I Swear I'll Behave escrita por Coraline GD


Capítulo 17
Tell Me A Lie




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A luz do sol me atingiu com força de manhã. Meu pai até tentou me acordar, mas acho que desistiu depois de ver minha cara de derrotada. Com a cara inchada - de quem chorou mais do que devia - e o cabelo desgrenhado daquele jeito, até parecia que eu tinha ido a uma guerra. E perdido feio.

Luz solar e dia lindo era tudo que eu menos precisava hoje. Cobri a cabeça novamente e fiquei uma boa meia hora pensando na vida. Até que o barulho da TV sendo ligada no andar de baixo chamou minha atenção. Eu sabia que só poderia ser uma pessoa, já que meu pai tinha ido trabalhar no meu lugar.

Me forcei a levantar da cama e dei uma breve olhada no espelho, constatando que eu estava tão ruim quanto imaginava. Fui silenciosamente até o banheiro, lavei o rosto e prendi o cabelo o melhor que consegui. No fim das contas não gostei do resultado e decidi dar apenas uma espiada lá embaixo. Eu sei, estava sendo muito boba, mas uma boba insegura e apaixonada. Não me julguem.

Consegui chegar até o fim da escada sem denunciar minha presença, mas não vi sombra dele em canto algum. Ouvi a porta da geladeira bater e soube que estava na cozinha, seus passos no piso frio rapidamente ecoaram em minha direção e eu, sem saber o que fazer, optei por subir as escadas correndo. E claro, foi uma ideia muito idiota. Tropecei e despenquei do quinto degrau para baixo. 

— Ah meu Deus, Gen! - ele veio ao meu socorro, quando tudo que eu queria era morrer ali.

— Você está bem?

— Ótima! - cacete! Ai! – Exatamente aonde eu queria estar!

— Não seja irônica Hannah. Só estou tentando te ajudar.

— Desculpa... - me apoiei nele e tentei levantar, sentindo uma dor terrível ao pisar com o pé direito. – É que eu fico meio mal-humorada quando tô no chão.

— Você é impossível, isso sim. Anda, senta aqui. – ele me carregou até o sofá e me ajudou a sentar, com as duas pernas para cima. Enquanto ele examinava o estrago que eu havia feito em mim mesma, desviei o olhar por um segundo, indo parar exatamente na bandeja cheia de comida em cima da mesinha de centro.

— Isso tudo é fome Ha... Ai! Isso dói!

— É claro que dói, acho que você torceu o tornozelo. Graças a Deus não quebrou. Vou pegar um pouco de gelo. – ele correu até a cozinha e um minuto depois estava apoiando um saco de ervilhas congeladas no meu pé dolorido.

— Isso aí vai resolver? Porque ainda tô sentindo que vou perder o pé... – ele olhou sério para mim e eu me arrependi da piada. – Desculpa.

— A propósito, essa comida era para você. Seu pai falou que estava ficando doente e ficaria em casa hoje. Como não tinha acordado até agora, pensei em fazer uma surpresa.

Surpresa era o que estava estampado na minha cara depois disso. E eu aqui me comportando feito uma menina birrenta de dez anos. Bem feito para você Gen.

— É... Eu, tava meio mal. – não ia dizer desculpa por eu ser idiota, era óbvio.

— E por que estava correndo? Fugindo de mim... – ele se sentou no sofá, colocou minhas pernas no seu colo e apoiou o pé machucado em uma almofada. Fiz uma careta quando ele pressionou o saco gelado em cima de novo e custei a responder.

— Eu não...

— Não, Gen? Certeza?

— Ah Harry, que droga! Foi você quem fugiu de mim ontem! – ou eu ficava triste e chorosa, ou eu ficava puta da vida e nervosa. Escolhi a segunda opção. – Você me deu tchau e eu pensei até que poderia ir embora de vez.

— E porque eu faria isso?

— Porque... Porque... Sei lá Harry, não leio pensamentos. – cruzei os braços e fiz cara feia para ele.

— Hannah, linda. Presta atenção. – ele se aproximou mais de mim no sofá e puxou minha mão. – Eu não vou a lugar algum, pelo menos não tão cedo e não enquanto você me quiser aqui. Entendeu?

Eu apenas mordi o lábio e fiquei encarando ele, lutando para não chorar.

— E sobre ontem... – continuou ele. – Foi burrice minha. Eu sei. Fiquei com ciúmes daquele outro cara achar que podia ter alguma coisa com você e do Niall...

— Do Niall? – como assim gente? Explica isso.

— É Gen, do Niall. – ele me olhou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, e vendo a minha cara de paisagem, resolveu explicar. – Vocês agora são o quê? BFF por acaso?

— Ah, por favor Hazz. - disse, revirando os olhos. - Deixa de besteira.

— Vai dizer que você e ele não andam trocando mensagens?

