Um Jantar numa noite de neve escrita por Cordelia Morning MIC


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Para minha amiga Mariana (Ryokon)



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Estava nevando naquele início de dezembro, era uma bonita visão da rua movimentada, a neve acumulada na copa da as árvores e dos carros. Yamada verificava pela milésima vez o bolso da calça, confirmando a caixinha continuava lá, respirou um pouquinho aliviado, bem pouquinho.

Em sua cabeça, seu plano era perfeito. Mas, parado ali, na frente do restaurante preferido dos dois, o esperando, tudo parecia uma tolice. Sua grande animação e otimismo começavam a se transformar em ansiedade. Ele esfregou as mãos na esperança de se acalmar, mas assim que viu a silhueta de Aizawa se aproximando pela multidão, o nervosismo foi a mil por hora.

— EAÍ!!!! AIZAWA!!!! – Gritou (utilizando sua individualidade) Yamada sem querer, passara as mãos nos cabelos presos num rabo de cavalo bem amarrado, tentando parecer natural. As bochechas ruborizadas, que ele esperava que outro pensasse que era apenas pelo frio.

— oi.. – Falou Aizawa, no mesmo monotônico e entediado de sempre. Apesar do semblante blasé, por dentro estranhava a atitude exagerada do namorado. Mic sempre fora agitado, desde a época do colégio, mas nunca fora de perder o controle da individualidade.

Ele está escondendo alguma coisa...” Pensou Aizawa, mas como sempre, preferiu deixar o barco andar, e ver no que iria acontecer, pressionar o namorado podia apenas pior a situação.

— Quem diria que uma começar a nevar em Tóquio, no início de dezembro! Fazia tempo que não tínhamos um dezembro branco, hahahaha! E nem é Natal ainda...– Falou Mic tentando aparentar tranquilidade, mas cada músculo de seu corpo está tencionado e seu rosto parecia de um boneco, de tão duro que estava.

— Sim faz tempo que não neva em dezembro... – Falou o moreno, num tom suavemente brincalhão. – Vamos entrar? Não quero virar picolé aqui! – Abriu a porta do restaurante, dando passagem para o loiro passar.

Os dois entraram, o lugar estava bem mais aconchegante que a noite gélida do lado de fora. Estavam numa cantina italiana, no bairro Decasségui próximo a U.A. Quando mais novo, Mic chegou a fazer alguns bicos no restaurante, e Aizawa sempre a parecia no final do expediente para comerem juntos. Aquele lugar, além da comida deliciosa, trazia doce lembranças dos primeiros anos da U.A.

Yamada apresenta a reserva para a hostess, uma velha conhecida, estudaram juntos no primário, e que estava sabendo do que provavelmente ia acontecer aquela a noite. Ela deu um sorriso hospitaleiro, e quando Aizawa desviou o olhar por um minuto, deu uma piscadela marota para Mic, que fizera as bochechas do loiro bochechas corarem.

— Está tudo bem!? – Perguntou Aizawa, estranhando o jeito robótico de Mic, deu um leve sorriso. – Parece quando você quebrou o vaso chinês da sua avó e não queria que ela descobrisse! – Mantinha o tom grave, mas havia uma pequena alegria em seu tom.

— Na..Nada não!! TUUUDO NORMAL! – falou o loiro tentando limpar a garganta, com um sorriso tão largo e estranho que chegou a assustar uma menina sentada com os pais uma mesa do canto.

A Hostess ativara a Individualidade do cabelo, fazendo brilhar, para ajudá-los a segui-la na meia luz que tomava o restaurante. Eles seguiram ela até uma mesa próxima a varanda iluminada já com as luzes de natal.

O local raramente era usado como parte do restaurante, pelo menos pelo o que Aizawa se lembrava. Mas ele estava bem mais aliviado de ser num lugar mais tranquilo, restaurantes cheios, ou melhor pessoas, nunca foram o seu forte.

— Fiquem à vontade, logo o garçom vem pegar os pedidos de vocês! – Falou a hostess, desativando sua individualidade e dando um amplo sorriso. – Aproveitem!! Qualquer coisa sou Hikari, e estou à disposição! – Falou a moça, depois de entregar os cardápio dando uma pequena mesura e saindo.

