I Swear I'll Behave escrita por Coraline GD


Capítulo 15
Never In Your Wildest Dreams




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Harry

Ainda era muito difícil entender Hannah. Uma hora parecia tudo perfeito entre nós e na outra ela estava distante e aparentemente com medo de alguma coisa que eu não conseguia decifrar. Queria poder conversar e descobrir suas razões, mas ela sempre me distraía com seus beijos e carinhos. Impossível ignorar isso.

Agora estávamos no sofá da sala, nos pegando feito dois adolescentes cheios de hormônios que éramos. Até ela se assustar com um trovão e me empurrar, fazendo nós dois cairmos no chão com um estrondo.

— Puta que pariu!

— Gen!

— Desculpa, mas doeu! Acho que bati meu cotovelo no chão. - choramingou ela, deitando a cabeça no meu peito.

— Pelo menos você caiu em cima de mim. - acho que eu ia ganhar um hematoma em algum lugar mais tarde, mas pelo menos ela não se machucou. Muito.

— É verdade. Obrigada. - ela levantou a cabeça e me deu um beijo. Na mesma hora ouvimos uma porta abrir no andar de cima. Ela me olhou em pânico e eu a segurei, para que ficasse onde estava.

— Espera, se ele descer não vai dar para nos ver das escadas.

— Mas...

— Shhh... Confia em mim, Gen. - ela apenas assentiu e voltou a deitar a cabeça em meu peito. Sentia seu coração acelerado junto ao meu, enquanto a abraçava. Acho que depois dessa, nossos beijos e nossas conversas teriam que ficar para amanhã.
Minutos depois, a porta foi aberta e fechada novamente. Acho que seu pai só precisou ir ao banheiro do andar de cima mesmo. Passei a mão pelos cabelos de Gen e levantei a cabeça para espiar sua falta de movimento. Ela estava dormindo. Linda e tranquilamente.
Queria poder não acordá-la, mas acho que seu pai não aprovaria essa cena em plena luz do dia quando se levantasse e nos encontrasse ali. Me levantei com cuidado e a segurei nos braços.

— Harry?

— Shhh. Estou te levando para a cama, ok?

— Certo. - ela aninhou a cabeça em meu pescoço e eu subi as escadas com ela no colo. Coloquei-a na cama e cobri. Beijei seu rosto, a observei por alguns segundos e saí do quarto.

Tinha sido uma noite agitada, a primeira de muitas, eu espero. Não exatamente como planejei, mas acredito que chegaríamos lá em breve. Ela só precisava confiar mais em mim e permitir que eu a fizesse feliz. Por ora, tudo que eu podia fazer era me deitar e dormir. Amanhã seria outro dia. Ou melhor, outra noite.

***

Acho que nunca mais na vida tinha dormido tanto quanto essa noite. Quando acordei já passava das 10h00m e Gen tinha me deixado um bilhete. Só dizia: "Tem café pronto, daqui a pouco papai estará de volta". Acho que por este motivo ela não tinha sido mais carinhosa no recado.

Havia também uma mensagem sua em um post it colado no meu celular: "Bom dia, querido Hazz. Espero que tenha dormido bem. Saudades. 99077-8899". Acho que esse era um aviso para eu entrar em contato com ela. Adicionei seu número à minha agendas e coloquei uma das fotos que tirei na sua cozinha no dia anterior, enquanto ela fazia o macarrão. Depois mandei uma mensagem para ela.

Harry: Bom dia baby. Senti sua falta aqui do meu lado.

Como ela não respondeu imediatamente, acabei cochilando mais um pouco. Quase meia hora mais tarde acordei com o toque do celular.

— Fala.

— Cara! O que aconteceu com você? O que você ainda tá fazendo aí na América? – Louis sabia mesmo como acordar alguém.

— Tommo, depois eu te ligo. – desliguei sem dar a chance dele responder. Respirei fundo e me concentrei em acordar de verdade.

Assim que me levantei, tive uma sensação da qual não me lembrava há tempos: estar em casa. Mesmo sem Gen ali do meu lado, eu sabia que gostaria de estar onde ela estivesse. Isso era novo para mim, então não fazia ideia de como ela se sentiria se lhe dissesse como me sinto. Portanto, era melhor evitar quebrar a frágil tranquilidade que pairava sobre nós agora.