— Não, não estamos trocando mensagens. Só nos falamos uma vez. E ontem... – ele ainda me olhava cético, sem o menor motivo. – E eu ainda nem respondi.

— E não respondeu por quê? O que ele queria?

— Nada Harry, deixa de ser paranoico. Só deu um "oi".

— Paranoico? Eu? – ele se afastou de mim e apoiou o braço no encosto do sofá. Acho que o assunto ia render. – Por acaso não fui eu quem apareceu do nada com um futuro quase ex-namorado, foi?

— O Dom não é, nem nunca foi nada meu! – eu queria poder gritar e bater o pé no chão, mas não deu muito certo minha tentativa impetuosa de levantar. – Que inferno!

Caí sentada de volta no sofá com o pé latejando de dor.

— Caramba Hannah! Fica sentada!

— Não! – agora ele estava ao meu lado de novo. – Você tá ouvindo o que tá falando? 

— É claro!

— Então sabe como isso tudo soa idiota, né? – ele abriu a boca para responder algo, mas pareceu reconsiderar no último segundo.

— Você tem razão. – no mesmo instante em que eu arfei, pronta para continuar a discussão, fui pega de surpresa por um beijo inesperado.

Ele colocou uma das mãos em meu pescoço e a outra em minhas costas, me trazendo para mais perto. Eu mal tive tempo de organizar as ideias. Mas quem precisava pensar agora, não é mesmo? Você precisa Hannah! Você!

— Harry, Harry! – chamei a atenção dele, fazendo meu corpo todo protestar pela separação repentina. – Espera.

— Gen, a gente já perdeu muito tempo brigando. Você mesma disse...

— Eu sei. Não quero brigar. – coloquei uma mão no peito dele, sobre a camisa, fazendo círculos com o dedo ali onde seria o lugar da sua tatuagem de borboleta. – É que... Tem uma coisa que eu preciso te contar.

— Gen. – ele colocou um dedo sob meu queixo, me fazendo sustentar seu olhar. – Você pode me falar qualquer coisa.

— Eu sei, mas...

— Nada de "mas", olha para mim e fala. Simples. Você quer que eu saia da sua casa, é isso?

— Não! Não Harry! Jesus! – comecei a rir de nervoso e vergonha. Não encontrava palavras que não parecessem bobas.

— Que bom, porque eu não pretendia mesmo. – ele sorriu para mim e minha coragem deu as caras por um minuto.

— É que a gente tá tão... Junto o tempo todo agora e... – e eu comecei a gesticular e falar olhando para o nada igual a uma doida. – E é tão bom quando a gente se beija e tudo mais e, bom, eu adoro sentir o seu cheiro e as suas mãos e...

— Gen, você tá enrolando...

— Tá... É que é difícil para mim tá bom?

— O que é difícil para você?

— Ficar perto de você. Desse jeito. – minha boca ficou seca de repente e eu de fato tinha que chegar até o fim disso. – E não, você sabe... Ceder. É difícil resistir a você.

— Então por que você resiste? - meu pai do céu!

— Porque eu nunca fiz isso caramba! Eu sou virgem! É isso que eu tô tentando dizer! - eu praticamente gritei essa última parte, foi ridículo, me lembraria disso depois.

— Ah.

Ah? Era tudo que ele tinha a dizer? Pelo amor de Deus, se existem alienígenas essa seria uma boa hora para começar uma invasão na Terra. Senti como se meu coração tivesse parado de bater e tudo estivesse em suspenso no ar, apenas aguardando a próxima fala dele.

— Ah? – repeti, na intenção de fazer com que ele reagisse de alguma forma.

— Gen, eu...

— Ai meu Deus, não fala nada! Espera! Não quero ouvir! – não, não! Eu quero sim!

— Hey, calma Gen. Respira! – ele segurou minhas duas mãos e me deu um olhar calmo. – Relaxa. Ok?

Balancei a cabeça para cima e para baixo devagar, confirmando. Minha respiração estava descontrolada e minhas mãos trêmulas, mas o peso daquele segredo bobo enfim tinha saído das minhas costas.

— Eu só... Não sei exatamente o que dizer, porque pensei que fosse algo mais sério. – franzi as sobrancelhas para ele, sem entender. – Quer dizer, não me entenda mal. Eu sei que isso é uma grande coisa para você e para nós.

— Mas...

— Espera. O que eu quero dizer é que você não precisava fugir de mim ou ter medo de compartilhar essas coisas comigo. Eu sou louco por você... – ele umedeceu os lábios e dava para ver que estava escolhendo as palavras com cuidado. – Demais. E nunca, nunca faria nada que você não quisesse. Nunca foi minha intenção... Apressar certas coisas.

Minha cara estava no chão, mas pelo menos eu sabia que um dia voltaria ao lugar.

— Você acredita em mim, não é? – mais do que sinceridade, eu podia enxergar meu mundo todo naqueles olhos verdes.