Aizawa apenas observou a Hostess se retirar, Hikari era uma velha amiga de Nemuri, e formalidade nunca fora seu forte. Ela havia escolhido trabalhar naquele lugar, para observar os amores da juventude. Para ela agir tão formal com os dois era porque estavam aprontando alguma coisa.

— A Eri-chan ficou com o Togata-san? – Perguntou Mic com a cara no cardápio, tentando esconder o nervosismo. Era uma pergunta óbvia, mas como ele passou o dia em seu apartamento com a desculpa de organizar algumas coisas. Mas era sempre bom saber como estava a menina, que no coração do loiro já era como filha do casal.

— Está sim, Midorya-san e o Shinsou também estão com ela, vão ficar bem... – Falou Aizawa, tentando não transparecer a preocupação que tinha pela garotinha. – Eles disseram alguma coisa sobre ensinar a Eri-chan a fazer biscoitos e filmes..., mas não prestei muita atenção. – Isso era um pouco de mentira, ele verificara cada filme que eles pretendiam assistir com a menina, para ter certeza que não teria algo que pudesse assustá-la. Mas tinha que manter a pose de desinteressado, nunca lidou bem com outras pessoas sabendo o que realmente sentia.

—Não prestou atenção? – Falou Mic, encarando-o nos olhos pela primeira vez que chegaram no restaurante. Ele levantara uma das sobrancelhas e o olhava por cima dos óculos triangulares com um sorriso divertido.

—Tá.. posso ter conferido alguns filmes que eles pretendem assistir... só por garantia... – falou Aizawa, tentando parecer desinteressado, mas quando Mic inclinou levemente a cabeça, aumentando o semblante de incredulidade, ele apenas bufou. – Ok, eu analisei tudo...E deixei a Cimentos-san e o Seikijiro de sobreaviso...- Falou cruzando os braços, odiava quando percebiam sua preocupação com os outros.

Yamada deu sorriso gentil para o namorado, segurando com delicadeza as mãos calejadas dele. Os dois entrelaçaram os dois por alguns minutos, sem dizer uma palavra. Era uma daquelas conversas silenciosas que só eles conseguiam ter. O loiro sabia dos temores que passavam pela cabeça do namorado. Logo a famigerada turma problemática de Aizawa estaria se formando, as coisas no Japão aparentemente haviam sido resolvidas sobre a Liga de Vilões e do exército da Libertação tinha sido extinto. Mesmo que ainda houvesse algumas questões que deveriam ser decididas, o país voltara a ter a sensação de tranquilidade nas ruas. 

Na cabeça de Aizawa, ainda existia uma questão que tirava seu sono, e o deixava todos os dias preocupado, era o destino da Eri-chan, o único parente vivo continuava em coma, e o governo já começava a pressionar a escola a entregar a menina para o serviço de adoção, já que ela já tinha conseguido um controle básico de sua individualidade, mesmo que para ter total controle ela ainda precisasse de Aizawa para desativá-la. Yamada sabia, por mais que o namorado não quisesse assumir, não queria se afastar da menina, estivera sob sua guarda nos últimos quase três anos. Memso não admitindo, sempre a tratou como se fosse uma filha, saber que alguém poderia tirar a menina de perto dele, o angustiava.

— Sabe você pode simplesmente aceitar que a pequena Eri é importante para você! – Recomeçou Yamada, acariciando levemente a mão de Aizawa, e dando um leve aperto, para demonstrar seu apoio.

— Você sabe que não é tão simples assim.. – falou Aizawa, desviando o olhar e abaixando a cabeça. Tinha muitas coisas de seu passado que o assombravam, o abandono dos pais, a perda de um amigo. Tudo ficara marcado em sua alma. – Eu..

Mas antes que o moreno pudesse continuar sua fala, o garçom aparecera, era um rapaz robusto com seis braços e cabelos com tanto gel, que chegava a reluzir contra a luz. Mas o que mais brilhava no visual impecável do rapaz era o sorriso tão branco que era capaz de cegar. Ele conseguiu ter mais animação, do que o próprio Mic em uma de suas apresentações de rádio.