Fui até a cozinha e encontrei a mesa do café ainda posta e mais um bilhete com meu nome nele. Dizia: “Sinta-se em casa”. E um coração desenhado ao lado. Pão, torrada, ovos, queijo, geleia... Acho que na dúvida ela pensou em colocar tudo que tinha em casa na mesa. E adivinhem só o que tinha para beber? Isso mesmo, suco de maçã.
Não sei se foi o sabor da comida simples e deixada com amor ou fome acumulada, mas comecei a devorar tudo em segundos. E foi assim, matando a fome de cinco décadas, que o senhor Mark me encontrou.

— Vejo que já está de pé garoto. – disse ele, colocando algumas sacolas de compras sobre o balcão da pia.

— Bom... Ia, sen... Mark. - falei, com a boca cheia.

— Bom dia. Passou bem a noite?

— Sim. - poderia ter sido melhor, mas... Sem dúvida foi boa, muito boa.

— Que bom. Alguma notícia de quando seus parentes voltam?

— Hã ... - acho que Gen saberia responder isso melhor que eu. - Acho que logo, senhor Mark. Gen foi...

Ah, caramba. Pelo olhar que ele me lançou, deu para sacar que fiz coisa errada.

— A sua filha foi a última a falar com minha prima. - esperei um minuto e enfiei outro pedaço de pão na boca.

— Parece que andou conversando muito com a minha filha. – ele me olhou desconfiado e eu comecei a pensar em como Gen pode ter me deixado naquela situação.

— Não muito, senhor. Só ontem quando fui até a loja...

— Certo. – oh, oh. Ele puxou uma cadeira e se sentou de frente para mim. – Escuta Harry, eu te recebi aqui praticamente como um filho. Em consideração à minha Gen e à sua prima, que também é muito importante para mim...

— E eu ficarei eternamente grato por isso, senhor Mark.

— Mas como eu disse ontem, nós temos regras aqui. E as suas são: fique longe da minha filha. 

Acredito que ele não poderia ter me pedido coisa pior. Ou mais impossível.

— Olha, senhor Mark, eu respeito muito a G... Hannah...

— Filho, só preciso saber que você entendeu essa regra. Entendeu?

— Sim. – respondi, não muito satisfeito.

— Perfeito. Agora vá colocar uma camisa antes que eu queira saber onde arrumou essas tatuagens estranhas.

— Certo.

Tomei um último gole de suco e voltei para o quarto. Minha estadia não seria tão simples quanto eu havia imaginado. Gen não me falou muito sobre o temperamento do pai dela e muito menos o porquê tinha inventado essa história de primo. E agora eu sabia o motivo. Mas de forma alguma deixaria que isso atrapalhasse o que estávamos começando a viver.

Me joguei na cama e peguei o celular de novo, cheio de mensagens suas.

Gen: Bom diaaaa! :3

Gen: aqui tá chaaato...

Gen: dá meia-noite, mas não dá sete

Gen: o q eu vou fazer o dia todo longe de vc?!

Gen: o q tá fazendo aí? Não entra no meu quarto! Eu sei cada detalhe!

Gen: o q vc ta fazendo q não me responde?

Gen: vc bem q podia vir p cá. O q acha?

Gen: lembra o caminho? Aqui, tirei um print do GPS

Gen: já tomou café né?

Gen: OMG melhor! Me espera aí pro almoço! o/

Comecei a rir sozinho com as loucuras dela antes de responder.

Harry: Tb tô com saudade linda. Contando os segundos p te ver.

Gen: ♥ ♥ ♥

Harry: te espero p almoçar 

Gen: ^_^

Gen: Hazza... Como está aí? Com meu pai? Tudo bem? Oõ

Harry: digamos q sim

Gen: pqp, eu sabia q ele ia aprontar algo! O q ele fez????

Harry: fica tranquila baby. Daqui a pouco estaremos juntos, olha ele já vai sair...

Gen: OK. Até. bjs

Harry: xoxo

— Harry, estou indo até a loja. - falou o pai dela, aparecendo à porta do quarto.

— OK! - espero que demore um bocado...

— Lembre-se das regras filho!

— OK! - veremos.

