cada uma de nós é algo particular e algo nosso. É o que faz cada uma de nós sermos únicas. E mesmo assim, todas nós não temos algo que você tem.

— O que eu tenho?

— Um coração. — Rose disse e sorriu. Steven se sentia ruim por ter agido daquela forma. — Sua empatia e companheirismo é o que faz de você único e especial. Eu não gostei que você se colocou em perigo para provar um ponto para o seu amigo, mas, isso só mostra o quanto você pensa nos seus amigos. E isso, Steven, é algo extraordinário.

Steven soltou um sorriso.

— Só porque você não é uma gem que nem a gente, não o faz ser menos especial e único como nós. — Rose disse. Steven sorriu. Ele tinha conseguido entender o que ela quis dizer.

— Obrigado, mãe. — Steven disse, ainda olhando para Rose. Foi quando ela chamou ele, mas a voz que saia da boca dela não era a de Rose. Era a de Pérola.

Chamando-o pelo nome. Várias e várias vezes. Cada vez mais alto.

Até fazer Steven acordar.

— Pérola? — Ele perguntou, confuso.

— Já são sete horas da manhã. Eu vim te chamar como pediu. — Pérola disse e Steven olhou o relógio. Ele se sentia confuso e estranho. — Você estava sorrindo enquanto dormia. Teve algum sonho bom?

Steven sorriu, lembrando-se. Ele tinha quatorze anos novamente e não tinha uma gem. Era engraçado. Era uma coisa que, olhando para trás com o conhecimento que ele tinha agora, ele nunca pediria para ter. E pensar que quatro anos atrás, seu maior problema era relativamente pequeno comparando com agora.

— Eu sonhei com a minha mãe. — Steven sorriu. Ele tocou sua gem rosa em sua barriga, brilhando como sempre. Ele agora, mais do que nunca, sentia o amor que sua mãe dizia nas fitas que sentia por ele.

— Eu imagino que tenha sido um sonho bom. — Pérola disse sorrindo.

Steven deixou uma lágrima cair.

— Sim. Foi. Foi um sonho muito bom.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥
Não esqueçam de curtir e inscrever no canal.... Pera, lugar errado. xD
Não esqueçam de me dizer o que gostaram da história, se curtiram a ideia, qual foi sua parte favorita e o que vocês acham que poderia ser melhorado. Ah, e Fran, espero que você tenha gostado. ♥



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