— BOA NOITE!!!! -  Começou o Garçom com o forte sotaque estrangeiro. – Já decidiram o que vão pedir... O especial da casa de hoje é macarrão com almôndegas! – Dando uma piscadela nada discreta para Mic, que voltara instantaneamente a ficar envergonhado.

Yamada estava começando a se recriminar por ter dividido com Nemuri seus planos para essa noite. Pelo jeito ela fizera questão de contar para todos os funcionários. Por mais que quisesse fuzilar o garçom, apenas voltou seu interesse mais uma vez para o cardápio.

Aizawa não prestara muita atenção, assim que o rapaz aparecera, ele afastou a mão do namorado e começou a analisar o cardápio, apenas para não deixar transparecer as inseguranças que continuavam a gritar dentro dele. Só de imaginar a possibilidade de que a menina pudesse parar em algum orfanato, todos os seus receios e medos mais profundos começavam a gritar dentro dele.

— Pode ser.. O que acha Hizashi? – Perguntou Aizawa ainda fingindo interesse no cardápio, tentando se acalmar, para não deixar o namorado preocupado.

— C-l-a-ro, Claro, o pedido do chefe então! – Falou Mic, escarando sério o garçom, mas o rapaz continuava com o semblante resplandecente sem entender o problema de suas atitudes. – Dois pedidos do Chefe e duas taças de Cabernet Sauvignon, por favor. – Encarando feio o garçom, entregando os cardápios, tentando discretamente fazer um movimento para o garçom sair dali.

O rapaz animadamente, se retirou sorrindo dando um joinha para Mic, que quase tacou um das torradas que estavam no centro da mesa no garçom. Mas quando Aizawa voltou a encará-lo, ele simplesmente sorriu tentando passar tranquilidade, dando uma leve mordida com força numa das torradas.

O moreno continuava meio aéreo, faltava menos de três meses para o fim do ano letivo. Estava claro, que muita coisa estava tomando a mente dele. Ele ia tentar tirá-lo daquele ar fúnebre, quando o telefone do namorado tocou.

— Midorya!? Aconteceu alguma coisa? – Perguntou Aizawa, atentando o telefone, fazendo um sinal, avisando Mic que iria para varanda atender a ligação.

Yamada podia ver pelas expressões de Shouta que não era nada muito grave, aparentemente ele estava falando com Eri, já que um sorriso sereno formou-se espontaneamente no canto dos seus lábios. O loiro se pegou apenas observando, cada movimento do outro. Já havia perdido as contas vezes quantas vezes já tinha feito isso desde que se conheceram. Mas não importava, cada movimento, cada momento fazia sentir-se cada vez mais apaixonado.

“Ele fica tão lindo, com esse sorriso de pai babão” - Devaneou Mic, observando Aizawa chutar algumas pedrinhas enquanto conversava com Eri-chan ao telefone. A neve caia delicadamente prendendo-se nos cabelos negros. Aos olhos do loiro era quase a visão da perfeição. Seria pura perfeição se pudesse estar lá com ele beijando aquela boca que tanto amava.

Ficou perdido em seus próprios pensamentos, até que Aizawa retornou. Abriu a porta de vidro que dava para o terraço que estava tentando tirar a neve do cabelo. Apesar da cara de sono de sempre, ele podia reparar que, ele parecia bem mais leve agora. Ele sentou-se e deu um leve sorriso para o loiro.

— Aparentemente a Eri-chan acabou ativando a individualidade sem querer, mas dessa vez ela conseguiu controlar sozinha... Eles ligaram para contar! – Falou Aizawa com a voz serena, o controle da individualidade da garotinha era uma de suas maiores preocupações. – Aparentemente, ela acabou derrubando a minha caneca de gato, ficou tão assustada que acabou ativando-a, porém conseguindo consertar a caneca e depois desativar a individualidade sozinha... – Ele não conseguiu esconder o sorriso. – Essa é a primeira vez que ela conseguiu... Shinsou avisou que conseguiu filmar, mas tarde irá enviar o vídeo...