Minutos depois Gen irrompeu porta adentro feito um foguete. Eu acabava de sair do banho e ainda estava me vestindo quando ela pulou para cima de mim. Se eu soubesse, não teria nem vestido as roupas.

— Ah, Deus! Como eu consegui ficar esse tempo todo longe de você? – disse ela, sem parar de me beijar.

— Assim você vai me acostumar mal, baby. – abracei seu corpo esguio e inspirei profundamente seu perfume, dando um beijo demorado em seu pescoço.

— Hazz...

— Oi?

— Você usou o meu xampu? – disse ela, sorrindo.

— Ah, era seu? – falei, sorrindo de volta. – Bem que eu suspeitei que seu pai não usaria nada com lavanda e baunilha.

— Você é impossível! Está com fome?

— Hum... Na verdade não. Tem pouco tempo que tomei café.

— E gostou? – seu sorriso era radiante e extremamente contagiante, também não conseguia parar de sorrir para aquela menina.

— Adorei.

— Quase te deixei um sanduíche com pasta de amendoim, mas você ia achar que sou uma preguiçosa... – ela percorreu um dedo pela gola vê da minha camisa e desceu até parar no cós da bermuda, prendendo-o ali. – Não que eu não seja.

— Senhorita Laurent? Preguiçosa? Difícil de acreditar. – repeti o mesmo movimento que ela – notando que sua respiração ficara mais pesada –, até prender o dedo no cós de sua calça jeans.

— É... Eu... Estou com fome. Tomei café cedo. – ela se desvencilhou de mim e caminhou até a cozinha.

— Foi o que imaginei. Olha o que fiz para você! – passei à sua frente e busquei um prato com um sanduíche que eu mesmo tinha preparado, com um pouco de cada coisa que achei na sua geladeira.

— Ah, Hazz... Isso é de quê? – ela estava feliz, ponto para mim.

— Digamos que é a receita secreta do Harry.

— Picles e molho...

— Shhh... Come primeiro! – fiquei observando enquanto ela dava uma primeira mordida insegura, e depois uma muito maior quando gostou do sabor.

— Tá p-perfeito!

— Obrigada, amor. – ela parou de mastigar um segundo e olhou para mim com uma cara diferente.

— Tudo bem?

— Sim. Só... Tá ótimo, tudo. – ela piscou aqueles fascinantes olhos azuis para mim e eu me perdi por um instante.

Depois que ela terminou de comer e escovar os dentes, ainda tínhamos pouco menos de meia hora, como ela fez questão de me lembrar. O que me recordava outro assunto. Puxei-a pela mão para o sofá e a fiz se deitar com a cabeça no meu colo. Eu precisava de foco e ela de ficar relaxada. Portanto, comecei fazendo cafuné em sua cabeça e alisando seus cabelos macios.

— Gen?

— Sim?

— Sobre ontem à noite... – mesmo de olhos fechados, seu corpo não a deixava disfarçar a tensão que sentiu subitamente. – O que foi que aconteceu...

— Você sabe, Harry. Não posso arriscar que meu pai nos descubra, desse jeito, e te ponha para fora daqui. – mal sabe ela...

— Não... Mas antes disso, no meu quarto. Por que você tá sempre fugindo de mim?

— Eu... Não tô...

— Sim, está. Você sabe disso.

— Harry. – ela se levantou do meu colo e disse, ainda de costas para mim. – Eu não quero falar sobre isso agora.

— Então quando?

— Mais tarde. Ok? – ela se virou, olhando para mim e entrelaçou seus dedos aos meus.

— Tudo bem, mas precisamos conversar sobre isso. Você não deve e nem tem motivos para esconder nada de mim.

— Eu sei.

— Acho bom.

— Então... – ela começou, com um meio sorriso. – Quer ir me visitar na loja?

— Só se for agora.

Caminhei com ela até o antiquário e entrei, ignorando as recomendações do pai dela, que me olhou de cara feia. Para permanecer ali usei a desculpa de que Gen era a única pessoa da “minha idade” que eu conhecia neste país. E que estava disponível, claro. Mesmo não gostando ele foi embora, prometendo voltar mais tarde e nos deixou a sós.

E nós, a sós, não precisávamos de desculpas para visitar o estoque da loja. Lá nos fundos.


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