— Claro, Harry.

— E, peço desculpas se você pensou algo errado, mas... Eu não consigo fingir que não adoro cada pedacinho do seu corpo. – eu sorri, lisonjeada, e entendi o que ele quis dizer. – Incluindo esse sorriso e milhares de outras coisas.

— Assim eu até acredito!

— É só o que eu te peço. Além, claro, de não esconder nada de mim sobre como se sente. Por favor.

— Tudo bem, não vou. – era o mínimo que eu podia fazer, depois da confusão que causei e que acabou nos afastando.

— Agora, vou levar você para cama e mimar você um pouco. E ai de você se reclamar! Vou escrever meu nome em todos os seus pertences!

Comecei a rir descontroladamente e deixei que ele me beijasse de novo, sem dúvidas, medos ou barreiras.

— Ah, mais uma coisa... – ele interrompeu nosso beijo e levantou, me pegando no colo. – Fico muito feliz em saber que você não dormiu com nenhum idiota antes.

— Hazz, esquece isso. – eu sabia de quem ele estava falando.

— Já esqueci!

— Sei...

— Mas o que é que você tem com caras loiros, hein? – não acredito! Tive que bater nele depois dessa. – Ai! Eu tô te carregando e você me bate?

— Você mereceu! – beijei seu pescoço e fui fazendo uma trilha de beijos por seu rosto todo até a boca. Chegando no quarto ele me colocou na cama e me deu um beijo intenso de tirar o fôlego. Depois se levantou e avisou que iria descer para pegar a bandeja com o café da manhã.

— Prontinho madame! Café na cama e homem ao seu dispor.

— Tudo que eu queria na vida! – sem dúvida nenhuma.

— O que deseja agora senhorita?

— Além de você? – todinho, só para mim, com um pote de um quilo de Nutella. Nossa. Sonhando demais aqui. – Não tenho ideia. Hoje é meu dia de folga e eu tô aqui, só um pouquinho destruída.

— Não seja boba. Você é linda. Que tal ver um filme?

— Seria ótimo. – ele estava sendo tão fofo que dava vontade de morder! – O que vamos ver?

— Podemos ver um filme de terror, para você poder me abraçar quando estiver com medo e depois um romântico, para a gente se beijar e perder o filme todo. Que tal?

— Parece que o senhor já tem tudo planejado, senhor Harold!

— Tudo por você, senhorita Hannah Laurent. Onde está seu computador?

— Ali na mesa.

Em seguida ele veio e sentou do meu lado na cama. Hoje tinha tudo para ser um dia perfeito. Mesmo tendo começado meio zuado, acho que agora eu poderia esperar um final feliz. Pelo menos por enquanto.

Uma hora depois eu estava quase dormindo totalmente agarrada a ele na cama, quando ele tocou meu rosto e sussurrou em meu ouvido que precisava sair.

Baby, acho que seu pai vai chegar logo e não vai gostar de me ver aqui. – ele puxou minha mão que estava aquecida debaixo de sua camisa e beijou os nós dos meus dedos um a um. – Mais tarde eu volto, ok?

— Não... – eu não queria que ele saísse dali, nunca mais.

— Eu prometo que volto, mas preciso ir agora.

Eu pensei ter respondido, mas caí num sono profundo cheio de imagens de nós dois no show da banda e ele me puxando para cima do palco. Foi um sonho meio louco e quando acordei, meu pai estava lá em de Harry.

— Como está se sentindo, Hannie? – meu pai colocou a mão na minha testa e eu abri um sorriso sonolento para ele.

— Bem. – demais até.

— Que bom. Trouxe almoço para você e o garoto.

— Hum... Obrigada, pai. – levantei um pouco, me apoiando nos cotovelos e olhei para ele. – E cadê ele?

— Acho que saiu. Disse que ia resolver alguma coisa de família.

— Ah.

— Ainda bem que Rachel volta no fim da próxima semana. Assim o coitado vai poder ter mais liberdade e encontrar a família. Não é?

— ... – Não! Não! Não!

O que meu pai estava querendo? Senhor! E onde é que foi o Harry? Espero que não tenha acontecido nada de ruim.

— Vamos descer para comer?

— Sim, pai. Pode ir na frente, que já desço. – sorri para ele e saí debaixo das cobertas.

Com meu pai fora do quarto, aproveitei para mandar uma mensagem para Harry, perguntando se estava tudo bem e li de novo a mensagem de Niall, que ainda aguardava uma resposta. Eu disse para Harry que ele só tinha dito um “oi”, mas só porque sabia que ele surtaria ainda mais se soubesse a verdade. Estava me sentindo péssima por não mostrar a ele, mas não era nada de importante. Era? Niall só perguntou se eu ainda estava de férias e se podia me visitar um dia desses, para eu mostrar a cidade e ensiná-lo a esquiar.

Como eu disse: nada demais.


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