Yamada só conseguiu abrir um grande sorriso, vê-lo tão tranquilo deixou-o aliviado. Shouta sempre foram muito sério, guardava tudo para si, tinha medo de demonstrar o que sentia ou queria. Desde que se conheceram a anos atrás, ainda no colégio, sempre tinha medo de demonstrar seja afeto ou seus pensamentos. Principalmente após o que aconteceu com Shirakumo.

 

— O que foi? Por que está com essa cara de bobo? – Perguntou Aizawa, com um sorriso de canto, muito sexy na opinião de Mic.

—Naaaada, só estava aproveitando o momento do Paizão Shouta em ação! – Brincou Mic, dando uma piscadela travessa para o namorado, que apenas revirou os olhos fingindo tédio. – Vamos lá! Você ama a nossa pequena Eri-chan!!

— Não a chame assim.... você sabe que... – Começou Aizawa sentindo uma pequena pontada dentro de seu coração. Mas logo fora interrompido pelo loiro.

—Vamos lá, não vamos começar esse papo de novo... – Cortou o namorado, a cada centímetro que o moreno abaixava a guarda, parecia que um segundo depois levantava a própria muralha da China. – A gente pode sim fazer isso! Nós dois! – Não era desse jeito que pretendia fazer, mas se não falasse agora, talvez, seria ele a perder a coragem.

Ele sentiu o rosto inteiro ficar vermelho, as orelhas já começavam a ferver, mas agora era O Momento. Respirou fundo, segurou as mãos de Aizawa sob as suas, o encarou direto nos olhos. Seu coração batia mais forte que um soco do All Migth, ele abriu a boca lentamente.

— Aizawa Shouta...- Começou com a voz decidida Mic, mas antes que pudesse continuar, foram interrompidos.

—O PRATO DA CASA, CHEGANDO!!! – Falou o Garçom, animadamente, colocando dois enormes pratos de espaguete com molho de almôndegas entre eles, acompanhando das duas taças de vinho tinto cabernet. – Espero que gostem, é o melhor prato do nosso Chef! – Falou colocando com outros braços os talheres e os guardanapos.

Mais uma vez Mic acabara perdendo sua oportunidade, devagar soltou suas mãos do namorado. Um sorriso desgostoso acabou escapando por um segundo de seus lábios, mas ainda não iria desistir. Até o fim daquela noite, ele conseguiria fazer o pedido, esse era mais um obstáculo que iria conseguir ultrapassar. Como tantos outros que ultrapassou para ficar com o namorado.

— Nossa, o que isso, A Dama e o Vagabundo? – Falou Aizawa com sarcasmo, mas tinha que admitir o cheiro estava maravilhoso, e aparência parecia de uma fotografia de tão bonito, sem falar da nostalgia. – Não acredito que eles fizeram o mesmo prato que comemos na nossa formatura.... – Ele encarou o loiro deixando transparecer a doçura no olhar. – Você fez de propósito!

— Culpado, hahahah! – Falou o loiro, tentando recuperar o foco. Mas aquele singelo sorriso de canto de boca que o namorado relembrando o primeiro encontro de casal deles, estava difícil.

Observou a volta, e aparentemente, o garçom intrometido não iria aparecer tão cedo. Então, travessamente, se aproximou de Aizawa roubando um leve selinho. Os dois não se afastaram muito, a mão de Mic fez uma carícia nos cabelos do namorando enquanto se olhavam profundamente.

Não importa quanto tempo passasse, aquele olhar, sempre o faria se apaixonar mais uma vez pelo moreno. Os dois encostaram as testas por algum segundo, apenas aproveitando aquele momento cumplice, dizendo sem palavras o quanto se amavam.

Depois de alguns segundos, deram um beijo mais profundo, puxando com mais vontade a nuca do moreno. O beijo começou lento, e foi intensificando, até o ponto que tiveram que se afastar para recuperar o ar. Foi a vez de Mic agora dar um sorriso de canto, desde que o vira se aproximando com a neve caindo na frente do restaurante queria fazer isso. Ainda ficaram um tempo apenas se olhando, deixando os sentimentos que sentiam passar de um para o outro naquela conexão, que só os dois possuíam.

— e...acho melhor começarmos a comer, macarrão frio não combina com o clima de inverno! – Falou Aizawa, começando a pegar os talheres.

Mic concordou, e dos dois começaram a comer, a cada garfada, a sensação de nostalgia trazia novas lembranças, do começo do relacionamento. Sem nem perceberem a conversa amena, entre garfadas, começou, lembranças das loucuras de Nemuri. O jantar, seguiu com alguns toques sutis das mãos, olhares e muitas lembranças que os dois compartilhavam juntos.

Entre conversa e algumas taças de vinho, a noite foi passando. Sem que o loiro percebesse já estavam terminando a sobremesa, e ainda não tinha feito o pedido. Enquanto Aizawa olha a foto que Shinsou o havia enviado, ele tateou mais uma vez o bolso. Fechou a mão em volta da pequena caixinha. O namorado mantinha-se concentrado olhando a tela do celular, Eri-chan sorriso segurando a caneca do moreno na mão, e o chifre de sua cabeça agora estava menor. O vídeo, o moreno que assistiria quando os dois pegassem o táxi para ir embora.

— Ela realmente conseguiu...- Devaneou Aizawa, deixando escapar um sorriso sereno. Mas seu momento de serenidade, foi tomado pelos movimentos do loiro.

— Eu queria fazer algo bonito... Como nos filmes... – Começou Mic, se levantando e parando em frente de Aizawa.  – Queria um momento perfeito, com fogos de artifício e música de novela... Mas se eu for esperar isso... – Se abaixou na frente de Aizawa, segurando as duas mãos do moreno com a mão direita, e pegando a pequena caixa com a esquerda. – Aizawa Shouta, eu sei que sou exagerado, que falo alto, sou impulsivo...mas saiba ...- Puxou as mãos do moreno com delicadeza para perto de seu peito, para que ele pudesse sentir o quão rápido batia, respirou profundamente antes de continuar.

Aizawa, ainda estava tentando entender toda a situação. Seu cérebro parecia ter dado algum bug, ele ouvia cada palavra que Mic dizia, porém não conseguia assimilar a situação, o seu lado inseguro, começava a criar várias teorias em sua cabeça, nada amigáveis, por sinal. Ele também precisou respirar profundamente, antes de conseguir olhar o loiro nos olhos enquanto ele continuava com seu discurso. Suas mãos se entrelaçaram na altura do coração do namorado, e assim como o dele, o do outro batia tão forte, que parecia que ia pular do peito.

— Sei que não somos perfeitos, você as vezes é a pessoa mais irritante do mundo por não querer se intrometer em nada... Mas toda vez que eu te vejo assim, confiante, paternal e doce... Eu só consigo pensar que eu só quero você até o último dia da minha vida!! – Continua Mic, finalmente abrindo a pequena caixinha com duas alianças de pratas finas e lisas, mas que na parte de dentro tinha cada uma o kanji de seus nomes. – Shouta Aizawa você aceita se casar comigo?

Ereaser Head era a palavra perfeita para si naquele momento. Vendo o namorado ajoelhado a sua frente com a pequena caixa aberta e o rosto nervoso. Depois de alguns segundos, seu cérebro resolveu voltar a funcionar, sentiu os olhos marejarem e o coração acelerar. Ele sabia que a relação deles já era de casados, mas vê-lo ali, agachado com as alianças nas mãos, tinha que assumir que mesmo não verbalizando era algo que sempre quisera.

— Hizashi...- Começou Aizawa, mas precisou limpar a garganta antes, a emoção já havia tomado cada poro de seu corpo. – Yamada Hizashi, para mim você sempre será o único com quem eu quero doar e dividir a minha vida...- Ele viu um sorriso iluminado tomar o rosto do loiro. – Sei que não sou a pessoa mais fácil, que sou teimoso e pessimista... Mas sabe que você.. – As bochechas tingiram-se completamente de vermelho. – Saiba que sempre será o único homem que eu amo! – Disse a última frase encarando o, agora, noivo nos olhos.

Hizashi tentando se controlar para não acabar ativando sua individualidade sem querer. Pegou a mão direita colocando a aliança no dedo anelar. Aizawa repetiu o gesto com o loiro, encostando sua testa na do namorado. Ficaram assim por alguns segundos, apenas aproveitando aquela conexão.

Como não podia faltar, eles selaram aquele momento com um beijo apaixonado, mas o momento não pode ser aproveitado por muito tempo. Os dois logo puderam ouvir o barulho de champanhe sendo aberto. Quando soltaram-se assustados, puderam ver Midnigth, o Garçom e alguns outros funcionários do restaurante a beira da escada observando a cena e comemorando.

—AHHHH, até que enfim!!! Valeu apena fazer uma prece no Templo Kiyomizudera!!!! – Falou Nemuri pulando de alegria, enquanto enchia a própria taça com champanhe. – Aviso que o cargo de madrinha é meu e não abro mão!!! De casamento e de batismo!!! – Terminou dando uma piscadela para os dois e se aproximando, abraçando-os, dando um beijinho na bochecha de cada um.

Os dois foram pegos no susto, mas não era nada surpreendente encontrar a Grande Heroína Midnigth a paisana, apenas espiando os dois. A amiga sempre fora intrometida, e a maior cupido do casal. Mas Yamada ficou um pouquinho irritado, tinha feito tudo para aquele encontro fosse discreto. Mas até que comparando as atitudes da amiga, essa com certeza foi o mais discreto que ela conseguiu ser.

— Quem te contou? – Perguntou Mic, se levantado e aceitando a taça de champanhe que o garçom estendia para ele e Aizawa.

— Tenho que admitir que dessa vez você foi bem discreto... Mas você esqueceu que Naomi foi minha contadora na minha agência! – Falou a morena apontando para uma mulher baixa com a pele rosada e cabelos de fitas de goma branco e vermelho, que deu um “oi” para os dois. – Quando ela viu que você fez a reserva, ela correu para me ligar!!!

— Nemuri você não tem jeito... – Falou Aizawa voltando a seu tom monotônico de sempre, mas por dentro a euforia e a felicidade continuavam tomando seu peito.

— Para com essa cara!!!! Temos que comemorar!! – Continuou a mais velha, e os outros funcionários que conheciam o casal há anos, começaram a felicitá-los.

A comemoração acabou se estendendo, o chef do restaurante, fez questão de servir um lindo bole especial para todos em comemoração. Os dois não se lembravam, mas o Chef era originalmente um professor da escola infantil que Aizawa e Mic salvaram quando ainda estavam na U.A.; quando o cozinheiro ficou sabendo da vinda deles, fez questão de fazer seus melhores pratos.

Quando finalmente voltaram para o alojamento dos professores, encontraram Midorya, Shinsou, Togata, dormindo jogado entre almofadas no chão com a televisão ligada, enquanto Eri-chan adormecida com a coberta de gatos galácticos que Aizawa tinha comprado para menina.

Tomando cuidado para não a acordar, o moreno a pegou no colo, e levou para a cama dela. Enquanto Mic acordava os rapazes e levava-os para os alojamentos. Togata, estava trabalhando como estagiário dentro da U.A. por isso estava dormindo num quarto no alojamento dos professores. Mas Shinsou e Midorya foram escoltados até o dormitório 3-A.

Quando Mic retornou, encontrou Aizawa, sentando-se, numa poltrona zelando o sono de Eri-chan. Isso o fez lembrar de mais uma coisa que ele pretendia pedir ao noivo. Mas esse teria que ficar para outro dia, esse já trouxera grandes emoções.  Sorrindo roçou o dedo na aliança de prata em seu dedo anelar.

—Vamos deitar!? – Perguntou Mic baixinho, acariciando levemente os cabelos de Aizawa, enquanto também observava a menina dormir tranquilamente, agora agarrada a um enorme de gato de pelúcia preto com óculos de aviador e cachecol branco.

Não importasse quantas vezes visse cena, Mic sempre amava ver como a menina amava o gato de pelúcia que dera para ela. Os dois em silêncio retiraram-se do quarto abraçados, terminando aquela bela noite com mais um beijo que seria o início de muitas coisas.

FIM.


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Notas finais do capítulo

Foi a minha primeira Shonen-ai, espero que gostem!^^



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